Matteo Messina Denaro: quem é o último padrinho da Cosa Nostra, máfia italiana da Sicília


Especialista em armas de fogo, ele sabia atirar desde os 14 anos e cometeu seu primeiro homicídio aos 18

Por Redação
Atualização:

ROMA - O siciliano Matteo Messina Denaro, o último padrinho da Cosa Nostra, detido nesta segunda-feira depois de ter vivido 30 anos na clandestinidade, era um assassino implacável, que mandava tanto em massacres quanto em negócios milionários e adorava o luxo.

“Com as pessoas que matei, poderia encher um cemitério inteiro”, gabou-se certa vez, referindo-se às pessoas que matou pessoalmente, com as próprias mãos, por estrangulamento.

Especialista em armas de fogo, ele sabia atirar desde os 14 anos e cometeu seu primeiro homicídio aos 18. Um vídeo postado pelo jornalista Antonello Guerrera no Twitter mostra pessoas aplaudindo a polícia após a prisão do mafioso.

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Foto mostra policiais italianos escoltando o chefe da Cosa Nostra, Matteo Messina Denaro, preso em Palermo, na Sicília, após 30 anos foragido  Foto: Carabinieri Press Office / AFP

O “chefão” da máfia estava na lista dos criminosos mais procurados do mundo como líder da poderosa e temida máfia siciliana Cosa Nostra, especializada no tráfico milionário de drogas, prostituição, extorsão e lavagem de dinheiro.

Apelidado de Diabolik, nome de um protagonista criminoso de uma famosa história em quadrinhos italiana, ele era o líder indiscutível da organização, que também tem tentáculos no mercado imobiliário, setor de energia eólica e apostas online.

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Nascido em 26 de abril de 1962 em Castelvetrano, no sudoeste da Sicília, fazia parte da organização desde a infância graças ao pai, Don Ciccio, líder do clã local. Líder da nova geração que substituiu os antigos padrinhos, o Príncipe de Trapani, como era frequentemente chamado, tinha uma verdadeira paixão por carros de luxo, mulheres e relógios de ouro.

Amante de jogos eletrônicos, seus seguidores o reverenciavam como um deus, apesar de seu estilo implacável demonstrado na década de 1990, quando participou da morte dos juízes antimáfia Falcone e Borsellino e uma série de atentados em Roma, Milão e Florença.

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Seus primeiros problemas com a lei começaram em 1989, quando foi acusado de associação mafiosa por sua participação na sangrenta luta entre dois clãs rivais.

Líder invisível

Naquele ano, ele foi acusado de ordenar o assassinato de Nicola Consales, um hoteleiro que lamentava que seus funcionários tivessem ligações com a máfia, incluindo ninguém menos que a amante de Diabolik.

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Foto divulgada pelo Comando Geral dos Carabinieri, a polícia da Itália, mostra o momento em que Matteo Messina Denaro (de gorro), chefe da Cosa Nostra, é colocado em camburão na Sicília depois de 30 anos foragido  Foto: Carabinieri/Handout via REUTERS

Como líder do chamado clã Castelvetrano, firmou aliança com o famoso clã Corleonesi, imortalizado no filme “O Poderoso Chefão”, e tornou-se um dos herdeiros do temido “chefe de todos os chefes”, Toto Riini, A Besta, capturado em 1993 e falecido em 2017.

Em julho de 1992, ele participou do assassinato de Mincenzo Milazzo, chefe do clã Alcamo, e estrangulou sua companheira, grávida de três meses, alimentando sua reputação de líder cruel.

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Após a prisão de Toto Riina, Messina Denaro liderou a estratégia do terror, apoiou a organização dos ataques em Florença, Milão e Roma, fora da Sicília, que deixaram um total de dez mortos e uma centena de feridos.

Em meados de 1993 optou por desaparecer, tornou-se o líder invisível de uma organização criminosa milionária e sua aparência era desconhecida da maioria dos italianos.

Cartazes de procurado com fotos do chefe da máfia italiana Cosa Nostra renderizadas no computador mostravam Denaro envelhecido: ela participou dos assassinatos dos procuradores anti-máfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino  Foto: Carabinieri / REUTERS
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Acusado de associação mafiosa, homicídio, posse de explosivos, roubo e outros crimes, ele recebeu condenações por máfia, ataques e 50 homicídios. Entre 1994 e 1996, os testemunhos de vários arrependidos lançaram luz sobre o seu papel na Cosa Nostra.

Em 2000, após o grande julgamento contra a máfia chamado Omega e realizado em Trapani, ele foi condenado à revelia à prisão perpétua. Ele foi um dos organizadores em 1993 do sequestro do pequeno Giuseppe Di Matteo para forçar seu pai Santino a retratar seu depoimento sobre o assassinato do juiz Falcone.

Após 779 dias de detenção, o menino foi estrangulado e seu corpo dissolvido em ácido, um dos crimes mais horríveis de sua longa carreira. Durante seus anos como fugitivo, ele se comunicou sob o pseudônimo de Alessio através dos famosos pizzini, mensagens escritas em pequenos pedaços de papel e facilmente escondidas.

Em 2010, a revista Forbes o incluiu na lista dos dez fugitivos mais perigosos do mundo. Seus anos como fugitivo foram marcados por boatos. Argumenta-se que ele foi submetido a uma cirurgia plástica para torná-lo irreconhecível.

Em agosto de 2021, a emissora de TV pública italiana RAI divulgou uma gravação datada de março de 1993 na qual a voz de Denaro foi identificada pela primeira vez durante um julgamento em que ele foi chamado para depor. Depois de algumas semanas, o chefe fugiu e não foi encontrado desde então.

Ele foi condenado e sentenciado à revelia em 2002 à prisão perpétua por ter matado pessoalmente ou ordenado o assassinato de dezenas de pessoas.

O que é a Cosa Nostra?

A Cosa Nostra é o grupo mais identificado com o termo “máfia”, que vem do siciliano “mafiusu” (“arrogante”), especialmente por causa da espiral de violência que marcou a segunda metade do século 20 na Sicília e suas representações no cinema.

A Cosa Nostra - nome popularizado com suas ramificações nos Estados Unidos - é dividida em clãs e marcada por lideranças fortes, como Salvatore “Totò” Riina (1930-2017), o “poderoso chefão” que protagonizou a “Segunda Guerra da Máfia”, nos anos 1980, quando assumiu o comando da organização.

Seu navegador não suporta esse video.

A Polícia Federal anunciou, nesta segunda-feira, a prisão do italiano Rocco Morabito, considerado o chefe da 'Ndrangheta', a máfia calabresa, na cidade de João Pessoa, na Paraíba. Procurado pela Justiça italiana desde 1995, o narcotraficante foi preso no Uruguai em 2017, mas conseguiu fugir em 2019 antes de ser extraditado.

Em seu período na chefia da Cosa Nostra, Riina instaurou um período de terror na Sicília e ordenou os atentados que mataram os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, em 1992. Preso em 1993, ele foi considerado por muitos como o verdadeiro líder da máfia siciliana até sua morte.

Seu sucessor fora das cadeias, Bernardo Provenzano (1933-2016), iniciou um processo de “pacificação” entre as facções da Cosa Nostra e fez o possível para reduzir a atenção midiática que pairava sobre o grupo.

Em dezembro passado, a Polícia da Itália prendeu aquele que seria o novo líder da máfia, Settimino Mineo, no âmbito de um inquérito que descobriu que criminosos haviam reconstituído a “cúpula” da Cosa Nostra, inativa desde o início dos anos 1990, por causa da prisão de Riina.

O retorno desse colegiado é um indício de que os clãs decidiram recuperar a estrutura unitária que havia na Cosa Nostra. /AFP e AP

ROMA - O siciliano Matteo Messina Denaro, o último padrinho da Cosa Nostra, detido nesta segunda-feira depois de ter vivido 30 anos na clandestinidade, era um assassino implacável, que mandava tanto em massacres quanto em negócios milionários e adorava o luxo.

“Com as pessoas que matei, poderia encher um cemitério inteiro”, gabou-se certa vez, referindo-se às pessoas que matou pessoalmente, com as próprias mãos, por estrangulamento.

Especialista em armas de fogo, ele sabia atirar desde os 14 anos e cometeu seu primeiro homicídio aos 18. Um vídeo postado pelo jornalista Antonello Guerrera no Twitter mostra pessoas aplaudindo a polícia após a prisão do mafioso.

Foto mostra policiais italianos escoltando o chefe da Cosa Nostra, Matteo Messina Denaro, preso em Palermo, na Sicília, após 30 anos foragido  Foto: Carabinieri Press Office / AFP

O “chefão” da máfia estava na lista dos criminosos mais procurados do mundo como líder da poderosa e temida máfia siciliana Cosa Nostra, especializada no tráfico milionário de drogas, prostituição, extorsão e lavagem de dinheiro.

Apelidado de Diabolik, nome de um protagonista criminoso de uma famosa história em quadrinhos italiana, ele era o líder indiscutível da organização, que também tem tentáculos no mercado imobiliário, setor de energia eólica e apostas online.

Nascido em 26 de abril de 1962 em Castelvetrano, no sudoeste da Sicília, fazia parte da organização desde a infância graças ao pai, Don Ciccio, líder do clã local. Líder da nova geração que substituiu os antigos padrinhos, o Príncipe de Trapani, como era frequentemente chamado, tinha uma verdadeira paixão por carros de luxo, mulheres e relógios de ouro.

Amante de jogos eletrônicos, seus seguidores o reverenciavam como um deus, apesar de seu estilo implacável demonstrado na década de 1990, quando participou da morte dos juízes antimáfia Falcone e Borsellino e uma série de atentados em Roma, Milão e Florença.

Seus primeiros problemas com a lei começaram em 1989, quando foi acusado de associação mafiosa por sua participação na sangrenta luta entre dois clãs rivais.

Líder invisível

Naquele ano, ele foi acusado de ordenar o assassinato de Nicola Consales, um hoteleiro que lamentava que seus funcionários tivessem ligações com a máfia, incluindo ninguém menos que a amante de Diabolik.

Foto divulgada pelo Comando Geral dos Carabinieri, a polícia da Itália, mostra o momento em que Matteo Messina Denaro (de gorro), chefe da Cosa Nostra, é colocado em camburão na Sicília depois de 30 anos foragido  Foto: Carabinieri/Handout via REUTERS

Como líder do chamado clã Castelvetrano, firmou aliança com o famoso clã Corleonesi, imortalizado no filme “O Poderoso Chefão”, e tornou-se um dos herdeiros do temido “chefe de todos os chefes”, Toto Riini, A Besta, capturado em 1993 e falecido em 2017.

Em julho de 1992, ele participou do assassinato de Mincenzo Milazzo, chefe do clã Alcamo, e estrangulou sua companheira, grávida de três meses, alimentando sua reputação de líder cruel.

Após a prisão de Toto Riina, Messina Denaro liderou a estratégia do terror, apoiou a organização dos ataques em Florença, Milão e Roma, fora da Sicília, que deixaram um total de dez mortos e uma centena de feridos.

Em meados de 1993 optou por desaparecer, tornou-se o líder invisível de uma organização criminosa milionária e sua aparência era desconhecida da maioria dos italianos.

Cartazes de procurado com fotos do chefe da máfia italiana Cosa Nostra renderizadas no computador mostravam Denaro envelhecido: ela participou dos assassinatos dos procuradores anti-máfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino  Foto: Carabinieri / REUTERS

Acusado de associação mafiosa, homicídio, posse de explosivos, roubo e outros crimes, ele recebeu condenações por máfia, ataques e 50 homicídios. Entre 1994 e 1996, os testemunhos de vários arrependidos lançaram luz sobre o seu papel na Cosa Nostra.

Em 2000, após o grande julgamento contra a máfia chamado Omega e realizado em Trapani, ele foi condenado à revelia à prisão perpétua. Ele foi um dos organizadores em 1993 do sequestro do pequeno Giuseppe Di Matteo para forçar seu pai Santino a retratar seu depoimento sobre o assassinato do juiz Falcone.

Após 779 dias de detenção, o menino foi estrangulado e seu corpo dissolvido em ácido, um dos crimes mais horríveis de sua longa carreira. Durante seus anos como fugitivo, ele se comunicou sob o pseudônimo de Alessio através dos famosos pizzini, mensagens escritas em pequenos pedaços de papel e facilmente escondidas.

Em 2010, a revista Forbes o incluiu na lista dos dez fugitivos mais perigosos do mundo. Seus anos como fugitivo foram marcados por boatos. Argumenta-se que ele foi submetido a uma cirurgia plástica para torná-lo irreconhecível.

Em agosto de 2021, a emissora de TV pública italiana RAI divulgou uma gravação datada de março de 1993 na qual a voz de Denaro foi identificada pela primeira vez durante um julgamento em que ele foi chamado para depor. Depois de algumas semanas, o chefe fugiu e não foi encontrado desde então.

Ele foi condenado e sentenciado à revelia em 2002 à prisão perpétua por ter matado pessoalmente ou ordenado o assassinato de dezenas de pessoas.

O que é a Cosa Nostra?

A Cosa Nostra é o grupo mais identificado com o termo “máfia”, que vem do siciliano “mafiusu” (“arrogante”), especialmente por causa da espiral de violência que marcou a segunda metade do século 20 na Sicília e suas representações no cinema.

A Cosa Nostra - nome popularizado com suas ramificações nos Estados Unidos - é dividida em clãs e marcada por lideranças fortes, como Salvatore “Totò” Riina (1930-2017), o “poderoso chefão” que protagonizou a “Segunda Guerra da Máfia”, nos anos 1980, quando assumiu o comando da organização.

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A Polícia Federal anunciou, nesta segunda-feira, a prisão do italiano Rocco Morabito, considerado o chefe da 'Ndrangheta', a máfia calabresa, na cidade de João Pessoa, na Paraíba. Procurado pela Justiça italiana desde 1995, o narcotraficante foi preso no Uruguai em 2017, mas conseguiu fugir em 2019 antes de ser extraditado.

Em seu período na chefia da Cosa Nostra, Riina instaurou um período de terror na Sicília e ordenou os atentados que mataram os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, em 1992. Preso em 1993, ele foi considerado por muitos como o verdadeiro líder da máfia siciliana até sua morte.

Seu sucessor fora das cadeias, Bernardo Provenzano (1933-2016), iniciou um processo de “pacificação” entre as facções da Cosa Nostra e fez o possível para reduzir a atenção midiática que pairava sobre o grupo.

Em dezembro passado, a Polícia da Itália prendeu aquele que seria o novo líder da máfia, Settimino Mineo, no âmbito de um inquérito que descobriu que criminosos haviam reconstituído a “cúpula” da Cosa Nostra, inativa desde o início dos anos 1990, por causa da prisão de Riina.

O retorno desse colegiado é um indício de que os clãs decidiram recuperar a estrutura unitária que havia na Cosa Nostra. /AFP e AP

ROMA - O siciliano Matteo Messina Denaro, o último padrinho da Cosa Nostra, detido nesta segunda-feira depois de ter vivido 30 anos na clandestinidade, era um assassino implacável, que mandava tanto em massacres quanto em negócios milionários e adorava o luxo.

“Com as pessoas que matei, poderia encher um cemitério inteiro”, gabou-se certa vez, referindo-se às pessoas que matou pessoalmente, com as próprias mãos, por estrangulamento.

Especialista em armas de fogo, ele sabia atirar desde os 14 anos e cometeu seu primeiro homicídio aos 18. Um vídeo postado pelo jornalista Antonello Guerrera no Twitter mostra pessoas aplaudindo a polícia após a prisão do mafioso.

Foto mostra policiais italianos escoltando o chefe da Cosa Nostra, Matteo Messina Denaro, preso em Palermo, na Sicília, após 30 anos foragido  Foto: Carabinieri Press Office / AFP

O “chefão” da máfia estava na lista dos criminosos mais procurados do mundo como líder da poderosa e temida máfia siciliana Cosa Nostra, especializada no tráfico milionário de drogas, prostituição, extorsão e lavagem de dinheiro.

Apelidado de Diabolik, nome de um protagonista criminoso de uma famosa história em quadrinhos italiana, ele era o líder indiscutível da organização, que também tem tentáculos no mercado imobiliário, setor de energia eólica e apostas online.

Nascido em 26 de abril de 1962 em Castelvetrano, no sudoeste da Sicília, fazia parte da organização desde a infância graças ao pai, Don Ciccio, líder do clã local. Líder da nova geração que substituiu os antigos padrinhos, o Príncipe de Trapani, como era frequentemente chamado, tinha uma verdadeira paixão por carros de luxo, mulheres e relógios de ouro.

Amante de jogos eletrônicos, seus seguidores o reverenciavam como um deus, apesar de seu estilo implacável demonstrado na década de 1990, quando participou da morte dos juízes antimáfia Falcone e Borsellino e uma série de atentados em Roma, Milão e Florença.

Seus primeiros problemas com a lei começaram em 1989, quando foi acusado de associação mafiosa por sua participação na sangrenta luta entre dois clãs rivais.

Líder invisível

Naquele ano, ele foi acusado de ordenar o assassinato de Nicola Consales, um hoteleiro que lamentava que seus funcionários tivessem ligações com a máfia, incluindo ninguém menos que a amante de Diabolik.

Foto divulgada pelo Comando Geral dos Carabinieri, a polícia da Itália, mostra o momento em que Matteo Messina Denaro (de gorro), chefe da Cosa Nostra, é colocado em camburão na Sicília depois de 30 anos foragido  Foto: Carabinieri/Handout via REUTERS

Como líder do chamado clã Castelvetrano, firmou aliança com o famoso clã Corleonesi, imortalizado no filme “O Poderoso Chefão”, e tornou-se um dos herdeiros do temido “chefe de todos os chefes”, Toto Riini, A Besta, capturado em 1993 e falecido em 2017.

Em julho de 1992, ele participou do assassinato de Mincenzo Milazzo, chefe do clã Alcamo, e estrangulou sua companheira, grávida de três meses, alimentando sua reputação de líder cruel.

Após a prisão de Toto Riina, Messina Denaro liderou a estratégia do terror, apoiou a organização dos ataques em Florença, Milão e Roma, fora da Sicília, que deixaram um total de dez mortos e uma centena de feridos.

Em meados de 1993 optou por desaparecer, tornou-se o líder invisível de uma organização criminosa milionária e sua aparência era desconhecida da maioria dos italianos.

Cartazes de procurado com fotos do chefe da máfia italiana Cosa Nostra renderizadas no computador mostravam Denaro envelhecido: ela participou dos assassinatos dos procuradores anti-máfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino  Foto: Carabinieri / REUTERS

Acusado de associação mafiosa, homicídio, posse de explosivos, roubo e outros crimes, ele recebeu condenações por máfia, ataques e 50 homicídios. Entre 1994 e 1996, os testemunhos de vários arrependidos lançaram luz sobre o seu papel na Cosa Nostra.

Em 2000, após o grande julgamento contra a máfia chamado Omega e realizado em Trapani, ele foi condenado à revelia à prisão perpétua. Ele foi um dos organizadores em 1993 do sequestro do pequeno Giuseppe Di Matteo para forçar seu pai Santino a retratar seu depoimento sobre o assassinato do juiz Falcone.

Após 779 dias de detenção, o menino foi estrangulado e seu corpo dissolvido em ácido, um dos crimes mais horríveis de sua longa carreira. Durante seus anos como fugitivo, ele se comunicou sob o pseudônimo de Alessio através dos famosos pizzini, mensagens escritas em pequenos pedaços de papel e facilmente escondidas.

Em 2010, a revista Forbes o incluiu na lista dos dez fugitivos mais perigosos do mundo. Seus anos como fugitivo foram marcados por boatos. Argumenta-se que ele foi submetido a uma cirurgia plástica para torná-lo irreconhecível.

Em agosto de 2021, a emissora de TV pública italiana RAI divulgou uma gravação datada de março de 1993 na qual a voz de Denaro foi identificada pela primeira vez durante um julgamento em que ele foi chamado para depor. Depois de algumas semanas, o chefe fugiu e não foi encontrado desde então.

Ele foi condenado e sentenciado à revelia em 2002 à prisão perpétua por ter matado pessoalmente ou ordenado o assassinato de dezenas de pessoas.

O que é a Cosa Nostra?

A Cosa Nostra é o grupo mais identificado com o termo “máfia”, que vem do siciliano “mafiusu” (“arrogante”), especialmente por causa da espiral de violência que marcou a segunda metade do século 20 na Sicília e suas representações no cinema.

A Cosa Nostra - nome popularizado com suas ramificações nos Estados Unidos - é dividida em clãs e marcada por lideranças fortes, como Salvatore “Totò” Riina (1930-2017), o “poderoso chefão” que protagonizou a “Segunda Guerra da Máfia”, nos anos 1980, quando assumiu o comando da organização.

Seu navegador não suporta esse video.

A Polícia Federal anunciou, nesta segunda-feira, a prisão do italiano Rocco Morabito, considerado o chefe da 'Ndrangheta', a máfia calabresa, na cidade de João Pessoa, na Paraíba. Procurado pela Justiça italiana desde 1995, o narcotraficante foi preso no Uruguai em 2017, mas conseguiu fugir em 2019 antes de ser extraditado.

Em seu período na chefia da Cosa Nostra, Riina instaurou um período de terror na Sicília e ordenou os atentados que mataram os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, em 1992. Preso em 1993, ele foi considerado por muitos como o verdadeiro líder da máfia siciliana até sua morte.

Seu sucessor fora das cadeias, Bernardo Provenzano (1933-2016), iniciou um processo de “pacificação” entre as facções da Cosa Nostra e fez o possível para reduzir a atenção midiática que pairava sobre o grupo.

Em dezembro passado, a Polícia da Itália prendeu aquele que seria o novo líder da máfia, Settimino Mineo, no âmbito de um inquérito que descobriu que criminosos haviam reconstituído a “cúpula” da Cosa Nostra, inativa desde o início dos anos 1990, por causa da prisão de Riina.

O retorno desse colegiado é um indício de que os clãs decidiram recuperar a estrutura unitária que havia na Cosa Nostra. /AFP e AP

ROMA - O siciliano Matteo Messina Denaro, o último padrinho da Cosa Nostra, detido nesta segunda-feira depois de ter vivido 30 anos na clandestinidade, era um assassino implacável, que mandava tanto em massacres quanto em negócios milionários e adorava o luxo.

“Com as pessoas que matei, poderia encher um cemitério inteiro”, gabou-se certa vez, referindo-se às pessoas que matou pessoalmente, com as próprias mãos, por estrangulamento.

Especialista em armas de fogo, ele sabia atirar desde os 14 anos e cometeu seu primeiro homicídio aos 18. Um vídeo postado pelo jornalista Antonello Guerrera no Twitter mostra pessoas aplaudindo a polícia após a prisão do mafioso.

Foto mostra policiais italianos escoltando o chefe da Cosa Nostra, Matteo Messina Denaro, preso em Palermo, na Sicília, após 30 anos foragido  Foto: Carabinieri Press Office / AFP

O “chefão” da máfia estava na lista dos criminosos mais procurados do mundo como líder da poderosa e temida máfia siciliana Cosa Nostra, especializada no tráfico milionário de drogas, prostituição, extorsão e lavagem de dinheiro.

Apelidado de Diabolik, nome de um protagonista criminoso de uma famosa história em quadrinhos italiana, ele era o líder indiscutível da organização, que também tem tentáculos no mercado imobiliário, setor de energia eólica e apostas online.

Nascido em 26 de abril de 1962 em Castelvetrano, no sudoeste da Sicília, fazia parte da organização desde a infância graças ao pai, Don Ciccio, líder do clã local. Líder da nova geração que substituiu os antigos padrinhos, o Príncipe de Trapani, como era frequentemente chamado, tinha uma verdadeira paixão por carros de luxo, mulheres e relógios de ouro.

Amante de jogos eletrônicos, seus seguidores o reverenciavam como um deus, apesar de seu estilo implacável demonstrado na década de 1990, quando participou da morte dos juízes antimáfia Falcone e Borsellino e uma série de atentados em Roma, Milão e Florença.

Seus primeiros problemas com a lei começaram em 1989, quando foi acusado de associação mafiosa por sua participação na sangrenta luta entre dois clãs rivais.

Líder invisível

Naquele ano, ele foi acusado de ordenar o assassinato de Nicola Consales, um hoteleiro que lamentava que seus funcionários tivessem ligações com a máfia, incluindo ninguém menos que a amante de Diabolik.

Foto divulgada pelo Comando Geral dos Carabinieri, a polícia da Itália, mostra o momento em que Matteo Messina Denaro (de gorro), chefe da Cosa Nostra, é colocado em camburão na Sicília depois de 30 anos foragido  Foto: Carabinieri/Handout via REUTERS

Como líder do chamado clã Castelvetrano, firmou aliança com o famoso clã Corleonesi, imortalizado no filme “O Poderoso Chefão”, e tornou-se um dos herdeiros do temido “chefe de todos os chefes”, Toto Riini, A Besta, capturado em 1993 e falecido em 2017.

Em julho de 1992, ele participou do assassinato de Mincenzo Milazzo, chefe do clã Alcamo, e estrangulou sua companheira, grávida de três meses, alimentando sua reputação de líder cruel.

Após a prisão de Toto Riina, Messina Denaro liderou a estratégia do terror, apoiou a organização dos ataques em Florença, Milão e Roma, fora da Sicília, que deixaram um total de dez mortos e uma centena de feridos.

Em meados de 1993 optou por desaparecer, tornou-se o líder invisível de uma organização criminosa milionária e sua aparência era desconhecida da maioria dos italianos.

Cartazes de procurado com fotos do chefe da máfia italiana Cosa Nostra renderizadas no computador mostravam Denaro envelhecido: ela participou dos assassinatos dos procuradores anti-máfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino  Foto: Carabinieri / REUTERS

Acusado de associação mafiosa, homicídio, posse de explosivos, roubo e outros crimes, ele recebeu condenações por máfia, ataques e 50 homicídios. Entre 1994 e 1996, os testemunhos de vários arrependidos lançaram luz sobre o seu papel na Cosa Nostra.

Em 2000, após o grande julgamento contra a máfia chamado Omega e realizado em Trapani, ele foi condenado à revelia à prisão perpétua. Ele foi um dos organizadores em 1993 do sequestro do pequeno Giuseppe Di Matteo para forçar seu pai Santino a retratar seu depoimento sobre o assassinato do juiz Falcone.

Após 779 dias de detenção, o menino foi estrangulado e seu corpo dissolvido em ácido, um dos crimes mais horríveis de sua longa carreira. Durante seus anos como fugitivo, ele se comunicou sob o pseudônimo de Alessio através dos famosos pizzini, mensagens escritas em pequenos pedaços de papel e facilmente escondidas.

Em 2010, a revista Forbes o incluiu na lista dos dez fugitivos mais perigosos do mundo. Seus anos como fugitivo foram marcados por boatos. Argumenta-se que ele foi submetido a uma cirurgia plástica para torná-lo irreconhecível.

Em agosto de 2021, a emissora de TV pública italiana RAI divulgou uma gravação datada de março de 1993 na qual a voz de Denaro foi identificada pela primeira vez durante um julgamento em que ele foi chamado para depor. Depois de algumas semanas, o chefe fugiu e não foi encontrado desde então.

Ele foi condenado e sentenciado à revelia em 2002 à prisão perpétua por ter matado pessoalmente ou ordenado o assassinato de dezenas de pessoas.

O que é a Cosa Nostra?

A Cosa Nostra é o grupo mais identificado com o termo “máfia”, que vem do siciliano “mafiusu” (“arrogante”), especialmente por causa da espiral de violência que marcou a segunda metade do século 20 na Sicília e suas representações no cinema.

A Cosa Nostra - nome popularizado com suas ramificações nos Estados Unidos - é dividida em clãs e marcada por lideranças fortes, como Salvatore “Totò” Riina (1930-2017), o “poderoso chefão” que protagonizou a “Segunda Guerra da Máfia”, nos anos 1980, quando assumiu o comando da organização.

Seu navegador não suporta esse video.

A Polícia Federal anunciou, nesta segunda-feira, a prisão do italiano Rocco Morabito, considerado o chefe da 'Ndrangheta', a máfia calabresa, na cidade de João Pessoa, na Paraíba. Procurado pela Justiça italiana desde 1995, o narcotraficante foi preso no Uruguai em 2017, mas conseguiu fugir em 2019 antes de ser extraditado.

Em seu período na chefia da Cosa Nostra, Riina instaurou um período de terror na Sicília e ordenou os atentados que mataram os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, em 1992. Preso em 1993, ele foi considerado por muitos como o verdadeiro líder da máfia siciliana até sua morte.

Seu sucessor fora das cadeias, Bernardo Provenzano (1933-2016), iniciou um processo de “pacificação” entre as facções da Cosa Nostra e fez o possível para reduzir a atenção midiática que pairava sobre o grupo.

Em dezembro passado, a Polícia da Itália prendeu aquele que seria o novo líder da máfia, Settimino Mineo, no âmbito de um inquérito que descobriu que criminosos haviam reconstituído a “cúpula” da Cosa Nostra, inativa desde o início dos anos 1990, por causa da prisão de Riina.

O retorno desse colegiado é um indício de que os clãs decidiram recuperar a estrutura unitária que havia na Cosa Nostra. /AFP e AP

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