O cientista político e presidente da Eurasia, Ian Bremmer, disse que os mercados subestimam os efeitos de tarifas comerciais que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, poderá adotar em seu retorno à Casa Branca. O mesmo vale para os seus planos de fazer uma deportação em massa de imigrantes ilegais no país.
Uma matéria do jornal americano The Washington Post sugeriu que a gestão de Trump poderia ser menos dura na questão das tarifas do que sinalizou durante a campanha. O republicano disse, porém, que a reportagem está incorreta. “É apenas mais um exemplo de fake news”, escreveu Trump, em seu perfil na rede Truth Social.
Bremmer destacou o quão rápido Trump respondeu ao tema, negando que a matéria do The Washington Post estivesse correta, e reforçando o aumento das tarifas comerciais em sua gestão. “Absolutamente tudo o que ouvimos da administração Trump é que eles pretendem usar essas tarifas de forma significativa em todos os setores, e haverá menos resistência interna, particularmente sobre a China, mas também com aliados. Achamos que isso está sendo subestimado pelos mercados”, afirmou Bremmer, em coletiva de imprensa, nesta manhã, para comentar o relatório de riscos para 2025 da Eurasia, publicado nesta segunda-feira, 6.
Imigração ilegal
Outro tema que também é “subestimado” pelos mercados está relacionado às medidas de Trump em relação a imigração ilegal nos EUA. “Esperamos que 1 milhão de ilegais sejam deportados ao longo deste ano, e entre três milhões até cinco milhões ou mais ao longo de quatro anos da gestão Trump”, projetou Bremmer.
Saiba mais
Segundo ele, a administração do republicano deve aumentar os custos trabalhistas no país com as medidas mais duras à imigração ilegal e também os desafios fiscais. “Veremos mais inflação. Esses imigrantes ilegais são pessoas que pagam impostos. Eles também são consumidores, e esse dinheiro não estará disponível, e o trabalho legal não preencherá essa lacuna”, avaliou o CEO da Eurasia.
No entanto, haverá políticas de Trump que serão positivas para o mercado, na sua visão. Como exemplo, ele citou a desregulamentação de setores como o financeiro, de tecnologia, criptomoedas e de combustíveis fósseis. “Também veremos impostos mais baixos”, acrescentou.