CARACAS - Os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e da Venezuela, Nicolás Maduro, se reuniram ontem em Caracas, no primeiro encontro desde a reabertura total da fronteira entre os dois países na virada do ano e também após o fracassado cessar-fogo anunciado pelo colombiano com o Exército de Libertação Nacional (ELN).
Petro foi recebido por Maduro no palácio presidencial de Miraflores onde conversaram por 3 horas. A Venezuela tenta voltar a ter relações com Colômbia, Chile e Brasil após a vitória de líderes de esquerda nas eleições.
O primeiro presidente colombiano de esquerda deixou o palácio depois das 17 horas (horário de Brasília sem dar declarações à imprensa.
“Tivemos uma reunião ampla e muito frutífera”, escreveu Maduro em sua conta no Twitter após a reunião. A mensagem foi republicada por Petro. “Temos um caminho claro de trabalho conjunto que continuará dando resultados positivos para nossos países em diferentes áreas. Viva a união entre Colômbia e Venezuela!”, disse o presidente socialista.
O terceiro encontro entre os dois líderes, o segundo a ser realizado em Caracas, aconteceu uma semana após a reabertura total da fronteira entre os países, que foram totalmente fechadas em 2019 após o rompimento das relações diplomáticas. A conversa também ocorreu após o anúncio de uma trégua de seis meses com os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) por Petro em 31 de dezembro, o que foi posteriormente negado pelos insurgentes.
A Venezuela é avalista nas negociações que buscam um acordo de paz com a guerrilha como o alcançado em 2016 pelo governo do então presidente Juan Manuel Santos (2010-2018) com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Petro visitou Maduro em 1.º de novembro, a primeira viagem oficial de um presidente colombiano à Venezuela em 9 anos.
Naquema reunião, ambos defenderam a reintegração da Venezuela na Comunidade Andina de Nações (CAN) e no Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Eles também assinaram uma declaração para ativar “mecanismos de segurança conjunta” na fronteira comum de 2.200 quilômetros, tomada pelo narcotráfico, contrabando e grupos armados.
No mesmo mês, os líderes se reuniram no Egito durante a cúpula ambiental da COP-27 para promover uma aliança pela proteção da Amazônia.
Caracas rompeu relações diplomáticas com Bogotá em 2019 após o apoio que o antecessor de Petro, o direitista Iván Duque, deu ao líder da oposição Juan Guaidó, a quem reconheceu como presidente no cargo por considerar fraudulenta a reeleição de Maduro em 2018.
Petro deve se reunir na segunda-feira com seu homólogo chileno, Gabriel Boric, também de esquerda, durante visita de Estado ao país. | AFP