Mulheres ocupam a maioria dos assentos do Parlamento da Nova Zelândia


Após a deputada Soraya Peke-Mason assumir vaga do Partido Trabalhista, legislativo neozelandês passou a contar com 60 mulheres e 59 homens

Por Adela Suliman

Nesta semana, a Nova Zelândia entrou para a história, especialmente para a história da mulher, quando mais legisladoras do que legisladores assumiram a maioria dos assentos do Parlamento do país pela primeira vez. Na terça-feira, Soraya Peke-Mason assumiu como parlamentar pelo Partido Trabalhista, deixando o organismo legislativo neozelandês com 60 mulheres e 59 homens.

“Ao mesmo tempo que é um dia especial para mim, considero um dia histórico para a Nova Zelândia, disse Peke-Mason a repórteres.

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A parlamentar Nicola Willis ecoou essa alegria: “Estou muito feliz por minhas filhas estarem crescendo em um país em que mulheres representadas igualitariamente na vida pública é simplesmente normal. É algo notável”, afirmou ela.

Deputada Soraya Peke-Mason se tornou 60ª parlamentar mulher na Nova Zelândia, fazendo o quórum feminino superar o masculino na Casa Legislativa. Foto: Mark Mitchell/New Zealand Herald via AP

Outra política, Marama Davidson, do Partido Verde, foi mais direta: “Já estava mais que na hora”, disse ela a repórteres. “Ainda temos um longo caminho adiante”, acrescentou ela, citando a transparência salarial entre os legisladores como uma preocupação importante e duradoura.

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A maioria feminina, porém, poderá ter vida curta, pois uma eleição excepcional marcada para dezembro na circunscrição de Hamilton West pode alterar o equilíbrio entre os gêneros novamente no Parlamento.

Com a primeira-ministra Jacinda Ardern na função desde 2017, a Nova Zelândia é um dos poucos países do mundo liderados por uma mulher. Ela surpreendeu muitos ao tirar licença maternidade no ano seguinte e se tornar uma das poucas líderes eleitas no mundo a dar à luz durante o mandato — após a falecida ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto.

Globalmente, apenas pouco mais de um quarto dos legisladores é mulher (26,4%), de acordo com a União Interparlamentar (IPU), entidade internacional que congrega Parlamentos nacionais e fomenta diplomacia parlamentar.

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Apenas cinco países compartilham o feito de Wellington, com pelo menos metade dos legisladores mulher, entre eles, Ruanda, onde mais de 60% dos parlamentares são mulheres, Cuba (53%), Nicarágua (51%), México (50%) e Emirados Árabes Unidos (50%), de acordo com dados da IPU. Países que se aproximam de 50% incluem Islândia, Granada e África do Sul.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, discursa durante sorteio da Copa do Mundo Feminina de Futebol 2023 em Auckland. Foto: Alan Lee/photosport.nz via AP

Apesar de alguns ganhos, as mulheres continuam amplamente “subrepresentadas em todos os níveis de tomada de decisão mundo afora”, afirma a ONU Mulheres, alertando que “alcançar paridade de gênero na vida política não está no horizonte”.

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Apesar de haver mais legisladoras em geral ocupando assentos em Parlamentos de todo o mundo, somente 21% dos ministros de governo são mulheres, e elas com frequência recebem pastas relacionadas a gênero, família, crianças, idosos, assistência social e meio ambiente, segundo constatou a ONU Mulheres. “Na atual taxa de progresso, a paridade de gênero em organismos legislativos nacionais não será alcançada antes de 2063.”

A pesquisadora Minna Cowper-Coles, do Instituto Global por Liderança da Mulher, um grupo de pesquisa com base em Londres, disse ao Washington Post na quinta-feira que a política sempre tem dificuldades para absorver legisladoras. Os sistemas políticos tendem a ficar aquém das expectativas, afirmou ela, tanto em produzir espaço para responsabilidades maternas — fazendo, por exemplo, votações tarde da noite e fornecendo licenças-maternidade e provisões para lactantes inadequadas — como em enfrentar o assédio online e presencial “direcionado desproporcionalmente às mulheres na política” e “em ascensão”.

Tais pressões com frequência afastam mulheres da política ou podem contribuir para que elas deixem a vida pública, acrescentou Cowper-Coles.

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Na Europa, a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, tem enfrentado críticas durante o mandato. Neste mês, ela foi ridicularizada após a publicação de vídeos nas redes sociais em que ela aparece dançando com amigos, em um evento privado. Críticos classificaram a conduta dela como antiprofissional e irresponsável em meio à crise econômica no país, mas os vídeos também desencadearam uma onda de solidariedade de legisladoras que incluiu a ex-senadora americana Hillary Clinton — muitas delas publicaram fotos de si mesmas dançando, em um movimento para denunciar o que consideraram um tratamento injusto e sexista a Marin.

Cowper-Coles também argumentou que haver mulheres em posições de poder nem sempre beneficia outras mulheres, citando o “aumento na Europa de mulheres liderando partidos de extrema direita”.

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A nova primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, definiu a si mesma este mês como “desfavorecida” e citou várias outras mulheres italianas, incluindo políticas, que abriram caminho para “romper o espesso teto de vidro”. Mas ela fez pouca menção a questões sociais que afetam as mulheres além de sugerir que liberdades individuais, incluindo sobre aborto, não serão retiradas.

“Também precisamos responsabilizar os políticos homens” por problemas em políticas que prejudicam as mulheres, disse ao Post Sarah Liu, professora-associada de ciência política e gênero da Universidade de Edimburgo. Ela citou o risco de “alterizar” as mulheres, colocando o foco nas campeãs e aceitando os homens como “ocupantes-padrão” da instância maior de poder.

Os Parlamentos têm de fazer mais para se tornar “ambientes amigáveis às mulheres”, particularmente em razão do aumento no número de mulheres desistindo de suas carreiras desde o advento da pandemia de coronavírus e em meio à crises econômicas, acrescentou ela.

Legisladoras possuem uma perspectiva única e surtem impacto, afirmou ela. “A pesquisa mostra que ter mais mulheres em Parlamentos leva a mais políticas amigáveis às mulheres”, afirmou Liu. “Se queremos garantir a representatividade das mulheres e a existência da paridade entre gêneros nas instituições políticas — onde as decisões que governam as vidas das pessoas são tomadas — temos de trazer a questão do gênero para o primeiro plano em todos os aspectos da política”.

A histórica maioria de mulheres no Parlamento da Nova Zelândia foi alcançada em um país em que o sufrágio feminino tem uma longa história. Em 1893, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país independente do mundo a garantir o direito às mulheres de votar em eleições parlamentares. Os Estados Unidos e países europeus, por sua vez, garantiram esses direitos muito depois, somente após o fim da 1.ª Guerra. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Nesta semana, a Nova Zelândia entrou para a história, especialmente para a história da mulher, quando mais legisladoras do que legisladores assumiram a maioria dos assentos do Parlamento do país pela primeira vez. Na terça-feira, Soraya Peke-Mason assumiu como parlamentar pelo Partido Trabalhista, deixando o organismo legislativo neozelandês com 60 mulheres e 59 homens.

“Ao mesmo tempo que é um dia especial para mim, considero um dia histórico para a Nova Zelândia, disse Peke-Mason a repórteres.

A parlamentar Nicola Willis ecoou essa alegria: “Estou muito feliz por minhas filhas estarem crescendo em um país em que mulheres representadas igualitariamente na vida pública é simplesmente normal. É algo notável”, afirmou ela.

Deputada Soraya Peke-Mason se tornou 60ª parlamentar mulher na Nova Zelândia, fazendo o quórum feminino superar o masculino na Casa Legislativa. Foto: Mark Mitchell/New Zealand Herald via AP

Outra política, Marama Davidson, do Partido Verde, foi mais direta: “Já estava mais que na hora”, disse ela a repórteres. “Ainda temos um longo caminho adiante”, acrescentou ela, citando a transparência salarial entre os legisladores como uma preocupação importante e duradoura.

A maioria feminina, porém, poderá ter vida curta, pois uma eleição excepcional marcada para dezembro na circunscrição de Hamilton West pode alterar o equilíbrio entre os gêneros novamente no Parlamento.

Com a primeira-ministra Jacinda Ardern na função desde 2017, a Nova Zelândia é um dos poucos países do mundo liderados por uma mulher. Ela surpreendeu muitos ao tirar licença maternidade no ano seguinte e se tornar uma das poucas líderes eleitas no mundo a dar à luz durante o mandato — após a falecida ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto.

Globalmente, apenas pouco mais de um quarto dos legisladores é mulher (26,4%), de acordo com a União Interparlamentar (IPU), entidade internacional que congrega Parlamentos nacionais e fomenta diplomacia parlamentar.

Apenas cinco países compartilham o feito de Wellington, com pelo menos metade dos legisladores mulher, entre eles, Ruanda, onde mais de 60% dos parlamentares são mulheres, Cuba (53%), Nicarágua (51%), México (50%) e Emirados Árabes Unidos (50%), de acordo com dados da IPU. Países que se aproximam de 50% incluem Islândia, Granada e África do Sul.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, discursa durante sorteio da Copa do Mundo Feminina de Futebol 2023 em Auckland. Foto: Alan Lee/photosport.nz via AP

Apesar de alguns ganhos, as mulheres continuam amplamente “subrepresentadas em todos os níveis de tomada de decisão mundo afora”, afirma a ONU Mulheres, alertando que “alcançar paridade de gênero na vida política não está no horizonte”.

Apesar de haver mais legisladoras em geral ocupando assentos em Parlamentos de todo o mundo, somente 21% dos ministros de governo são mulheres, e elas com frequência recebem pastas relacionadas a gênero, família, crianças, idosos, assistência social e meio ambiente, segundo constatou a ONU Mulheres. “Na atual taxa de progresso, a paridade de gênero em organismos legislativos nacionais não será alcançada antes de 2063.”

A pesquisadora Minna Cowper-Coles, do Instituto Global por Liderança da Mulher, um grupo de pesquisa com base em Londres, disse ao Washington Post na quinta-feira que a política sempre tem dificuldades para absorver legisladoras. Os sistemas políticos tendem a ficar aquém das expectativas, afirmou ela, tanto em produzir espaço para responsabilidades maternas — fazendo, por exemplo, votações tarde da noite e fornecendo licenças-maternidade e provisões para lactantes inadequadas — como em enfrentar o assédio online e presencial “direcionado desproporcionalmente às mulheres na política” e “em ascensão”.

Tais pressões com frequência afastam mulheres da política ou podem contribuir para que elas deixem a vida pública, acrescentou Cowper-Coles.

Na Europa, a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, tem enfrentado críticas durante o mandato. Neste mês, ela foi ridicularizada após a publicação de vídeos nas redes sociais em que ela aparece dançando com amigos, em um evento privado. Críticos classificaram a conduta dela como antiprofissional e irresponsável em meio à crise econômica no país, mas os vídeos também desencadearam uma onda de solidariedade de legisladoras que incluiu a ex-senadora americana Hillary Clinton — muitas delas publicaram fotos de si mesmas dançando, em um movimento para denunciar o que consideraram um tratamento injusto e sexista a Marin.

Cowper-Coles também argumentou que haver mulheres em posições de poder nem sempre beneficia outras mulheres, citando o “aumento na Europa de mulheres liderando partidos de extrema direita”.

A nova primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, definiu a si mesma este mês como “desfavorecida” e citou várias outras mulheres italianas, incluindo políticas, que abriram caminho para “romper o espesso teto de vidro”. Mas ela fez pouca menção a questões sociais que afetam as mulheres além de sugerir que liberdades individuais, incluindo sobre aborto, não serão retiradas.

“Também precisamos responsabilizar os políticos homens” por problemas em políticas que prejudicam as mulheres, disse ao Post Sarah Liu, professora-associada de ciência política e gênero da Universidade de Edimburgo. Ela citou o risco de “alterizar” as mulheres, colocando o foco nas campeãs e aceitando os homens como “ocupantes-padrão” da instância maior de poder.

Os Parlamentos têm de fazer mais para se tornar “ambientes amigáveis às mulheres”, particularmente em razão do aumento no número de mulheres desistindo de suas carreiras desde o advento da pandemia de coronavírus e em meio à crises econômicas, acrescentou ela.

Legisladoras possuem uma perspectiva única e surtem impacto, afirmou ela. “A pesquisa mostra que ter mais mulheres em Parlamentos leva a mais políticas amigáveis às mulheres”, afirmou Liu. “Se queremos garantir a representatividade das mulheres e a existência da paridade entre gêneros nas instituições políticas — onde as decisões que governam as vidas das pessoas são tomadas — temos de trazer a questão do gênero para o primeiro plano em todos os aspectos da política”.

A histórica maioria de mulheres no Parlamento da Nova Zelândia foi alcançada em um país em que o sufrágio feminino tem uma longa história. Em 1893, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país independente do mundo a garantir o direito às mulheres de votar em eleições parlamentares. Os Estados Unidos e países europeus, por sua vez, garantiram esses direitos muito depois, somente após o fim da 1.ª Guerra. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Nesta semana, a Nova Zelândia entrou para a história, especialmente para a história da mulher, quando mais legisladoras do que legisladores assumiram a maioria dos assentos do Parlamento do país pela primeira vez. Na terça-feira, Soraya Peke-Mason assumiu como parlamentar pelo Partido Trabalhista, deixando o organismo legislativo neozelandês com 60 mulheres e 59 homens.

“Ao mesmo tempo que é um dia especial para mim, considero um dia histórico para a Nova Zelândia, disse Peke-Mason a repórteres.

A parlamentar Nicola Willis ecoou essa alegria: “Estou muito feliz por minhas filhas estarem crescendo em um país em que mulheres representadas igualitariamente na vida pública é simplesmente normal. É algo notável”, afirmou ela.

Deputada Soraya Peke-Mason se tornou 60ª parlamentar mulher na Nova Zelândia, fazendo o quórum feminino superar o masculino na Casa Legislativa. Foto: Mark Mitchell/New Zealand Herald via AP

Outra política, Marama Davidson, do Partido Verde, foi mais direta: “Já estava mais que na hora”, disse ela a repórteres. “Ainda temos um longo caminho adiante”, acrescentou ela, citando a transparência salarial entre os legisladores como uma preocupação importante e duradoura.

A maioria feminina, porém, poderá ter vida curta, pois uma eleição excepcional marcada para dezembro na circunscrição de Hamilton West pode alterar o equilíbrio entre os gêneros novamente no Parlamento.

Com a primeira-ministra Jacinda Ardern na função desde 2017, a Nova Zelândia é um dos poucos países do mundo liderados por uma mulher. Ela surpreendeu muitos ao tirar licença maternidade no ano seguinte e se tornar uma das poucas líderes eleitas no mundo a dar à luz durante o mandato — após a falecida ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto.

Globalmente, apenas pouco mais de um quarto dos legisladores é mulher (26,4%), de acordo com a União Interparlamentar (IPU), entidade internacional que congrega Parlamentos nacionais e fomenta diplomacia parlamentar.

Apenas cinco países compartilham o feito de Wellington, com pelo menos metade dos legisladores mulher, entre eles, Ruanda, onde mais de 60% dos parlamentares são mulheres, Cuba (53%), Nicarágua (51%), México (50%) e Emirados Árabes Unidos (50%), de acordo com dados da IPU. Países que se aproximam de 50% incluem Islândia, Granada e África do Sul.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, discursa durante sorteio da Copa do Mundo Feminina de Futebol 2023 em Auckland. Foto: Alan Lee/photosport.nz via AP

Apesar de alguns ganhos, as mulheres continuam amplamente “subrepresentadas em todos os níveis de tomada de decisão mundo afora”, afirma a ONU Mulheres, alertando que “alcançar paridade de gênero na vida política não está no horizonte”.

Apesar de haver mais legisladoras em geral ocupando assentos em Parlamentos de todo o mundo, somente 21% dos ministros de governo são mulheres, e elas com frequência recebem pastas relacionadas a gênero, família, crianças, idosos, assistência social e meio ambiente, segundo constatou a ONU Mulheres. “Na atual taxa de progresso, a paridade de gênero em organismos legislativos nacionais não será alcançada antes de 2063.”

A pesquisadora Minna Cowper-Coles, do Instituto Global por Liderança da Mulher, um grupo de pesquisa com base em Londres, disse ao Washington Post na quinta-feira que a política sempre tem dificuldades para absorver legisladoras. Os sistemas políticos tendem a ficar aquém das expectativas, afirmou ela, tanto em produzir espaço para responsabilidades maternas — fazendo, por exemplo, votações tarde da noite e fornecendo licenças-maternidade e provisões para lactantes inadequadas — como em enfrentar o assédio online e presencial “direcionado desproporcionalmente às mulheres na política” e “em ascensão”.

Tais pressões com frequência afastam mulheres da política ou podem contribuir para que elas deixem a vida pública, acrescentou Cowper-Coles.

Na Europa, a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, tem enfrentado críticas durante o mandato. Neste mês, ela foi ridicularizada após a publicação de vídeos nas redes sociais em que ela aparece dançando com amigos, em um evento privado. Críticos classificaram a conduta dela como antiprofissional e irresponsável em meio à crise econômica no país, mas os vídeos também desencadearam uma onda de solidariedade de legisladoras que incluiu a ex-senadora americana Hillary Clinton — muitas delas publicaram fotos de si mesmas dançando, em um movimento para denunciar o que consideraram um tratamento injusto e sexista a Marin.

Cowper-Coles também argumentou que haver mulheres em posições de poder nem sempre beneficia outras mulheres, citando o “aumento na Europa de mulheres liderando partidos de extrema direita”.

A nova primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, definiu a si mesma este mês como “desfavorecida” e citou várias outras mulheres italianas, incluindo políticas, que abriram caminho para “romper o espesso teto de vidro”. Mas ela fez pouca menção a questões sociais que afetam as mulheres além de sugerir que liberdades individuais, incluindo sobre aborto, não serão retiradas.

“Também precisamos responsabilizar os políticos homens” por problemas em políticas que prejudicam as mulheres, disse ao Post Sarah Liu, professora-associada de ciência política e gênero da Universidade de Edimburgo. Ela citou o risco de “alterizar” as mulheres, colocando o foco nas campeãs e aceitando os homens como “ocupantes-padrão” da instância maior de poder.

Os Parlamentos têm de fazer mais para se tornar “ambientes amigáveis às mulheres”, particularmente em razão do aumento no número de mulheres desistindo de suas carreiras desde o advento da pandemia de coronavírus e em meio à crises econômicas, acrescentou ela.

Legisladoras possuem uma perspectiva única e surtem impacto, afirmou ela. “A pesquisa mostra que ter mais mulheres em Parlamentos leva a mais políticas amigáveis às mulheres”, afirmou Liu. “Se queremos garantir a representatividade das mulheres e a existência da paridade entre gêneros nas instituições políticas — onde as decisões que governam as vidas das pessoas são tomadas — temos de trazer a questão do gênero para o primeiro plano em todos os aspectos da política”.

A histórica maioria de mulheres no Parlamento da Nova Zelândia foi alcançada em um país em que o sufrágio feminino tem uma longa história. Em 1893, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país independente do mundo a garantir o direito às mulheres de votar em eleições parlamentares. Os Estados Unidos e países europeus, por sua vez, garantiram esses direitos muito depois, somente após o fim da 1.ª Guerra. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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