VATICANO - O presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a encontrar o papa Francisco e o presenteou com doces. O encontro no Vaticano nesta segunda-feira, 12, visa estreitar a relação, desgastada pelos ataques que o libertário proferiu contra o líder católico durante a campanha.
Os argentinos Francisco e Milei se reuniram por uma hora e dez minutos no Palácio Apostólico.
Em um vídeo compartilhado pelo Vaticano, Javier Milei presenteia o papa com alfajores de chocolate amargo, biscoitos de limão e um cartão-postal em homenagem à Mama Antula, a primeira santa argentina. Em troca, ele recebeu um medalhão, com a pomba do Espírito Santo, como “símbolo de unidade, força e inspiração”, afirmou a Santa Sé.
Entre as questões que rodearam o encontro está o convite do presidente para que o papa visite a Argentina, seu país natal, pela primeira desde que foi escolhido para liderar a Igreja, em 2013. O Vaticano ainda não se pronunciou sobre a possível viagem.
Ontem, eles já haviam se encontrado pela primeira vez e se abraçado após a missão de canonização da beata Maria Antonia de Paz y Figueroa, conhecida como Mama Antula (1730 -1799), a primeira santa argentina.
Diferenças e insultos
Apesar do clima de cordialidade, o contexto é de diferenças ideológicas entre Javier Milei e o papa Francisco. O presidente, forte defensor do livre mercado, é a favor de um corte radical nos gastos públicos, ampla política de privatizações e intervenção mínima do Estado na economia. Já o pontífice afirma constantemente que os poderes públicos devem proteger os mais vulneráveis.
Durante a campanha, Milei chamou o papa “comunista” e “encarnação do maligno”. Mais recentemente, entretanto, baixou o tom e passou a ensaiar uma reaproximação, com o convite para que Francisco visite a Argentina. O pontífice minimizou os ataques, que atribuiu à disputa eleitoral.
Milei chegou a Roma na sexta-feira, vindo de Israel. Também nesta segunda-feira, ele se encontrou com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, e com a primeira-ministra Giorgia Meloni.
Para entender
Clima político na Argentina
Enquanto o presidente está em sua segunda agenda internacional desde a posse, em Buenos Aires, o governo enfrentou sua primeira grande crise com o fracasso do pacote com centenas reformas econômicas, políticas e administrativas que ficou conhecido como “Lei Ônibus”. Sem acordo para aprovar as privatizações, a Casa Rosada decidiu mandar o texto para a fase de comissões e a proposta voltou à estaca zero.
A pauta econômica também foi assunto do encontro com Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, depois da reunião com Francisco. “Durante as conversas cordiais na Secretaria de Estado”, foi discutido detalhadamente “o programa do novo Governo para enfrentar a crise econômica” na Argentina, afirmou um breve comunicado do Vaticano./AFP