Mulher de juiz da Suprema Corte pediu a assessor de Trump ‘esforços implacáveis’ para anular eleição


Mensagens de texto estavam entre outras 2.320 entregues pelo assessor ao comitê da Câmara que investiga o ataque de 6 de janeiro de 2020 ao Capitólio

Por Redação
Atualização:

Virginia Thomas, uma ativista conservadora casada com o juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos Clarence Thomas, pressionou repetidamente o chefe de gabinete do ex-presidente Donald Trump, Mark Meadows, a buscar esforços incansáveis para anular a eleição presidencial de 2020 em uma série de trocas de texto nas semanas críticas após a votação. A história foi revelada pelo jornal The Washington Post e a rede CBS News, que tiveram acesso a cópias das conversas.

As mensagens - 29 ao todo - revelam um forte canal entre Virginia Thomas, conhecida como Ginni, e o principal assessor de Trump durante um período em que seus aliados prometeram ir à Suprema Corte em um esforço para reverter os resultados das eleições que deram vitória a Joe Biden.

Em 10 de novembro, depois que as organizações de mídia projetaram o democrata como vencedor com base no total de votos dos Estados, Ginni escreveu a Meadows: “Ajude este grande presidente a permanecer firme, Mark!!!... Você é o líder, com ele, que é defendendo a governança constitucional da América no precipício. A maioria sabe que Biden e a esquerda estão tentando o maior assalto de nossa história.”

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O juiz da Suprema Corte americana, Clarence Thomas, com sua mulher, Ginni Thomas, em evento na Casa Branca em setembro de 2019 Foto: Erin Scott/Reuters

Quando Meadows escreveu a Ginni em 24 de novembro, o chefe de gabinete da Casa Branca invocou Deus para descrever o esforço para derrubar a eleição. “Esta é uma luta do bem contra o mal”, escreveu ele. “O mal sempre parece o vencedor até que o Rei dos Reis triunfe. Não se canse em fazer o bem. A luta continua. Eu apostei minha carreira nisso. Bem, pelo menos meu tempo em DC nisso.”

Ginni respondeu: “Obrigado! Precisava disso! Isso mais uma conversa com meu melhor amigo agora mesmo... Vou tentar continuar aguentando. A América vale a pena!” Não está claro a quem ela estava se referindo.

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Estratégia

As mensagens, que não fazem referência direta ao juiz Thomas ou à Suprema Corte, mostram pela primeira vez como Ginni Thomas usou seu acesso ao grupo mais próximo de Trump para promover e buscar orientar a estratégia do presidente para anular os resultados das eleições - e quão receptivo e agradecido Meadows disse que recebia seu conselho. Entre os objetivos declarados de Ginni nas mensagens estava a de a advogada Sidney Powell, que promoveu alegações incendiárias e sem fundamento sobre a eleição, ser “a liderança e o rosto” da equipe jurídica de Trump.

As mensagens de texto estavam no meio de outras 2.320 que Meadows forneceu ao comitê da Câmara que investiga o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA. A existência de mensagens entre Ginni e Meadows - 21 enviadas por ela, 8 por ele - não foram noticiadas anteriormente e foram analisadas pelo Post e pela CBS News. Elas foram então confirmadas por cinco pessoas que viram os documentos do comitê.

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O advogado de Meadows, George Terwilliger III, confirmou a existência das 29 mensagens entre seu cliente e Ginni. Ao revisar o conteúdo das mensagens na quarta-feira, ele disse que nem ele nem Meadows comentariam textos individuais. Mas, acrescentou Terwilliger, “nada sobre as mensagens de texto apresenta problemas legais”.

Ginni não respondeu a vários pedidos de comentários feitos na quinta-feira por e-mail e telefone. O juiz Thomas, que está atualmente internado para tratamento de uma infecção, não respondeu a um pedido de comentário feito por meio do escritório de informações públicas da Suprema Corte.

Imagens de câmeras de segurança mostram momento em que o então vice-presidente Mike Pence é retirado durante a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2020 Foto: Senate Television via AP
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Não se sabe se Ginni Thomas e Meadows trocaram mensagens adicionais entre a eleição e a posse de Biden além das 29 recebidas pelo comitê. Pouco depois de fornecer as 2.320 mensagens, Meadows deixou de cooperar com o comitê, argumentando que qualquer envolvimento adicional poderia violar as alegações de privilégio executivo de Trump. Membros do comitê e assessores disseram acreditar que as mensagens podem ser apenas uma parte das trocas da dupla.

Um porta-voz do comitê se recusou a comentar. A revelação das mensagens de Thomas com Meadows ocorre três semanas depois que advogados do comitê disseram em um processo judicial que o painel tem “uma base de boa fé para concluir que o presidente e membros de sua campanha se envolveram em uma conspiração criminosa para fraudar os EUA” e obstruir a contagem dos votos eleitorais pelo Congresso.

Trump falou publicamente durante esse período sobre sua intenção de contestar os resultados das eleições na Suprema Corte. “Essa é uma grande fraude em nossa nação”, disse o presidente em um discurso às 2h30 da manhã após a eleição. “Queremos que a lei seja usada de maneira adequada. Então, iremos à Suprema Corte dos EUA.”

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Ginni negou publicamente qualquer conflito de interesse entre seu ativismo e o trabalho de seu marido na Suprema Corte. “Clarence não discute seu trabalho comigo, e eu não o envolvo em meu trabalho”, disse ela em entrevista ao Washington Free Beacon, um meio conservador, para um artigo publicado em 14 de março.

Nessa entrevista, ela também reconheceu que participou do comício “Stop the Steal” de Trump perto da Casa Branca, em 6 de janeiro, mas disse que saiu mais cedo porque estava muito frio e que não tinha papel no planejamento do evento.

‘Desconcertante’

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O juiz Thomas, de 73 anos, é o juiz atual mais antigo da Suprema Corte e não participou dos argumentos orais esta semana por causa de sua internação. Ele fez poucos comentários públicos sobre as eleições de 2020.

Em fevereiro de 2021, quando a Suprema Corte rejeitou as contestações eleitorais apresentadas por Trump e seus aliados, Thomas escreveu em discordância que era “desconcertante” e “inexplicável” que a maioria dos juízes tivesse decidido não ouvir os casos. Ele disse acreditar que a Suprema Corte deveria fornecer orientações aos Estados para futuras eleições.

Em suas mensagens de texto para Meadows, Ginni Thomas espalhou teorias falsas e defendeu com urgência e fervor que o presidente e sua equipe tomassem medidas para reverter o resultado da eleição. Ela pediu que eles fossem rígidos com funcionários de Trump e republicanos do Congresso que resistiam aos argumentos de que a eleição foi roubada.

Nas mensagens, Thomas e Meadows afirmam acreditar que a eleição foi roubada e pareciam compartilhar uma solidariedade, embora ocasionalmente demonstrassem diferenças nas táticas.

“As intensas pressões que você e nosso presidente estão experimentando agora são mais intensas do que outra qualquer coisa (mas eu só senti uma fração disso em 1991)”, escreveu Thomas a Meadows em 19 de novembro, uma aparente referência às audiências de confirmação do juiz Thomas, em 1991, nas quais a advogada Anita Hill testemunhou que ele havia feito comentários sexuais indesejados quando ele era seu chefe. Thomas negou veementemente as acusações./W.POST

Virginia Thomas, uma ativista conservadora casada com o juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos Clarence Thomas, pressionou repetidamente o chefe de gabinete do ex-presidente Donald Trump, Mark Meadows, a buscar esforços incansáveis para anular a eleição presidencial de 2020 em uma série de trocas de texto nas semanas críticas após a votação. A história foi revelada pelo jornal The Washington Post e a rede CBS News, que tiveram acesso a cópias das conversas.

As mensagens - 29 ao todo - revelam um forte canal entre Virginia Thomas, conhecida como Ginni, e o principal assessor de Trump durante um período em que seus aliados prometeram ir à Suprema Corte em um esforço para reverter os resultados das eleições que deram vitória a Joe Biden.

Em 10 de novembro, depois que as organizações de mídia projetaram o democrata como vencedor com base no total de votos dos Estados, Ginni escreveu a Meadows: “Ajude este grande presidente a permanecer firme, Mark!!!... Você é o líder, com ele, que é defendendo a governança constitucional da América no precipício. A maioria sabe que Biden e a esquerda estão tentando o maior assalto de nossa história.”

O juiz da Suprema Corte americana, Clarence Thomas, com sua mulher, Ginni Thomas, em evento na Casa Branca em setembro de 2019 Foto: Erin Scott/Reuters

Quando Meadows escreveu a Ginni em 24 de novembro, o chefe de gabinete da Casa Branca invocou Deus para descrever o esforço para derrubar a eleição. “Esta é uma luta do bem contra o mal”, escreveu ele. “O mal sempre parece o vencedor até que o Rei dos Reis triunfe. Não se canse em fazer o bem. A luta continua. Eu apostei minha carreira nisso. Bem, pelo menos meu tempo em DC nisso.”

Ginni respondeu: “Obrigado! Precisava disso! Isso mais uma conversa com meu melhor amigo agora mesmo... Vou tentar continuar aguentando. A América vale a pena!” Não está claro a quem ela estava se referindo.

Estratégia

As mensagens, que não fazem referência direta ao juiz Thomas ou à Suprema Corte, mostram pela primeira vez como Ginni Thomas usou seu acesso ao grupo mais próximo de Trump para promover e buscar orientar a estratégia do presidente para anular os resultados das eleições - e quão receptivo e agradecido Meadows disse que recebia seu conselho. Entre os objetivos declarados de Ginni nas mensagens estava a de a advogada Sidney Powell, que promoveu alegações incendiárias e sem fundamento sobre a eleição, ser “a liderança e o rosto” da equipe jurídica de Trump.

As mensagens de texto estavam no meio de outras 2.320 que Meadows forneceu ao comitê da Câmara que investiga o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA. A existência de mensagens entre Ginni e Meadows - 21 enviadas por ela, 8 por ele - não foram noticiadas anteriormente e foram analisadas pelo Post e pela CBS News. Elas foram então confirmadas por cinco pessoas que viram os documentos do comitê.

O advogado de Meadows, George Terwilliger III, confirmou a existência das 29 mensagens entre seu cliente e Ginni. Ao revisar o conteúdo das mensagens na quarta-feira, ele disse que nem ele nem Meadows comentariam textos individuais. Mas, acrescentou Terwilliger, “nada sobre as mensagens de texto apresenta problemas legais”.

Ginni não respondeu a vários pedidos de comentários feitos na quinta-feira por e-mail e telefone. O juiz Thomas, que está atualmente internado para tratamento de uma infecção, não respondeu a um pedido de comentário feito por meio do escritório de informações públicas da Suprema Corte.

Imagens de câmeras de segurança mostram momento em que o então vice-presidente Mike Pence é retirado durante a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2020 Foto: Senate Television via AP

Não se sabe se Ginni Thomas e Meadows trocaram mensagens adicionais entre a eleição e a posse de Biden além das 29 recebidas pelo comitê. Pouco depois de fornecer as 2.320 mensagens, Meadows deixou de cooperar com o comitê, argumentando que qualquer envolvimento adicional poderia violar as alegações de privilégio executivo de Trump. Membros do comitê e assessores disseram acreditar que as mensagens podem ser apenas uma parte das trocas da dupla.

Um porta-voz do comitê se recusou a comentar. A revelação das mensagens de Thomas com Meadows ocorre três semanas depois que advogados do comitê disseram em um processo judicial que o painel tem “uma base de boa fé para concluir que o presidente e membros de sua campanha se envolveram em uma conspiração criminosa para fraudar os EUA” e obstruir a contagem dos votos eleitorais pelo Congresso.

Trump falou publicamente durante esse período sobre sua intenção de contestar os resultados das eleições na Suprema Corte. “Essa é uma grande fraude em nossa nação”, disse o presidente em um discurso às 2h30 da manhã após a eleição. “Queremos que a lei seja usada de maneira adequada. Então, iremos à Suprema Corte dos EUA.”

Ginni negou publicamente qualquer conflito de interesse entre seu ativismo e o trabalho de seu marido na Suprema Corte. “Clarence não discute seu trabalho comigo, e eu não o envolvo em meu trabalho”, disse ela em entrevista ao Washington Free Beacon, um meio conservador, para um artigo publicado em 14 de março.

Nessa entrevista, ela também reconheceu que participou do comício “Stop the Steal” de Trump perto da Casa Branca, em 6 de janeiro, mas disse que saiu mais cedo porque estava muito frio e que não tinha papel no planejamento do evento.

‘Desconcertante’

O juiz Thomas, de 73 anos, é o juiz atual mais antigo da Suprema Corte e não participou dos argumentos orais esta semana por causa de sua internação. Ele fez poucos comentários públicos sobre as eleições de 2020.

Em fevereiro de 2021, quando a Suprema Corte rejeitou as contestações eleitorais apresentadas por Trump e seus aliados, Thomas escreveu em discordância que era “desconcertante” e “inexplicável” que a maioria dos juízes tivesse decidido não ouvir os casos. Ele disse acreditar que a Suprema Corte deveria fornecer orientações aos Estados para futuras eleições.

Em suas mensagens de texto para Meadows, Ginni Thomas espalhou teorias falsas e defendeu com urgência e fervor que o presidente e sua equipe tomassem medidas para reverter o resultado da eleição. Ela pediu que eles fossem rígidos com funcionários de Trump e republicanos do Congresso que resistiam aos argumentos de que a eleição foi roubada.

Nas mensagens, Thomas e Meadows afirmam acreditar que a eleição foi roubada e pareciam compartilhar uma solidariedade, embora ocasionalmente demonstrassem diferenças nas táticas.

“As intensas pressões que você e nosso presidente estão experimentando agora são mais intensas do que outra qualquer coisa (mas eu só senti uma fração disso em 1991)”, escreveu Thomas a Meadows em 19 de novembro, uma aparente referência às audiências de confirmação do juiz Thomas, em 1991, nas quais a advogada Anita Hill testemunhou que ele havia feito comentários sexuais indesejados quando ele era seu chefe. Thomas negou veementemente as acusações./W.POST

Virginia Thomas, uma ativista conservadora casada com o juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos Clarence Thomas, pressionou repetidamente o chefe de gabinete do ex-presidente Donald Trump, Mark Meadows, a buscar esforços incansáveis para anular a eleição presidencial de 2020 em uma série de trocas de texto nas semanas críticas após a votação. A história foi revelada pelo jornal The Washington Post e a rede CBS News, que tiveram acesso a cópias das conversas.

As mensagens - 29 ao todo - revelam um forte canal entre Virginia Thomas, conhecida como Ginni, e o principal assessor de Trump durante um período em que seus aliados prometeram ir à Suprema Corte em um esforço para reverter os resultados das eleições que deram vitória a Joe Biden.

Em 10 de novembro, depois que as organizações de mídia projetaram o democrata como vencedor com base no total de votos dos Estados, Ginni escreveu a Meadows: “Ajude este grande presidente a permanecer firme, Mark!!!... Você é o líder, com ele, que é defendendo a governança constitucional da América no precipício. A maioria sabe que Biden e a esquerda estão tentando o maior assalto de nossa história.”

O juiz da Suprema Corte americana, Clarence Thomas, com sua mulher, Ginni Thomas, em evento na Casa Branca em setembro de 2019 Foto: Erin Scott/Reuters

Quando Meadows escreveu a Ginni em 24 de novembro, o chefe de gabinete da Casa Branca invocou Deus para descrever o esforço para derrubar a eleição. “Esta é uma luta do bem contra o mal”, escreveu ele. “O mal sempre parece o vencedor até que o Rei dos Reis triunfe. Não se canse em fazer o bem. A luta continua. Eu apostei minha carreira nisso. Bem, pelo menos meu tempo em DC nisso.”

Ginni respondeu: “Obrigado! Precisava disso! Isso mais uma conversa com meu melhor amigo agora mesmo... Vou tentar continuar aguentando. A América vale a pena!” Não está claro a quem ela estava se referindo.

Estratégia

As mensagens, que não fazem referência direta ao juiz Thomas ou à Suprema Corte, mostram pela primeira vez como Ginni Thomas usou seu acesso ao grupo mais próximo de Trump para promover e buscar orientar a estratégia do presidente para anular os resultados das eleições - e quão receptivo e agradecido Meadows disse que recebia seu conselho. Entre os objetivos declarados de Ginni nas mensagens estava a de a advogada Sidney Powell, que promoveu alegações incendiárias e sem fundamento sobre a eleição, ser “a liderança e o rosto” da equipe jurídica de Trump.

As mensagens de texto estavam no meio de outras 2.320 que Meadows forneceu ao comitê da Câmara que investiga o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA. A existência de mensagens entre Ginni e Meadows - 21 enviadas por ela, 8 por ele - não foram noticiadas anteriormente e foram analisadas pelo Post e pela CBS News. Elas foram então confirmadas por cinco pessoas que viram os documentos do comitê.

O advogado de Meadows, George Terwilliger III, confirmou a existência das 29 mensagens entre seu cliente e Ginni. Ao revisar o conteúdo das mensagens na quarta-feira, ele disse que nem ele nem Meadows comentariam textos individuais. Mas, acrescentou Terwilliger, “nada sobre as mensagens de texto apresenta problemas legais”.

Ginni não respondeu a vários pedidos de comentários feitos na quinta-feira por e-mail e telefone. O juiz Thomas, que está atualmente internado para tratamento de uma infecção, não respondeu a um pedido de comentário feito por meio do escritório de informações públicas da Suprema Corte.

Imagens de câmeras de segurança mostram momento em que o então vice-presidente Mike Pence é retirado durante a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2020 Foto: Senate Television via AP

Não se sabe se Ginni Thomas e Meadows trocaram mensagens adicionais entre a eleição e a posse de Biden além das 29 recebidas pelo comitê. Pouco depois de fornecer as 2.320 mensagens, Meadows deixou de cooperar com o comitê, argumentando que qualquer envolvimento adicional poderia violar as alegações de privilégio executivo de Trump. Membros do comitê e assessores disseram acreditar que as mensagens podem ser apenas uma parte das trocas da dupla.

Um porta-voz do comitê se recusou a comentar. A revelação das mensagens de Thomas com Meadows ocorre três semanas depois que advogados do comitê disseram em um processo judicial que o painel tem “uma base de boa fé para concluir que o presidente e membros de sua campanha se envolveram em uma conspiração criminosa para fraudar os EUA” e obstruir a contagem dos votos eleitorais pelo Congresso.

Trump falou publicamente durante esse período sobre sua intenção de contestar os resultados das eleições na Suprema Corte. “Essa é uma grande fraude em nossa nação”, disse o presidente em um discurso às 2h30 da manhã após a eleição. “Queremos que a lei seja usada de maneira adequada. Então, iremos à Suprema Corte dos EUA.”

Ginni negou publicamente qualquer conflito de interesse entre seu ativismo e o trabalho de seu marido na Suprema Corte. “Clarence não discute seu trabalho comigo, e eu não o envolvo em meu trabalho”, disse ela em entrevista ao Washington Free Beacon, um meio conservador, para um artigo publicado em 14 de março.

Nessa entrevista, ela também reconheceu que participou do comício “Stop the Steal” de Trump perto da Casa Branca, em 6 de janeiro, mas disse que saiu mais cedo porque estava muito frio e que não tinha papel no planejamento do evento.

‘Desconcertante’

O juiz Thomas, de 73 anos, é o juiz atual mais antigo da Suprema Corte e não participou dos argumentos orais esta semana por causa de sua internação. Ele fez poucos comentários públicos sobre as eleições de 2020.

Em fevereiro de 2021, quando a Suprema Corte rejeitou as contestações eleitorais apresentadas por Trump e seus aliados, Thomas escreveu em discordância que era “desconcertante” e “inexplicável” que a maioria dos juízes tivesse decidido não ouvir os casos. Ele disse acreditar que a Suprema Corte deveria fornecer orientações aos Estados para futuras eleições.

Em suas mensagens de texto para Meadows, Ginni Thomas espalhou teorias falsas e defendeu com urgência e fervor que o presidente e sua equipe tomassem medidas para reverter o resultado da eleição. Ela pediu que eles fossem rígidos com funcionários de Trump e republicanos do Congresso que resistiam aos argumentos de que a eleição foi roubada.

Nas mensagens, Thomas e Meadows afirmam acreditar que a eleição foi roubada e pareciam compartilhar uma solidariedade, embora ocasionalmente demonstrassem diferenças nas táticas.

“As intensas pressões que você e nosso presidente estão experimentando agora são mais intensas do que outra qualquer coisa (mas eu só senti uma fração disso em 1991)”, escreveu Thomas a Meadows em 19 de novembro, uma aparente referência às audiências de confirmação do juiz Thomas, em 1991, nas quais a advogada Anita Hill testemunhou que ele havia feito comentários sexuais indesejados quando ele era seu chefe. Thomas negou veementemente as acusações./W.POST

Virginia Thomas, uma ativista conservadora casada com o juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos Clarence Thomas, pressionou repetidamente o chefe de gabinete do ex-presidente Donald Trump, Mark Meadows, a buscar esforços incansáveis para anular a eleição presidencial de 2020 em uma série de trocas de texto nas semanas críticas após a votação. A história foi revelada pelo jornal The Washington Post e a rede CBS News, que tiveram acesso a cópias das conversas.

As mensagens - 29 ao todo - revelam um forte canal entre Virginia Thomas, conhecida como Ginni, e o principal assessor de Trump durante um período em que seus aliados prometeram ir à Suprema Corte em um esforço para reverter os resultados das eleições que deram vitória a Joe Biden.

Em 10 de novembro, depois que as organizações de mídia projetaram o democrata como vencedor com base no total de votos dos Estados, Ginni escreveu a Meadows: “Ajude este grande presidente a permanecer firme, Mark!!!... Você é o líder, com ele, que é defendendo a governança constitucional da América no precipício. A maioria sabe que Biden e a esquerda estão tentando o maior assalto de nossa história.”

O juiz da Suprema Corte americana, Clarence Thomas, com sua mulher, Ginni Thomas, em evento na Casa Branca em setembro de 2019 Foto: Erin Scott/Reuters

Quando Meadows escreveu a Ginni em 24 de novembro, o chefe de gabinete da Casa Branca invocou Deus para descrever o esforço para derrubar a eleição. “Esta é uma luta do bem contra o mal”, escreveu ele. “O mal sempre parece o vencedor até que o Rei dos Reis triunfe. Não se canse em fazer o bem. A luta continua. Eu apostei minha carreira nisso. Bem, pelo menos meu tempo em DC nisso.”

Ginni respondeu: “Obrigado! Precisava disso! Isso mais uma conversa com meu melhor amigo agora mesmo... Vou tentar continuar aguentando. A América vale a pena!” Não está claro a quem ela estava se referindo.

Estratégia

As mensagens, que não fazem referência direta ao juiz Thomas ou à Suprema Corte, mostram pela primeira vez como Ginni Thomas usou seu acesso ao grupo mais próximo de Trump para promover e buscar orientar a estratégia do presidente para anular os resultados das eleições - e quão receptivo e agradecido Meadows disse que recebia seu conselho. Entre os objetivos declarados de Ginni nas mensagens estava a de a advogada Sidney Powell, que promoveu alegações incendiárias e sem fundamento sobre a eleição, ser “a liderança e o rosto” da equipe jurídica de Trump.

As mensagens de texto estavam no meio de outras 2.320 que Meadows forneceu ao comitê da Câmara que investiga o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA. A existência de mensagens entre Ginni e Meadows - 21 enviadas por ela, 8 por ele - não foram noticiadas anteriormente e foram analisadas pelo Post e pela CBS News. Elas foram então confirmadas por cinco pessoas que viram os documentos do comitê.

O advogado de Meadows, George Terwilliger III, confirmou a existência das 29 mensagens entre seu cliente e Ginni. Ao revisar o conteúdo das mensagens na quarta-feira, ele disse que nem ele nem Meadows comentariam textos individuais. Mas, acrescentou Terwilliger, “nada sobre as mensagens de texto apresenta problemas legais”.

Ginni não respondeu a vários pedidos de comentários feitos na quinta-feira por e-mail e telefone. O juiz Thomas, que está atualmente internado para tratamento de uma infecção, não respondeu a um pedido de comentário feito por meio do escritório de informações públicas da Suprema Corte.

Imagens de câmeras de segurança mostram momento em que o então vice-presidente Mike Pence é retirado durante a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2020 Foto: Senate Television via AP

Não se sabe se Ginni Thomas e Meadows trocaram mensagens adicionais entre a eleição e a posse de Biden além das 29 recebidas pelo comitê. Pouco depois de fornecer as 2.320 mensagens, Meadows deixou de cooperar com o comitê, argumentando que qualquer envolvimento adicional poderia violar as alegações de privilégio executivo de Trump. Membros do comitê e assessores disseram acreditar que as mensagens podem ser apenas uma parte das trocas da dupla.

Um porta-voz do comitê se recusou a comentar. A revelação das mensagens de Thomas com Meadows ocorre três semanas depois que advogados do comitê disseram em um processo judicial que o painel tem “uma base de boa fé para concluir que o presidente e membros de sua campanha se envolveram em uma conspiração criminosa para fraudar os EUA” e obstruir a contagem dos votos eleitorais pelo Congresso.

Trump falou publicamente durante esse período sobre sua intenção de contestar os resultados das eleições na Suprema Corte. “Essa é uma grande fraude em nossa nação”, disse o presidente em um discurso às 2h30 da manhã após a eleição. “Queremos que a lei seja usada de maneira adequada. Então, iremos à Suprema Corte dos EUA.”

Ginni negou publicamente qualquer conflito de interesse entre seu ativismo e o trabalho de seu marido na Suprema Corte. “Clarence não discute seu trabalho comigo, e eu não o envolvo em meu trabalho”, disse ela em entrevista ao Washington Free Beacon, um meio conservador, para um artigo publicado em 14 de março.

Nessa entrevista, ela também reconheceu que participou do comício “Stop the Steal” de Trump perto da Casa Branca, em 6 de janeiro, mas disse que saiu mais cedo porque estava muito frio e que não tinha papel no planejamento do evento.

‘Desconcertante’

O juiz Thomas, de 73 anos, é o juiz atual mais antigo da Suprema Corte e não participou dos argumentos orais esta semana por causa de sua internação. Ele fez poucos comentários públicos sobre as eleições de 2020.

Em fevereiro de 2021, quando a Suprema Corte rejeitou as contestações eleitorais apresentadas por Trump e seus aliados, Thomas escreveu em discordância que era “desconcertante” e “inexplicável” que a maioria dos juízes tivesse decidido não ouvir os casos. Ele disse acreditar que a Suprema Corte deveria fornecer orientações aos Estados para futuras eleições.

Em suas mensagens de texto para Meadows, Ginni Thomas espalhou teorias falsas e defendeu com urgência e fervor que o presidente e sua equipe tomassem medidas para reverter o resultado da eleição. Ela pediu que eles fossem rígidos com funcionários de Trump e republicanos do Congresso que resistiam aos argumentos de que a eleição foi roubada.

Nas mensagens, Thomas e Meadows afirmam acreditar que a eleição foi roubada e pareciam compartilhar uma solidariedade, embora ocasionalmente demonstrassem diferenças nas táticas.

“As intensas pressões que você e nosso presidente estão experimentando agora são mais intensas do que outra qualquer coisa (mas eu só senti uma fração disso em 1991)”, escreveu Thomas a Meadows em 19 de novembro, uma aparente referência às audiências de confirmação do juiz Thomas, em 1991, nas quais a advogada Anita Hill testemunhou que ele havia feito comentários sexuais indesejados quando ele era seu chefe. Thomas negou veementemente as acusações./W.POST

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