Os eventos fúnebres do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e do ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, começaram no noroeste do Irã nesta terça-feira, 21, em meio a investigações sobre o acidente de helicóptero que matou os dois políticos.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, anunciou cinco dias de luto pelas mortes de Raisi e Abdollahian, que morreram quando o helicóptero deles caiu em uma área montanhosa perto da cidade iraniana de Jolfa no domingo, 19. A mídia estatal apontou que o acidente ocorreu devido a uma “falha técnica”.
Vídeos postados por agências de notícias iranianas mostraram multidões nas ruas atrás do cortejo na cidade de Tabriz, aguardando uma procissão carregando os caixões cobertos.
O cortejo fúnebre em Tabriz, a maior cidade próxima do local do acidente, foi o primeiro de uma série de eventos oficiais para se despedir do presidente, um clérigo linha-dura que atingiu a maioridade durante a revolução islâmica do país e supervisionou um repressão mortal a manifestantes como chefe do judiciário em 2019 e como presidente em 2022. Ele era amplamente visto como um potencial sucessor do aiatolá Khamenei, que tem 85 anos.
Enquanto um caminhão que transportava os corpos de Raisi e dos outros passava por Tabriz, os enlutados avançaram e tentaram tocar nos caixões. Vídeos mostraram algumas pessoas chorando na multidão.
Mas enquanto alguns iranianos lamentaram Raisi, outros saudaram a perda de um homem que consideravam uma figura chave em um regime corrupto que supervisionou a execução de dissidentes, usou a violência para reprimir e matar manifestantes e prendeu jornalistas e ativistas.
Após os acontecimentos em Tabriz, os corpos foram levados para o aeroporto e transportados para um avião. A expectativa é que eles sejam levados para a cidade de Qom e depois para Teerã, a capital, à noite.
As autoridades iranianas declararam que a quarta-feira, 22, será feriado oficial e estão programadas orações fúnebres e um cortejo fúnebre em Teerã. Os eventos incluirão uma cerimónia com a presença de presidentes estrangeiros, segundo a mídia estatal. O enterro de Raisi acontecerá em sua cidade natal, Mashhad, na quinta-feira, 23.
Saiba mais
Novo governo
Os líderes do Irã tentaram projetar uma sensação de calma após a morte de Raisi, assegurando ao público que o governo continuará exercendo as suas funções. Um presidente interino, Mohammad Mokhber, e um ministro interino das Relações Exteriores, Ali Bagheri Kani, foram rapidamente nomeados. O Irã deve escolher um novo presidente no dia 28 de junho.
Mas a apreensão permanece sobre o que vem a seguir para o país, que está em crise. O acidente ocorreu em um momento particularmente difícil para o Irã, em um contexto de crise econômica, descontentamento público generalizado e tensões geopolíticas que no mês passado levaram Israel e o Irã a trocarem raros ataques diretos.
Analistas no Irã apontaram que a estabilidade e a sobrevivência da República Islâmica não estavam em risco, mas muitos estavam receosos sobre quem assumiria o cargo de presidente e quem constituiria o próximo governo./com NYT