Macron viaja para tentar convencer Milei a desbloquear acordos no G-20; Janja critica Argentina


Macron desembarcará em Buenos Aires nos próximos dias, antes de chegar ao Rio para a Cúpula de Líderes do G-20, que começa na segunda-feira, 18

Por Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADO AO RIO - O presidente da França, Emmanuel Macron, vai visitar a Argentina para tentar convencer o presidente Javier Milei a se engajar nas discussões do G-20 e abandonar uma postura de bloqueio dos acordos em discussão no Rio.

Macron desembarcará em Buenos Aires nos próximos dias, antes de chegar ao Rio para a Cúpula de Líderes do G-20, em 18 e 19 de novembro, para a qual Milei também confirmou presença. A viagem foi confirmada pelo Palácio do Eliseu nesta quinta-feira, dia 14.

O esforço francês está alinhado com os objetivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é um aliado político. Com Lula, não há diálogo presidencial. Milei é adversário do petista, tem um histórico de ofensas e provocações e jamais se reuniu com Lula - apesar dos pedidos, não há disposição do Palácio do Planalto em atender um pedido de bilateral no Rio.

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Logo depois da confirmação da viagem de Macron e do interesse em ajudar aos planos do Brasil no G-20, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, criticou abertamente a postura do governo Milei.

Janja reclamou do veto argentino na reunião ministerial de empoderamento feminino do G-20, realizada em Brasília, no mês passado. Sob orientação de Buenos Aires, a delegação do país isolou-se e foi a única a não endossar o documento final, impedindo o consenso.

“Tivemos uma resolução importante pelo empoderamento das mulheres, sabemos das dificuldades. Infelizmente a Argentina se negou a assinar a declaração, enfim...”, disse Janja nesta quinta-feira, ao discursar na abertura do G-20 Social, reunião prévia à Cúpula de Líderes, no Rio.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, discursa em um evento em Paris, França  Foto: Ludovic Marin/AFP

Macron decidiu fazer a visita a Milei por conta própria, mas ciente das divergências ideológicas e de agenda política do libertário de direita, disse uma fonte do Palácio do Eliseu, ao ser indagado pelo Estadão.

Esse funcionário da presidência francesa relatou que Macron se dispôs a ir pessoalmente ao encontro de Milei tendo como prioridade favorecer um consenso final na agenda do G-20. Outra fonte do Eliseu disse que não se pode ser “inocente” quanto às posições de Milei, mas que é preciso tentar convencê-lo.

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Assessores do presidente francês afirmam que ele “vai fazer tudo que estiver a seu alcance para que o G-20 de Lula seja um sucesso”, inclusive conversar com líderes que divergem claramente da agenda.

O Eliseu considera a quadra internacional preocupante, com questionamentos da ordem internacional, e quer reforçar uma mensagem de proteção de direitos humanos e de pontes entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

O presidente da Argentina, Javier Miliei, discursa em um evento conservador em Oxon Hill, Estados Unidos  Foto: Jose Luis Magana/AP
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Bloqueio

No G-20, a chancelaria argentina tem bloqueado acordos e se dissociado das declarações finais, às vezes engajando-se pouco ou nada nas discussões, ao longo das 125 reuniões do ano. Isso tem ocorrido na reunião de sherpas e já foi manifestado antes no Grupo de Trabalho de Empoderamento das Mulheres, quando somente a Argentina isolou-se e barrou o texto por menções a questões de gênero.

Os argentinos se manifestam contra temas da agenda 2030 de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, inclusive assuntos identitários ou ainda ligados a mudança do clima. O mesmo ocorreu em fóruns como o Mercosul e a OEA. Na COP-29, em Baku, no Azerbaijão, a delegação argentina abandou o evento, um sinal do que poderá ocorrer no Rio, que preocupou o Itamaraty. Nas Nações Unidas, também por resistências ideológicas, a Argentina não assinou o Pacto para o Futuro.

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Os principais objetivos da presidência brasileira são lançar a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, o Chamado à Ação de Reforma da Governança Global e o Força Tarefa para Mobilização contra a Mudança do Clima. A França diz apoiar as iniciativas.

O presidente francês tem repetido que não se pode fazer proteção climática sem combater a pobreza e que os países em desenvolvimento não devem escolher entre um e outro objetivo, mas atuar em ambas as frentes de forma coordenada.

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O Palácio de Eliseu considera porém que as mensagens da COP-29 no Azerbaijão indicam obstáculos ao avanço dos temas climáticos no G-20.

Não há garantias de que Milei será convencido a ceder, e a situação se agravou após a intervenção conservadora vinda da Casa Rosada, sobre a chancelaria argentina.

Após visitar a Argentina, Macron passará dois dias no Rio para o G-20. Ele ficará hospedado no mesmo hotel de Lula, na orla de Copacabana. Em seguida, viajará ao encontro de Gabriel Boric, presidente do Chile.

Mercosul-União Europeia

Segundo fontes do Palácio Eliseu, o presidente francês terá reuniões bilaterais no Rio e também reforçará a objeção francesa ao avanço das negociações entre o Mercosul e a União Europeia. Os blocos tentam assinar um acordo de associação há 25 anos. O entrave político está no agronegócio francês. Macron não vai ceder. A indicação é que o tema não seja tratado na Argentina.

O Brasil já não nutre esperança de que o tratado de associação seja assinado durante o G-20, mas espera que seja possível evoluir até o fim do ano. A negociação é liderada pelo Itamaraty, em nome do Mercosul, diretamente com a Comissão Europeia.

Macron tem dito que os termos do acordo não satisfazem a França. Sua equipe defende o que chama de “recriprocidade” de padrões, regras e normas, às quais os produtores do agro de todos os países estejam submetidos.

ENVIADO AO RIO - O presidente da França, Emmanuel Macron, vai visitar a Argentina para tentar convencer o presidente Javier Milei a se engajar nas discussões do G-20 e abandonar uma postura de bloqueio dos acordos em discussão no Rio.

Macron desembarcará em Buenos Aires nos próximos dias, antes de chegar ao Rio para a Cúpula de Líderes do G-20, em 18 e 19 de novembro, para a qual Milei também confirmou presença. A viagem foi confirmada pelo Palácio do Eliseu nesta quinta-feira, dia 14.

O esforço francês está alinhado com os objetivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é um aliado político. Com Lula, não há diálogo presidencial. Milei é adversário do petista, tem um histórico de ofensas e provocações e jamais se reuniu com Lula - apesar dos pedidos, não há disposição do Palácio do Planalto em atender um pedido de bilateral no Rio.

Logo depois da confirmação da viagem de Macron e do interesse em ajudar aos planos do Brasil no G-20, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, criticou abertamente a postura do governo Milei.

Janja reclamou do veto argentino na reunião ministerial de empoderamento feminino do G-20, realizada em Brasília, no mês passado. Sob orientação de Buenos Aires, a delegação do país isolou-se e foi a única a não endossar o documento final, impedindo o consenso.

“Tivemos uma resolução importante pelo empoderamento das mulheres, sabemos das dificuldades. Infelizmente a Argentina se negou a assinar a declaração, enfim...”, disse Janja nesta quinta-feira, ao discursar na abertura do G-20 Social, reunião prévia à Cúpula de Líderes, no Rio.

O presidente da França, Emmanuel Macron, discursa em um evento em Paris, França  Foto: Ludovic Marin/AFP

Macron decidiu fazer a visita a Milei por conta própria, mas ciente das divergências ideológicas e de agenda política do libertário de direita, disse uma fonte do Palácio do Eliseu, ao ser indagado pelo Estadão.

Esse funcionário da presidência francesa relatou que Macron se dispôs a ir pessoalmente ao encontro de Milei tendo como prioridade favorecer um consenso final na agenda do G-20. Outra fonte do Eliseu disse que não se pode ser “inocente” quanto às posições de Milei, mas que é preciso tentar convencê-lo.

Assessores do presidente francês afirmam que ele “vai fazer tudo que estiver a seu alcance para que o G-20 de Lula seja um sucesso”, inclusive conversar com líderes que divergem claramente da agenda.

O Eliseu considera a quadra internacional preocupante, com questionamentos da ordem internacional, e quer reforçar uma mensagem de proteção de direitos humanos e de pontes entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

O presidente da Argentina, Javier Miliei, discursa em um evento conservador em Oxon Hill, Estados Unidos  Foto: Jose Luis Magana/AP

Bloqueio

No G-20, a chancelaria argentina tem bloqueado acordos e se dissociado das declarações finais, às vezes engajando-se pouco ou nada nas discussões, ao longo das 125 reuniões do ano. Isso tem ocorrido na reunião de sherpas e já foi manifestado antes no Grupo de Trabalho de Empoderamento das Mulheres, quando somente a Argentina isolou-se e barrou o texto por menções a questões de gênero.

Os argentinos se manifestam contra temas da agenda 2030 de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, inclusive assuntos identitários ou ainda ligados a mudança do clima. O mesmo ocorreu em fóruns como o Mercosul e a OEA. Na COP-29, em Baku, no Azerbaijão, a delegação argentina abandou o evento, um sinal do que poderá ocorrer no Rio, que preocupou o Itamaraty. Nas Nações Unidas, também por resistências ideológicas, a Argentina não assinou o Pacto para o Futuro.

Os principais objetivos da presidência brasileira são lançar a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, o Chamado à Ação de Reforma da Governança Global e o Força Tarefa para Mobilização contra a Mudança do Clima. A França diz apoiar as iniciativas.

O presidente francês tem repetido que não se pode fazer proteção climática sem combater a pobreza e que os países em desenvolvimento não devem escolher entre um e outro objetivo, mas atuar em ambas as frentes de forma coordenada.

O Palácio de Eliseu considera porém que as mensagens da COP-29 no Azerbaijão indicam obstáculos ao avanço dos temas climáticos no G-20.

Não há garantias de que Milei será convencido a ceder, e a situação se agravou após a intervenção conservadora vinda da Casa Rosada, sobre a chancelaria argentina.

Após visitar a Argentina, Macron passará dois dias no Rio para o G-20. Ele ficará hospedado no mesmo hotel de Lula, na orla de Copacabana. Em seguida, viajará ao encontro de Gabriel Boric, presidente do Chile.

Mercosul-União Europeia

Segundo fontes do Palácio Eliseu, o presidente francês terá reuniões bilaterais no Rio e também reforçará a objeção francesa ao avanço das negociações entre o Mercosul e a União Europeia. Os blocos tentam assinar um acordo de associação há 25 anos. O entrave político está no agronegócio francês. Macron não vai ceder. A indicação é que o tema não seja tratado na Argentina.

O Brasil já não nutre esperança de que o tratado de associação seja assinado durante o G-20, mas espera que seja possível evoluir até o fim do ano. A negociação é liderada pelo Itamaraty, em nome do Mercosul, diretamente com a Comissão Europeia.

Macron tem dito que os termos do acordo não satisfazem a França. Sua equipe defende o que chama de “recriprocidade” de padrões, regras e normas, às quais os produtores do agro de todos os países estejam submetidos.

ENVIADO AO RIO - O presidente da França, Emmanuel Macron, vai visitar a Argentina para tentar convencer o presidente Javier Milei a se engajar nas discussões do G-20 e abandonar uma postura de bloqueio dos acordos em discussão no Rio.

Macron desembarcará em Buenos Aires nos próximos dias, antes de chegar ao Rio para a Cúpula de Líderes do G-20, em 18 e 19 de novembro, para a qual Milei também confirmou presença. A viagem foi confirmada pelo Palácio do Eliseu nesta quinta-feira, dia 14.

O esforço francês está alinhado com os objetivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é um aliado político. Com Lula, não há diálogo presidencial. Milei é adversário do petista, tem um histórico de ofensas e provocações e jamais se reuniu com Lula - apesar dos pedidos, não há disposição do Palácio do Planalto em atender um pedido de bilateral no Rio.

Logo depois da confirmação da viagem de Macron e do interesse em ajudar aos planos do Brasil no G-20, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, criticou abertamente a postura do governo Milei.

Janja reclamou do veto argentino na reunião ministerial de empoderamento feminino do G-20, realizada em Brasília, no mês passado. Sob orientação de Buenos Aires, a delegação do país isolou-se e foi a única a não endossar o documento final, impedindo o consenso.

“Tivemos uma resolução importante pelo empoderamento das mulheres, sabemos das dificuldades. Infelizmente a Argentina se negou a assinar a declaração, enfim...”, disse Janja nesta quinta-feira, ao discursar na abertura do G-20 Social, reunião prévia à Cúpula de Líderes, no Rio.

O presidente da França, Emmanuel Macron, discursa em um evento em Paris, França  Foto: Ludovic Marin/AFP

Macron decidiu fazer a visita a Milei por conta própria, mas ciente das divergências ideológicas e de agenda política do libertário de direita, disse uma fonte do Palácio do Eliseu, ao ser indagado pelo Estadão.

Esse funcionário da presidência francesa relatou que Macron se dispôs a ir pessoalmente ao encontro de Milei tendo como prioridade favorecer um consenso final na agenda do G-20. Outra fonte do Eliseu disse que não se pode ser “inocente” quanto às posições de Milei, mas que é preciso tentar convencê-lo.

Assessores do presidente francês afirmam que ele “vai fazer tudo que estiver a seu alcance para que o G-20 de Lula seja um sucesso”, inclusive conversar com líderes que divergem claramente da agenda.

O Eliseu considera a quadra internacional preocupante, com questionamentos da ordem internacional, e quer reforçar uma mensagem de proteção de direitos humanos e de pontes entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

O presidente da Argentina, Javier Miliei, discursa em um evento conservador em Oxon Hill, Estados Unidos  Foto: Jose Luis Magana/AP

Bloqueio

No G-20, a chancelaria argentina tem bloqueado acordos e se dissociado das declarações finais, às vezes engajando-se pouco ou nada nas discussões, ao longo das 125 reuniões do ano. Isso tem ocorrido na reunião de sherpas e já foi manifestado antes no Grupo de Trabalho de Empoderamento das Mulheres, quando somente a Argentina isolou-se e barrou o texto por menções a questões de gênero.

Os argentinos se manifestam contra temas da agenda 2030 de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, inclusive assuntos identitários ou ainda ligados a mudança do clima. O mesmo ocorreu em fóruns como o Mercosul e a OEA. Na COP-29, em Baku, no Azerbaijão, a delegação argentina abandou o evento, um sinal do que poderá ocorrer no Rio, que preocupou o Itamaraty. Nas Nações Unidas, também por resistências ideológicas, a Argentina não assinou o Pacto para o Futuro.

Os principais objetivos da presidência brasileira são lançar a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, o Chamado à Ação de Reforma da Governança Global e o Força Tarefa para Mobilização contra a Mudança do Clima. A França diz apoiar as iniciativas.

O presidente francês tem repetido que não se pode fazer proteção climática sem combater a pobreza e que os países em desenvolvimento não devem escolher entre um e outro objetivo, mas atuar em ambas as frentes de forma coordenada.

O Palácio de Eliseu considera porém que as mensagens da COP-29 no Azerbaijão indicam obstáculos ao avanço dos temas climáticos no G-20.

Não há garantias de que Milei será convencido a ceder, e a situação se agravou após a intervenção conservadora vinda da Casa Rosada, sobre a chancelaria argentina.

Após visitar a Argentina, Macron passará dois dias no Rio para o G-20. Ele ficará hospedado no mesmo hotel de Lula, na orla de Copacabana. Em seguida, viajará ao encontro de Gabriel Boric, presidente do Chile.

Mercosul-União Europeia

Segundo fontes do Palácio Eliseu, o presidente francês terá reuniões bilaterais no Rio e também reforçará a objeção francesa ao avanço das negociações entre o Mercosul e a União Europeia. Os blocos tentam assinar um acordo de associação há 25 anos. O entrave político está no agronegócio francês. Macron não vai ceder. A indicação é que o tema não seja tratado na Argentina.

O Brasil já não nutre esperança de que o tratado de associação seja assinado durante o G-20, mas espera que seja possível evoluir até o fim do ano. A negociação é liderada pelo Itamaraty, em nome do Mercosul, diretamente com a Comissão Europeia.

Macron tem dito que os termos do acordo não satisfazem a França. Sua equipe defende o que chama de “recriprocidade” de padrões, regras e normas, às quais os produtores do agro de todos os países estejam submetidos.

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