Milei chega a 100 dias de governo na Argentina em meio à crise de violência em Rosário


Cidade natal de Lionel Messi e Ángel Di María vive uma nova escalada de insegurança que desafia a promessa de linha-dura do libertário, ofuscada em meio a seu plano econômico

Por Carolina Marins

O governo do presidente Javier Milei completa 100 dias nesta terça-feira, 19, com boas notícias na economia, problemas na relação com o Congresso e uma crescente crise de segurança pública na Argentina.

A inflação dá sinais de enfraquecimento graças a um duro ajuste que provocou o aumento da pobreza e afetou o setor do consumo. Já no âmbito político, o libertário vive uma guerra com sua própria base de apoio, ameaçando sua governabilidade. No front da violência urbana, no entanto, a piora da criminalidade abriu um novo flanco de problemas para Milei resolver.

Nas últimas semanas, a cidade de Rosário tem vivido uma escalada sem precedentes de violência, com criminosos matando pessoas aleatoriamente nas ruas e toques de recolher espontâneos. Moradores da cidade contam que quem chegasse à terra natal dos campeões mundiais Lionel Messi e Ángel Di María, no fim de semana de 9 de março, encontraria uma cidade deserta e aterrorizada. Na ocasião, quatro civis foram mortos por narcotraficantes que prometeram punir inocentes pela política de segurança pública dos governos federais e provinciais.

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“Parecia a época da pandemia de novo, ninguém nas ruas, tudo fechado”, diz Nancy, que prefere não dar o sobrenome por questões de segurança. Ela voltava de um recital em Buenos Aires no dia 10 à noite quando encontrou sua cidade vazia. “Não conseguia chamar nem Uber, isso que moro no centro.”

Um integrante das Forças Federais de segurança faz patrulha na cidade de Rosário em 15 de março Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

A crise de violência em Rosário já tem mais de dez anos e vem piorando desde o ano passado por causa de disputas pelo comércio da droga local. Em abril de 2023, o Estadão visitou a cidade e encontrou um clima de medo entre os moradores pelos tiroteios que aconteciam contra escolas, ônibus e hospitais. Mas agora, facções rivais que historicamente brigavam nas ruas, parecem ter se unido em um único objetivo de provocar o Estado.

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Analistas acreditam que a crise em Rosário começou após uma medida de segurança encabeçada pela ministra Patricia Bullrich que endurece regras dentro das prisões, como visitas íntimas. No começo do mês, viralizou a imagem de detentos algemados no chão cercados por agentes fortemente armados na penitenciária de Piñero, famosa por manter nomes conhecidos do narcotráfico de Rosário. Na imprensa argentina, a foto foi comparada à política de encarceramento em massa de Nayib Bukele em El Salvador, nome que Bullrich e Milei já elogiaram.

A medida, porém, provocou reações dos grupos criminosos que parecem ter se unido em uma vingança generalizada. Depois de matar dois taxistas e um motorista de ônibus com tiros na cabeça, os grupos criminosos penduraram um cartaz em uma ponte logo na entrada da cidade avisando que seguiriam “matando inocentes”. Logo depois, mais uma morte: Bruno Bussanich, de 25 anos, levou três tiros enquanto trabalhava em um posto de gasolina perto da meia noite de 9 de março.

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“Esta guerra não é por território, é contra Pullaro e Cococcioni. Assim como chegamos aos 300 mortos, estando unidos mataremos mais inocentes por ano”, escreveram os grupos criminosos em um recado logo após a quarta morte, citando Maximiliano Pullaro, governador de Santa Fé, província que abriga Rosário, e Pablo Cococcioni, ministro de Segurança da província. E 300 remonta o número de mortos por balas em Rosário no ano passado.

A morte de Bruno provocou comoção, com Javier Milei, Patricia Bullrich e a vice-presidente Victoria Villarruel fazendo posts de homenagens nas redes sociais. Após o episódio, Bullrich viajou para Rosário onde montou um comitê de crise com seu homólogo provincial Pablo Cococcioni.

Presos sendo vigiados por membros do Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (GOEP) durante uma busca na Unidade Penitenciária Nº 11 em Piñero, perto de Rosário, em 5 de março Foto: Província de Santa Fé via AFP
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Resposta repetida

Agora, um grande destacamento da Força Nacional está instalado na cidade e deve colaborar com a polícia local para realizar atividades de segurança. O problema é que a medida repete a fórmula de Alberto Fernández no ano passado, que já se mostrou inócua. Além disso, correm acusações antigas de que as polícias de Santa Fé e Rosário estariam envolvidas com os grupos narcos.

“Não se vê nenhuma mudança estrutural e sistêmica na estratégia, o que sim se vê é uma questão mais comunicacional para demonstrar que certas ações estão sendo feitas e se está seguindo uma estética meio Bukele na hora de mostrar como estão sendo tratados os presos”, explica Marco Iazzetta, professor de Ciência Política e pesquisador de violência na Universidade Nacional de Rosario (UNR).

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Embora Rosário conviva com picos de violência desde 2013, após a morte de dois líderes de facções rivais, a escalada de agora é sem precedentes. Pela primeira vez os grupos narcotraficantes, que antes estavam em uma guerra aberta nas ruas da cidade pelo comércio de drogas, se mostram unidos no propósito de causar o pânico. “Grupos que antes não atuavam de forma coesa agora estão demonstrando certa organização contra o Estado”, completa o pesquisador.

A ministra da Segurança Patricia Bullrich analisa armas apreendidas na cidade de Rosário e na província de Santa Fé em 15 de março Foto: Agustín Marcarian/Reuters

O resultado é uma população aterrorizada e imagens das mortes violentas sendo repetidas continuamente na televisão. Mesmo com medo, os rosarinos buscavam retomar a rotina na semana passada, conta Nancy, afinal, há uma crise econômica a enfrentar e parar de trabalhar não é uma opção. “Mas saímos sem uniforme, porque as mortes agora parecem visar trabalhadores essenciais”, supõe a rosarina. Na semana passada, professores, motoristas de ônibus e taxistas fizeram uma greve pedindo por mais segurança.

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“Acabou paralisando completamente a vida da cidade, gerando terror, pela aleatoriedade dos ataques. Nunca vimos isso na cidade, passando vários dias praticamente sob uma espécie de toque de recolher sem que fosse necessário declarar”, observa Iazzetta.

Um teste para Milei

Na campanha, Milei se limitou a dizer que é defensor de uma política linha-dura na área da segurança e trouxe o tema em todos os debates, citando o caso de Rosário diretamente. O convite à Bullrich para integrar seu governo na pasta de Segurança reforçou a promessa, assim como o nome de Villarruel como vice, uma filha de militar que é defensora do revisionismo da ditadura. Mas, diferentemente da economia que foi o motor de seu nome nas eleições, a sua real política de segurança é um mistério

“Em termos operativos, houve uma maior ingerência do Ministério de Segurança, com forças federais, com apoio logístico às Forças de Segurança Provinciais, mas isso só chegou várias semanas depois que o problema começou a crescer. Não houve uma atenção direta ao problema do narcotráfico desde que o governo assumiu, e agora o governo apenas reage depois de vários dias em que o conflito havia escalado”, observa o cientista político do observatório Pulsar da UBA Facundo Cruz.

“É um problema que, de alguma maneira, o governo nacional precisa atender porque foi parte da sua plataforma eleitoral. Inclusive tendo a Patricia Burrich em seu gabinete presidencial, que também foi uma candidata presidencial que construiu sua campanha com propostas muito duras e drásticas para combater o narcotráfico na província de Santa Fé. No entanto, isso não parecere ser uma das prioridades do governo atualmente”, pontua Cruz.

Romina Paredes posa com uma camiseta estampada com a foto de seu cunhado Brian Fernández, assassinado enquanto roubavam sua bicicleta em Rosário  Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

Escolhas e dilemas

Além disso, possíveis soluções passam por ao menos dois grandes dilemas: Milei, em sua política de ajuste fiscal na meta de atingir o déficit zero cortou quase totalmente os repasses às províncias, que são as responsáveis por lidar com temas de segurança. A outra é uma questão ideológica: como libertário, Milei é defensor de um Estado mínimo, enquanto o narcotráfico cada vez mais exige a atuação de um Estado presente, segundo as principais literaturas no tema. “Sabemos que a violência ocupa o vácuo deixado pela ausência do Estado”, observa Iazzetta.

“É necessário tomar decisões em matéria de política criminal para que haja uma ação coordenada com os diferentes níveis do Estado. O problema é que para isso se necessita dinheiro, se necessita orçamento, e estamos no meio de uma redução total do orçamento por parte da Nação. O panorama não é bom”, finaliza o professor da UNR.

‘Um problema das províncias’

Mas Milei parece querer se distanciar do problema, afirmando que a segurança é uma responsabilidade das províncias. A fala, porém, desagradou aos governadores, que saíram todos em favor de Pullaro, abrindo uma nova fratura na relação já fragilizada com o governo federal.

“O que parece é há uma intenção do governo federal de deixar que o problema seja uma solução provincial e não seja parte da agenda federal ou uma das prioridades federais”, concorda Facundo Cruz. “O que se vê com o tema da segurança é uma dissonância nova entre o que é o Javier Milei em campanha com suas propostas e o Javier Milei presidente”.

“As propostas em campanha foram muito eficazes, pelo menos para terminar ganhando a eleição, mas na hora de implementar essas medidas na presidência aparece várias limitações, seja por falhas de coordenação, por falhas de estratégias ou simplesmente por não considerá-lo uma prioridade”, completa o cientista político da UBA.

O governo do presidente Javier Milei completa 100 dias nesta terça-feira, 19, com boas notícias na economia, problemas na relação com o Congresso e uma crescente crise de segurança pública na Argentina.

A inflação dá sinais de enfraquecimento graças a um duro ajuste que provocou o aumento da pobreza e afetou o setor do consumo. Já no âmbito político, o libertário vive uma guerra com sua própria base de apoio, ameaçando sua governabilidade. No front da violência urbana, no entanto, a piora da criminalidade abriu um novo flanco de problemas para Milei resolver.

Nas últimas semanas, a cidade de Rosário tem vivido uma escalada sem precedentes de violência, com criminosos matando pessoas aleatoriamente nas ruas e toques de recolher espontâneos. Moradores da cidade contam que quem chegasse à terra natal dos campeões mundiais Lionel Messi e Ángel Di María, no fim de semana de 9 de março, encontraria uma cidade deserta e aterrorizada. Na ocasião, quatro civis foram mortos por narcotraficantes que prometeram punir inocentes pela política de segurança pública dos governos federais e provinciais.

“Parecia a época da pandemia de novo, ninguém nas ruas, tudo fechado”, diz Nancy, que prefere não dar o sobrenome por questões de segurança. Ela voltava de um recital em Buenos Aires no dia 10 à noite quando encontrou sua cidade vazia. “Não conseguia chamar nem Uber, isso que moro no centro.”

Um integrante das Forças Federais de segurança faz patrulha na cidade de Rosário em 15 de março Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

A crise de violência em Rosário já tem mais de dez anos e vem piorando desde o ano passado por causa de disputas pelo comércio da droga local. Em abril de 2023, o Estadão visitou a cidade e encontrou um clima de medo entre os moradores pelos tiroteios que aconteciam contra escolas, ônibus e hospitais. Mas agora, facções rivais que historicamente brigavam nas ruas, parecem ter se unido em um único objetivo de provocar o Estado.

Analistas acreditam que a crise em Rosário começou após uma medida de segurança encabeçada pela ministra Patricia Bullrich que endurece regras dentro das prisões, como visitas íntimas. No começo do mês, viralizou a imagem de detentos algemados no chão cercados por agentes fortemente armados na penitenciária de Piñero, famosa por manter nomes conhecidos do narcotráfico de Rosário. Na imprensa argentina, a foto foi comparada à política de encarceramento em massa de Nayib Bukele em El Salvador, nome que Bullrich e Milei já elogiaram.

A medida, porém, provocou reações dos grupos criminosos que parecem ter se unido em uma vingança generalizada. Depois de matar dois taxistas e um motorista de ônibus com tiros na cabeça, os grupos criminosos penduraram um cartaz em uma ponte logo na entrada da cidade avisando que seguiriam “matando inocentes”. Logo depois, mais uma morte: Bruno Bussanich, de 25 anos, levou três tiros enquanto trabalhava em um posto de gasolina perto da meia noite de 9 de março.

“Esta guerra não é por território, é contra Pullaro e Cococcioni. Assim como chegamos aos 300 mortos, estando unidos mataremos mais inocentes por ano”, escreveram os grupos criminosos em um recado logo após a quarta morte, citando Maximiliano Pullaro, governador de Santa Fé, província que abriga Rosário, e Pablo Cococcioni, ministro de Segurança da província. E 300 remonta o número de mortos por balas em Rosário no ano passado.

A morte de Bruno provocou comoção, com Javier Milei, Patricia Bullrich e a vice-presidente Victoria Villarruel fazendo posts de homenagens nas redes sociais. Após o episódio, Bullrich viajou para Rosário onde montou um comitê de crise com seu homólogo provincial Pablo Cococcioni.

Presos sendo vigiados por membros do Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (GOEP) durante uma busca na Unidade Penitenciária Nº 11 em Piñero, perto de Rosário, em 5 de março Foto: Província de Santa Fé via AFP

Resposta repetida

Agora, um grande destacamento da Força Nacional está instalado na cidade e deve colaborar com a polícia local para realizar atividades de segurança. O problema é que a medida repete a fórmula de Alberto Fernández no ano passado, que já se mostrou inócua. Além disso, correm acusações antigas de que as polícias de Santa Fé e Rosário estariam envolvidas com os grupos narcos.

“Não se vê nenhuma mudança estrutural e sistêmica na estratégia, o que sim se vê é uma questão mais comunicacional para demonstrar que certas ações estão sendo feitas e se está seguindo uma estética meio Bukele na hora de mostrar como estão sendo tratados os presos”, explica Marco Iazzetta, professor de Ciência Política e pesquisador de violência na Universidade Nacional de Rosario (UNR).

Embora Rosário conviva com picos de violência desde 2013, após a morte de dois líderes de facções rivais, a escalada de agora é sem precedentes. Pela primeira vez os grupos narcotraficantes, que antes estavam em uma guerra aberta nas ruas da cidade pelo comércio de drogas, se mostram unidos no propósito de causar o pânico. “Grupos que antes não atuavam de forma coesa agora estão demonstrando certa organização contra o Estado”, completa o pesquisador.

A ministra da Segurança Patricia Bullrich analisa armas apreendidas na cidade de Rosário e na província de Santa Fé em 15 de março Foto: Agustín Marcarian/Reuters

O resultado é uma população aterrorizada e imagens das mortes violentas sendo repetidas continuamente na televisão. Mesmo com medo, os rosarinos buscavam retomar a rotina na semana passada, conta Nancy, afinal, há uma crise econômica a enfrentar e parar de trabalhar não é uma opção. “Mas saímos sem uniforme, porque as mortes agora parecem visar trabalhadores essenciais”, supõe a rosarina. Na semana passada, professores, motoristas de ônibus e taxistas fizeram uma greve pedindo por mais segurança.

“Acabou paralisando completamente a vida da cidade, gerando terror, pela aleatoriedade dos ataques. Nunca vimos isso na cidade, passando vários dias praticamente sob uma espécie de toque de recolher sem que fosse necessário declarar”, observa Iazzetta.

Um teste para Milei

Na campanha, Milei se limitou a dizer que é defensor de uma política linha-dura na área da segurança e trouxe o tema em todos os debates, citando o caso de Rosário diretamente. O convite à Bullrich para integrar seu governo na pasta de Segurança reforçou a promessa, assim como o nome de Villarruel como vice, uma filha de militar que é defensora do revisionismo da ditadura. Mas, diferentemente da economia que foi o motor de seu nome nas eleições, a sua real política de segurança é um mistério

“Em termos operativos, houve uma maior ingerência do Ministério de Segurança, com forças federais, com apoio logístico às Forças de Segurança Provinciais, mas isso só chegou várias semanas depois que o problema começou a crescer. Não houve uma atenção direta ao problema do narcotráfico desde que o governo assumiu, e agora o governo apenas reage depois de vários dias em que o conflito havia escalado”, observa o cientista político do observatório Pulsar da UBA Facundo Cruz.

“É um problema que, de alguma maneira, o governo nacional precisa atender porque foi parte da sua plataforma eleitoral. Inclusive tendo a Patricia Burrich em seu gabinete presidencial, que também foi uma candidata presidencial que construiu sua campanha com propostas muito duras e drásticas para combater o narcotráfico na província de Santa Fé. No entanto, isso não parecere ser uma das prioridades do governo atualmente”, pontua Cruz.

Romina Paredes posa com uma camiseta estampada com a foto de seu cunhado Brian Fernández, assassinado enquanto roubavam sua bicicleta em Rosário  Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

Escolhas e dilemas

Além disso, possíveis soluções passam por ao menos dois grandes dilemas: Milei, em sua política de ajuste fiscal na meta de atingir o déficit zero cortou quase totalmente os repasses às províncias, que são as responsáveis por lidar com temas de segurança. A outra é uma questão ideológica: como libertário, Milei é defensor de um Estado mínimo, enquanto o narcotráfico cada vez mais exige a atuação de um Estado presente, segundo as principais literaturas no tema. “Sabemos que a violência ocupa o vácuo deixado pela ausência do Estado”, observa Iazzetta.

“É necessário tomar decisões em matéria de política criminal para que haja uma ação coordenada com os diferentes níveis do Estado. O problema é que para isso se necessita dinheiro, se necessita orçamento, e estamos no meio de uma redução total do orçamento por parte da Nação. O panorama não é bom”, finaliza o professor da UNR.

‘Um problema das províncias’

Mas Milei parece querer se distanciar do problema, afirmando que a segurança é uma responsabilidade das províncias. A fala, porém, desagradou aos governadores, que saíram todos em favor de Pullaro, abrindo uma nova fratura na relação já fragilizada com o governo federal.

“O que parece é há uma intenção do governo federal de deixar que o problema seja uma solução provincial e não seja parte da agenda federal ou uma das prioridades federais”, concorda Facundo Cruz. “O que se vê com o tema da segurança é uma dissonância nova entre o que é o Javier Milei em campanha com suas propostas e o Javier Milei presidente”.

“As propostas em campanha foram muito eficazes, pelo menos para terminar ganhando a eleição, mas na hora de implementar essas medidas na presidência aparece várias limitações, seja por falhas de coordenação, por falhas de estratégias ou simplesmente por não considerá-lo uma prioridade”, completa o cientista político da UBA.

O governo do presidente Javier Milei completa 100 dias nesta terça-feira, 19, com boas notícias na economia, problemas na relação com o Congresso e uma crescente crise de segurança pública na Argentina.

A inflação dá sinais de enfraquecimento graças a um duro ajuste que provocou o aumento da pobreza e afetou o setor do consumo. Já no âmbito político, o libertário vive uma guerra com sua própria base de apoio, ameaçando sua governabilidade. No front da violência urbana, no entanto, a piora da criminalidade abriu um novo flanco de problemas para Milei resolver.

Nas últimas semanas, a cidade de Rosário tem vivido uma escalada sem precedentes de violência, com criminosos matando pessoas aleatoriamente nas ruas e toques de recolher espontâneos. Moradores da cidade contam que quem chegasse à terra natal dos campeões mundiais Lionel Messi e Ángel Di María, no fim de semana de 9 de março, encontraria uma cidade deserta e aterrorizada. Na ocasião, quatro civis foram mortos por narcotraficantes que prometeram punir inocentes pela política de segurança pública dos governos federais e provinciais.

“Parecia a época da pandemia de novo, ninguém nas ruas, tudo fechado”, diz Nancy, que prefere não dar o sobrenome por questões de segurança. Ela voltava de um recital em Buenos Aires no dia 10 à noite quando encontrou sua cidade vazia. “Não conseguia chamar nem Uber, isso que moro no centro.”

Um integrante das Forças Federais de segurança faz patrulha na cidade de Rosário em 15 de março Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

A crise de violência em Rosário já tem mais de dez anos e vem piorando desde o ano passado por causa de disputas pelo comércio da droga local. Em abril de 2023, o Estadão visitou a cidade e encontrou um clima de medo entre os moradores pelos tiroteios que aconteciam contra escolas, ônibus e hospitais. Mas agora, facções rivais que historicamente brigavam nas ruas, parecem ter se unido em um único objetivo de provocar o Estado.

Analistas acreditam que a crise em Rosário começou após uma medida de segurança encabeçada pela ministra Patricia Bullrich que endurece regras dentro das prisões, como visitas íntimas. No começo do mês, viralizou a imagem de detentos algemados no chão cercados por agentes fortemente armados na penitenciária de Piñero, famosa por manter nomes conhecidos do narcotráfico de Rosário. Na imprensa argentina, a foto foi comparada à política de encarceramento em massa de Nayib Bukele em El Salvador, nome que Bullrich e Milei já elogiaram.

A medida, porém, provocou reações dos grupos criminosos que parecem ter se unido em uma vingança generalizada. Depois de matar dois taxistas e um motorista de ônibus com tiros na cabeça, os grupos criminosos penduraram um cartaz em uma ponte logo na entrada da cidade avisando que seguiriam “matando inocentes”. Logo depois, mais uma morte: Bruno Bussanich, de 25 anos, levou três tiros enquanto trabalhava em um posto de gasolina perto da meia noite de 9 de março.

“Esta guerra não é por território, é contra Pullaro e Cococcioni. Assim como chegamos aos 300 mortos, estando unidos mataremos mais inocentes por ano”, escreveram os grupos criminosos em um recado logo após a quarta morte, citando Maximiliano Pullaro, governador de Santa Fé, província que abriga Rosário, e Pablo Cococcioni, ministro de Segurança da província. E 300 remonta o número de mortos por balas em Rosário no ano passado.

A morte de Bruno provocou comoção, com Javier Milei, Patricia Bullrich e a vice-presidente Victoria Villarruel fazendo posts de homenagens nas redes sociais. Após o episódio, Bullrich viajou para Rosário onde montou um comitê de crise com seu homólogo provincial Pablo Cococcioni.

Presos sendo vigiados por membros do Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (GOEP) durante uma busca na Unidade Penitenciária Nº 11 em Piñero, perto de Rosário, em 5 de março Foto: Província de Santa Fé via AFP

Resposta repetida

Agora, um grande destacamento da Força Nacional está instalado na cidade e deve colaborar com a polícia local para realizar atividades de segurança. O problema é que a medida repete a fórmula de Alberto Fernández no ano passado, que já se mostrou inócua. Além disso, correm acusações antigas de que as polícias de Santa Fé e Rosário estariam envolvidas com os grupos narcos.

“Não se vê nenhuma mudança estrutural e sistêmica na estratégia, o que sim se vê é uma questão mais comunicacional para demonstrar que certas ações estão sendo feitas e se está seguindo uma estética meio Bukele na hora de mostrar como estão sendo tratados os presos”, explica Marco Iazzetta, professor de Ciência Política e pesquisador de violência na Universidade Nacional de Rosario (UNR).

Embora Rosário conviva com picos de violência desde 2013, após a morte de dois líderes de facções rivais, a escalada de agora é sem precedentes. Pela primeira vez os grupos narcotraficantes, que antes estavam em uma guerra aberta nas ruas da cidade pelo comércio de drogas, se mostram unidos no propósito de causar o pânico. “Grupos que antes não atuavam de forma coesa agora estão demonstrando certa organização contra o Estado”, completa o pesquisador.

A ministra da Segurança Patricia Bullrich analisa armas apreendidas na cidade de Rosário e na província de Santa Fé em 15 de março Foto: Agustín Marcarian/Reuters

O resultado é uma população aterrorizada e imagens das mortes violentas sendo repetidas continuamente na televisão. Mesmo com medo, os rosarinos buscavam retomar a rotina na semana passada, conta Nancy, afinal, há uma crise econômica a enfrentar e parar de trabalhar não é uma opção. “Mas saímos sem uniforme, porque as mortes agora parecem visar trabalhadores essenciais”, supõe a rosarina. Na semana passada, professores, motoristas de ônibus e taxistas fizeram uma greve pedindo por mais segurança.

“Acabou paralisando completamente a vida da cidade, gerando terror, pela aleatoriedade dos ataques. Nunca vimos isso na cidade, passando vários dias praticamente sob uma espécie de toque de recolher sem que fosse necessário declarar”, observa Iazzetta.

Um teste para Milei

Na campanha, Milei se limitou a dizer que é defensor de uma política linha-dura na área da segurança e trouxe o tema em todos os debates, citando o caso de Rosário diretamente. O convite à Bullrich para integrar seu governo na pasta de Segurança reforçou a promessa, assim como o nome de Villarruel como vice, uma filha de militar que é defensora do revisionismo da ditadura. Mas, diferentemente da economia que foi o motor de seu nome nas eleições, a sua real política de segurança é um mistério

“Em termos operativos, houve uma maior ingerência do Ministério de Segurança, com forças federais, com apoio logístico às Forças de Segurança Provinciais, mas isso só chegou várias semanas depois que o problema começou a crescer. Não houve uma atenção direta ao problema do narcotráfico desde que o governo assumiu, e agora o governo apenas reage depois de vários dias em que o conflito havia escalado”, observa o cientista político do observatório Pulsar da UBA Facundo Cruz.

“É um problema que, de alguma maneira, o governo nacional precisa atender porque foi parte da sua plataforma eleitoral. Inclusive tendo a Patricia Burrich em seu gabinete presidencial, que também foi uma candidata presidencial que construiu sua campanha com propostas muito duras e drásticas para combater o narcotráfico na província de Santa Fé. No entanto, isso não parecere ser uma das prioridades do governo atualmente”, pontua Cruz.

Romina Paredes posa com uma camiseta estampada com a foto de seu cunhado Brian Fernández, assassinado enquanto roubavam sua bicicleta em Rosário  Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

Escolhas e dilemas

Além disso, possíveis soluções passam por ao menos dois grandes dilemas: Milei, em sua política de ajuste fiscal na meta de atingir o déficit zero cortou quase totalmente os repasses às províncias, que são as responsáveis por lidar com temas de segurança. A outra é uma questão ideológica: como libertário, Milei é defensor de um Estado mínimo, enquanto o narcotráfico cada vez mais exige a atuação de um Estado presente, segundo as principais literaturas no tema. “Sabemos que a violência ocupa o vácuo deixado pela ausência do Estado”, observa Iazzetta.

“É necessário tomar decisões em matéria de política criminal para que haja uma ação coordenada com os diferentes níveis do Estado. O problema é que para isso se necessita dinheiro, se necessita orçamento, e estamos no meio de uma redução total do orçamento por parte da Nação. O panorama não é bom”, finaliza o professor da UNR.

‘Um problema das províncias’

Mas Milei parece querer se distanciar do problema, afirmando que a segurança é uma responsabilidade das províncias. A fala, porém, desagradou aos governadores, que saíram todos em favor de Pullaro, abrindo uma nova fratura na relação já fragilizada com o governo federal.

“O que parece é há uma intenção do governo federal de deixar que o problema seja uma solução provincial e não seja parte da agenda federal ou uma das prioridades federais”, concorda Facundo Cruz. “O que se vê com o tema da segurança é uma dissonância nova entre o que é o Javier Milei em campanha com suas propostas e o Javier Milei presidente”.

“As propostas em campanha foram muito eficazes, pelo menos para terminar ganhando a eleição, mas na hora de implementar essas medidas na presidência aparece várias limitações, seja por falhas de coordenação, por falhas de estratégias ou simplesmente por não considerá-lo uma prioridade”, completa o cientista político da UBA.

O governo do presidente Javier Milei completa 100 dias nesta terça-feira, 19, com boas notícias na economia, problemas na relação com o Congresso e uma crescente crise de segurança pública na Argentina.

A inflação dá sinais de enfraquecimento graças a um duro ajuste que provocou o aumento da pobreza e afetou o setor do consumo. Já no âmbito político, o libertário vive uma guerra com sua própria base de apoio, ameaçando sua governabilidade. No front da violência urbana, no entanto, a piora da criminalidade abriu um novo flanco de problemas para Milei resolver.

Nas últimas semanas, a cidade de Rosário tem vivido uma escalada sem precedentes de violência, com criminosos matando pessoas aleatoriamente nas ruas e toques de recolher espontâneos. Moradores da cidade contam que quem chegasse à terra natal dos campeões mundiais Lionel Messi e Ángel Di María, no fim de semana de 9 de março, encontraria uma cidade deserta e aterrorizada. Na ocasião, quatro civis foram mortos por narcotraficantes que prometeram punir inocentes pela política de segurança pública dos governos federais e provinciais.

“Parecia a época da pandemia de novo, ninguém nas ruas, tudo fechado”, diz Nancy, que prefere não dar o sobrenome por questões de segurança. Ela voltava de um recital em Buenos Aires no dia 10 à noite quando encontrou sua cidade vazia. “Não conseguia chamar nem Uber, isso que moro no centro.”

Um integrante das Forças Federais de segurança faz patrulha na cidade de Rosário em 15 de março Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

A crise de violência em Rosário já tem mais de dez anos e vem piorando desde o ano passado por causa de disputas pelo comércio da droga local. Em abril de 2023, o Estadão visitou a cidade e encontrou um clima de medo entre os moradores pelos tiroteios que aconteciam contra escolas, ônibus e hospitais. Mas agora, facções rivais que historicamente brigavam nas ruas, parecem ter se unido em um único objetivo de provocar o Estado.

Analistas acreditam que a crise em Rosário começou após uma medida de segurança encabeçada pela ministra Patricia Bullrich que endurece regras dentro das prisões, como visitas íntimas. No começo do mês, viralizou a imagem de detentos algemados no chão cercados por agentes fortemente armados na penitenciária de Piñero, famosa por manter nomes conhecidos do narcotráfico de Rosário. Na imprensa argentina, a foto foi comparada à política de encarceramento em massa de Nayib Bukele em El Salvador, nome que Bullrich e Milei já elogiaram.

A medida, porém, provocou reações dos grupos criminosos que parecem ter se unido em uma vingança generalizada. Depois de matar dois taxistas e um motorista de ônibus com tiros na cabeça, os grupos criminosos penduraram um cartaz em uma ponte logo na entrada da cidade avisando que seguiriam “matando inocentes”. Logo depois, mais uma morte: Bruno Bussanich, de 25 anos, levou três tiros enquanto trabalhava em um posto de gasolina perto da meia noite de 9 de março.

“Esta guerra não é por território, é contra Pullaro e Cococcioni. Assim como chegamos aos 300 mortos, estando unidos mataremos mais inocentes por ano”, escreveram os grupos criminosos em um recado logo após a quarta morte, citando Maximiliano Pullaro, governador de Santa Fé, província que abriga Rosário, e Pablo Cococcioni, ministro de Segurança da província. E 300 remonta o número de mortos por balas em Rosário no ano passado.

A morte de Bruno provocou comoção, com Javier Milei, Patricia Bullrich e a vice-presidente Victoria Villarruel fazendo posts de homenagens nas redes sociais. Após o episódio, Bullrich viajou para Rosário onde montou um comitê de crise com seu homólogo provincial Pablo Cococcioni.

Presos sendo vigiados por membros do Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (GOEP) durante uma busca na Unidade Penitenciária Nº 11 em Piñero, perto de Rosário, em 5 de março Foto: Província de Santa Fé via AFP

Resposta repetida

Agora, um grande destacamento da Força Nacional está instalado na cidade e deve colaborar com a polícia local para realizar atividades de segurança. O problema é que a medida repete a fórmula de Alberto Fernández no ano passado, que já se mostrou inócua. Além disso, correm acusações antigas de que as polícias de Santa Fé e Rosário estariam envolvidas com os grupos narcos.

“Não se vê nenhuma mudança estrutural e sistêmica na estratégia, o que sim se vê é uma questão mais comunicacional para demonstrar que certas ações estão sendo feitas e se está seguindo uma estética meio Bukele na hora de mostrar como estão sendo tratados os presos”, explica Marco Iazzetta, professor de Ciência Política e pesquisador de violência na Universidade Nacional de Rosario (UNR).

Embora Rosário conviva com picos de violência desde 2013, após a morte de dois líderes de facções rivais, a escalada de agora é sem precedentes. Pela primeira vez os grupos narcotraficantes, que antes estavam em uma guerra aberta nas ruas da cidade pelo comércio de drogas, se mostram unidos no propósito de causar o pânico. “Grupos que antes não atuavam de forma coesa agora estão demonstrando certa organização contra o Estado”, completa o pesquisador.

A ministra da Segurança Patricia Bullrich analisa armas apreendidas na cidade de Rosário e na província de Santa Fé em 15 de março Foto: Agustín Marcarian/Reuters

O resultado é uma população aterrorizada e imagens das mortes violentas sendo repetidas continuamente na televisão. Mesmo com medo, os rosarinos buscavam retomar a rotina na semana passada, conta Nancy, afinal, há uma crise econômica a enfrentar e parar de trabalhar não é uma opção. “Mas saímos sem uniforme, porque as mortes agora parecem visar trabalhadores essenciais”, supõe a rosarina. Na semana passada, professores, motoristas de ônibus e taxistas fizeram uma greve pedindo por mais segurança.

“Acabou paralisando completamente a vida da cidade, gerando terror, pela aleatoriedade dos ataques. Nunca vimos isso na cidade, passando vários dias praticamente sob uma espécie de toque de recolher sem que fosse necessário declarar”, observa Iazzetta.

Um teste para Milei

Na campanha, Milei se limitou a dizer que é defensor de uma política linha-dura na área da segurança e trouxe o tema em todos os debates, citando o caso de Rosário diretamente. O convite à Bullrich para integrar seu governo na pasta de Segurança reforçou a promessa, assim como o nome de Villarruel como vice, uma filha de militar que é defensora do revisionismo da ditadura. Mas, diferentemente da economia que foi o motor de seu nome nas eleições, a sua real política de segurança é um mistério

“Em termos operativos, houve uma maior ingerência do Ministério de Segurança, com forças federais, com apoio logístico às Forças de Segurança Provinciais, mas isso só chegou várias semanas depois que o problema começou a crescer. Não houve uma atenção direta ao problema do narcotráfico desde que o governo assumiu, e agora o governo apenas reage depois de vários dias em que o conflito havia escalado”, observa o cientista político do observatório Pulsar da UBA Facundo Cruz.

“É um problema que, de alguma maneira, o governo nacional precisa atender porque foi parte da sua plataforma eleitoral. Inclusive tendo a Patricia Burrich em seu gabinete presidencial, que também foi uma candidata presidencial que construiu sua campanha com propostas muito duras e drásticas para combater o narcotráfico na província de Santa Fé. No entanto, isso não parecere ser uma das prioridades do governo atualmente”, pontua Cruz.

Romina Paredes posa com uma camiseta estampada com a foto de seu cunhado Brian Fernández, assassinado enquanto roubavam sua bicicleta em Rosário  Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

Escolhas e dilemas

Além disso, possíveis soluções passam por ao menos dois grandes dilemas: Milei, em sua política de ajuste fiscal na meta de atingir o déficit zero cortou quase totalmente os repasses às províncias, que são as responsáveis por lidar com temas de segurança. A outra é uma questão ideológica: como libertário, Milei é defensor de um Estado mínimo, enquanto o narcotráfico cada vez mais exige a atuação de um Estado presente, segundo as principais literaturas no tema. “Sabemos que a violência ocupa o vácuo deixado pela ausência do Estado”, observa Iazzetta.

“É necessário tomar decisões em matéria de política criminal para que haja uma ação coordenada com os diferentes níveis do Estado. O problema é que para isso se necessita dinheiro, se necessita orçamento, e estamos no meio de uma redução total do orçamento por parte da Nação. O panorama não é bom”, finaliza o professor da UNR.

‘Um problema das províncias’

Mas Milei parece querer se distanciar do problema, afirmando que a segurança é uma responsabilidade das províncias. A fala, porém, desagradou aos governadores, que saíram todos em favor de Pullaro, abrindo uma nova fratura na relação já fragilizada com o governo federal.

“O que parece é há uma intenção do governo federal de deixar que o problema seja uma solução provincial e não seja parte da agenda federal ou uma das prioridades federais”, concorda Facundo Cruz. “O que se vê com o tema da segurança é uma dissonância nova entre o que é o Javier Milei em campanha com suas propostas e o Javier Milei presidente”.

“As propostas em campanha foram muito eficazes, pelo menos para terminar ganhando a eleição, mas na hora de implementar essas medidas na presidência aparece várias limitações, seja por falhas de coordenação, por falhas de estratégias ou simplesmente por não considerá-lo uma prioridade”, completa o cientista político da UBA.

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