O presidente francês, Emmanuel Macron, foi recebido com protesto em uma feira agrícola em Paris, neste sábado, 24. Produtores pressionam o governo a ajudá-los, em meio à insatisfação por conta dos custos, da burocracia e das regulamentações ambientais.
Além de Macron, o ministro da Agricultura e da Soberania Alimentar, Marc Fesneau, e a vice-ministra da Agricultura e da Soberania Alimentar, Agnes Pannier-Runacher, conversaram com os agricultores franceses no dia da abertura da 60ª edição internacional do Salon de l’Agriculture.
Confronto
Os manifestantes enfrentaram a segurança feita por dezenas de policiais. Os agricultores gritaram e vaiaram, pedindo a renúncia do presidente francês e usando palavrões dirigidos a ele. Ao menos uma pessoa foi presa, segundo a agência Reuters.
Macron teve um encontro com líderes sindicais de agricultores franceses durante o café da manhã, e deveria caminhar pelas vielas da feira depois. “Estou dizendo isso para todos os agricultores: vocês não estão ajudando nenhum dos seus colegas destruindo barracas, vocês não estão ajudando nenhum dos seus colegas ao tornar a feira impossível e, de certa forma, assustando as famílias para que não compareçam”, disse.
Lei também
O presidente francês disse que fará uma reunião com representantes dos sindicatos de agricultores e outras partes interessadas dentro de três semanas, e cancelou um debate que pretendia realizar na feira com agricultores e processadores de alimentos.
A abertura do evento foi atrasada em mais de uma hora. A feira agrícola de Paris atrai cerca de 600 mil visitantes durante nove dias.
‘Buzinaço’
Agricultores foram às ruas de Paris na sexta-feira, 23, para alertar Emmanuel Macron de que ele deveria esperar uma “dura recepção” na abertura da feira agrícola. Em mais um protesto da categoria, dezenas de tratores entraram na capital francesa buzinando.
Um trator carregava uma placa com os dizeres: “Macron, você está plantando as sementes para uma tempestade - cuidado com o que você colherá”.
Os agricultores franceses haviam suspendido os protestos — que incluíam o bloqueio de rodovias e o despejo de esterco em frente a prédios públicos —, depois que o primeiro-ministro Gabriel Attal prometeu novas medidas no valor de 400 milhões de euros.
O caso não é isolado, já que agricultores têm protestado em toda a Europa por renda maior, menos burocracia e denunciando a concorrência desleal de produtos ucranianos baratos, devido à ajuda pelo esforço de guerra na Ucrânia.
Polônia, Espanha e República Checa também registraram manifestações. Partidos de extrema-direita, para os quais os agricultores representam um eleitorado crescente, são os principais beneficiários, pensando nas eleições de junho para o Parlamento Europeu. /AFP e AP