LIMA - O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, conhecido como PPK, foi convocado nesta quinta-feira, 14, pela Promotoria de seu país para prestar depoimento na investigação sobre corrupção que envolve a empreiteira brasileira Odebrecht a empresas ligadas ao líder. O depoimento de PPK está previsto para ocorrer no palácio do governo, em Lima, no dia 21.
Após a construtora ter reconhecido à comissão parlamentar que investiga o caso que pagou quase US$ 5 milhões a empresas ligadas ao presidente, entre 2004 e 2013, o partido opositor que controla o Congresso do país pediu a renúncia do chefe do Executivo, alegando que há “provas concretas de atos de corrupção” por parte do líder.
Durante o período em que a Odebrecht recebeu assessoria da Westfield Capital, empresa que segundo o jornal peruano El Comercio “está vinculada ao chefe de Estado, segundo sua própria declaração de renda”, Kuczynski atuou como ministro de Economia e chefe do Conselho de Ministros do presidente Alejandro Toledo (2001-2006) – para quem a construtora brasileira admitiu ter pagado US$ 20 milhões em troca da concessão de uma estrada.
PPK – que, em novembro, negou veementemente ter qualquer vínculo profissional ou político com a Odebrecht – propôs receber a comissão o parlamentar que investiga o caso da Lava Jato no país na próxima sexta-feira, para esclarecer seus supostos vínculos com a construtora.
Segundo El Comercio, a legisladora fujimorista Rosa Bartra, relatora da comissão, declarou que a Odebrecht revelou ter realizado sete pagamentos à Westfield Capital entre 2004 e 2007, de US$782.207. De acordo com o jornal, em 7 de dezembro de 2007, a Westfield Capital repassou US$ 380.047,48 à conta de PPK, pelo Banco de Crédito do Peru.
“É evidente que sua permanência no máximo cargo do país é insustentável”, afirmou o congressista Daniel Salaverry, porta-voz da bancada do partido Força Popular, fujimorista. Partidos de esquerda também exigiram a destituição do presidente. Como PPK não cumpriu ainda a metade de seu mandato de cinco anos, que vai até julho de 2021, se o líder deixar vago o cargo, novas eleições para presidente poderão ser convocadas no ano que vem.
Envolvida em escândalos de corrupção em países latino-americanos, a Odebrecht admite que desembolsou US$ 29 milhões em subornos para obter contratos públicos no Peru, entre 2005 e 2014. / AFP, EFE e AP