‘Mesa de negociação está manchada de sangue’, diz embaixador israelense sobre diálogo com palestinos


O embaixador israelense também destacou a importância de o Brasil reconhecer o Hamas como um grupo terrorista

Por Daniel Gateno
Atualização:
Foto: Conib/Reproduç
Entrevista comDaniel Zonshine Embaixador de Israel no Brasil

O quarto dia da guerra entre Israel e o movimento terrorista Hamas segue a todo vapor, sem nenhuma previsão do fim das hostilidades. Nesta terça-feira, 10, o exército de Israel declarou que as fronteiras estão sob controle e que agora vai partir para o ataque ao Hamas dentro da Faixa de Gaza. Com 100 mil soldados posicionados no entorno do enclave, o exército indica que dará início a uma temida ofensiva terrestre.

Para o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, o dialogo com os palestinos não é uma opção no momento. Zonshine aponta que, por conta dos ataques terroristas realizados pelo Hamas no último final de semana, as conversas sobre a criação de um Estado palestino estão totalmente fora de questão. “O Oriente Médio está mudando e nada pode ser descartado, mas neste momento a mesa de negociação está manchada de sangue, então não é possível fazer nada.”

O embaixador israelense também destacou a importância de o Brasil reconhecer o Hamas como um grupo terrorista. “O Brasil precisa ver a realidade do jeito que ela é”, completou Zonshine.

continua após a publicidade
Uma janela marcada por balas no Kibutz Kfar Azza, após uma incursão de terroristas do Hamas a um Kibutz próximo da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Ohad Zwigenberg/ AP

O que você espera do governo brasileiro? Espera uma condenação mais forte do Hamas na arena internacional? O Brasil não considera o Hamas um grupo terrorista.

Eu espero que o Brasil consiga para a realidade do jeito que ela realmente é. Quando vemos ações como decapitação de pessoas, estupro de mulheres, assassinato de crianças na frente de seus próprios pais, não é exatamente uma luta pela liberdade, pelo menos pelo que sei sobre isso.

continua após a publicidade

Então eu acho que é algo que deveria ser reavaliado no nível político. Foi realmente um choque quando vimos o que tinha acontecido pela primeira vez. Nem todos os lugares eram acessíveis, eles encontraram mais de 100 corpos no Kibutz Be’eri e mataram 260 pessoas em uma rave. Precisamos nos referir a situação do jeito certo.

Soldados israelenses participam do funeral do soldado franco-israelense Benjamin Loeb, em Jerusalem, israel  Foto: Francisco Seco/ AP

Na sua opinião, por que a esquerda no Brasil insiste em culpar Israel pelos ataques terroristas cometidos pelo Hamas?

continua após a publicidade

Acredito que existe muita desinformação sobre o tema e um apoio ou simpatia à causa palestina não pode justificar os atos terroristas do Hamas no sábado.

Eu não acho que estuprar mulheres vai melhorar a qualidade de vida das pessoas da Faixa de Gaza. Acredito que quem luta pela causa palestina precisa diferenciar os palestinos do Hamas da promoção pelos direitos dos palestinos.

Se isso tem a ver com direita ou esquerda? Não deveria estar relacionado com o seu espectro político, mas com o que é certo a se fazer neste momento. Se existem pessoas defendendo as ações do Hamas, então essas pessoas estão perdendo a dimensão humana.

continua após a publicidade
Apoiadores da causa palestina fazem uma manifestação em Montreal, Canadá  Foto: Christinne Muschi/ AP

Quais são os próximos passos na guerra?

Este ataque muda algo fundamental na região. Precisamos analisar isso com muito cuidado, como continuar?

continua após a publicidade

A relação dos israelenses com o Hamas não pode continuar da mesma forma. Acredito que o Estado de Israel vai garantir que nenhum ataque terrorista deste tipo aconteça novamente. Acredito que este ataque foi planejado de maneira cautelosa por muito tempo e infelizmente este deu certo.

Além disso, tem outros atores políticos como o Hezbollah no Líbano e o Irã, os dois estão apoiando o Hamas.

Os Estados Unidos também enviaram um porta-aviões para Israel com o intuito de reduzir a escalada de tensões na região. Então as coisas estão mudando na região, é muito cedo para saber qual é a direção que vamos tomar, teremos que esperar para ver.

continua após a publicidade

Na sua avaliação, Israel subestimou o Hamas e confiou demasiado na hipótese de que o grupo não queria um conflito com Israel neste momento?

Sem dúvida de que foi um erro de Israel. Do ponto de vista de inteligência principalmente. Não sei se Israel subestimou o plano do Hamas ou as intenções do Hamas, mas sabemos agora que foi algo pensado há muito tempo

E isso será discutido. Um comitê de inquérito sobre o assunto deve ser aberto.

Este tipo de situação nunca aconteceu na vida de Israel, desde a guerra da independência em 1948 nunca havíamos tido uma situação assim, com tantas baixas. Então precisamos ter muito cuidado para que esta situação não se repita.

Israel desistiu da solução de dois Estados?

Não creio que isso esteja na mesa de negociações neste momento. Vamos enterrar mais de 900 pessoas agora em Israel. O Oriente Médio está em processo de mudança e não queremos descartar nada, mas neste momento a mesa está coberta de sangue.

Mas estou esperançoso que poderemos voltar a conversar sobre a solução de dois Estados no futuro, mas devo dizer que não acho que isso está dentro das possibilidades neste momento. Não estamos preparados para isso agora.

O quarto dia da guerra entre Israel e o movimento terrorista Hamas segue a todo vapor, sem nenhuma previsão do fim das hostilidades. Nesta terça-feira, 10, o exército de Israel declarou que as fronteiras estão sob controle e que agora vai partir para o ataque ao Hamas dentro da Faixa de Gaza. Com 100 mil soldados posicionados no entorno do enclave, o exército indica que dará início a uma temida ofensiva terrestre.

Para o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, o dialogo com os palestinos não é uma opção no momento. Zonshine aponta que, por conta dos ataques terroristas realizados pelo Hamas no último final de semana, as conversas sobre a criação de um Estado palestino estão totalmente fora de questão. “O Oriente Médio está mudando e nada pode ser descartado, mas neste momento a mesa de negociação está manchada de sangue, então não é possível fazer nada.”

O embaixador israelense também destacou a importância de o Brasil reconhecer o Hamas como um grupo terrorista. “O Brasil precisa ver a realidade do jeito que ela é”, completou Zonshine.

Uma janela marcada por balas no Kibutz Kfar Azza, após uma incursão de terroristas do Hamas a um Kibutz próximo da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Ohad Zwigenberg/ AP

O que você espera do governo brasileiro? Espera uma condenação mais forte do Hamas na arena internacional? O Brasil não considera o Hamas um grupo terrorista.

Eu espero que o Brasil consiga para a realidade do jeito que ela realmente é. Quando vemos ações como decapitação de pessoas, estupro de mulheres, assassinato de crianças na frente de seus próprios pais, não é exatamente uma luta pela liberdade, pelo menos pelo que sei sobre isso.

Então eu acho que é algo que deveria ser reavaliado no nível político. Foi realmente um choque quando vimos o que tinha acontecido pela primeira vez. Nem todos os lugares eram acessíveis, eles encontraram mais de 100 corpos no Kibutz Be’eri e mataram 260 pessoas em uma rave. Precisamos nos referir a situação do jeito certo.

Soldados israelenses participam do funeral do soldado franco-israelense Benjamin Loeb, em Jerusalem, israel  Foto: Francisco Seco/ AP

Na sua opinião, por que a esquerda no Brasil insiste em culpar Israel pelos ataques terroristas cometidos pelo Hamas?

Acredito que existe muita desinformação sobre o tema e um apoio ou simpatia à causa palestina não pode justificar os atos terroristas do Hamas no sábado.

Eu não acho que estuprar mulheres vai melhorar a qualidade de vida das pessoas da Faixa de Gaza. Acredito que quem luta pela causa palestina precisa diferenciar os palestinos do Hamas da promoção pelos direitos dos palestinos.

Se isso tem a ver com direita ou esquerda? Não deveria estar relacionado com o seu espectro político, mas com o que é certo a se fazer neste momento. Se existem pessoas defendendo as ações do Hamas, então essas pessoas estão perdendo a dimensão humana.

Apoiadores da causa palestina fazem uma manifestação em Montreal, Canadá  Foto: Christinne Muschi/ AP

Quais são os próximos passos na guerra?

Este ataque muda algo fundamental na região. Precisamos analisar isso com muito cuidado, como continuar?

A relação dos israelenses com o Hamas não pode continuar da mesma forma. Acredito que o Estado de Israel vai garantir que nenhum ataque terrorista deste tipo aconteça novamente. Acredito que este ataque foi planejado de maneira cautelosa por muito tempo e infelizmente este deu certo.

Além disso, tem outros atores políticos como o Hezbollah no Líbano e o Irã, os dois estão apoiando o Hamas.

Os Estados Unidos também enviaram um porta-aviões para Israel com o intuito de reduzir a escalada de tensões na região. Então as coisas estão mudando na região, é muito cedo para saber qual é a direção que vamos tomar, teremos que esperar para ver.

Na sua avaliação, Israel subestimou o Hamas e confiou demasiado na hipótese de que o grupo não queria um conflito com Israel neste momento?

Sem dúvida de que foi um erro de Israel. Do ponto de vista de inteligência principalmente. Não sei se Israel subestimou o plano do Hamas ou as intenções do Hamas, mas sabemos agora que foi algo pensado há muito tempo

E isso será discutido. Um comitê de inquérito sobre o assunto deve ser aberto.

Este tipo de situação nunca aconteceu na vida de Israel, desde a guerra da independência em 1948 nunca havíamos tido uma situação assim, com tantas baixas. Então precisamos ter muito cuidado para que esta situação não se repita.

Israel desistiu da solução de dois Estados?

Não creio que isso esteja na mesa de negociações neste momento. Vamos enterrar mais de 900 pessoas agora em Israel. O Oriente Médio está em processo de mudança e não queremos descartar nada, mas neste momento a mesa está coberta de sangue.

Mas estou esperançoso que poderemos voltar a conversar sobre a solução de dois Estados no futuro, mas devo dizer que não acho que isso está dentro das possibilidades neste momento. Não estamos preparados para isso agora.

O quarto dia da guerra entre Israel e o movimento terrorista Hamas segue a todo vapor, sem nenhuma previsão do fim das hostilidades. Nesta terça-feira, 10, o exército de Israel declarou que as fronteiras estão sob controle e que agora vai partir para o ataque ao Hamas dentro da Faixa de Gaza. Com 100 mil soldados posicionados no entorno do enclave, o exército indica que dará início a uma temida ofensiva terrestre.

Para o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, o dialogo com os palestinos não é uma opção no momento. Zonshine aponta que, por conta dos ataques terroristas realizados pelo Hamas no último final de semana, as conversas sobre a criação de um Estado palestino estão totalmente fora de questão. “O Oriente Médio está mudando e nada pode ser descartado, mas neste momento a mesa de negociação está manchada de sangue, então não é possível fazer nada.”

O embaixador israelense também destacou a importância de o Brasil reconhecer o Hamas como um grupo terrorista. “O Brasil precisa ver a realidade do jeito que ela é”, completou Zonshine.

Uma janela marcada por balas no Kibutz Kfar Azza, após uma incursão de terroristas do Hamas a um Kibutz próximo da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Ohad Zwigenberg/ AP

O que você espera do governo brasileiro? Espera uma condenação mais forte do Hamas na arena internacional? O Brasil não considera o Hamas um grupo terrorista.

Eu espero que o Brasil consiga para a realidade do jeito que ela realmente é. Quando vemos ações como decapitação de pessoas, estupro de mulheres, assassinato de crianças na frente de seus próprios pais, não é exatamente uma luta pela liberdade, pelo menos pelo que sei sobre isso.

Então eu acho que é algo que deveria ser reavaliado no nível político. Foi realmente um choque quando vimos o que tinha acontecido pela primeira vez. Nem todos os lugares eram acessíveis, eles encontraram mais de 100 corpos no Kibutz Be’eri e mataram 260 pessoas em uma rave. Precisamos nos referir a situação do jeito certo.

Soldados israelenses participam do funeral do soldado franco-israelense Benjamin Loeb, em Jerusalem, israel  Foto: Francisco Seco/ AP

Na sua opinião, por que a esquerda no Brasil insiste em culpar Israel pelos ataques terroristas cometidos pelo Hamas?

Acredito que existe muita desinformação sobre o tema e um apoio ou simpatia à causa palestina não pode justificar os atos terroristas do Hamas no sábado.

Eu não acho que estuprar mulheres vai melhorar a qualidade de vida das pessoas da Faixa de Gaza. Acredito que quem luta pela causa palestina precisa diferenciar os palestinos do Hamas da promoção pelos direitos dos palestinos.

Se isso tem a ver com direita ou esquerda? Não deveria estar relacionado com o seu espectro político, mas com o que é certo a se fazer neste momento. Se existem pessoas defendendo as ações do Hamas, então essas pessoas estão perdendo a dimensão humana.

Apoiadores da causa palestina fazem uma manifestação em Montreal, Canadá  Foto: Christinne Muschi/ AP

Quais são os próximos passos na guerra?

Este ataque muda algo fundamental na região. Precisamos analisar isso com muito cuidado, como continuar?

A relação dos israelenses com o Hamas não pode continuar da mesma forma. Acredito que o Estado de Israel vai garantir que nenhum ataque terrorista deste tipo aconteça novamente. Acredito que este ataque foi planejado de maneira cautelosa por muito tempo e infelizmente este deu certo.

Além disso, tem outros atores políticos como o Hezbollah no Líbano e o Irã, os dois estão apoiando o Hamas.

Os Estados Unidos também enviaram um porta-aviões para Israel com o intuito de reduzir a escalada de tensões na região. Então as coisas estão mudando na região, é muito cedo para saber qual é a direção que vamos tomar, teremos que esperar para ver.

Na sua avaliação, Israel subestimou o Hamas e confiou demasiado na hipótese de que o grupo não queria um conflito com Israel neste momento?

Sem dúvida de que foi um erro de Israel. Do ponto de vista de inteligência principalmente. Não sei se Israel subestimou o plano do Hamas ou as intenções do Hamas, mas sabemos agora que foi algo pensado há muito tempo

E isso será discutido. Um comitê de inquérito sobre o assunto deve ser aberto.

Este tipo de situação nunca aconteceu na vida de Israel, desde a guerra da independência em 1948 nunca havíamos tido uma situação assim, com tantas baixas. Então precisamos ter muito cuidado para que esta situação não se repita.

Israel desistiu da solução de dois Estados?

Não creio que isso esteja na mesa de negociações neste momento. Vamos enterrar mais de 900 pessoas agora em Israel. O Oriente Médio está em processo de mudança e não queremos descartar nada, mas neste momento a mesa está coberta de sangue.

Mas estou esperançoso que poderemos voltar a conversar sobre a solução de dois Estados no futuro, mas devo dizer que não acho que isso está dentro das possibilidades neste momento. Não estamos preparados para isso agora.

O quarto dia da guerra entre Israel e o movimento terrorista Hamas segue a todo vapor, sem nenhuma previsão do fim das hostilidades. Nesta terça-feira, 10, o exército de Israel declarou que as fronteiras estão sob controle e que agora vai partir para o ataque ao Hamas dentro da Faixa de Gaza. Com 100 mil soldados posicionados no entorno do enclave, o exército indica que dará início a uma temida ofensiva terrestre.

Para o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, o dialogo com os palestinos não é uma opção no momento. Zonshine aponta que, por conta dos ataques terroristas realizados pelo Hamas no último final de semana, as conversas sobre a criação de um Estado palestino estão totalmente fora de questão. “O Oriente Médio está mudando e nada pode ser descartado, mas neste momento a mesa de negociação está manchada de sangue, então não é possível fazer nada.”

O embaixador israelense também destacou a importância de o Brasil reconhecer o Hamas como um grupo terrorista. “O Brasil precisa ver a realidade do jeito que ela é”, completou Zonshine.

Uma janela marcada por balas no Kibutz Kfar Azza, após uma incursão de terroristas do Hamas a um Kibutz próximo da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Ohad Zwigenberg/ AP

O que você espera do governo brasileiro? Espera uma condenação mais forte do Hamas na arena internacional? O Brasil não considera o Hamas um grupo terrorista.

Eu espero que o Brasil consiga para a realidade do jeito que ela realmente é. Quando vemos ações como decapitação de pessoas, estupro de mulheres, assassinato de crianças na frente de seus próprios pais, não é exatamente uma luta pela liberdade, pelo menos pelo que sei sobre isso.

Então eu acho que é algo que deveria ser reavaliado no nível político. Foi realmente um choque quando vimos o que tinha acontecido pela primeira vez. Nem todos os lugares eram acessíveis, eles encontraram mais de 100 corpos no Kibutz Be’eri e mataram 260 pessoas em uma rave. Precisamos nos referir a situação do jeito certo.

Soldados israelenses participam do funeral do soldado franco-israelense Benjamin Loeb, em Jerusalem, israel  Foto: Francisco Seco/ AP

Na sua opinião, por que a esquerda no Brasil insiste em culpar Israel pelos ataques terroristas cometidos pelo Hamas?

Acredito que existe muita desinformação sobre o tema e um apoio ou simpatia à causa palestina não pode justificar os atos terroristas do Hamas no sábado.

Eu não acho que estuprar mulheres vai melhorar a qualidade de vida das pessoas da Faixa de Gaza. Acredito que quem luta pela causa palestina precisa diferenciar os palestinos do Hamas da promoção pelos direitos dos palestinos.

Se isso tem a ver com direita ou esquerda? Não deveria estar relacionado com o seu espectro político, mas com o que é certo a se fazer neste momento. Se existem pessoas defendendo as ações do Hamas, então essas pessoas estão perdendo a dimensão humana.

Apoiadores da causa palestina fazem uma manifestação em Montreal, Canadá  Foto: Christinne Muschi/ AP

Quais são os próximos passos na guerra?

Este ataque muda algo fundamental na região. Precisamos analisar isso com muito cuidado, como continuar?

A relação dos israelenses com o Hamas não pode continuar da mesma forma. Acredito que o Estado de Israel vai garantir que nenhum ataque terrorista deste tipo aconteça novamente. Acredito que este ataque foi planejado de maneira cautelosa por muito tempo e infelizmente este deu certo.

Além disso, tem outros atores políticos como o Hezbollah no Líbano e o Irã, os dois estão apoiando o Hamas.

Os Estados Unidos também enviaram um porta-aviões para Israel com o intuito de reduzir a escalada de tensões na região. Então as coisas estão mudando na região, é muito cedo para saber qual é a direção que vamos tomar, teremos que esperar para ver.

Na sua avaliação, Israel subestimou o Hamas e confiou demasiado na hipótese de que o grupo não queria um conflito com Israel neste momento?

Sem dúvida de que foi um erro de Israel. Do ponto de vista de inteligência principalmente. Não sei se Israel subestimou o plano do Hamas ou as intenções do Hamas, mas sabemos agora que foi algo pensado há muito tempo

E isso será discutido. Um comitê de inquérito sobre o assunto deve ser aberto.

Este tipo de situação nunca aconteceu na vida de Israel, desde a guerra da independência em 1948 nunca havíamos tido uma situação assim, com tantas baixas. Então precisamos ter muito cuidado para que esta situação não se repita.

Israel desistiu da solução de dois Estados?

Não creio que isso esteja na mesa de negociações neste momento. Vamos enterrar mais de 900 pessoas agora em Israel. O Oriente Médio está em processo de mudança e não queremos descartar nada, mas neste momento a mesa está coberta de sangue.

Mas estou esperançoso que poderemos voltar a conversar sobre a solução de dois Estados no futuro, mas devo dizer que não acho que isso está dentro das possibilidades neste momento. Não estamos preparados para isso agora.

O quarto dia da guerra entre Israel e o movimento terrorista Hamas segue a todo vapor, sem nenhuma previsão do fim das hostilidades. Nesta terça-feira, 10, o exército de Israel declarou que as fronteiras estão sob controle e que agora vai partir para o ataque ao Hamas dentro da Faixa de Gaza. Com 100 mil soldados posicionados no entorno do enclave, o exército indica que dará início a uma temida ofensiva terrestre.

Para o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, o dialogo com os palestinos não é uma opção no momento. Zonshine aponta que, por conta dos ataques terroristas realizados pelo Hamas no último final de semana, as conversas sobre a criação de um Estado palestino estão totalmente fora de questão. “O Oriente Médio está mudando e nada pode ser descartado, mas neste momento a mesa de negociação está manchada de sangue, então não é possível fazer nada.”

O embaixador israelense também destacou a importância de o Brasil reconhecer o Hamas como um grupo terrorista. “O Brasil precisa ver a realidade do jeito que ela é”, completou Zonshine.

Uma janela marcada por balas no Kibutz Kfar Azza, após uma incursão de terroristas do Hamas a um Kibutz próximo da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Ohad Zwigenberg/ AP

O que você espera do governo brasileiro? Espera uma condenação mais forte do Hamas na arena internacional? O Brasil não considera o Hamas um grupo terrorista.

Eu espero que o Brasil consiga para a realidade do jeito que ela realmente é. Quando vemos ações como decapitação de pessoas, estupro de mulheres, assassinato de crianças na frente de seus próprios pais, não é exatamente uma luta pela liberdade, pelo menos pelo que sei sobre isso.

Então eu acho que é algo que deveria ser reavaliado no nível político. Foi realmente um choque quando vimos o que tinha acontecido pela primeira vez. Nem todos os lugares eram acessíveis, eles encontraram mais de 100 corpos no Kibutz Be’eri e mataram 260 pessoas em uma rave. Precisamos nos referir a situação do jeito certo.

Soldados israelenses participam do funeral do soldado franco-israelense Benjamin Loeb, em Jerusalem, israel  Foto: Francisco Seco/ AP

Na sua opinião, por que a esquerda no Brasil insiste em culpar Israel pelos ataques terroristas cometidos pelo Hamas?

Acredito que existe muita desinformação sobre o tema e um apoio ou simpatia à causa palestina não pode justificar os atos terroristas do Hamas no sábado.

Eu não acho que estuprar mulheres vai melhorar a qualidade de vida das pessoas da Faixa de Gaza. Acredito que quem luta pela causa palestina precisa diferenciar os palestinos do Hamas da promoção pelos direitos dos palestinos.

Se isso tem a ver com direita ou esquerda? Não deveria estar relacionado com o seu espectro político, mas com o que é certo a se fazer neste momento. Se existem pessoas defendendo as ações do Hamas, então essas pessoas estão perdendo a dimensão humana.

Apoiadores da causa palestina fazem uma manifestação em Montreal, Canadá  Foto: Christinne Muschi/ AP

Quais são os próximos passos na guerra?

Este ataque muda algo fundamental na região. Precisamos analisar isso com muito cuidado, como continuar?

A relação dos israelenses com o Hamas não pode continuar da mesma forma. Acredito que o Estado de Israel vai garantir que nenhum ataque terrorista deste tipo aconteça novamente. Acredito que este ataque foi planejado de maneira cautelosa por muito tempo e infelizmente este deu certo.

Além disso, tem outros atores políticos como o Hezbollah no Líbano e o Irã, os dois estão apoiando o Hamas.

Os Estados Unidos também enviaram um porta-aviões para Israel com o intuito de reduzir a escalada de tensões na região. Então as coisas estão mudando na região, é muito cedo para saber qual é a direção que vamos tomar, teremos que esperar para ver.

Na sua avaliação, Israel subestimou o Hamas e confiou demasiado na hipótese de que o grupo não queria um conflito com Israel neste momento?

Sem dúvida de que foi um erro de Israel. Do ponto de vista de inteligência principalmente. Não sei se Israel subestimou o plano do Hamas ou as intenções do Hamas, mas sabemos agora que foi algo pensado há muito tempo

E isso será discutido. Um comitê de inquérito sobre o assunto deve ser aberto.

Este tipo de situação nunca aconteceu na vida de Israel, desde a guerra da independência em 1948 nunca havíamos tido uma situação assim, com tantas baixas. Então precisamos ter muito cuidado para que esta situação não se repita.

Israel desistiu da solução de dois Estados?

Não creio que isso esteja na mesa de negociações neste momento. Vamos enterrar mais de 900 pessoas agora em Israel. O Oriente Médio está em processo de mudança e não queremos descartar nada, mas neste momento a mesa está coberta de sangue.

Mas estou esperançoso que poderemos voltar a conversar sobre a solução de dois Estados no futuro, mas devo dizer que não acho que isso está dentro das possibilidades neste momento. Não estamos preparados para isso agora.

Entrevista por Daniel Gateno

Repórter da editoria de internacional do Estadão

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.