O candidato à presidência da Argentina Javier Milei está tentando criar criar pontes com outros partidos após ser o grande vencedor das Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso). O libertário afirmou em entrevista à Rádio Mitre da Argentina neste sábado, 19, que quer oferecer um cargo ao ex-presidente argentino Mauricio Macri como uma espécie de “representante da Argentina no mundo”.
Milei e Macri têm conversado, apesar do ex-mandatário apoiar a candidata Patricia Bullrich, que concorre pela coalizão Juntos pela Mudança.
”Fiquei surpreso com Macri porque ele não apenas se preocupou em me fazer perguntas sobre economia, mas também mostrou um lado humano inesperado”, apontou o candidato libertário. Acho que ele teria um papel de destaque como representante da Argentina, uma figura acima de ministro das Relações Exteriores, como representante. Não sei definir, mas ele é alguém que pode representar o país no mundo e abrir mercados”, completou Milei.
FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou na sexta-feira, 18, que se reuniu com dois candidatos à Presidência da Argentina, o libetário Javier Milei e a conservadora Patricia Bullrich, “para entender suas prioridades econômicas”.
O FMI acompanha de perto a corrida eleitoral no país sul-americano, com o qual assinou um programa de crédito em 2022. Pelo programa, a Argentina recebe US$ 44 bilhões (R$ 218,7 bilhões, na cotação atual) em 30 meses, em troca de o banco central aumentar suas reservas internacionais e o governo reduzir o déficit fiscal.
No setor economico, Milei acredita que a economia deve ser dolarizada e o Banco Central eliminado. O BC argentino é responsável por definir as taxas de juros e controlar uma das inflações mais altas do mundo (115% ao ano).
Dario Epstein, assessor econômico de Milei, afirmou na rede social X, antigo Twitter, que o candidato expôs sua visão e disse: “Nós não vamos dar um calote no FMI nem na dívida soberana”.
No início da semana, o FMI se reuniu com Bullrich, defensora da manutenção de uma economia bimonetária, com a moeda local, o peso, e o dólar.
Saiba mais sobre a Argentina
Luciano Laspina, assessor econômico de Bullrich, afirmou dias antes das primárias que “a Argentina precisa assinar um acordo com o FMI novamente, no mínimo, para evitar um calote ou atraso (nos pagamentos), e se esse acordo resultar em apoio financeiro, esses fundos devem ser usados para proteger as economias dos argentinos”.
Para o FMI, as reuniões virtuais “foram uma oportunidade para trocar pontos de vista sobre as perspectivas econômicas atuais da Argentina e compreender suas prioridades de política econômica”, disse um porta-voz da organização financeira, que pediu para não ser identificado./AFP