Macron e mais 13 líderes mundiais tiveram celulares hackeados pelo programa Pegasus


Telefones do líder francês e integrantes de seu gabinete estão na lista de 50 mil números que podem ter sido espionados por meio do software

Por Redação
Atualização:

PARIS - Os números de telefone do presidente francês, Emmanuel Macron, e de integrantes de seu gabinete constam em uma lista de possíveis alvos do software Pegasus, que alguns países usaram para espionar políticos, ativistas e jornalistas, disse o diretor da organização Forbidden Stories, Laurent Richard, nesta terça-feira, 20. Outros 13 líderes líderes mundiais, entre eles os presidentes do Iraque e da África do Sul, também foram espionados. 

“Encontramos esses números, mas não pudemos realizar uma investigação técnica do telefone de Macron para verificar se ele está hackeado por este software", explicou Richard à rede de LCI, confirmando uma informação do jornal Le Monde. "Portanto, não está claro se o presidente foi realmente espionado, mas sabemos, em todo caso, que houve interesse em fazê-lo", acrescentou o diretor. A presidência francesa afirmou que irá esclarecer os fatos.

O presidente da França, Emmanuel Macron. Foto: (AP Photo/Lewis Joly)
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Desenvolvido pelo grupo israelense NSO, o Pegasus permite recuperar mensagens de texto, fotos, contatos e até ouvir ligações de celulares invadidos. Clientes do grupo selecionaram ao menos 50 mil números de telefone, desde 2016, com intenção de espioná-los. A Forbidden Stories e a Anistia Internacional obtiveram uma lista com todas as vítimas e a compartilharam com um consórcio formado por 17 veículos de comunicação, entre eles o jornal francês Le Monde, o britânico The Guardian, o americano The Washington Post e os mexicanos Proceso e Aristegui Noticias.

A lista inclui 180 jornalistas, 600 políticos, 85 militantes defensores dos direitos humanos e 65 empresários.

Vítimas do alto escalão

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Além de Macron, outros treze líderes mundiais estavam listados no documento obtido pela Forbidden Stories e a Anistia Internacional. São eles:

  • Barham Salih, presidente do Iraque;
  • Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul
  • Imran Khan, premiê do Paquistão;
  • Mostafa Madbouly, premiê do Egito;
  • Saad-Eddine El Othmani, premiê do Marrocos; 
  • Sete ex-primeiros ministros, espionados enquanto ainda estavam no cargo, incluindo Saad Hariri do Líbano, Ruhakana Rugunda de Uganda e Charles Michel, da Bélgica
  • Mohammed VI , rei do Marrocos.

Segundo as revelações, outros alvos de espionagem seriam vários parentes e colaboradores do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.

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De terroristas e criminosos a jornalistas e políticos

De nível militar, o spyware foi licenciado para rastrear terroristas e criminosos. Na lista de 50 mil números, no entanto, figuram políticos, jornalistas, ativistas e empresários. Os números estão majoritariamente concentrados em países conhecidos por se envolverem na vigilância de seus cidadãos, já clientes da NSO Group, líder mundial na indústria pouco regulamentada de spyware privado.

A lista não identifica quem colocou os números nela, ou por quê, e não se sabe quantos telefones foram selecionados ou monitorados. O Laboratório de Segurança da Anistia examinou 67 smartphones onde havia suspeitas de ataques. Destes, 23 foram infectados com sucesso e 14 mostraram sinais de tentativa de penetração.

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Os números da lista não foram atribuídos, mas repórteres conseguiram identificar mais de mil pessoas em mais de 50 países por meio de pesquisas e entrevistas em quatro continentes. Entre eles, estão vários membros da família real árabe, pelo menos 65 executivos, 85 ativistas de direitos humanos, 189 jornalistas e mais de 600 políticos e funcionários do governo - incluindo ministros de gabinete, diplomatas e oficiais militares e de segurança.

Entre os jornalistas cujos números aparecem na lista, estão repórteres que trabalham no exterior para várias organizações de notícias importantes, incluindo CNN, Associated Press, Voice of America, New York Times, Wall Street Journal, Bloomberg News, Le Monde, Financial Times e Al Jazeera.

Em longas respostas, a NSO chamou os resultados da investigação de exagerados e sem base. A empresa também disse que não opera o spyware licenciado para seus clientes e "não tem nenhuma percepção" de suas atividades de inteligência específicas.

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A NSO afirma que seus clientes são 60 agências de inteligência, militares e policiais distribuídas em 40 países, embora não confirme a identidade de nenhuma delas, citando contratos de confidencialidade.

Repúdio internacional

A revelação da lista trouxe críticas veementes de autoridades internacionais. "Não estamos apenas falando sobre alguns Estados desonestos, mas sobre o uso massivo de um programa de espionagem por pelo menos vinte países", disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, à BBC nesta segunda-feira."Este é um grande ataque contra o jornalismo crítico", afirmou.

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A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu uma melhor "regulamentação" das tecnologias de vigilância. As revelações "confirmam a necessidade urgente de regulamentar melhor a venda, transferência e uso" dessas tecnologias de vigilância, disse em um comunicado. “Sem uma estrutura regulatória que respeite os direitos humanos, há muitos riscos de que essas ferramentas sejam mal utilizadas para intimidar os críticos e silenciar aqueles que discordam”, acrescentou, pedindo “garantia de controle e autorização estritos”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que este escândalo "tem de ser verificado, mas se assim for, é totalmente inaceitável". "A liberdade de imprensa é um dos valores fundamentais da União Europeia", acrescentou./ AFP e WP

PARIS - Os números de telefone do presidente francês, Emmanuel Macron, e de integrantes de seu gabinete constam em uma lista de possíveis alvos do software Pegasus, que alguns países usaram para espionar políticos, ativistas e jornalistas, disse o diretor da organização Forbidden Stories, Laurent Richard, nesta terça-feira, 20. Outros 13 líderes líderes mundiais, entre eles os presidentes do Iraque e da África do Sul, também foram espionados. 

“Encontramos esses números, mas não pudemos realizar uma investigação técnica do telefone de Macron para verificar se ele está hackeado por este software", explicou Richard à rede de LCI, confirmando uma informação do jornal Le Monde. "Portanto, não está claro se o presidente foi realmente espionado, mas sabemos, em todo caso, que houve interesse em fazê-lo", acrescentou o diretor. A presidência francesa afirmou que irá esclarecer os fatos.

O presidente da França, Emmanuel Macron. Foto: (AP Photo/Lewis Joly)

Desenvolvido pelo grupo israelense NSO, o Pegasus permite recuperar mensagens de texto, fotos, contatos e até ouvir ligações de celulares invadidos. Clientes do grupo selecionaram ao menos 50 mil números de telefone, desde 2016, com intenção de espioná-los. A Forbidden Stories e a Anistia Internacional obtiveram uma lista com todas as vítimas e a compartilharam com um consórcio formado por 17 veículos de comunicação, entre eles o jornal francês Le Monde, o britânico The Guardian, o americano The Washington Post e os mexicanos Proceso e Aristegui Noticias.

A lista inclui 180 jornalistas, 600 políticos, 85 militantes defensores dos direitos humanos e 65 empresários.

Vítimas do alto escalão

Além de Macron, outros treze líderes mundiais estavam listados no documento obtido pela Forbidden Stories e a Anistia Internacional. São eles:

  • Barham Salih, presidente do Iraque;
  • Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul
  • Imran Khan, premiê do Paquistão;
  • Mostafa Madbouly, premiê do Egito;
  • Saad-Eddine El Othmani, premiê do Marrocos; 
  • Sete ex-primeiros ministros, espionados enquanto ainda estavam no cargo, incluindo Saad Hariri do Líbano, Ruhakana Rugunda de Uganda e Charles Michel, da Bélgica
  • Mohammed VI , rei do Marrocos.

Segundo as revelações, outros alvos de espionagem seriam vários parentes e colaboradores do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.

De terroristas e criminosos a jornalistas e políticos

De nível militar, o spyware foi licenciado para rastrear terroristas e criminosos. Na lista de 50 mil números, no entanto, figuram políticos, jornalistas, ativistas e empresários. Os números estão majoritariamente concentrados em países conhecidos por se envolverem na vigilância de seus cidadãos, já clientes da NSO Group, líder mundial na indústria pouco regulamentada de spyware privado.

A lista não identifica quem colocou os números nela, ou por quê, e não se sabe quantos telefones foram selecionados ou monitorados. O Laboratório de Segurança da Anistia examinou 67 smartphones onde havia suspeitas de ataques. Destes, 23 foram infectados com sucesso e 14 mostraram sinais de tentativa de penetração.

Os números da lista não foram atribuídos, mas repórteres conseguiram identificar mais de mil pessoas em mais de 50 países por meio de pesquisas e entrevistas em quatro continentes. Entre eles, estão vários membros da família real árabe, pelo menos 65 executivos, 85 ativistas de direitos humanos, 189 jornalistas e mais de 600 políticos e funcionários do governo - incluindo ministros de gabinete, diplomatas e oficiais militares e de segurança.

Entre os jornalistas cujos números aparecem na lista, estão repórteres que trabalham no exterior para várias organizações de notícias importantes, incluindo CNN, Associated Press, Voice of America, New York Times, Wall Street Journal, Bloomberg News, Le Monde, Financial Times e Al Jazeera.

Em longas respostas, a NSO chamou os resultados da investigação de exagerados e sem base. A empresa também disse que não opera o spyware licenciado para seus clientes e "não tem nenhuma percepção" de suas atividades de inteligência específicas.

A NSO afirma que seus clientes são 60 agências de inteligência, militares e policiais distribuídas em 40 países, embora não confirme a identidade de nenhuma delas, citando contratos de confidencialidade.

Repúdio internacional

A revelação da lista trouxe críticas veementes de autoridades internacionais. "Não estamos apenas falando sobre alguns Estados desonestos, mas sobre o uso massivo de um programa de espionagem por pelo menos vinte países", disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, à BBC nesta segunda-feira."Este é um grande ataque contra o jornalismo crítico", afirmou.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu uma melhor "regulamentação" das tecnologias de vigilância. As revelações "confirmam a necessidade urgente de regulamentar melhor a venda, transferência e uso" dessas tecnologias de vigilância, disse em um comunicado. “Sem uma estrutura regulatória que respeite os direitos humanos, há muitos riscos de que essas ferramentas sejam mal utilizadas para intimidar os críticos e silenciar aqueles que discordam”, acrescentou, pedindo “garantia de controle e autorização estritos”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que este escândalo "tem de ser verificado, mas se assim for, é totalmente inaceitável". "A liberdade de imprensa é um dos valores fundamentais da União Europeia", acrescentou./ AFP e WP

PARIS - Os números de telefone do presidente francês, Emmanuel Macron, e de integrantes de seu gabinete constam em uma lista de possíveis alvos do software Pegasus, que alguns países usaram para espionar políticos, ativistas e jornalistas, disse o diretor da organização Forbidden Stories, Laurent Richard, nesta terça-feira, 20. Outros 13 líderes líderes mundiais, entre eles os presidentes do Iraque e da África do Sul, também foram espionados. 

“Encontramos esses números, mas não pudemos realizar uma investigação técnica do telefone de Macron para verificar se ele está hackeado por este software", explicou Richard à rede de LCI, confirmando uma informação do jornal Le Monde. "Portanto, não está claro se o presidente foi realmente espionado, mas sabemos, em todo caso, que houve interesse em fazê-lo", acrescentou o diretor. A presidência francesa afirmou que irá esclarecer os fatos.

O presidente da França, Emmanuel Macron. Foto: (AP Photo/Lewis Joly)

Desenvolvido pelo grupo israelense NSO, o Pegasus permite recuperar mensagens de texto, fotos, contatos e até ouvir ligações de celulares invadidos. Clientes do grupo selecionaram ao menos 50 mil números de telefone, desde 2016, com intenção de espioná-los. A Forbidden Stories e a Anistia Internacional obtiveram uma lista com todas as vítimas e a compartilharam com um consórcio formado por 17 veículos de comunicação, entre eles o jornal francês Le Monde, o britânico The Guardian, o americano The Washington Post e os mexicanos Proceso e Aristegui Noticias.

A lista inclui 180 jornalistas, 600 políticos, 85 militantes defensores dos direitos humanos e 65 empresários.

Vítimas do alto escalão

Além de Macron, outros treze líderes mundiais estavam listados no documento obtido pela Forbidden Stories e a Anistia Internacional. São eles:

  • Barham Salih, presidente do Iraque;
  • Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul
  • Imran Khan, premiê do Paquistão;
  • Mostafa Madbouly, premiê do Egito;
  • Saad-Eddine El Othmani, premiê do Marrocos; 
  • Sete ex-primeiros ministros, espionados enquanto ainda estavam no cargo, incluindo Saad Hariri do Líbano, Ruhakana Rugunda de Uganda e Charles Michel, da Bélgica
  • Mohammed VI , rei do Marrocos.

Segundo as revelações, outros alvos de espionagem seriam vários parentes e colaboradores do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.

De terroristas e criminosos a jornalistas e políticos

De nível militar, o spyware foi licenciado para rastrear terroristas e criminosos. Na lista de 50 mil números, no entanto, figuram políticos, jornalistas, ativistas e empresários. Os números estão majoritariamente concentrados em países conhecidos por se envolverem na vigilância de seus cidadãos, já clientes da NSO Group, líder mundial na indústria pouco regulamentada de spyware privado.

A lista não identifica quem colocou os números nela, ou por quê, e não se sabe quantos telefones foram selecionados ou monitorados. O Laboratório de Segurança da Anistia examinou 67 smartphones onde havia suspeitas de ataques. Destes, 23 foram infectados com sucesso e 14 mostraram sinais de tentativa de penetração.

Os números da lista não foram atribuídos, mas repórteres conseguiram identificar mais de mil pessoas em mais de 50 países por meio de pesquisas e entrevistas em quatro continentes. Entre eles, estão vários membros da família real árabe, pelo menos 65 executivos, 85 ativistas de direitos humanos, 189 jornalistas e mais de 600 políticos e funcionários do governo - incluindo ministros de gabinete, diplomatas e oficiais militares e de segurança.

Entre os jornalistas cujos números aparecem na lista, estão repórteres que trabalham no exterior para várias organizações de notícias importantes, incluindo CNN, Associated Press, Voice of America, New York Times, Wall Street Journal, Bloomberg News, Le Monde, Financial Times e Al Jazeera.

Em longas respostas, a NSO chamou os resultados da investigação de exagerados e sem base. A empresa também disse que não opera o spyware licenciado para seus clientes e "não tem nenhuma percepção" de suas atividades de inteligência específicas.

A NSO afirma que seus clientes são 60 agências de inteligência, militares e policiais distribuídas em 40 países, embora não confirme a identidade de nenhuma delas, citando contratos de confidencialidade.

Repúdio internacional

A revelação da lista trouxe críticas veementes de autoridades internacionais. "Não estamos apenas falando sobre alguns Estados desonestos, mas sobre o uso massivo de um programa de espionagem por pelo menos vinte países", disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, à BBC nesta segunda-feira."Este é um grande ataque contra o jornalismo crítico", afirmou.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu uma melhor "regulamentação" das tecnologias de vigilância. As revelações "confirmam a necessidade urgente de regulamentar melhor a venda, transferência e uso" dessas tecnologias de vigilância, disse em um comunicado. “Sem uma estrutura regulatória que respeite os direitos humanos, há muitos riscos de que essas ferramentas sejam mal utilizadas para intimidar os críticos e silenciar aqueles que discordam”, acrescentou, pedindo “garantia de controle e autorização estritos”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que este escândalo "tem de ser verificado, mas se assim for, é totalmente inaceitável". "A liberdade de imprensa é um dos valores fundamentais da União Europeia", acrescentou./ AFP e WP

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