O Presidente da França, Emmanuel Macron, se mostrou confiante e disse que os franceses farão a “escolha certa” nas eleições legislativas antecipadas que convocou no último domingo, 9. A decisão aconteceu depois que seu partido sofreu uma derrota nas eleições para o Parlamento Europeu.
“Confio na capacidade do povo francês para fazer a escolha certa para si próprio e para as gerações futuras. A minha única ambição é ser útil ao nosso país, que tanto amo”, escreveu Macron na rede social X, ex-Twitter, nesta segunda-feira, 10. Com a alteração, as eleições irão acontecer nos dias 30 de junho e 7 de julho.
O anúncio da antecipação foi feito no palácio presidencial, onde Macron alegou ter decidido “devolver a vocês a escolha do nosso futuro parlamentar através da votação”.
Em entrevista à rádio RTL, o ministro da Economia, Bruno Le Maire afirmou que “estas são as eleições legislativas que terão as consequências mais importantes para a França, para o povo francês, na história da Quinta República, desde 1958″.
Na manhã desta segunda-feira, a imprensa local descreveu a antecipação como uma “aposta arriscada” do presidente. “Tal como o imperador romano (Nero) incendiou a Roma antiga, será que Emmanuel Macron acendeu o fósforo que vai incendiar a sua própria cidadela?”, questionou o editorial do diário liberal L’Opinion. /AFP
As eleições para o Parlamento Europeu confirmaram neste domingo, 9, o avanço da extrema direita, em uma tempestade política que, embora não tenha alterado os equilíbrios de poder em Bruxelas, motivou a convocação de eleições legislativas antecipadas na França e conseguiu enormes avanços na Alemanha e na Áustria.
As projeções indicam que o partido de extrema direita Rassemblement National (Reunião Nacional, RN) arrasou as eleições na França e obteve o dobro dos votos da aliança liberal lançada pelo presidente Emmanuel Macron.
Extrema direita consegue vitória, mas centro continua firme
Diante do resultado catastrófico, Macron fez um discurso ao país e anunciou a convocação de eleições legislativas antecipadas, “cujo primeiro turno ocorrerá em 30 de junho e o segundo turno em 7 de julho”. Nunca antes as eleições europeias tiveram um impacto tão devastador na política doméstica de um país do bloco.
Na Alemanha, a maior economia da UE, o partido social-democrata do chefe de governo, Olaf Scholz, obteve o pior resultado de sua história e ficou em terceiro lugar, atrás da direita e da extrema direita.
Segundo projeções do Parlamento Europeu, a aliança conservadora CDU-CSU receberia cerca de 30% dos votos. O partido de extrema direita AfD está em segundo lugar, com cerca de 16%, enquanto o partido SPD, de Scholz, aparece em terceiro com 14%.
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A Alemanha é o país com o maior número de eurodeputados, com 96, seguido por França (81), Itália (76) e Espanha (61).
Na Áustria, as pesquisas de boca de urna colocaram o partido de extrema direita FPO na liderança, com aproximadamente 27% dos votos.
Na Itália, entretanto, as pesquisas de boca de urna – que têm uma ampla margem de erro – indicam que o partido pós-fascista Irmãos da Itália, liderado pela primeira-ministra Giorgia Meloni, estava na liderança com entre 25% e 31% dos votos.
Após as primeiras projeções de resultados, a presidente da Comissão Europeia e candidata a um segundo mandato, a alemã Ursula von der Leyen, prometeu em Bruxelas construir uma barreira de contenção contra “os extremos”. “Vamos construir uma muralha contra os extremos da esquerda e da direita. Vamos contê-los. Isso é certo”, garantiu Von der Leyen.