BUENOS AIRES - O presidente argentino, Javier Milei, referiu-se indiretamente ao brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva como “tirano” ao comentar sobre o bloqueio do X no País, que definiu como “ato de opressão”.
“Olhemos para o Brasil, onde a Justiça viciada no poder petista agora mesmo está proibindo o X”, disse ao Foro de Madri, organização da direita que estava reunida em Buenos Aires. “Querem proibir o espaço em que os cidadãos compartilham ideias livremente. Quem, senão um tirano, que está errado em tudo, pode aprovar tal ato de opressão”, questionou.
Dando sequência ao discurso, o argentino se voltou contra a imprensa brasileira. “Grande parte do jornalismo local, como não aguenta a liberdade das redes, clama e exige o velho formato do Twitter, que tinha a censura dos wokes”, disse, usando o termo que se popularizou na direita para apontar os progressistas.
“Clamam pelo direito a liberdade de expressão, mas só para eles e censura aos para os que pensam diferente”, disparou. “São de causar vômito, repugnantes, tentando falar de liberdade enquanto perseguem os que realmente defendem a liberdade”, concluiu.
O bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) se lançou num embate com o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que determinou o bloqueio da rede social no Brasil. A plataforma desobedeceu ordens para derrubar perfis de investigados, não pagou as multas e se recusou a nomear o representante legal para empresa, que fechou o escritório no Brasil.
No fim de semana, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, disse vê com preocupação que cada vez mais países restringem a livre expressão nas redes, sem mencionar o Brasil diretamente. Antes disso, Javier Milei se encontrou com Elon Musk nos EUA e ofereceu ajuda na crise com o ministro Alexandre de Moraes.
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Esse é mais um ponto de conflito entre Brasil e Argentina, que esfriaram as relações desde que Javier Milei chegou à Casa Rosada. Ele e o presidente Lula trocam farpas públicas, sem nunca ter se reunido pessoalmente desde a eleição.
Chamado de “corrupto”, “ladrão” e “comunista”, Lula disse que não conversou com Milei por achar que ele deveria se desculpar por “falar muita bobagem”. O argentino negou e dobrou a aposta. No mês seguinte, faltou à Cúpula do Mercosul e ignorou o presidente brasileiro na visita a Santa Catarina para o Conservative Political Action Conference (CPAC), cúpula da extrema direita liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.