FRANÇA - As forças de segurança da França prenderam 310 pessoas na quinta-feira, 16, durante os protestos que explodiram depois que o governo decidiu adotar a impopular reforma da previdência sem o voto dos deputados, anunciaram as autoridades.
“A oposição é legítima, as manifestações são legítimas, a desordem não”, afirmou o ministro do Interior, Gérald Darmanin, em entrevista à rádio RTL, antes de advertir que o governo não permitirá o surgimento de “manifestações espontâneas”.
Em Paris, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar os manifestantes reunidos na ‘Place de la Concorde’, próxima da Assembleia Nacional, após a decisão do governo.
O ministro afirmou que até 10 mil pessoas se reuniram no local e 258 foram detidas. Outras 24 cidades da França também registraram manifestações, que reuniram o total 52 mil pessoas, segundo estimativa da polícia.
As cidades de Rennes (oeste), Nantes (oeste) e Lyon (leste) também registraram incidentes. 54 policiais ficaram feridos.
A decisão do governo de usar o polêmico artigo 49.3 da Constituição para adotar o aumento da idade de aposentadoria de 62 a 64 anos sem submeter a medida ao voto dos deputados, pelo medo de perder a votação, alimentou os protestos na quinta-feira, 16.
Na manhã desta sexta-feira, 17, quase 200 manifestantes bloquearam o anel viário de Paris por meia hora, observou um jornalista da AFP.
Leia também
O governo está sob pressão e aguarda o resultado do voto de desconfiança anunciado contra o Executivo da primeira-ministra Elisabeth Borne. A votação deve acontecer no início da próxima semana e se a moção de censura for adotada, isto também derrubaria a reforma.
A imprensa francesa é unânime em criticar o presidente Emmanuel Macron por usar o polêmico mecanismo para adotar seu projeto. Os jornais consideram que o recurso demonstra o “fracasso” e a “fraqueza” do governante.
O uso do 49.3 “não é um fracasso”, disse o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt. “Nossa vocação é continuar governando”, afirmou o porta-voz do governo, Olivier Véran. /AFP