Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira, 1, o envio de sistemas avançados de mísseis para a Ucrânia. O HIMARS (High Mobility Artillery Rocket System) é uma unidade móvel que pode fazer vários lançamentos de mísseis guiados e permitirá à Ucrânia atingir com mais precisão seus principais alvos no campo de batalha. Para alguns analistas, ele pode ser um divisor de águas na guerra.
Entenda como o sistema funciona e sua importância neste momento:
Como funciona o sistema que os EUA fornecerão?
A unidade enviada pelos Estados Unidos é uma versão modernizada do sistema M142 Himars, montada em um sistema de rodas ágil e mais leve que a versão rastreada do M270 MLRS desenvolvida na década de 1970.
O sistema Himars terá um alcance médio de 80 quilômetros com uma bateria pré-carregada de seis mísseis guiados de 227 mm (os M270 têm dois), ou alternativamente uma carga útil de mísseis táticos ATACMS, segundo autoridades dos EUA.
Um pequeno grupo pode operar os Himars e trocar uma carga de mísseis disparados e montar uma nova em minutos, sem a ajuda de outros veículos.
O anúncio não detalhou quantos desses sistemas seriam entregues à Ucrânia.
Por que eles são tão valiosos?
O MLRS dará à Ucrânia a capacidade de atacar alvos russos atrás das linhas inimigas e de posições mais distantes e melhor protegidas das próprias armas de longo alcance da Rússia.
Os mísseis guiados por GPS disparados pelos Himars têm um alcance quase o dobro dos obuses M777, recentemente entregues à Ucrânia.
Esse alcance de quase 80 kms livra os Himars da artilharia inimiga, enquanto coloca as baterias russas em risco.
Esse sistema também pode colocar em risco os suprimentos russos que sofrem de deficiências logísticas.
Os Estados Unidos não fornecerão os sistemas ATACMS, cujo alcance chega a 300 quilômetros.
Alguns analistas dizem que os Himars podem ser um “divisor de águas” na guerra, em um momento em que a Ucrânia parece estar sofrendo sob a feroz artilharia russa.
Por que Washington está limitando seu alcance?
Desde o início da invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, os Estados Unidos têm sido muito cuidadosos em não apoiar Kiev com ações que poderiam levar Moscou a levar a guerra além das fronteiras da Ucrânia.
Isso inclui não endossar abertamente os ataques ucranianos dentro da Rússia. Várias vezes Kiev usou seus próprios foguetes, drones e helicópteros para atingir alvos de curto alcance perto das províncias de Kursk e Belgorod.
Se os Estados Unidos fornecessem os mísseis ATACMS para uso nos Himars, eles poderiam teoricamente dar-lhes a capacidade de atacar grandes centros urbanos e bases militares russas.
Os “ucranianos deram garantias de que não usarão esses sistemas contra o território russo”, disse um funcionário dos EUA. /AFP