Análise|Movimento ao centro de trabalhistas no Reino Unido levou à derrota histórica dos conservadores


Enquanto extrema direita avança na Europa, Keir Starmer levou partido ao centro e capturou insatisfação com crises políticas e econômicas

Por Jéssica Petrovna
Atualização:

O Partido Conservador sofreu uma derrota esmagadora e deixará o poder no Reino Unido após 14 anos, aponta a boca de urna. Com isso, sai de cena Rishi Sunak e entra Keir Starmer, líder trabalhista que expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foi esse movimento, dizem analistas, que levou o eleitor frustrado com o governo a migrar para o trabalhismo moderado no momento em que a onda da direita radical avança na Europa.

“Desde o começo do século a Inglaterra alterna períodos entre trabalhistas e conservadores. Ora punindo um, ora punindo outro. A grande diferença agora é que esse não é um trabalhista típico. Ele não fazia só oposição ao governo, fazia oposição também dentro do próprio partido”, afirma o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan.

Longe de ser um revolucionário, Starmer apresentou um programa de governo que buscava, segundo analistas, acomodar os britânicos e responder aos problemas reais do Reino Unido. E são muitos: com a economia estagnada e o aumento da inflação, as pessoas reclamam que a vida piorou. Enquanto isso, o governo conservador patinava em crises políticas.

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Partido Trabalhista, de centro-esquerda, obteve uma maioria histórica no Parlamento britânico nesta quinta-feira, 4, de acordo com projeções de boca de urna. Foto: Alberto Pezzali/AP

“Os trabalhistas conseguiram entender essas necessidades da população britânica e fazer uma campanha de respostas, uma campanha realista”, afirma o analista Roberto Uebel.

“Isso se deve também, em certa medida, ao fato de que o trabalhistas conseguiram sair da aura de extrema esquerda e vieram para o centro. Hoje, é um partido de centro-esquerda que conseguiu frear, inclusive, o avanço da extrema direita no Reino Unido ao conseguir criar uma oposição a esse partido conservador fragmentado, perdido entre os valores liberais na economia e as pautas mais conservadoras.”

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O resultado é que os trabalhistas devem mais que dobrar de bancada, conquistando 410 dos 650 assentos no Parlamento Britânico. É a melhor votação do partido desde Tony Blair, em 1997. Um abalado partido conservador vem atrás com 131 deputados na Câmara dos Comuns (pouco mais de um terço do que elegeu na última eleição).

O Liberal Democrata, de centro, cresceu de 11 para 61 e é seguido pelo Partido Reformista Britânico (Reform UK), da direita radical liderada por Nigel Farage, com 13 deputados eleitos, segundo as projeções. “O eleitor não sinalizou uma saída pela direita. O grande voto de descontentamento com os conservadores migrou para um trabalhista moderado e não para a extrema direita”, avalia Trevisan.

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Com essa plataforma mais moderada, é possível que Starmer busque algum nível de reaproximação com a União Europeia em política mais aberta à integração com parceiros tradicionais do Reino Unido. Isso não significaria, no entanto, o fim do Brexit. Depois de uma separação complexa — e burocrática — os britânicos devem permanecer fora do bloco.

O próprio líder trabalhista declarou na véspera da eleição: “Tenho sido muito claro, não vou votar a aderir à União Europeia”. Essa foi uma das declarações mais enfáticas de Starmer sobre o Brexit, assunto que evitou durante a campanha.

Na última eleição, o então líder trabalhista Jeremy Corbyn, hoje independente, propôs um novo referendo e foi derrotado por Boris Johnson que tinha como slogan “Get Brexit Done”.

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“Eu acho que poderíamos conseguir um acordo melhor do que o acordo malfeito que conseguimos sob Boris Johnson na frente comercial, em pesquisa e desenvolvimento e em segurança”, acrescentou Starmer quando estava mais confortável com a liderança nas pesquisas e passou a falar mais abertamente .

Keir Starmer, na liderança do Partido Trabalhista, expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foto: James Manning/AP

Seu foco, dizem analistas, devem ser as questões domésticas enquanto observa com cautela o que acontece do outro lado do Atlântico, com a eleição entre Joe Biden e Donald Trump nos Estados Unidos — parceiro que os trabalhistas reconhecem como “indispensável”.

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Enquanto isso, resta aos conservadores tentar se recuperar da derrota — a pior na história do partido. “O Partido Conservador terá que se reinventar nos próximos enquanto partido de oposição, de minoria, mas que ainda representa a segunda maior força política no país. Terá que mapear esse eleitorado para entender qual vai ser a cara nova desse partido”, afirma Uebel.

O Partido Conservador sofreu uma derrota esmagadora e deixará o poder no Reino Unido após 14 anos, aponta a boca de urna. Com isso, sai de cena Rishi Sunak e entra Keir Starmer, líder trabalhista que expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foi esse movimento, dizem analistas, que levou o eleitor frustrado com o governo a migrar para o trabalhismo moderado no momento em que a onda da direita radical avança na Europa.

“Desde o começo do século a Inglaterra alterna períodos entre trabalhistas e conservadores. Ora punindo um, ora punindo outro. A grande diferença agora é que esse não é um trabalhista típico. Ele não fazia só oposição ao governo, fazia oposição também dentro do próprio partido”, afirma o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan.

Longe de ser um revolucionário, Starmer apresentou um programa de governo que buscava, segundo analistas, acomodar os britânicos e responder aos problemas reais do Reino Unido. E são muitos: com a economia estagnada e o aumento da inflação, as pessoas reclamam que a vida piorou. Enquanto isso, o governo conservador patinava em crises políticas.

Partido Trabalhista, de centro-esquerda, obteve uma maioria histórica no Parlamento britânico nesta quinta-feira, 4, de acordo com projeções de boca de urna. Foto: Alberto Pezzali/AP

“Os trabalhistas conseguiram entender essas necessidades da população britânica e fazer uma campanha de respostas, uma campanha realista”, afirma o analista Roberto Uebel.

“Isso se deve também, em certa medida, ao fato de que o trabalhistas conseguiram sair da aura de extrema esquerda e vieram para o centro. Hoje, é um partido de centro-esquerda que conseguiu frear, inclusive, o avanço da extrema direita no Reino Unido ao conseguir criar uma oposição a esse partido conservador fragmentado, perdido entre os valores liberais na economia e as pautas mais conservadoras.”

O resultado é que os trabalhistas devem mais que dobrar de bancada, conquistando 410 dos 650 assentos no Parlamento Britânico. É a melhor votação do partido desde Tony Blair, em 1997. Um abalado partido conservador vem atrás com 131 deputados na Câmara dos Comuns (pouco mais de um terço do que elegeu na última eleição).

O Liberal Democrata, de centro, cresceu de 11 para 61 e é seguido pelo Partido Reformista Britânico (Reform UK), da direita radical liderada por Nigel Farage, com 13 deputados eleitos, segundo as projeções. “O eleitor não sinalizou uma saída pela direita. O grande voto de descontentamento com os conservadores migrou para um trabalhista moderado e não para a extrema direita”, avalia Trevisan.

Com essa plataforma mais moderada, é possível que Starmer busque algum nível de reaproximação com a União Europeia em política mais aberta à integração com parceiros tradicionais do Reino Unido. Isso não significaria, no entanto, o fim do Brexit. Depois de uma separação complexa — e burocrática — os britânicos devem permanecer fora do bloco.

O próprio líder trabalhista declarou na véspera da eleição: “Tenho sido muito claro, não vou votar a aderir à União Europeia”. Essa foi uma das declarações mais enfáticas de Starmer sobre o Brexit, assunto que evitou durante a campanha.

Na última eleição, o então líder trabalhista Jeremy Corbyn, hoje independente, propôs um novo referendo e foi derrotado por Boris Johnson que tinha como slogan “Get Brexit Done”.

“Eu acho que poderíamos conseguir um acordo melhor do que o acordo malfeito que conseguimos sob Boris Johnson na frente comercial, em pesquisa e desenvolvimento e em segurança”, acrescentou Starmer quando estava mais confortável com a liderança nas pesquisas e passou a falar mais abertamente .

Keir Starmer, na liderança do Partido Trabalhista, expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foto: James Manning/AP

Seu foco, dizem analistas, devem ser as questões domésticas enquanto observa com cautela o que acontece do outro lado do Atlântico, com a eleição entre Joe Biden e Donald Trump nos Estados Unidos — parceiro que os trabalhistas reconhecem como “indispensável”.

Enquanto isso, resta aos conservadores tentar se recuperar da derrota — a pior na história do partido. “O Partido Conservador terá que se reinventar nos próximos enquanto partido de oposição, de minoria, mas que ainda representa a segunda maior força política no país. Terá que mapear esse eleitorado para entender qual vai ser a cara nova desse partido”, afirma Uebel.

O Partido Conservador sofreu uma derrota esmagadora e deixará o poder no Reino Unido após 14 anos, aponta a boca de urna. Com isso, sai de cena Rishi Sunak e entra Keir Starmer, líder trabalhista que expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foi esse movimento, dizem analistas, que levou o eleitor frustrado com o governo a migrar para o trabalhismo moderado no momento em que a onda da direita radical avança na Europa.

“Desde o começo do século a Inglaterra alterna períodos entre trabalhistas e conservadores. Ora punindo um, ora punindo outro. A grande diferença agora é que esse não é um trabalhista típico. Ele não fazia só oposição ao governo, fazia oposição também dentro do próprio partido”, afirma o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan.

Longe de ser um revolucionário, Starmer apresentou um programa de governo que buscava, segundo analistas, acomodar os britânicos e responder aos problemas reais do Reino Unido. E são muitos: com a economia estagnada e o aumento da inflação, as pessoas reclamam que a vida piorou. Enquanto isso, o governo conservador patinava em crises políticas.

Partido Trabalhista, de centro-esquerda, obteve uma maioria histórica no Parlamento britânico nesta quinta-feira, 4, de acordo com projeções de boca de urna. Foto: Alberto Pezzali/AP

“Os trabalhistas conseguiram entender essas necessidades da população britânica e fazer uma campanha de respostas, uma campanha realista”, afirma o analista Roberto Uebel.

“Isso se deve também, em certa medida, ao fato de que o trabalhistas conseguiram sair da aura de extrema esquerda e vieram para o centro. Hoje, é um partido de centro-esquerda que conseguiu frear, inclusive, o avanço da extrema direita no Reino Unido ao conseguir criar uma oposição a esse partido conservador fragmentado, perdido entre os valores liberais na economia e as pautas mais conservadoras.”

O resultado é que os trabalhistas devem mais que dobrar de bancada, conquistando 410 dos 650 assentos no Parlamento Britânico. É a melhor votação do partido desde Tony Blair, em 1997. Um abalado partido conservador vem atrás com 131 deputados na Câmara dos Comuns (pouco mais de um terço do que elegeu na última eleição).

O Liberal Democrata, de centro, cresceu de 11 para 61 e é seguido pelo Partido Reformista Britânico (Reform UK), da direita radical liderada por Nigel Farage, com 13 deputados eleitos, segundo as projeções. “O eleitor não sinalizou uma saída pela direita. O grande voto de descontentamento com os conservadores migrou para um trabalhista moderado e não para a extrema direita”, avalia Trevisan.

Com essa plataforma mais moderada, é possível que Starmer busque algum nível de reaproximação com a União Europeia em política mais aberta à integração com parceiros tradicionais do Reino Unido. Isso não significaria, no entanto, o fim do Brexit. Depois de uma separação complexa — e burocrática — os britânicos devem permanecer fora do bloco.

O próprio líder trabalhista declarou na véspera da eleição: “Tenho sido muito claro, não vou votar a aderir à União Europeia”. Essa foi uma das declarações mais enfáticas de Starmer sobre o Brexit, assunto que evitou durante a campanha.

Na última eleição, o então líder trabalhista Jeremy Corbyn, hoje independente, propôs um novo referendo e foi derrotado por Boris Johnson que tinha como slogan “Get Brexit Done”.

“Eu acho que poderíamos conseguir um acordo melhor do que o acordo malfeito que conseguimos sob Boris Johnson na frente comercial, em pesquisa e desenvolvimento e em segurança”, acrescentou Starmer quando estava mais confortável com a liderança nas pesquisas e passou a falar mais abertamente .

Keir Starmer, na liderança do Partido Trabalhista, expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foto: James Manning/AP

Seu foco, dizem analistas, devem ser as questões domésticas enquanto observa com cautela o que acontece do outro lado do Atlântico, com a eleição entre Joe Biden e Donald Trump nos Estados Unidos — parceiro que os trabalhistas reconhecem como “indispensável”.

Enquanto isso, resta aos conservadores tentar se recuperar da derrota — a pior na história do partido. “O Partido Conservador terá que se reinventar nos próximos enquanto partido de oposição, de minoria, mas que ainda representa a segunda maior força política no país. Terá que mapear esse eleitorado para entender qual vai ser a cara nova desse partido”, afirma Uebel.

O Partido Conservador sofreu uma derrota esmagadora e deixará o poder no Reino Unido após 14 anos, aponta a boca de urna. Com isso, sai de cena Rishi Sunak e entra Keir Starmer, líder trabalhista que expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foi esse movimento, dizem analistas, que levou o eleitor frustrado com o governo a migrar para o trabalhismo moderado no momento em que a onda da direita radical avança na Europa.

“Desde o começo do século a Inglaterra alterna períodos entre trabalhistas e conservadores. Ora punindo um, ora punindo outro. A grande diferença agora é que esse não é um trabalhista típico. Ele não fazia só oposição ao governo, fazia oposição também dentro do próprio partido”, afirma o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan.

Longe de ser um revolucionário, Starmer apresentou um programa de governo que buscava, segundo analistas, acomodar os britânicos e responder aos problemas reais do Reino Unido. E são muitos: com a economia estagnada e o aumento da inflação, as pessoas reclamam que a vida piorou. Enquanto isso, o governo conservador patinava em crises políticas.

Partido Trabalhista, de centro-esquerda, obteve uma maioria histórica no Parlamento britânico nesta quinta-feira, 4, de acordo com projeções de boca de urna. Foto: Alberto Pezzali/AP

“Os trabalhistas conseguiram entender essas necessidades da população britânica e fazer uma campanha de respostas, uma campanha realista”, afirma o analista Roberto Uebel.

“Isso se deve também, em certa medida, ao fato de que o trabalhistas conseguiram sair da aura de extrema esquerda e vieram para o centro. Hoje, é um partido de centro-esquerda que conseguiu frear, inclusive, o avanço da extrema direita no Reino Unido ao conseguir criar uma oposição a esse partido conservador fragmentado, perdido entre os valores liberais na economia e as pautas mais conservadoras.”

O resultado é que os trabalhistas devem mais que dobrar de bancada, conquistando 410 dos 650 assentos no Parlamento Britânico. É a melhor votação do partido desde Tony Blair, em 1997. Um abalado partido conservador vem atrás com 131 deputados na Câmara dos Comuns (pouco mais de um terço do que elegeu na última eleição).

O Liberal Democrata, de centro, cresceu de 11 para 61 e é seguido pelo Partido Reformista Britânico (Reform UK), da direita radical liderada por Nigel Farage, com 13 deputados eleitos, segundo as projeções. “O eleitor não sinalizou uma saída pela direita. O grande voto de descontentamento com os conservadores migrou para um trabalhista moderado e não para a extrema direita”, avalia Trevisan.

Com essa plataforma mais moderada, é possível que Starmer busque algum nível de reaproximação com a União Europeia em política mais aberta à integração com parceiros tradicionais do Reino Unido. Isso não significaria, no entanto, o fim do Brexit. Depois de uma separação complexa — e burocrática — os britânicos devem permanecer fora do bloco.

O próprio líder trabalhista declarou na véspera da eleição: “Tenho sido muito claro, não vou votar a aderir à União Europeia”. Essa foi uma das declarações mais enfáticas de Starmer sobre o Brexit, assunto que evitou durante a campanha.

Na última eleição, o então líder trabalhista Jeremy Corbyn, hoje independente, propôs um novo referendo e foi derrotado por Boris Johnson que tinha como slogan “Get Brexit Done”.

“Eu acho que poderíamos conseguir um acordo melhor do que o acordo malfeito que conseguimos sob Boris Johnson na frente comercial, em pesquisa e desenvolvimento e em segurança”, acrescentou Starmer quando estava mais confortável com a liderança nas pesquisas e passou a falar mais abertamente .

Keir Starmer, na liderança do Partido Trabalhista, expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foto: James Manning/AP

Seu foco, dizem analistas, devem ser as questões domésticas enquanto observa com cautela o que acontece do outro lado do Atlântico, com a eleição entre Joe Biden e Donald Trump nos Estados Unidos — parceiro que os trabalhistas reconhecem como “indispensável”.

Enquanto isso, resta aos conservadores tentar se recuperar da derrota — a pior na história do partido. “O Partido Conservador terá que se reinventar nos próximos enquanto partido de oposição, de minoria, mas que ainda representa a segunda maior força política no país. Terá que mapear esse eleitorado para entender qual vai ser a cara nova desse partido”, afirma Uebel.

O Partido Conservador sofreu uma derrota esmagadora e deixará o poder no Reino Unido após 14 anos, aponta a boca de urna. Com isso, sai de cena Rishi Sunak e entra Keir Starmer, líder trabalhista que expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foi esse movimento, dizem analistas, que levou o eleitor frustrado com o governo a migrar para o trabalhismo moderado no momento em que a onda da direita radical avança na Europa.

“Desde o começo do século a Inglaterra alterna períodos entre trabalhistas e conservadores. Ora punindo um, ora punindo outro. A grande diferença agora é que esse não é um trabalhista típico. Ele não fazia só oposição ao governo, fazia oposição também dentro do próprio partido”, afirma o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan.

Longe de ser um revolucionário, Starmer apresentou um programa de governo que buscava, segundo analistas, acomodar os britânicos e responder aos problemas reais do Reino Unido. E são muitos: com a economia estagnada e o aumento da inflação, as pessoas reclamam que a vida piorou. Enquanto isso, o governo conservador patinava em crises políticas.

Partido Trabalhista, de centro-esquerda, obteve uma maioria histórica no Parlamento britânico nesta quinta-feira, 4, de acordo com projeções de boca de urna. Foto: Alberto Pezzali/AP

“Os trabalhistas conseguiram entender essas necessidades da população britânica e fazer uma campanha de respostas, uma campanha realista”, afirma o analista Roberto Uebel.

“Isso se deve também, em certa medida, ao fato de que o trabalhistas conseguiram sair da aura de extrema esquerda e vieram para o centro. Hoje, é um partido de centro-esquerda que conseguiu frear, inclusive, o avanço da extrema direita no Reino Unido ao conseguir criar uma oposição a esse partido conservador fragmentado, perdido entre os valores liberais na economia e as pautas mais conservadoras.”

O resultado é que os trabalhistas devem mais que dobrar de bancada, conquistando 410 dos 650 assentos no Parlamento Britânico. É a melhor votação do partido desde Tony Blair, em 1997. Um abalado partido conservador vem atrás com 131 deputados na Câmara dos Comuns (pouco mais de um terço do que elegeu na última eleição).

O Liberal Democrata, de centro, cresceu de 11 para 61 e é seguido pelo Partido Reformista Britânico (Reform UK), da direita radical liderada por Nigel Farage, com 13 deputados eleitos, segundo as projeções. “O eleitor não sinalizou uma saída pela direita. O grande voto de descontentamento com os conservadores migrou para um trabalhista moderado e não para a extrema direita”, avalia Trevisan.

Com essa plataforma mais moderada, é possível que Starmer busque algum nível de reaproximação com a União Europeia em política mais aberta à integração com parceiros tradicionais do Reino Unido. Isso não significaria, no entanto, o fim do Brexit. Depois de uma separação complexa — e burocrática — os britânicos devem permanecer fora do bloco.

O próprio líder trabalhista declarou na véspera da eleição: “Tenho sido muito claro, não vou votar a aderir à União Europeia”. Essa foi uma das declarações mais enfáticas de Starmer sobre o Brexit, assunto que evitou durante a campanha.

Na última eleição, o então líder trabalhista Jeremy Corbyn, hoje independente, propôs um novo referendo e foi derrotado por Boris Johnson que tinha como slogan “Get Brexit Done”.

“Eu acho que poderíamos conseguir um acordo melhor do que o acordo malfeito que conseguimos sob Boris Johnson na frente comercial, em pesquisa e desenvolvimento e em segurança”, acrescentou Starmer quando estava mais confortável com a liderança nas pesquisas e passou a falar mais abertamente .

Keir Starmer, na liderança do Partido Trabalhista, expurgou a esquerda radical e posicionou o partido no centro. Foto: James Manning/AP

Seu foco, dizem analistas, devem ser as questões domésticas enquanto observa com cautela o que acontece do outro lado do Atlântico, com a eleição entre Joe Biden e Donald Trump nos Estados Unidos — parceiro que os trabalhistas reconhecem como “indispensável”.

Enquanto isso, resta aos conservadores tentar se recuperar da derrota — a pior na história do partido. “O Partido Conservador terá que se reinventar nos próximos enquanto partido de oposição, de minoria, mas que ainda representa a segunda maior força política no país. Terá que mapear esse eleitorado para entender qual vai ser a cara nova desse partido”, afirma Uebel.

Análise por Jéssica Petrovna

Repórter da editoria de Internacional. É potiguar, formada em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Foi trainee do Estadão (2018) e editora de internacional em Band Jornalismo e CNN Brasil.

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