CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou na segunda-feira os militantes do chavismo para uma "grande jornada de debate" e de diálogo para analisar o "revés" sofrido no domingo pelo governo, que acabou derrotado nas eleições legislativas.
"Eu pedi que iniciemos um debate com nosso povo, mas um debate integral, um debate para fortalecer a revolução, um debate para buscar soluções para os temas do país, um debate para fazer mais revolução", disse Maduro em pronunciamento no palácio presidencial de Miraflores.
O presidente fez o chamado em companhia de seus ministros e ex-candidatos nas eleições parlamentares de domingo. Maduro esclareceu que o debate não é para que o chavismo se "autoflagele" e corte suas próprias veias "como quer a embaixada gringa e o imperialismo", mas para "reconstruir uma nova maioria revolucionária".
Nesse sentido, Maduro disse que esta semana servirá para a realização de "uma grande jornada de debate, de consulta e de elaboração da estratégia de ação" para a "nova etapa" que se iniciou na "revolução bolivariana".
"Vocês não sabem a dor que sentimos no coração depois deste revés eleitoral, de como a burguesia causou prejuízo ao povo, não apenas economicamente, mas confundindo grandes setores de nossa sociedade, de nosso amado povo, a quem dirigimos uma mensagem: Nós somos vocês", disse o presidente.
No entanto, Maduro indicou que "não há tempo para tristezas" e que não é hora de chorar, mas de "lutar" e buscar união entre os chavistas.
O líder venezuelano anunciou que já tem pronto um "primeiro cronograma de debate, consulta e ação" e que na quinta e sexta-feira haverá uma jornada especial de trabalho, avaliação e planejamento dos delegados do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Além disso, nesta terça-feira, 8, será realizada uma reunião especial com os secretários-gerais dos partidos que integram a aliança favorável ao governo, chamada Grande Polo Patriótico (GPP), "para unificar critérios e identificar assuntos". "Temos que cerrar fileiras junto a nosso povo", acrescentou Maduro.
Os resultados preliminares das legislativas na Venezuela indicam que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) obteve 107 cadeiras na Assembleia Nacional, enquanto o chavismo conseguiu 55.
Líderes opositores celebram derrota de chavismo no Legislativo da Venezuela
De acordo com os últimos resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a oposição obteve 64,07% dos votos, e o PSUV, 32,93%.
Resposta. Os chavistas saberão responder caso a oposição venezuelana tente um referendo revogatório contra o mandato de Nicolás Maduro, advertiu o chefe da campanha governista, Jorge Rodríguez.
"Se começar a aparecer por parte destes senhores deputados eleitos uma agressão contra o nosso presidente, vamos às ruas para defendê-lo", disse Rodríguez sobre a possibilidade de a oposição promover um referendo revogatório ou uma emenda para encurtar o mandato de Maduro, que termina em 2019.
"Nós saberemos o que fazer no caso de surgir uma ofensiva contra o povo da Venezuela", afirmou o porta-voz em entrevista coletiva na sede do comando eleitoral do PSUV.
Rodríguez advertiu a oposição que "administre muito bem sua vitória". O porta-voz alertou para não abolir leis como a do Trabalho e dos Preços Justos, decretadas por Maduro graças aos poderes especiais para legislar e que, segundo o setor privado venezuelano, não promovem a produtividade e não atendem à realidade do setor produtivo.
Rodríguez atribuiu a derrota do chavismo "a uma campanha de guerra econômica" promovida pela oposição. /EFE e AFP