Imagens divulgadas na internet de uma alemã residente no Iraque, de 61 anos, e seu filho de 20, com súplicas ao governo alemão, são estudadas pelo gabinete de crise no Ministério de Relações Exteriores da Alemanha. Os reféns são ameaçados de serem executados pelo grupo Brigadas das Setas da Justiça, em dez dias. O grupo insiste na retirada do Afeganistão das forças militares alemãs e austríacas. Hannelore Marianne K., residente no Iraque há décadas, e seu filho foram seqüestrados por desconhecidos no dia 6 de fevereiro em Bagdá. Nesta terça-feira, 3, os militantes deram um novo prazo de 10 dias para a Alemanha retirar suas tropas do Afeganistão, sob ameaça de matá-los. O grupo deixou vencer sem conseqüências um ultimato similar no dia 21 de março, sem que então dessem informação alguma sobre as vítimas. Súplicas Os dois foram capturados em sua casa na zona oeste de Bagdá no início de fevereiro. "Peço ao povo alemão para me ajudar em minha situação difícil", disse Krause, de acordo com a tradução em árabe de seus comentários. Somente algumas partes da declaração puderam ser ouvidas. "A Alemanha estava salva antes de envolver-se nesta coalizão satânica com a América contra o que chamam de terrorismo", disse Krause, que foi mostrada sentada no chão, perto do filho. A Alemanha, que foi contra a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003, tem cerca de 3 mil soldados no Afeganistão, como parte da força da Otan levada ao país depois que tropas internacionais, sob comando norte-americano, derrubaram o Taleban, em 2001, por ter dado abrigo a Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda. "Talvez pela última vez...eu peço. Talvez vocês possam ir aos jornais, organizar uma marcha de protesto, entrar em contato com gente que possa ajudá-los. Por favor, por favor, por favor", disse, falando para um filho e uma filha que moram na Alemanha. Em Berlim, uma porta-voz do Ministério de Relações Exteriores recusou-se a comentar o novo prazo final. Ela disse que a equipe do ministério responsável pela crise está trabalhando intensamente no caso. Um militante que também falou no vídeo, mas sem ser visto, disse: "Estamos dando ao governo alemão mais 10 dias para começar a retirar suas tropas do Afeganistão, ou podemos matar essa criminosa e seu filho, que trabalha no Ministério das Relações Exteriores do governo (do primeiro-ministro, Nuri-al) Maliki." Áustria O militante disse que a mulher foi alvo em parte por trabalhar na Embaixada austríaca em Bagdá. "A Áustria é um governo hostil ao Islã e aos muçulmanos e também tem tropas para matar nossas crianças no Afeganistão", disse. Krause disse no vídeo: "Exorto também a Áustria a apoiar-me, já que trabalhei muitos anos na seção comercial (austríaca)...a Áustria também tem tropas no Afeganistão e agora vou ser morta por causa disso. Peço por favor que me ajudem." A Áustria disse no mês passado que tinha cinco oficiais no Afeganistão e que não planejava mandar mais tropas. Krause é casada com um médico iraquiano e mudou-se para o Iraque há 40 anos. Seu filho, segundo relatos, está na casa dos 20 anos de idade e tem cidadania dupla -- alemã e iraquiana. O governo alemão reiterou várias vezes desde que começou o seqüestro que não pensa em se deixar chantagear, embora tente negociar com os responsáveis pelo seqüestro para conseguir sua libertação. Matéria ampliada às 09h18 para acréscimo de informações