JERUSALEM - O ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, visitou o local sagrado mais sensível de Jerusalém neste domingo, 21, declarando que Israel está no “comando”.
A visita ao local, chamado pelos judeus de Monte do Templo, considerado o local mais sagrado para o judaísmo, e pelos muçulmanos como a Esplanada das Mesquitas que abriga a mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado para o Islã, também atraiu notas de repudio de dois países da região que tem relações diplomáticas com Israel: Jordânia e Egito.
De acordo com o acordo vigente, judeus podem visitar o local, mas não rezar. Contudo, nos últimos anos um número crescente de visitantes judeus passaram a rezar em silencio, despertando temores entre palestinos de que o governo israelense tenha a intenção de dividir ou assumir o controle do local. Esta é uma demanda de Ben Gvir, que pede maior acesso judaico ao local.
“Estou feliz por subir ao Monte do Templo, o lugar mais importante para o povo israelense”, disse Ben-Gvir em uma declaração em vídeo feita durante sua visita, com o Domo da Rocha dourado do Islã ao fundo. Ele elogiou a presença da polícia no local, dizendo que “prova quem manda em Jerusalém”.
Autoridade Palestina repudia
O porta-voz presidencial palestino Nabil Abu Rudeineh chamou a visita de Ben-Gvir de um “ataque flagrante” à mesquita.
Jordan, que atua como guarda da mesquita, chamou a visita de “uma provocação e uma escalada perigosa e inaceitável”.
A visita ocorre dias depois de os israelenses comemorarem o Dia de Jerusalém, que celebra a captura de Israel de Jerusalém Oriental, incluindo a Cidade Velha, durante a chamada Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Saiba mais sobre as tensões envolvendo a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém
Nacionalistas com bandeiras de Israel passaram pela principal via do bairro árabe na Cidade Velha de Jerusalém, alguns cantando cantos racistas anti-árabes, enquanto centenas de judeus visitaram o sensível santuário no topo da colina, incluindo um ministro de baixo escalão do partido de Ben-Gvir.
Israel também capturou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza na guerra de 1967. Os palestinos buscam esses territórios para um futuro Estado independente, com Jerusalém Oriental como capital. A comunidade internacional não reconhece os territórios como parte de Israel, mas o país considera a cidade como sua capital.
Netanyahu
Mais tarde no domingo, o gabinete do primeiro-ministro Benyamin Netanyahu realizou uma sessão especial para marcar o Dia de Jerusalém em um sítio arqueológico perto da área principal do Muro das Lamentações, o local mais sagrado onde os judeus podem orar.
Na reunião, Netanyahu reafirmou a reivindicação de Israel sobre toda Jerusalém. Ele se gabou de resistir à pressão internacional para dividir a cidade e disse que apenas um governo israelense de direita poderia garantir o controle israelense contínuo.
“Ainda há aqueles que querem dividir Jerusalém e dizem isso abertamente”, disse ele. “Somente um governo liderado por nós conseguirá garantir uma Jerusalém forte e unida.”
Ele não mencionou a visita de Ben-Gvir - a segunda visita pública do ministro ao local desde que assumiu o cargo.
Tensões no complexo contribuíram para escalada de violência
Netanyahu formou seu governo, o mais direitista da história de Israel, em dezembro do ano passado. O governo, que inclui um grupo de partidos nacionalistas ultraortodoxos e de extrema-direita, fez da construção de assentamentos na Cisjordânia uma prioridade máxima.
A maior parte da comunidade internacional considera os assentamentos israelenses, que abrigam 700.000 pessoas na Cisjordânia ocupada e na parte oriental Jerusalém, ilegais e obstáculos à paz.
Em março, o governo revogou uma lei de 2005 que desmantelava quatro assentamentos na Cisjordânia. No fim de semana, o principal general do exército israelense na Cisjordânia assinou uma ordem anexando o assentamento evacuado de Homesh a um conselho regional de colonos locais.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, outro líder de colonos, elogiou a ação do general, dizendo que abriria caminho para a reconstrução de um seminário judaico no local.
A violência entre Israel e os palestinos na Cisjordânia aumentou no ano passado, quando Israel expandiu ataques quase noturnos em resposta a uma série de ataques palestinos.
No início deste mês, combates também eclodiram entre Israel e militantes na Faixa de Gaza. Ataques israelenses mataram 33 pessoas, muitos deles militantes, mas também mulheres e crianças, e duas pessoas foram mortas em Israel por foguetes que vieram da Faixa de Gaza./AP