Morte de Berlusconi abre caminho para mudanças no equilíbrio de poder da política italiana


Meloni deve cortejar órfãos do ex-premiê no partido fundado por ele, num momento em que a presença feminina na política aumenta no país

ROMA - A morte de Silvio Berlusconi na última segunda, 13, deixa seu partido, o Forza Italia, sem seu líder e fundador, e eleitores do ex-premiê podem fortalecer os demais partidos de direita da coalizão da primeira-ministra Georgia Meloni, num momento em que as mulheres ganham protagonismo na política italiana.

Apesar de enfraquecida quando comparada à era em que o ex-premiê governou o país, o Forza Italia, com 8% da preferência na última eleição, aporta votos importantes para o gabinete de Meloni e agora se vê órfão do fiador da aliança de governo.

Agora, o destino do Forza Italia é incerto, e seu controle pessoal sobre o partido o torna vulnerável em sua morte, dizem os especialistas.

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“Se o partido permanecer, então o governo está bem. Mas se o partido começar a se desintegrar, é preciso ver para onde vão essas pessoas”, disse Roberto D’Alimonte, cientista político que escreve para o Il Sole 24 Ore. “Meloni precisa desses votos no Senado e na Câmara. Meloni não pode prescindir desses 8%.”

Meloni e Berlusconi durante negociação da formação da coalizão, no ano passado Foto: Gregorio Borgia/ AP

Nas eleições do ano passado que levaram Giorgia Meloni ao poder, o movimento Forza Italia encolheu para 8% dos votos, enfraquecido pela ausência forçada de Berlusconi da política por seis anos devido a uma condenação por fraude fiscal em 2012.

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A força do partido sempre foi a imagem espelhada de Berlusconi, cujo poder e empatia foram lembrados até por seus críticos e oponentes.Ainda assim, poucos esperam que o governo enfrente ameaças imediatas, mesmo que o partido se fragmente.

A maioria dos votos da Forza Italia migraria para a direita, para o partido Fratelli D’Italia de Meloni ou a Lega, de Matteo Salvini, com uma porcentagem menor desertando para o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que agora lidera um pequeno partido de centro.

“Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, não acho que haja perigo para o governo, que é muito forte”, disse Orsina. “Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, essas pessoas não têm para onde ir.”

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Mulheres no poder

O ocaso de Berlusconi, conhecido pelas posições machistas e escândalos sexuais, ocorre num momento em que as mulheres estão em ascensão na política italiana, – com a direitista Giorgia Meloni, no ano passado, se tornando a primeira-ministra da Itália, e Elly Schlein, eleita este ano, como a primeira mulher a liderar a oposição de centro-esquerda.

Mariangela Zappia atua como a primeira embaixadora da Itália nos Estados Unidos, o que significa que três dos cargos mais importantes da política e diplomacia italianas agora são ocupados por mulheres.

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As mulheres italianas também estão ocupando outros cargos de poder, incluindo a atual chefe dos serviços de segurança italianos.

Em março, Margherita Cassano foi nomeada a primeira mulher chefe da Suprema Corte da Itália. Silvana Sciarra tornou-se a segunda chefe feminina do Tribunal Constitucional da Itália.

“Acho que este é um momento histórico em nosso país”, disse Elena Bonetti, matemática e legisladora nacional. “A presença de mulheres (como primeira-ministra) e chefe do principal partido da oposição representa uma mudança de época: a liderança feminina. Nunca subiu com tanto poder e visibilidade. É um processo de normalização da nossa democracia. É o resultado de batalhas e passos dados ao longo dos anos. É uma revolução.”, afirma Bonetti.

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Contrapartida

Os governadores de todas as 20 regiões da Itália, exceto uma, são homens, assim como os presidentes do Senado e da câmara baixa do Parlamento, e a impressionante ascensão de Meloni não ocorreu por romper com o antigo clube dos meninos, mas por aprender a prosperar dentro dele e ser parte comum.

Ela ascendeu na hierarquia do partido de direita Irmãos da Itália como defensora dos papéis tradicionais de gênero e conquistou o cargo de primeira-ministra em uma coalizão com o decadente partido de Berlusconi.

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Meloni, mãe solteira, procurou encorajar as mulheres italianas a reverter o declínio populacional tendo mais filhos, e defendeu posições cristãs conservadoras sobre o aborto e os direitos LGBTQ.

“Meloni é sexista (também)”, disse Rosi Braidotti, uma estudiosa feminista italiana. “Veja como poucas mulheres ela promove … Meloni não se importa com o mérito e o status da mulher, porque está convencida de sua excepcionalidade, como costumam ser as mulheres de direita. … Cuidar das mães e da taxa de natalidade, com certeza. Mas para as mulheres, nada.”, afirma Braidotti/ AP E W. Post

ROMA - A morte de Silvio Berlusconi na última segunda, 13, deixa seu partido, o Forza Italia, sem seu líder e fundador, e eleitores do ex-premiê podem fortalecer os demais partidos de direita da coalizão da primeira-ministra Georgia Meloni, num momento em que as mulheres ganham protagonismo na política italiana.

Apesar de enfraquecida quando comparada à era em que o ex-premiê governou o país, o Forza Italia, com 8% da preferência na última eleição, aporta votos importantes para o gabinete de Meloni e agora se vê órfão do fiador da aliança de governo.

Agora, o destino do Forza Italia é incerto, e seu controle pessoal sobre o partido o torna vulnerável em sua morte, dizem os especialistas.

“Se o partido permanecer, então o governo está bem. Mas se o partido começar a se desintegrar, é preciso ver para onde vão essas pessoas”, disse Roberto D’Alimonte, cientista político que escreve para o Il Sole 24 Ore. “Meloni precisa desses votos no Senado e na Câmara. Meloni não pode prescindir desses 8%.”

Meloni e Berlusconi durante negociação da formação da coalizão, no ano passado Foto: Gregorio Borgia/ AP

Nas eleições do ano passado que levaram Giorgia Meloni ao poder, o movimento Forza Italia encolheu para 8% dos votos, enfraquecido pela ausência forçada de Berlusconi da política por seis anos devido a uma condenação por fraude fiscal em 2012.

A força do partido sempre foi a imagem espelhada de Berlusconi, cujo poder e empatia foram lembrados até por seus críticos e oponentes.Ainda assim, poucos esperam que o governo enfrente ameaças imediatas, mesmo que o partido se fragmente.

A maioria dos votos da Forza Italia migraria para a direita, para o partido Fratelli D’Italia de Meloni ou a Lega, de Matteo Salvini, com uma porcentagem menor desertando para o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que agora lidera um pequeno partido de centro.

“Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, não acho que haja perigo para o governo, que é muito forte”, disse Orsina. “Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, essas pessoas não têm para onde ir.”

Mulheres no poder

O ocaso de Berlusconi, conhecido pelas posições machistas e escândalos sexuais, ocorre num momento em que as mulheres estão em ascensão na política italiana, – com a direitista Giorgia Meloni, no ano passado, se tornando a primeira-ministra da Itália, e Elly Schlein, eleita este ano, como a primeira mulher a liderar a oposição de centro-esquerda.

Mariangela Zappia atua como a primeira embaixadora da Itália nos Estados Unidos, o que significa que três dos cargos mais importantes da política e diplomacia italianas agora são ocupados por mulheres.

As mulheres italianas também estão ocupando outros cargos de poder, incluindo a atual chefe dos serviços de segurança italianos.

Em março, Margherita Cassano foi nomeada a primeira mulher chefe da Suprema Corte da Itália. Silvana Sciarra tornou-se a segunda chefe feminina do Tribunal Constitucional da Itália.

“Acho que este é um momento histórico em nosso país”, disse Elena Bonetti, matemática e legisladora nacional. “A presença de mulheres (como primeira-ministra) e chefe do principal partido da oposição representa uma mudança de época: a liderança feminina. Nunca subiu com tanto poder e visibilidade. É um processo de normalização da nossa democracia. É o resultado de batalhas e passos dados ao longo dos anos. É uma revolução.”, afirma Bonetti.

Contrapartida

Os governadores de todas as 20 regiões da Itália, exceto uma, são homens, assim como os presidentes do Senado e da câmara baixa do Parlamento, e a impressionante ascensão de Meloni não ocorreu por romper com o antigo clube dos meninos, mas por aprender a prosperar dentro dele e ser parte comum.

Ela ascendeu na hierarquia do partido de direita Irmãos da Itália como defensora dos papéis tradicionais de gênero e conquistou o cargo de primeira-ministra em uma coalizão com o decadente partido de Berlusconi.

Meloni, mãe solteira, procurou encorajar as mulheres italianas a reverter o declínio populacional tendo mais filhos, e defendeu posições cristãs conservadoras sobre o aborto e os direitos LGBTQ.

“Meloni é sexista (também)”, disse Rosi Braidotti, uma estudiosa feminista italiana. “Veja como poucas mulheres ela promove … Meloni não se importa com o mérito e o status da mulher, porque está convencida de sua excepcionalidade, como costumam ser as mulheres de direita. … Cuidar das mães e da taxa de natalidade, com certeza. Mas para as mulheres, nada.”, afirma Braidotti/ AP E W. Post

ROMA - A morte de Silvio Berlusconi na última segunda, 13, deixa seu partido, o Forza Italia, sem seu líder e fundador, e eleitores do ex-premiê podem fortalecer os demais partidos de direita da coalizão da primeira-ministra Georgia Meloni, num momento em que as mulheres ganham protagonismo na política italiana.

Apesar de enfraquecida quando comparada à era em que o ex-premiê governou o país, o Forza Italia, com 8% da preferência na última eleição, aporta votos importantes para o gabinete de Meloni e agora se vê órfão do fiador da aliança de governo.

Agora, o destino do Forza Italia é incerto, e seu controle pessoal sobre o partido o torna vulnerável em sua morte, dizem os especialistas.

“Se o partido permanecer, então o governo está bem. Mas se o partido começar a se desintegrar, é preciso ver para onde vão essas pessoas”, disse Roberto D’Alimonte, cientista político que escreve para o Il Sole 24 Ore. “Meloni precisa desses votos no Senado e na Câmara. Meloni não pode prescindir desses 8%.”

Meloni e Berlusconi durante negociação da formação da coalizão, no ano passado Foto: Gregorio Borgia/ AP

Nas eleições do ano passado que levaram Giorgia Meloni ao poder, o movimento Forza Italia encolheu para 8% dos votos, enfraquecido pela ausência forçada de Berlusconi da política por seis anos devido a uma condenação por fraude fiscal em 2012.

A força do partido sempre foi a imagem espelhada de Berlusconi, cujo poder e empatia foram lembrados até por seus críticos e oponentes.Ainda assim, poucos esperam que o governo enfrente ameaças imediatas, mesmo que o partido se fragmente.

A maioria dos votos da Forza Italia migraria para a direita, para o partido Fratelli D’Italia de Meloni ou a Lega, de Matteo Salvini, com uma porcentagem menor desertando para o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que agora lidera um pequeno partido de centro.

“Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, não acho que haja perigo para o governo, que é muito forte”, disse Orsina. “Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, essas pessoas não têm para onde ir.”

Mulheres no poder

O ocaso de Berlusconi, conhecido pelas posições machistas e escândalos sexuais, ocorre num momento em que as mulheres estão em ascensão na política italiana, – com a direitista Giorgia Meloni, no ano passado, se tornando a primeira-ministra da Itália, e Elly Schlein, eleita este ano, como a primeira mulher a liderar a oposição de centro-esquerda.

Mariangela Zappia atua como a primeira embaixadora da Itália nos Estados Unidos, o que significa que três dos cargos mais importantes da política e diplomacia italianas agora são ocupados por mulheres.

As mulheres italianas também estão ocupando outros cargos de poder, incluindo a atual chefe dos serviços de segurança italianos.

Em março, Margherita Cassano foi nomeada a primeira mulher chefe da Suprema Corte da Itália. Silvana Sciarra tornou-se a segunda chefe feminina do Tribunal Constitucional da Itália.

“Acho que este é um momento histórico em nosso país”, disse Elena Bonetti, matemática e legisladora nacional. “A presença de mulheres (como primeira-ministra) e chefe do principal partido da oposição representa uma mudança de época: a liderança feminina. Nunca subiu com tanto poder e visibilidade. É um processo de normalização da nossa democracia. É o resultado de batalhas e passos dados ao longo dos anos. É uma revolução.”, afirma Bonetti.

Contrapartida

Os governadores de todas as 20 regiões da Itália, exceto uma, são homens, assim como os presidentes do Senado e da câmara baixa do Parlamento, e a impressionante ascensão de Meloni não ocorreu por romper com o antigo clube dos meninos, mas por aprender a prosperar dentro dele e ser parte comum.

Ela ascendeu na hierarquia do partido de direita Irmãos da Itália como defensora dos papéis tradicionais de gênero e conquistou o cargo de primeira-ministra em uma coalizão com o decadente partido de Berlusconi.

Meloni, mãe solteira, procurou encorajar as mulheres italianas a reverter o declínio populacional tendo mais filhos, e defendeu posições cristãs conservadoras sobre o aborto e os direitos LGBTQ.

“Meloni é sexista (também)”, disse Rosi Braidotti, uma estudiosa feminista italiana. “Veja como poucas mulheres ela promove … Meloni não se importa com o mérito e o status da mulher, porque está convencida de sua excepcionalidade, como costumam ser as mulheres de direita. … Cuidar das mães e da taxa de natalidade, com certeza. Mas para as mulheres, nada.”, afirma Braidotti/ AP E W. Post

ROMA - A morte de Silvio Berlusconi na última segunda, 13, deixa seu partido, o Forza Italia, sem seu líder e fundador, e eleitores do ex-premiê podem fortalecer os demais partidos de direita da coalizão da primeira-ministra Georgia Meloni, num momento em que as mulheres ganham protagonismo na política italiana.

Apesar de enfraquecida quando comparada à era em que o ex-premiê governou o país, o Forza Italia, com 8% da preferência na última eleição, aporta votos importantes para o gabinete de Meloni e agora se vê órfão do fiador da aliança de governo.

Agora, o destino do Forza Italia é incerto, e seu controle pessoal sobre o partido o torna vulnerável em sua morte, dizem os especialistas.

“Se o partido permanecer, então o governo está bem. Mas se o partido começar a se desintegrar, é preciso ver para onde vão essas pessoas”, disse Roberto D’Alimonte, cientista político que escreve para o Il Sole 24 Ore. “Meloni precisa desses votos no Senado e na Câmara. Meloni não pode prescindir desses 8%.”

Meloni e Berlusconi durante negociação da formação da coalizão, no ano passado Foto: Gregorio Borgia/ AP

Nas eleições do ano passado que levaram Giorgia Meloni ao poder, o movimento Forza Italia encolheu para 8% dos votos, enfraquecido pela ausência forçada de Berlusconi da política por seis anos devido a uma condenação por fraude fiscal em 2012.

A força do partido sempre foi a imagem espelhada de Berlusconi, cujo poder e empatia foram lembrados até por seus críticos e oponentes.Ainda assim, poucos esperam que o governo enfrente ameaças imediatas, mesmo que o partido se fragmente.

A maioria dos votos da Forza Italia migraria para a direita, para o partido Fratelli D’Italia de Meloni ou a Lega, de Matteo Salvini, com uma porcentagem menor desertando para o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que agora lidera um pequeno partido de centro.

“Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, não acho que haja perigo para o governo, que é muito forte”, disse Orsina. “Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, essas pessoas não têm para onde ir.”

Mulheres no poder

O ocaso de Berlusconi, conhecido pelas posições machistas e escândalos sexuais, ocorre num momento em que as mulheres estão em ascensão na política italiana, – com a direitista Giorgia Meloni, no ano passado, se tornando a primeira-ministra da Itália, e Elly Schlein, eleita este ano, como a primeira mulher a liderar a oposição de centro-esquerda.

Mariangela Zappia atua como a primeira embaixadora da Itália nos Estados Unidos, o que significa que três dos cargos mais importantes da política e diplomacia italianas agora são ocupados por mulheres.

As mulheres italianas também estão ocupando outros cargos de poder, incluindo a atual chefe dos serviços de segurança italianos.

Em março, Margherita Cassano foi nomeada a primeira mulher chefe da Suprema Corte da Itália. Silvana Sciarra tornou-se a segunda chefe feminina do Tribunal Constitucional da Itália.

“Acho que este é um momento histórico em nosso país”, disse Elena Bonetti, matemática e legisladora nacional. “A presença de mulheres (como primeira-ministra) e chefe do principal partido da oposição representa uma mudança de época: a liderança feminina. Nunca subiu com tanto poder e visibilidade. É um processo de normalização da nossa democracia. É o resultado de batalhas e passos dados ao longo dos anos. É uma revolução.”, afirma Bonetti.

Contrapartida

Os governadores de todas as 20 regiões da Itália, exceto uma, são homens, assim como os presidentes do Senado e da câmara baixa do Parlamento, e a impressionante ascensão de Meloni não ocorreu por romper com o antigo clube dos meninos, mas por aprender a prosperar dentro dele e ser parte comum.

Ela ascendeu na hierarquia do partido de direita Irmãos da Itália como defensora dos papéis tradicionais de gênero e conquistou o cargo de primeira-ministra em uma coalizão com o decadente partido de Berlusconi.

Meloni, mãe solteira, procurou encorajar as mulheres italianas a reverter o declínio populacional tendo mais filhos, e defendeu posições cristãs conservadoras sobre o aborto e os direitos LGBTQ.

“Meloni é sexista (também)”, disse Rosi Braidotti, uma estudiosa feminista italiana. “Veja como poucas mulheres ela promove … Meloni não se importa com o mérito e o status da mulher, porque está convencida de sua excepcionalidade, como costumam ser as mulheres de direita. … Cuidar das mães e da taxa de natalidade, com certeza. Mas para as mulheres, nada.”, afirma Braidotti/ AP E W. Post

ROMA - A morte de Silvio Berlusconi na última segunda, 13, deixa seu partido, o Forza Italia, sem seu líder e fundador, e eleitores do ex-premiê podem fortalecer os demais partidos de direita da coalizão da primeira-ministra Georgia Meloni, num momento em que as mulheres ganham protagonismo na política italiana.

Apesar de enfraquecida quando comparada à era em que o ex-premiê governou o país, o Forza Italia, com 8% da preferência na última eleição, aporta votos importantes para o gabinete de Meloni e agora se vê órfão do fiador da aliança de governo.

Agora, o destino do Forza Italia é incerto, e seu controle pessoal sobre o partido o torna vulnerável em sua morte, dizem os especialistas.

“Se o partido permanecer, então o governo está bem. Mas se o partido começar a se desintegrar, é preciso ver para onde vão essas pessoas”, disse Roberto D’Alimonte, cientista político que escreve para o Il Sole 24 Ore. “Meloni precisa desses votos no Senado e na Câmara. Meloni não pode prescindir desses 8%.”

Meloni e Berlusconi durante negociação da formação da coalizão, no ano passado Foto: Gregorio Borgia/ AP

Nas eleições do ano passado que levaram Giorgia Meloni ao poder, o movimento Forza Italia encolheu para 8% dos votos, enfraquecido pela ausência forçada de Berlusconi da política por seis anos devido a uma condenação por fraude fiscal em 2012.

A força do partido sempre foi a imagem espelhada de Berlusconi, cujo poder e empatia foram lembrados até por seus críticos e oponentes.Ainda assim, poucos esperam que o governo enfrente ameaças imediatas, mesmo que o partido se fragmente.

A maioria dos votos da Forza Italia migraria para a direita, para o partido Fratelli D’Italia de Meloni ou a Lega, de Matteo Salvini, com uma porcentagem menor desertando para o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que agora lidera um pequeno partido de centro.

“Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, não acho que haja perigo para o governo, que é muito forte”, disse Orsina. “Aconteça o que acontecer com o Forza Italia, essas pessoas não têm para onde ir.”

Mulheres no poder

O ocaso de Berlusconi, conhecido pelas posições machistas e escândalos sexuais, ocorre num momento em que as mulheres estão em ascensão na política italiana, – com a direitista Giorgia Meloni, no ano passado, se tornando a primeira-ministra da Itália, e Elly Schlein, eleita este ano, como a primeira mulher a liderar a oposição de centro-esquerda.

Mariangela Zappia atua como a primeira embaixadora da Itália nos Estados Unidos, o que significa que três dos cargos mais importantes da política e diplomacia italianas agora são ocupados por mulheres.

As mulheres italianas também estão ocupando outros cargos de poder, incluindo a atual chefe dos serviços de segurança italianos.

Em março, Margherita Cassano foi nomeada a primeira mulher chefe da Suprema Corte da Itália. Silvana Sciarra tornou-se a segunda chefe feminina do Tribunal Constitucional da Itália.

“Acho que este é um momento histórico em nosso país”, disse Elena Bonetti, matemática e legisladora nacional. “A presença de mulheres (como primeira-ministra) e chefe do principal partido da oposição representa uma mudança de época: a liderança feminina. Nunca subiu com tanto poder e visibilidade. É um processo de normalização da nossa democracia. É o resultado de batalhas e passos dados ao longo dos anos. É uma revolução.”, afirma Bonetti.

Contrapartida

Os governadores de todas as 20 regiões da Itália, exceto uma, são homens, assim como os presidentes do Senado e da câmara baixa do Parlamento, e a impressionante ascensão de Meloni não ocorreu por romper com o antigo clube dos meninos, mas por aprender a prosperar dentro dele e ser parte comum.

Ela ascendeu na hierarquia do partido de direita Irmãos da Itália como defensora dos papéis tradicionais de gênero e conquistou o cargo de primeira-ministra em uma coalizão com o decadente partido de Berlusconi.

Meloni, mãe solteira, procurou encorajar as mulheres italianas a reverter o declínio populacional tendo mais filhos, e defendeu posições cristãs conservadoras sobre o aborto e os direitos LGBTQ.

“Meloni é sexista (também)”, disse Rosi Braidotti, uma estudiosa feminista italiana. “Veja como poucas mulheres ela promove … Meloni não se importa com o mérito e o status da mulher, porque está convencida de sua excepcionalidade, como costumam ser as mulheres de direita. … Cuidar das mães e da taxa de natalidade, com certeza. Mas para as mulheres, nada.”, afirma Braidotti/ AP E W. Post

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