Análise|Macron sai enfraquecido dentro e fora da França e poderá ter de dividir poder com direita radical


Iniciativa política centrista do presidente francês, promovida por ele como ‘nem de direita, nem de esquerda’, está sob ameaça sete após sua primeira eleição

Por Sylvie Corbet
Atualização:

O presidente Emmanuel Macron já foi visto como um líder jovem e ousado que se propôs a reviver a França por meio de políticas radicais pró-negócios e pró-europeias, deixando os eleitores “sem mais motivos” para votar nos extremos.

Sete anos após ter sido eleito pela primeira vez, sua convocação para uma eleição antecipada o enfraquece no país e no exterior, enquanto a direita radical parece estar se impulsionando para chegar ao poder. Macron, que tem um mandato presidencial até 2027, disse que não deixará o cargo antes do fim de seu mandato.

No entanto, a perspectiva de uma derrota nas eleições parlamentares significa que ele poderá ter de dividir o poder com um primeiro-ministro de um partido político rival, possivelmente o presidente do Reagrupamento Nacional, Jordan Bardella, de 28 anos.

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Macron anunciou a votação surpresa no início de junho, depois que sua aliança centrista sofreu uma derrota esmagadora nas eleições da União Europeia.

O presidente francês, Emmanuel Macron, deixa a cabine de votação, em Le Touquet-Paris-Plage, no norte da França Foto: Yara Nardi/AP

Ele argumentou que sua aliança não detém a maioria parlamentar desde 2022, mesmo tendo o maior número de assentos. A situação o forçou a fazer manobras políticas para aprovar projetos de lei.

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Os eleitores na votação de dois turnos no domingo e em 7 de julho devem escolher quem enviarão para a Assembleia Nacional, levando à formação de um novo governo.

Macron derrotou a líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, duas vezes em eleições presidenciais, em 2017 e 2022.

Momentos após sua primeira vitória, então com 39 anos, ele caminhou lentamente até o palco no pátio do Museu do Louvre, em Paris, ao som do hino europeu, “Ode à Alegria”. Lá, ele declarou sobre os eleitores de Le Pen: “Farei de tudo (...) para que eles não tenham mais nenhum motivo para votar nos extremos”.

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A iniciativa política centrista de Macron, que ele promoveu na época como “nem de direita, nem de esquerda”, esmagou os rivais tradicionais, o Partido Socialista e os conservadores republicanos.

Em 2022, quando derrotou Le Pen novamente, mas com uma margem menor, Macron reconheceu que os franceses votaram “não para apoiar minhas ideias, mas para bloquear as da extrema direita”.

Agora, a existência de sua aliança centrista está sob ameaça. As pesquisas mostram que os principais concorrentes na corrida parlamentar são, em sua maioria, candidatos da direita radical e da ampla coalizão de esquerda, a Nova Frente Popular.

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O ex-primeiro-ministro Edouard Philippe disse recentemente que Macron “matou a maioria presidencial”.

No início da sexta-feira, 28, após uma cúpula da União Europeia em Bruxelas, Macron justificou sua decisão de dissolver a Assembleia Nacional. “Era indispensável pedir um esclarecimento (aos eleitores). E não acho que possamos adotar políticas ambiciosas sem envolver as pessoas”, disse.

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Questionado sobre um legislador do Reagrupamento Nacional que argumentou que pessoas com dupla nacionalidade, como um ex-ministro franco-marroquino, não deveriam ser membros do governo, Macron respondeu: “Isso diz muito sobre o que está em jogo”.

Ele lembrou os ideais da França de “liberdade, igualdade, fraternidade”. “O racismo ou o antissemitismo explícitos dizem algo sobre uma profunda traição do que é a França, de seus valores, do que é a nossa República. E isso é algo que temos de combater com força, e temos de nos indignar”, disse Macron. “Porque não se trata de política, não se trata apenas de uma votação. Trata-se da própria possibilidade de vivermos juntos.”

“Nunca desistirei” de lutar contra a direita radical, “independentemente do que esteja acontecendo”, disse Macron.

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Questionado se ele discutiu as eleições francesas com Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz disse em Bruxelas que “seria muito estranho se eu não falasse com meu amigo Emmanuel Macron sobre isso”. “É isso que fazemos.”

Scholz, que pertence aos social-democratas, de centro-esquerda, acrescentou: “É claro que espero que, por exemplo, os partidos que são politicamente mais próximos de mim se saiam melhor do que outros. Não devemos antecipar o resultado.”

Momento econômico

Macron argumentou em uma entrevista à imprensa no início deste mês que suas conquistas econômicas falam por si. O desemprego caiu de mais de 10%, para 7,5%, e a França foi classificada como o país europeu mais atraente para investimentos estrangeiros nos últimos anos.

No entanto, seu tempo no cargo foi marcado por grandes turbulências, desde os protestos dos chamados ”coletes amarelos” contra a percepção de injustiça social e econômica até a pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia e os distúrbios de 2023 desencadeados pelo tiroteio que causou a morte de um adolescente pela polícia.

Seja qual for o resultado, a decisão de Macron de convocar eleições antecipadas já deixa a França enfraquecida no cenário europeu, de acordo com Lisa Thomas-Darbois, vice-diretora de estudos sobre a França no think tank Institut Montaigne, com sede em Paris.

Isso “provocou um certo receio por parte de nossos parceiros europeus e internacionais”, disse ela. “Podemos ver que, apenas em termos de nossas taxas de juros nos mercados financeiros, nossa credibilidade está um pouco diminuída.”

“Será que é porque estamos enfrentando um possível impasse político por um ano? Ou será que é porque podemos ter o Reagrupamento Nacional no poder? Não podemos dizer com certeza nesta fase”, disse ela. “O que é certo é que a postura do Reagrupamento Nacional provavelmente não será tranquilizadora em termos da imagem da França nos próximos anos.”/AP

O presidente Emmanuel Macron já foi visto como um líder jovem e ousado que se propôs a reviver a França por meio de políticas radicais pró-negócios e pró-europeias, deixando os eleitores “sem mais motivos” para votar nos extremos.

Sete anos após ter sido eleito pela primeira vez, sua convocação para uma eleição antecipada o enfraquece no país e no exterior, enquanto a direita radical parece estar se impulsionando para chegar ao poder. Macron, que tem um mandato presidencial até 2027, disse que não deixará o cargo antes do fim de seu mandato.

No entanto, a perspectiva de uma derrota nas eleições parlamentares significa que ele poderá ter de dividir o poder com um primeiro-ministro de um partido político rival, possivelmente o presidente do Reagrupamento Nacional, Jordan Bardella, de 28 anos.

Macron anunciou a votação surpresa no início de junho, depois que sua aliança centrista sofreu uma derrota esmagadora nas eleições da União Europeia.

O presidente francês, Emmanuel Macron, deixa a cabine de votação, em Le Touquet-Paris-Plage, no norte da França Foto: Yara Nardi/AP

Ele argumentou que sua aliança não detém a maioria parlamentar desde 2022, mesmo tendo o maior número de assentos. A situação o forçou a fazer manobras políticas para aprovar projetos de lei.

Os eleitores na votação de dois turnos no domingo e em 7 de julho devem escolher quem enviarão para a Assembleia Nacional, levando à formação de um novo governo.

Macron derrotou a líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, duas vezes em eleições presidenciais, em 2017 e 2022.

Momentos após sua primeira vitória, então com 39 anos, ele caminhou lentamente até o palco no pátio do Museu do Louvre, em Paris, ao som do hino europeu, “Ode à Alegria”. Lá, ele declarou sobre os eleitores de Le Pen: “Farei de tudo (...) para que eles não tenham mais nenhum motivo para votar nos extremos”.

A iniciativa política centrista de Macron, que ele promoveu na época como “nem de direita, nem de esquerda”, esmagou os rivais tradicionais, o Partido Socialista e os conservadores republicanos.

Em 2022, quando derrotou Le Pen novamente, mas com uma margem menor, Macron reconheceu que os franceses votaram “não para apoiar minhas ideias, mas para bloquear as da extrema direita”.

Agora, a existência de sua aliança centrista está sob ameaça. As pesquisas mostram que os principais concorrentes na corrida parlamentar são, em sua maioria, candidatos da direita radical e da ampla coalizão de esquerda, a Nova Frente Popular.

O ex-primeiro-ministro Edouard Philippe disse recentemente que Macron “matou a maioria presidencial”.

No início da sexta-feira, 28, após uma cúpula da União Europeia em Bruxelas, Macron justificou sua decisão de dissolver a Assembleia Nacional. “Era indispensável pedir um esclarecimento (aos eleitores). E não acho que possamos adotar políticas ambiciosas sem envolver as pessoas”, disse.

Questionado sobre um legislador do Reagrupamento Nacional que argumentou que pessoas com dupla nacionalidade, como um ex-ministro franco-marroquino, não deveriam ser membros do governo, Macron respondeu: “Isso diz muito sobre o que está em jogo”.

Ele lembrou os ideais da França de “liberdade, igualdade, fraternidade”. “O racismo ou o antissemitismo explícitos dizem algo sobre uma profunda traição do que é a França, de seus valores, do que é a nossa República. E isso é algo que temos de combater com força, e temos de nos indignar”, disse Macron. “Porque não se trata de política, não se trata apenas de uma votação. Trata-se da própria possibilidade de vivermos juntos.”

“Nunca desistirei” de lutar contra a direita radical, “independentemente do que esteja acontecendo”, disse Macron.

Questionado se ele discutiu as eleições francesas com Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz disse em Bruxelas que “seria muito estranho se eu não falasse com meu amigo Emmanuel Macron sobre isso”. “É isso que fazemos.”

Scholz, que pertence aos social-democratas, de centro-esquerda, acrescentou: “É claro que espero que, por exemplo, os partidos que são politicamente mais próximos de mim se saiam melhor do que outros. Não devemos antecipar o resultado.”

Momento econômico

Macron argumentou em uma entrevista à imprensa no início deste mês que suas conquistas econômicas falam por si. O desemprego caiu de mais de 10%, para 7,5%, e a França foi classificada como o país europeu mais atraente para investimentos estrangeiros nos últimos anos.

No entanto, seu tempo no cargo foi marcado por grandes turbulências, desde os protestos dos chamados ”coletes amarelos” contra a percepção de injustiça social e econômica até a pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia e os distúrbios de 2023 desencadeados pelo tiroteio que causou a morte de um adolescente pela polícia.

Seja qual for o resultado, a decisão de Macron de convocar eleições antecipadas já deixa a França enfraquecida no cenário europeu, de acordo com Lisa Thomas-Darbois, vice-diretora de estudos sobre a França no think tank Institut Montaigne, com sede em Paris.

Isso “provocou um certo receio por parte de nossos parceiros europeus e internacionais”, disse ela. “Podemos ver que, apenas em termos de nossas taxas de juros nos mercados financeiros, nossa credibilidade está um pouco diminuída.”

“Será que é porque estamos enfrentando um possível impasse político por um ano? Ou será que é porque podemos ter o Reagrupamento Nacional no poder? Não podemos dizer com certeza nesta fase”, disse ela. “O que é certo é que a postura do Reagrupamento Nacional provavelmente não será tranquilizadora em termos da imagem da França nos próximos anos.”/AP

O presidente Emmanuel Macron já foi visto como um líder jovem e ousado que se propôs a reviver a França por meio de políticas radicais pró-negócios e pró-europeias, deixando os eleitores “sem mais motivos” para votar nos extremos.

Sete anos após ter sido eleito pela primeira vez, sua convocação para uma eleição antecipada o enfraquece no país e no exterior, enquanto a direita radical parece estar se impulsionando para chegar ao poder. Macron, que tem um mandato presidencial até 2027, disse que não deixará o cargo antes do fim de seu mandato.

No entanto, a perspectiva de uma derrota nas eleições parlamentares significa que ele poderá ter de dividir o poder com um primeiro-ministro de um partido político rival, possivelmente o presidente do Reagrupamento Nacional, Jordan Bardella, de 28 anos.

Macron anunciou a votação surpresa no início de junho, depois que sua aliança centrista sofreu uma derrota esmagadora nas eleições da União Europeia.

O presidente francês, Emmanuel Macron, deixa a cabine de votação, em Le Touquet-Paris-Plage, no norte da França Foto: Yara Nardi/AP

Ele argumentou que sua aliança não detém a maioria parlamentar desde 2022, mesmo tendo o maior número de assentos. A situação o forçou a fazer manobras políticas para aprovar projetos de lei.

Os eleitores na votação de dois turnos no domingo e em 7 de julho devem escolher quem enviarão para a Assembleia Nacional, levando à formação de um novo governo.

Macron derrotou a líder do Reagrupamento Nacional, Marine Le Pen, duas vezes em eleições presidenciais, em 2017 e 2022.

Momentos após sua primeira vitória, então com 39 anos, ele caminhou lentamente até o palco no pátio do Museu do Louvre, em Paris, ao som do hino europeu, “Ode à Alegria”. Lá, ele declarou sobre os eleitores de Le Pen: “Farei de tudo (...) para que eles não tenham mais nenhum motivo para votar nos extremos”.

A iniciativa política centrista de Macron, que ele promoveu na época como “nem de direita, nem de esquerda”, esmagou os rivais tradicionais, o Partido Socialista e os conservadores republicanos.

Em 2022, quando derrotou Le Pen novamente, mas com uma margem menor, Macron reconheceu que os franceses votaram “não para apoiar minhas ideias, mas para bloquear as da extrema direita”.

Agora, a existência de sua aliança centrista está sob ameaça. As pesquisas mostram que os principais concorrentes na corrida parlamentar são, em sua maioria, candidatos da direita radical e da ampla coalizão de esquerda, a Nova Frente Popular.

O ex-primeiro-ministro Edouard Philippe disse recentemente que Macron “matou a maioria presidencial”.

No início da sexta-feira, 28, após uma cúpula da União Europeia em Bruxelas, Macron justificou sua decisão de dissolver a Assembleia Nacional. “Era indispensável pedir um esclarecimento (aos eleitores). E não acho que possamos adotar políticas ambiciosas sem envolver as pessoas”, disse.

Questionado sobre um legislador do Reagrupamento Nacional que argumentou que pessoas com dupla nacionalidade, como um ex-ministro franco-marroquino, não deveriam ser membros do governo, Macron respondeu: “Isso diz muito sobre o que está em jogo”.

Ele lembrou os ideais da França de “liberdade, igualdade, fraternidade”. “O racismo ou o antissemitismo explícitos dizem algo sobre uma profunda traição do que é a França, de seus valores, do que é a nossa República. E isso é algo que temos de combater com força, e temos de nos indignar”, disse Macron. “Porque não se trata de política, não se trata apenas de uma votação. Trata-se da própria possibilidade de vivermos juntos.”

“Nunca desistirei” de lutar contra a direita radical, “independentemente do que esteja acontecendo”, disse Macron.

Questionado se ele discutiu as eleições francesas com Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz disse em Bruxelas que “seria muito estranho se eu não falasse com meu amigo Emmanuel Macron sobre isso”. “É isso que fazemos.”

Scholz, que pertence aos social-democratas, de centro-esquerda, acrescentou: “É claro que espero que, por exemplo, os partidos que são politicamente mais próximos de mim se saiam melhor do que outros. Não devemos antecipar o resultado.”

Momento econômico

Macron argumentou em uma entrevista à imprensa no início deste mês que suas conquistas econômicas falam por si. O desemprego caiu de mais de 10%, para 7,5%, e a França foi classificada como o país europeu mais atraente para investimentos estrangeiros nos últimos anos.

No entanto, seu tempo no cargo foi marcado por grandes turbulências, desde os protestos dos chamados ”coletes amarelos” contra a percepção de injustiça social e econômica até a pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia e os distúrbios de 2023 desencadeados pelo tiroteio que causou a morte de um adolescente pela polícia.

Seja qual for o resultado, a decisão de Macron de convocar eleições antecipadas já deixa a França enfraquecida no cenário europeu, de acordo com Lisa Thomas-Darbois, vice-diretora de estudos sobre a França no think tank Institut Montaigne, com sede em Paris.

Isso “provocou um certo receio por parte de nossos parceiros europeus e internacionais”, disse ela. “Podemos ver que, apenas em termos de nossas taxas de juros nos mercados financeiros, nossa credibilidade está um pouco diminuída.”

“Será que é porque estamos enfrentando um possível impasse político por um ano? Ou será que é porque podemos ter o Reagrupamento Nacional no poder? Não podemos dizer com certeza nesta fase”, disse ela. “O que é certo é que a postura do Reagrupamento Nacional provavelmente não será tranquilizadora em termos da imagem da França nos próximos anos.”/AP

Análise por Sylvie Corbet

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