Mulheres são forçadas a andar nuas e violentadas na Índia; caso desperta revolta


Vítimas são de minoria étnica no estado de Manipur, onde um conflito deflagrado há semanas deixou ao menos 130 mortos

Por Redação

As imagens que ganharam repercussão nacional geram revolta na Índia: duas mulheres, nuas, cercadas por um grupo de homens, alguns armados com pedaços de madeira. Enquanto são arrastadas pela multidão violenta para um terreno descampado, elas choram e tentam se cobrir, mas nada adianta.

O caso é tratado como sequestro, estupro coletivo e homicídio já que o irmão de uma delas foi morto tentando protegê-la. “Fomos forçadas a nos despir e desfilar ou então eles teriam nos matado”, disseram a um grupo de ativistas que prestas suporte às vítimas.

À imprensa local as mulheres alegaram que, até então, os policiais teriam sido complacentes com os criminosos e que os pedidos de ajuda ficaram sem resposta. Agora, com a repercussão do vídeo, a polícia afirma que um suspeito foi detido e que espera realizar mais prisões em breve.

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Centenas protestam contra o estupro e ao assassinato de duas mulheres no Estado de Manipur, em Nova Delhi, na Índia Foto: Harish Tiagi/EFE/EPA

Nas redes sociais, o governador Biren Singh disse que até então não tinha conhecimento do vídeo, que definiu como uma ato “profundamente desrespeitoso e desumano”. Ele acrescentou que a polícia agiu “imediatamente” depois de tomar conhecimento das imagens e destacou ainda que “não há lugar para tais atos hediondos”. No comunicado, Biren ainda prometeu que adotará medidas “rigorosas” para os responsáveis, inclusive considerando a possiblidade de pena de morte.

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As imagens, gravadas no início de maio, tomaram as redes sociais agora e são motivo de revolta. Em nova Délhi, a sessão do Parlamento indiano foi interrompida por legisladores que exigiam uma discussão sobre a violência.

O chefe da Justiça indiana disse que a Suprema Corte ficou “profundamente perturbada pelas imagens” e prometeu que tomará providências se o governo não agir.

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No plano de fundo, está um embate étnico deflagrado há semanas no estado. As vítimas são da tribo Kuki-Zo, uma minoria predominantemente cristã, e os criminosos seriam da maioria hindu Meitei.

O Fórum de Líderes Tribais Indígenas condenou o crime que chamou de “doentio” e denunciou a violência contínua na região. “O estupro coletivo das mulheres aconteceu depois que a vila foi incendiada e dois homens – um de meia-idade e outro adolescente – foram espancados até a morte pela multidão”, afirma a nota.

Policial no meio de mulheres da etnia hindu Meitei, que tentam impedir a passagem da comunidade no conflito de Manipur, Índia. Foto: AP Photo/Altaf Qadri
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Conflito deflagrado no estado

Parte da demora para que o vídeo se espalhasse se explica pelos bloqueios à internet em Manipur, tática que tem sido adotada pelo governo em resposta ao conflito no estado, onde vivem 3,7 milhões de pessoas.

A disputa foi motivada por uma proposta do governo que aumentava a reserva que vagas em cargos públicos e no sistema de educação para os hindus Meitei. O conflito já deixou mais de 130 mortos e obrigou dezenas de milhares de pessoas a saírem de casa.

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Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, fala com a imprensa na chegada ao Parlamento, em Nova Délhi. Foto: AP Photo/Manish Swarup

O governo se manteve em silêncio até que a repercussão do vídeo levou o primeiro-ministro Narendra Modi, um nacionalista hindu, a condenar a violência contra as mulheres brutalmente atacadas, mas sem citar diretamente o conflito étnico.

“O incidente que veio à tona em Manipur, para uma sociedade civilizada, é uma vergonha”, disse Modi, que comanda a Índia desde 2014.

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Violência contra mulheres na Índia

O episódio também expõe outro problema na Índia: a violência de gênero. Um dia depois que o vídeo foi gravado, duas outras mulheres da etnia Kuki-Zo foram trancadas em um quarto e violentadas por pelo menos seis homens antes de serem encontradas mortas, relataram pessoas da comunidade.

Em um dos casos mais emblemáticos da violência que as mulheres sofrem na Índia, a jovem Jyoti Singh, de 23 anos, foi vítima de um estupro coletivo pelo motorista de ônibus de Nova Délhi e cinco cúmplices. Depois de violentada, a estudante foi jogada do ônibus, nua, e morreu duas semanas depois do ataque em razão dos ferimentos que sofreu. Um crime que repercutiu no mundo inteiro, há pouco mais de 10 anos.

Revoltadas, as mulheres indianas exigiram justiça e enfrentaram a repressão policiais aos protestos. Em resposta às manifestações o governo da época reformou a legislação para ampliar a compreensão de violência contra a mulher e instituiu punições mais duras, incluindo a pena de morte.

Mas nada disso tem surtido efeito na prática, como mostram os números.

Em 2012, o ano dos protestos, o país teve 24.923 casos de estupro. Em 2021, o último que se tem registro, o número de estupros saltou para 31.600, segundo dados do próprio governo. Isso significa que, a cada dia, 86 mulheres foram estupradas na Índia. A realidade deve ser ainda mais cruel considerando que muitas vítimas não procuram ajuda por medo ou vergonha e o estupro costuma ser um crime subnotificado.

O país chegou considerado o mais perigoso do mundo para as mulheres, segundo uma pesquisa da Fundação Thomson Reuters de 2018.

Um exemplo recente desse estado constante de violência contra as mulheres foi o assassinato brutal de uma adolescente, em Nova Délhi, há pouco mais de um mês. A meninas de 16 anos foi vítima de 34 facadas em uma área movimentada da capital indiana. O vídeo de cerca de um minuto gravado por uma câmera de segurança mostrou várias pessoas andando na rua, sem fazer nada, enquanto a adolescente era esfaqueada.

Segundo informações da imprensa local, o homem preso pelo crime afirmou em depoimento que conhecia a adolescente há dois anos e ficou furioso quando ela decidiu terminar a relação. O chefe da polícia tratou o caso como um “crime passional”.

As imagens que ganharam repercussão nacional geram revolta na Índia: duas mulheres, nuas, cercadas por um grupo de homens, alguns armados com pedaços de madeira. Enquanto são arrastadas pela multidão violenta para um terreno descampado, elas choram e tentam se cobrir, mas nada adianta.

O caso é tratado como sequestro, estupro coletivo e homicídio já que o irmão de uma delas foi morto tentando protegê-la. “Fomos forçadas a nos despir e desfilar ou então eles teriam nos matado”, disseram a um grupo de ativistas que prestas suporte às vítimas.

À imprensa local as mulheres alegaram que, até então, os policiais teriam sido complacentes com os criminosos e que os pedidos de ajuda ficaram sem resposta. Agora, com a repercussão do vídeo, a polícia afirma que um suspeito foi detido e que espera realizar mais prisões em breve.

Centenas protestam contra o estupro e ao assassinato de duas mulheres no Estado de Manipur, em Nova Delhi, na Índia Foto: Harish Tiagi/EFE/EPA

Nas redes sociais, o governador Biren Singh disse que até então não tinha conhecimento do vídeo, que definiu como uma ato “profundamente desrespeitoso e desumano”. Ele acrescentou que a polícia agiu “imediatamente” depois de tomar conhecimento das imagens e destacou ainda que “não há lugar para tais atos hediondos”. No comunicado, Biren ainda prometeu que adotará medidas “rigorosas” para os responsáveis, inclusive considerando a possiblidade de pena de morte.

As imagens, gravadas no início de maio, tomaram as redes sociais agora e são motivo de revolta. Em nova Délhi, a sessão do Parlamento indiano foi interrompida por legisladores que exigiam uma discussão sobre a violência.

O chefe da Justiça indiana disse que a Suprema Corte ficou “profundamente perturbada pelas imagens” e prometeu que tomará providências se o governo não agir.

No plano de fundo, está um embate étnico deflagrado há semanas no estado. As vítimas são da tribo Kuki-Zo, uma minoria predominantemente cristã, e os criminosos seriam da maioria hindu Meitei.

O Fórum de Líderes Tribais Indígenas condenou o crime que chamou de “doentio” e denunciou a violência contínua na região. “O estupro coletivo das mulheres aconteceu depois que a vila foi incendiada e dois homens – um de meia-idade e outro adolescente – foram espancados até a morte pela multidão”, afirma a nota.

Policial no meio de mulheres da etnia hindu Meitei, que tentam impedir a passagem da comunidade no conflito de Manipur, Índia. Foto: AP Photo/Altaf Qadri

Conflito deflagrado no estado

Parte da demora para que o vídeo se espalhasse se explica pelos bloqueios à internet em Manipur, tática que tem sido adotada pelo governo em resposta ao conflito no estado, onde vivem 3,7 milhões de pessoas.

A disputa foi motivada por uma proposta do governo que aumentava a reserva que vagas em cargos públicos e no sistema de educação para os hindus Meitei. O conflito já deixou mais de 130 mortos e obrigou dezenas de milhares de pessoas a saírem de casa.

Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, fala com a imprensa na chegada ao Parlamento, em Nova Délhi. Foto: AP Photo/Manish Swarup

O governo se manteve em silêncio até que a repercussão do vídeo levou o primeiro-ministro Narendra Modi, um nacionalista hindu, a condenar a violência contra as mulheres brutalmente atacadas, mas sem citar diretamente o conflito étnico.

“O incidente que veio à tona em Manipur, para uma sociedade civilizada, é uma vergonha”, disse Modi, que comanda a Índia desde 2014.

Violência contra mulheres na Índia

O episódio também expõe outro problema na Índia: a violência de gênero. Um dia depois que o vídeo foi gravado, duas outras mulheres da etnia Kuki-Zo foram trancadas em um quarto e violentadas por pelo menos seis homens antes de serem encontradas mortas, relataram pessoas da comunidade.

Em um dos casos mais emblemáticos da violência que as mulheres sofrem na Índia, a jovem Jyoti Singh, de 23 anos, foi vítima de um estupro coletivo pelo motorista de ônibus de Nova Délhi e cinco cúmplices. Depois de violentada, a estudante foi jogada do ônibus, nua, e morreu duas semanas depois do ataque em razão dos ferimentos que sofreu. Um crime que repercutiu no mundo inteiro, há pouco mais de 10 anos.

Revoltadas, as mulheres indianas exigiram justiça e enfrentaram a repressão policiais aos protestos. Em resposta às manifestações o governo da época reformou a legislação para ampliar a compreensão de violência contra a mulher e instituiu punições mais duras, incluindo a pena de morte.

Mas nada disso tem surtido efeito na prática, como mostram os números.

Em 2012, o ano dos protestos, o país teve 24.923 casos de estupro. Em 2021, o último que se tem registro, o número de estupros saltou para 31.600, segundo dados do próprio governo. Isso significa que, a cada dia, 86 mulheres foram estupradas na Índia. A realidade deve ser ainda mais cruel considerando que muitas vítimas não procuram ajuda por medo ou vergonha e o estupro costuma ser um crime subnotificado.

O país chegou considerado o mais perigoso do mundo para as mulheres, segundo uma pesquisa da Fundação Thomson Reuters de 2018.

Um exemplo recente desse estado constante de violência contra as mulheres foi o assassinato brutal de uma adolescente, em Nova Délhi, há pouco mais de um mês. A meninas de 16 anos foi vítima de 34 facadas em uma área movimentada da capital indiana. O vídeo de cerca de um minuto gravado por uma câmera de segurança mostrou várias pessoas andando na rua, sem fazer nada, enquanto a adolescente era esfaqueada.

Segundo informações da imprensa local, o homem preso pelo crime afirmou em depoimento que conhecia a adolescente há dois anos e ficou furioso quando ela decidiu terminar a relação. O chefe da polícia tratou o caso como um “crime passional”.

As imagens que ganharam repercussão nacional geram revolta na Índia: duas mulheres, nuas, cercadas por um grupo de homens, alguns armados com pedaços de madeira. Enquanto são arrastadas pela multidão violenta para um terreno descampado, elas choram e tentam se cobrir, mas nada adianta.

O caso é tratado como sequestro, estupro coletivo e homicídio já que o irmão de uma delas foi morto tentando protegê-la. “Fomos forçadas a nos despir e desfilar ou então eles teriam nos matado”, disseram a um grupo de ativistas que prestas suporte às vítimas.

À imprensa local as mulheres alegaram que, até então, os policiais teriam sido complacentes com os criminosos e que os pedidos de ajuda ficaram sem resposta. Agora, com a repercussão do vídeo, a polícia afirma que um suspeito foi detido e que espera realizar mais prisões em breve.

Centenas protestam contra o estupro e ao assassinato de duas mulheres no Estado de Manipur, em Nova Delhi, na Índia Foto: Harish Tiagi/EFE/EPA

Nas redes sociais, o governador Biren Singh disse que até então não tinha conhecimento do vídeo, que definiu como uma ato “profundamente desrespeitoso e desumano”. Ele acrescentou que a polícia agiu “imediatamente” depois de tomar conhecimento das imagens e destacou ainda que “não há lugar para tais atos hediondos”. No comunicado, Biren ainda prometeu que adotará medidas “rigorosas” para os responsáveis, inclusive considerando a possiblidade de pena de morte.

As imagens, gravadas no início de maio, tomaram as redes sociais agora e são motivo de revolta. Em nova Délhi, a sessão do Parlamento indiano foi interrompida por legisladores que exigiam uma discussão sobre a violência.

O chefe da Justiça indiana disse que a Suprema Corte ficou “profundamente perturbada pelas imagens” e prometeu que tomará providências se o governo não agir.

No plano de fundo, está um embate étnico deflagrado há semanas no estado. As vítimas são da tribo Kuki-Zo, uma minoria predominantemente cristã, e os criminosos seriam da maioria hindu Meitei.

O Fórum de Líderes Tribais Indígenas condenou o crime que chamou de “doentio” e denunciou a violência contínua na região. “O estupro coletivo das mulheres aconteceu depois que a vila foi incendiada e dois homens – um de meia-idade e outro adolescente – foram espancados até a morte pela multidão”, afirma a nota.

Policial no meio de mulheres da etnia hindu Meitei, que tentam impedir a passagem da comunidade no conflito de Manipur, Índia. Foto: AP Photo/Altaf Qadri

Conflito deflagrado no estado

Parte da demora para que o vídeo se espalhasse se explica pelos bloqueios à internet em Manipur, tática que tem sido adotada pelo governo em resposta ao conflito no estado, onde vivem 3,7 milhões de pessoas.

A disputa foi motivada por uma proposta do governo que aumentava a reserva que vagas em cargos públicos e no sistema de educação para os hindus Meitei. O conflito já deixou mais de 130 mortos e obrigou dezenas de milhares de pessoas a saírem de casa.

Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, fala com a imprensa na chegada ao Parlamento, em Nova Délhi. Foto: AP Photo/Manish Swarup

O governo se manteve em silêncio até que a repercussão do vídeo levou o primeiro-ministro Narendra Modi, um nacionalista hindu, a condenar a violência contra as mulheres brutalmente atacadas, mas sem citar diretamente o conflito étnico.

“O incidente que veio à tona em Manipur, para uma sociedade civilizada, é uma vergonha”, disse Modi, que comanda a Índia desde 2014.

Violência contra mulheres na Índia

O episódio também expõe outro problema na Índia: a violência de gênero. Um dia depois que o vídeo foi gravado, duas outras mulheres da etnia Kuki-Zo foram trancadas em um quarto e violentadas por pelo menos seis homens antes de serem encontradas mortas, relataram pessoas da comunidade.

Em um dos casos mais emblemáticos da violência que as mulheres sofrem na Índia, a jovem Jyoti Singh, de 23 anos, foi vítima de um estupro coletivo pelo motorista de ônibus de Nova Délhi e cinco cúmplices. Depois de violentada, a estudante foi jogada do ônibus, nua, e morreu duas semanas depois do ataque em razão dos ferimentos que sofreu. Um crime que repercutiu no mundo inteiro, há pouco mais de 10 anos.

Revoltadas, as mulheres indianas exigiram justiça e enfrentaram a repressão policiais aos protestos. Em resposta às manifestações o governo da época reformou a legislação para ampliar a compreensão de violência contra a mulher e instituiu punições mais duras, incluindo a pena de morte.

Mas nada disso tem surtido efeito na prática, como mostram os números.

Em 2012, o ano dos protestos, o país teve 24.923 casos de estupro. Em 2021, o último que se tem registro, o número de estupros saltou para 31.600, segundo dados do próprio governo. Isso significa que, a cada dia, 86 mulheres foram estupradas na Índia. A realidade deve ser ainda mais cruel considerando que muitas vítimas não procuram ajuda por medo ou vergonha e o estupro costuma ser um crime subnotificado.

O país chegou considerado o mais perigoso do mundo para as mulheres, segundo uma pesquisa da Fundação Thomson Reuters de 2018.

Um exemplo recente desse estado constante de violência contra as mulheres foi o assassinato brutal de uma adolescente, em Nova Délhi, há pouco mais de um mês. A meninas de 16 anos foi vítima de 34 facadas em uma área movimentada da capital indiana. O vídeo de cerca de um minuto gravado por uma câmera de segurança mostrou várias pessoas andando na rua, sem fazer nada, enquanto a adolescente era esfaqueada.

Segundo informações da imprensa local, o homem preso pelo crime afirmou em depoimento que conhecia a adolescente há dois anos e ficou furioso quando ela decidiu terminar a relação. O chefe da polícia tratou o caso como um “crime passional”.

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