LA PAZ - Grupos de agricultores bloquearam, nesta segunda-feira, 14, duas importantes vias da Bolívia, diante da provável prisão de seu líder, o ex-presidente Evo Morales, investigado pelo suposto abuso de uma menor de idade quando estava no poder.
Desde a manhã, o tráfego nas rotas que conectam o departamento de Cochabamba (centro) com os de Santa Cruz (leste) e Chuquiasca (sudeste) está interrompido por manifestantes, segundo a estatal Administradora Boliviana de Carreteras (ABC). E as empresas de ônibus suspenderam viagens em razão dos bloqueios, noticiou o El Deber.
À frente do protesto está o Pacto de Unidade (Pacto de Unidad), um grupo de organizações próximas ao ex-presidente de 64 anos. A mobilização, diz o manifesto, é “para proteger a liberdade, a integridade e (impedir) o sequestro”, referindo-se à possível prisão de Evo Morales.
A polícia está posicionada em trechos das estradas bloqueadas.
O ex-presidente está sendo investigado pelos crimes de “estupro, tráfico e contrabando de pessoas” — acusações que chama de “mentira”. Na quinta-feira, ele ignorou a intimação do Ministério Público para prestar depoimento, o que poderia render uma ordem de prisão. A defesa justificou que ele decidiu não comparecer por considerar a investigação ilegal.
O escândalo remonta a 2015, quando Evo Morales era presidente. Segundo a denúncia investigada pelo MP, ele teria se envolvido com uma adolescente de 15 anos, com quem teve uma filha em 2016.
A promotora Sandra Gutiérrez, que foi removida e depois restituída a seu cargo, reabriu o caso por estupro — a relação com uma menor de idade —, e acrescentou a acusação de exploração e tráfico de pessoas. Ela chegou a pedir a prisão de Morales no mês passado, mas a Justiça aceitou o recurso do ex-presidente e o pedido foi arquivado.
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Segundo a acusação, os pais inscreveram a adolescente na “guarda juvenil” de Evo Morales com a finalidade de escalar politicamente e obter benefícios em troca da filha menor de idade, o que configuraria o crime de tráfico e exploração de pessoas. O pai teve a prisão confirmada na sexta-feira por faltar o depoimento.
Morales, que foi de padrinho político a principal opositor, acusa o presidente Luis Arce de perseguição judicial, que teria o objetivo de afastá-lo da nomeação para disputar a presidência no ano que vem — briga que levou ao racha na esquerda boliviana.
“O objetivo é decapitar o movimento popular boliviano. Tudo é produto do desespero do governo que não tem nenhuma resposta para a crise [econômica] e também não tem nenhuma chance eleitoral”, disse nas redes sociais./AFP