Máfia italiana obtém lucro com oportunidades criadas pelo coronavírus


Mafiosos devem se aproveitar de empresários angustiados por não ter como pagar seus funcionários

Por Fernanda Simas e Cristiano Dias

Desde o início da pandemia, os ciberataques têm sido comuns na Itália, um dos países mais infectados pelo coronavírus. Em meio à corrida pelo bônus de € 600, que sobrecarregou o site do instituto italiano de previdência, hackers fizeram três assaltos em um dia, colocando o endereço fora de serviço.

O instituto recebeu em um único dia 440 mil pedidos de pagamento para trabalhadores autônomos do bônus concedido pelo governo em razão da covid-19. De acordo com o governo italiano, “os hackers não roubaram nada, apenas queriam testar o site e criar confusão”.

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Carregamento com ajuda médica e hospitalar enviada pela China chega à Itália Foto: Claudio Giovannini/EFE

Na França, hospitais, farmácias e asilos de idosos também passaram a ser vítimas de golpes. De acordo com o jornal Le Monde, os “bandidos se adaptaram rapidamente à covid-19”, mudando as fraudes que antes se davam durante a transferência de dinheiro para temas médicos. 

O golpe é o mesmo. O bandido se passa por um fornecedor, que alega ter recebido máscaras de proteção ou frascos de álcool em gel, e incentiva a vítima – muitas vezes os próprios hospitais – a fazer o pedido antes que o estoque acabe. Em seguida, eles recebem os dados bancários e o dinheiro que, uma vez depositado, passa a circular em dezenas de contas no exterior.

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Giuseppe Governale, chefe da Direção Investigativa Antimáfia (DIA), disse à France Presse que os mafiosos sabem transformar ameaças em oportunidades, principalmente quando o crime é agiotagem. “A crise pegou a máfia no contrapé. Mas ela está se adaptando”, afirmou.

Segundo Governale, a máfia pensa no longo prazo, quando a economia se recuperar. “Haverá muito dinheiro circulando”, disse.

O autor Roberto Saviano afirmou algo parecido em entrevista esta semana ao jornal La Repubblica. “Basta olhar para o portfólio das máfias, para ver quanto elas podem ganhar com essa pandemia”, disse.

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“Minha preocupação é com a agiotagem”, afirmou Anna Sergi, criminologista da Universidade de Essex. “Em breve, teremos empresários angustiados, sem conseguir pagar funcionários. Por isso, será muito mais fácil conversar com um agiota.” 

“Quando a economia está suspensa, o maior perigo é que as empresas em crise não consigam sair dela e as máfias comecem a pescar nesse aquário”, disse o procurador italiano Federico Cafiero de Raho.

Mas nem tudo é lucro em tempos de pandemia. A N’drangheta, máfia da Calábria, que movimenta drogas e contrabando em embarcações de carga, vem encontrando dificuldades para movimentar a mercadoria, segundo Sergi.

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“Embora as remessas tenham continuado, ninguém sabe o que vai acontecer quando os produtos chegarem à Itália”, disse. “Certos carregamentos estão a caminho, mas quem vai buscá-los?”

Desde o início da pandemia, os ciberataques têm sido comuns na Itália, um dos países mais infectados pelo coronavírus. Em meio à corrida pelo bônus de € 600, que sobrecarregou o site do instituto italiano de previdência, hackers fizeram três assaltos em um dia, colocando o endereço fora de serviço.

O instituto recebeu em um único dia 440 mil pedidos de pagamento para trabalhadores autônomos do bônus concedido pelo governo em razão da covid-19. De acordo com o governo italiano, “os hackers não roubaram nada, apenas queriam testar o site e criar confusão”.

Carregamento com ajuda médica e hospitalar enviada pela China chega à Itália Foto: Claudio Giovannini/EFE

Na França, hospitais, farmácias e asilos de idosos também passaram a ser vítimas de golpes. De acordo com o jornal Le Monde, os “bandidos se adaptaram rapidamente à covid-19”, mudando as fraudes que antes se davam durante a transferência de dinheiro para temas médicos. 

O golpe é o mesmo. O bandido se passa por um fornecedor, que alega ter recebido máscaras de proteção ou frascos de álcool em gel, e incentiva a vítima – muitas vezes os próprios hospitais – a fazer o pedido antes que o estoque acabe. Em seguida, eles recebem os dados bancários e o dinheiro que, uma vez depositado, passa a circular em dezenas de contas no exterior.

Giuseppe Governale, chefe da Direção Investigativa Antimáfia (DIA), disse à France Presse que os mafiosos sabem transformar ameaças em oportunidades, principalmente quando o crime é agiotagem. “A crise pegou a máfia no contrapé. Mas ela está se adaptando”, afirmou.

Segundo Governale, a máfia pensa no longo prazo, quando a economia se recuperar. “Haverá muito dinheiro circulando”, disse.

O autor Roberto Saviano afirmou algo parecido em entrevista esta semana ao jornal La Repubblica. “Basta olhar para o portfólio das máfias, para ver quanto elas podem ganhar com essa pandemia”, disse.

“Minha preocupação é com a agiotagem”, afirmou Anna Sergi, criminologista da Universidade de Essex. “Em breve, teremos empresários angustiados, sem conseguir pagar funcionários. Por isso, será muito mais fácil conversar com um agiota.” 

“Quando a economia está suspensa, o maior perigo é que as empresas em crise não consigam sair dela e as máfias comecem a pescar nesse aquário”, disse o procurador italiano Federico Cafiero de Raho.

Mas nem tudo é lucro em tempos de pandemia. A N’drangheta, máfia da Calábria, que movimenta drogas e contrabando em embarcações de carga, vem encontrando dificuldades para movimentar a mercadoria, segundo Sergi.

“Embora as remessas tenham continuado, ninguém sabe o que vai acontecer quando os produtos chegarem à Itália”, disse. “Certos carregamentos estão a caminho, mas quem vai buscá-los?”

Desde o início da pandemia, os ciberataques têm sido comuns na Itália, um dos países mais infectados pelo coronavírus. Em meio à corrida pelo bônus de € 600, que sobrecarregou o site do instituto italiano de previdência, hackers fizeram três assaltos em um dia, colocando o endereço fora de serviço.

O instituto recebeu em um único dia 440 mil pedidos de pagamento para trabalhadores autônomos do bônus concedido pelo governo em razão da covid-19. De acordo com o governo italiano, “os hackers não roubaram nada, apenas queriam testar o site e criar confusão”.

Carregamento com ajuda médica e hospitalar enviada pela China chega à Itália Foto: Claudio Giovannini/EFE

Na França, hospitais, farmácias e asilos de idosos também passaram a ser vítimas de golpes. De acordo com o jornal Le Monde, os “bandidos se adaptaram rapidamente à covid-19”, mudando as fraudes que antes se davam durante a transferência de dinheiro para temas médicos. 

O golpe é o mesmo. O bandido se passa por um fornecedor, que alega ter recebido máscaras de proteção ou frascos de álcool em gel, e incentiva a vítima – muitas vezes os próprios hospitais – a fazer o pedido antes que o estoque acabe. Em seguida, eles recebem os dados bancários e o dinheiro que, uma vez depositado, passa a circular em dezenas de contas no exterior.

Giuseppe Governale, chefe da Direção Investigativa Antimáfia (DIA), disse à France Presse que os mafiosos sabem transformar ameaças em oportunidades, principalmente quando o crime é agiotagem. “A crise pegou a máfia no contrapé. Mas ela está se adaptando”, afirmou.

Segundo Governale, a máfia pensa no longo prazo, quando a economia se recuperar. “Haverá muito dinheiro circulando”, disse.

O autor Roberto Saviano afirmou algo parecido em entrevista esta semana ao jornal La Repubblica. “Basta olhar para o portfólio das máfias, para ver quanto elas podem ganhar com essa pandemia”, disse.

“Minha preocupação é com a agiotagem”, afirmou Anna Sergi, criminologista da Universidade de Essex. “Em breve, teremos empresários angustiados, sem conseguir pagar funcionários. Por isso, será muito mais fácil conversar com um agiota.” 

“Quando a economia está suspensa, o maior perigo é que as empresas em crise não consigam sair dela e as máfias comecem a pescar nesse aquário”, disse o procurador italiano Federico Cafiero de Raho.

Mas nem tudo é lucro em tempos de pandemia. A N’drangheta, máfia da Calábria, que movimenta drogas e contrabando em embarcações de carga, vem encontrando dificuldades para movimentar a mercadoria, segundo Sergi.

“Embora as remessas tenham continuado, ninguém sabe o que vai acontecer quando os produtos chegarem à Itália”, disse. “Certos carregamentos estão a caminho, mas quem vai buscá-los?”

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