Lula se encontra hoje com Biden e Zelenski na ONU; entenda o que será discutido


Em pauta, estarão a reforma do Conselho de Segurança, clima e direitos trabalhistas, no encontro com Biden, e a aguardada discussão sobre a guerra na Ucrânia com Zelenski

Por Luiz Raatz
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá nesta quarta-feira, 20, as principais reuniões bilaterais da viagem aos Estados Unidos para a Assembleia-Geral da ONU. Em NY, ele se encontrará com o presidente americano, Joe Biden, e o ucraniano, Volodmir Zelenski. Em pauta, estarão a reforma do Conselho de Segurança, clima e direitos trabalhistas, no encontro com Biden, e a aguardada discussão sobre a guerra na Ucrânia com Zelenski, depois de uma reunião entre os dois ter sido abortada na cúpula do G-7 em maio, no Japão.

NEsta quarta, 20, o presidente Lula afirmou que vai conversar com Zelenski “sobre os problemas que ele quer conversar comigo”. Questionado por jornalistas sobre as expectativas para o encontro, o petista respondeu que “é uma conversa de dois presidentes de países, cada um com seus problemas, suas visões”.

As reuniões bilaterais ocorrem no dia seguinte ao primeiro discurso de Lula na ONU em seu terceiro mandato, no qual evocou temas tradicionais da diplomacia brasileira e evitou assuntos mais espinhosos, como o conflito entre russos ucranianos, depois de uma série de declarações interpretadas como um respaldo tácito à Rússia, entre elas a relativização da importância do Tribunal Penal Internacional.

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Os encontros também servem para a diplomacia brasileira como uma reaproximação com Biden e Zelenski, depois dessas declarações dadas pelo petista nos últimos meses. Pragmática, a diplomacia americana vê no Brasil um parceiro importante entre os emergentes, com quem Washington tem pontos de contato essenciais.

Biden e Lula durante encontro na Casa Branca em fevereiro Foto: JONATHAN ERNST / REUTERS

Reaproximação com o Sul Global

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Diante do antagonismo cada vez maior com a China e a crescente influência de Pequim no chamado Sul Global, a Casa Branca tenta recuperar influência e reconstruir pontes com países emergentes, entre eles o Brasil. Nesse sentido, aprofundar as relações com o Brasil é estratégico para Biden.

O encontro de hoje servirá para lançar a chamada Coalizão Global pelo Trabalho, um documento que deve defender a expansão de direitos trabalhistas no mundo, principalmente em novas relações entre patrões e empregados, como no setor de aplicativos.

É a segunda iniciativa conjunta entre Washington e Brasília em semanas. Na cúpula do G-20, em Nova Délhi, Brasil e Estados Unidos lançaram uma aliança para popularizar o uso de etanol em países emergentes.

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Dois dos maiores produtores do combustível, americanos e brasileiros veem na expansão do etanol em países pobres uma importante iniciativa da economia verde.

“A gente só consegue extrair algum tipo de benefício se tiver a capacidade diplomática de jogar com isso. A China tem jogado muito com isso, o que acendeu um alerta nos EUA”, explica Carlos Gustavo Poggio, professor de ciência política do Berea College. “É por isso que a agenda ambiental é importante. O Brasil tem uma matriz energética diversificada, temos a Amazônia e estamos na posição de exigir que os países desenvolvidos nos ajudem. É uma moeda de troca importante.”

Lula conversa com Zelenski sobre guerra na Ucrânia em Brasília Foto: Ricardo Stuckert / PR
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Encontros e Desencontros

No começo do ano, Biden e Lula se reuniram na Casa Branca. O encontro foi marcado pelo compromisso de ambos em trabalhar contra a mudança climática e pela democracia nas Américas, mas, de ambos os lados o acordo acabou ficando mais em palavras que em atos.

Logo após o encontro na Casa Branca, os EUA anunciaram uma doação de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia, considerada pequena perto da contribuição de outros países europeus como a Noruega e a Alemanha. Um valor posterior de US$ 500 milhões foi anunciado, mas ainda precisa do aval do Congresso, onde a oposição republicana tem maioria na Câmara.

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Do lado brasileiro, uma série de declarações de Lula sobre a guerra na Ucrânia, e, sobretudo, o alinhamento à China na contestação ao dólar como moeda global provocaram ruídos na relação. O caloroso recebimento dado a Lula ao ditador venezuelano Nicolás Maduro em Brasília em maio também enfraqueceu a defesa pró-democracia feita no encontro com Biden.

“O Brasil tem uma vantagem sobre a China e a Índia, que competem pela liderança dos emergentes: por defender valores ligados a direitos humanos. Então houve um certo desconforto acerca das declarações do Lula e essas posições devem ser repensadas”, acrescenta Poggio. “Mas caso o Brasil não insista nisso, não deve provocar estragos a longo prazo, por mais que a fala do presidente tenha sido desastrada.”

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Guerra na Ucrânia

No encontro com Zelenski, o plano de Lula, segundo a Coluna do Estadão, é ouvir o que o ucraniano tem a dizer sobre a guerra e reiterar a posição brasileira no assunto, de que a paz é necessária. “O Brasil está à disposição para falar de paz, quando as partes entenderem que é a hora”, afirmou à Coluna essa fonte diretamente envolvida com as conversas junto à Ucrânia.

Em maio, durante a cúpula do G7 em Hiroshima, um dos impasses que inviabilizaram a reunião entre os dois presidentes foi justamente o local: Zelenski alegava riscos de segurança no deslocamento ao hotel do brasileiro, enquanto Lula temia uma mensagem equivocada de parcialidade caso se dirigisse ao presidente ucraniano, maior interessado na conversa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá nesta quarta-feira, 20, as principais reuniões bilaterais da viagem aos Estados Unidos para a Assembleia-Geral da ONU. Em NY, ele se encontrará com o presidente americano, Joe Biden, e o ucraniano, Volodmir Zelenski. Em pauta, estarão a reforma do Conselho de Segurança, clima e direitos trabalhistas, no encontro com Biden, e a aguardada discussão sobre a guerra na Ucrânia com Zelenski, depois de uma reunião entre os dois ter sido abortada na cúpula do G-7 em maio, no Japão.

NEsta quarta, 20, o presidente Lula afirmou que vai conversar com Zelenski “sobre os problemas que ele quer conversar comigo”. Questionado por jornalistas sobre as expectativas para o encontro, o petista respondeu que “é uma conversa de dois presidentes de países, cada um com seus problemas, suas visões”.

As reuniões bilaterais ocorrem no dia seguinte ao primeiro discurso de Lula na ONU em seu terceiro mandato, no qual evocou temas tradicionais da diplomacia brasileira e evitou assuntos mais espinhosos, como o conflito entre russos ucranianos, depois de uma série de declarações interpretadas como um respaldo tácito à Rússia, entre elas a relativização da importância do Tribunal Penal Internacional.

Os encontros também servem para a diplomacia brasileira como uma reaproximação com Biden e Zelenski, depois dessas declarações dadas pelo petista nos últimos meses. Pragmática, a diplomacia americana vê no Brasil um parceiro importante entre os emergentes, com quem Washington tem pontos de contato essenciais.

Biden e Lula durante encontro na Casa Branca em fevereiro Foto: JONATHAN ERNST / REUTERS

Reaproximação com o Sul Global

Diante do antagonismo cada vez maior com a China e a crescente influência de Pequim no chamado Sul Global, a Casa Branca tenta recuperar influência e reconstruir pontes com países emergentes, entre eles o Brasil. Nesse sentido, aprofundar as relações com o Brasil é estratégico para Biden.

O encontro de hoje servirá para lançar a chamada Coalizão Global pelo Trabalho, um documento que deve defender a expansão de direitos trabalhistas no mundo, principalmente em novas relações entre patrões e empregados, como no setor de aplicativos.

É a segunda iniciativa conjunta entre Washington e Brasília em semanas. Na cúpula do G-20, em Nova Délhi, Brasil e Estados Unidos lançaram uma aliança para popularizar o uso de etanol em países emergentes.

Dois dos maiores produtores do combustível, americanos e brasileiros veem na expansão do etanol em países pobres uma importante iniciativa da economia verde.

“A gente só consegue extrair algum tipo de benefício se tiver a capacidade diplomática de jogar com isso. A China tem jogado muito com isso, o que acendeu um alerta nos EUA”, explica Carlos Gustavo Poggio, professor de ciência política do Berea College. “É por isso que a agenda ambiental é importante. O Brasil tem uma matriz energética diversificada, temos a Amazônia e estamos na posição de exigir que os países desenvolvidos nos ajudem. É uma moeda de troca importante.”

Lula conversa com Zelenski sobre guerra na Ucrânia em Brasília Foto: Ricardo Stuckert / PR

Encontros e Desencontros

No começo do ano, Biden e Lula se reuniram na Casa Branca. O encontro foi marcado pelo compromisso de ambos em trabalhar contra a mudança climática e pela democracia nas Américas, mas, de ambos os lados o acordo acabou ficando mais em palavras que em atos.

Logo após o encontro na Casa Branca, os EUA anunciaram uma doação de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia, considerada pequena perto da contribuição de outros países europeus como a Noruega e a Alemanha. Um valor posterior de US$ 500 milhões foi anunciado, mas ainda precisa do aval do Congresso, onde a oposição republicana tem maioria na Câmara.

Do lado brasileiro, uma série de declarações de Lula sobre a guerra na Ucrânia, e, sobretudo, o alinhamento à China na contestação ao dólar como moeda global provocaram ruídos na relação. O caloroso recebimento dado a Lula ao ditador venezuelano Nicolás Maduro em Brasília em maio também enfraqueceu a defesa pró-democracia feita no encontro com Biden.

“O Brasil tem uma vantagem sobre a China e a Índia, que competem pela liderança dos emergentes: por defender valores ligados a direitos humanos. Então houve um certo desconforto acerca das declarações do Lula e essas posições devem ser repensadas”, acrescenta Poggio. “Mas caso o Brasil não insista nisso, não deve provocar estragos a longo prazo, por mais que a fala do presidente tenha sido desastrada.”

Guerra na Ucrânia

No encontro com Zelenski, o plano de Lula, segundo a Coluna do Estadão, é ouvir o que o ucraniano tem a dizer sobre a guerra e reiterar a posição brasileira no assunto, de que a paz é necessária. “O Brasil está à disposição para falar de paz, quando as partes entenderem que é a hora”, afirmou à Coluna essa fonte diretamente envolvida com as conversas junto à Ucrânia.

Em maio, durante a cúpula do G7 em Hiroshima, um dos impasses que inviabilizaram a reunião entre os dois presidentes foi justamente o local: Zelenski alegava riscos de segurança no deslocamento ao hotel do brasileiro, enquanto Lula temia uma mensagem equivocada de parcialidade caso se dirigisse ao presidente ucraniano, maior interessado na conversa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá nesta quarta-feira, 20, as principais reuniões bilaterais da viagem aos Estados Unidos para a Assembleia-Geral da ONU. Em NY, ele se encontrará com o presidente americano, Joe Biden, e o ucraniano, Volodmir Zelenski. Em pauta, estarão a reforma do Conselho de Segurança, clima e direitos trabalhistas, no encontro com Biden, e a aguardada discussão sobre a guerra na Ucrânia com Zelenski, depois de uma reunião entre os dois ter sido abortada na cúpula do G-7 em maio, no Japão.

NEsta quarta, 20, o presidente Lula afirmou que vai conversar com Zelenski “sobre os problemas que ele quer conversar comigo”. Questionado por jornalistas sobre as expectativas para o encontro, o petista respondeu que “é uma conversa de dois presidentes de países, cada um com seus problemas, suas visões”.

As reuniões bilaterais ocorrem no dia seguinte ao primeiro discurso de Lula na ONU em seu terceiro mandato, no qual evocou temas tradicionais da diplomacia brasileira e evitou assuntos mais espinhosos, como o conflito entre russos ucranianos, depois de uma série de declarações interpretadas como um respaldo tácito à Rússia, entre elas a relativização da importância do Tribunal Penal Internacional.

Os encontros também servem para a diplomacia brasileira como uma reaproximação com Biden e Zelenski, depois dessas declarações dadas pelo petista nos últimos meses. Pragmática, a diplomacia americana vê no Brasil um parceiro importante entre os emergentes, com quem Washington tem pontos de contato essenciais.

Biden e Lula durante encontro na Casa Branca em fevereiro Foto: JONATHAN ERNST / REUTERS

Reaproximação com o Sul Global

Diante do antagonismo cada vez maior com a China e a crescente influência de Pequim no chamado Sul Global, a Casa Branca tenta recuperar influência e reconstruir pontes com países emergentes, entre eles o Brasil. Nesse sentido, aprofundar as relações com o Brasil é estratégico para Biden.

O encontro de hoje servirá para lançar a chamada Coalizão Global pelo Trabalho, um documento que deve defender a expansão de direitos trabalhistas no mundo, principalmente em novas relações entre patrões e empregados, como no setor de aplicativos.

É a segunda iniciativa conjunta entre Washington e Brasília em semanas. Na cúpula do G-20, em Nova Délhi, Brasil e Estados Unidos lançaram uma aliança para popularizar o uso de etanol em países emergentes.

Dois dos maiores produtores do combustível, americanos e brasileiros veem na expansão do etanol em países pobres uma importante iniciativa da economia verde.

“A gente só consegue extrair algum tipo de benefício se tiver a capacidade diplomática de jogar com isso. A China tem jogado muito com isso, o que acendeu um alerta nos EUA”, explica Carlos Gustavo Poggio, professor de ciência política do Berea College. “É por isso que a agenda ambiental é importante. O Brasil tem uma matriz energética diversificada, temos a Amazônia e estamos na posição de exigir que os países desenvolvidos nos ajudem. É uma moeda de troca importante.”

Lula conversa com Zelenski sobre guerra na Ucrânia em Brasília Foto: Ricardo Stuckert / PR

Encontros e Desencontros

No começo do ano, Biden e Lula se reuniram na Casa Branca. O encontro foi marcado pelo compromisso de ambos em trabalhar contra a mudança climática e pela democracia nas Américas, mas, de ambos os lados o acordo acabou ficando mais em palavras que em atos.

Logo após o encontro na Casa Branca, os EUA anunciaram uma doação de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia, considerada pequena perto da contribuição de outros países europeus como a Noruega e a Alemanha. Um valor posterior de US$ 500 milhões foi anunciado, mas ainda precisa do aval do Congresso, onde a oposição republicana tem maioria na Câmara.

Do lado brasileiro, uma série de declarações de Lula sobre a guerra na Ucrânia, e, sobretudo, o alinhamento à China na contestação ao dólar como moeda global provocaram ruídos na relação. O caloroso recebimento dado a Lula ao ditador venezuelano Nicolás Maduro em Brasília em maio também enfraqueceu a defesa pró-democracia feita no encontro com Biden.

“O Brasil tem uma vantagem sobre a China e a Índia, que competem pela liderança dos emergentes: por defender valores ligados a direitos humanos. Então houve um certo desconforto acerca das declarações do Lula e essas posições devem ser repensadas”, acrescenta Poggio. “Mas caso o Brasil não insista nisso, não deve provocar estragos a longo prazo, por mais que a fala do presidente tenha sido desastrada.”

Guerra na Ucrânia

No encontro com Zelenski, o plano de Lula, segundo a Coluna do Estadão, é ouvir o que o ucraniano tem a dizer sobre a guerra e reiterar a posição brasileira no assunto, de que a paz é necessária. “O Brasil está à disposição para falar de paz, quando as partes entenderem que é a hora”, afirmou à Coluna essa fonte diretamente envolvida com as conversas junto à Ucrânia.

Em maio, durante a cúpula do G7 em Hiroshima, um dos impasses que inviabilizaram a reunião entre os dois presidentes foi justamente o local: Zelenski alegava riscos de segurança no deslocamento ao hotel do brasileiro, enquanto Lula temia uma mensagem equivocada de parcialidade caso se dirigisse ao presidente ucraniano, maior interessado na conversa.

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