Mundo chega à marca de 8 bilhões de habitantes, diz ONU


Grande parte do crescimento acontece nas nações em desenvolvimento na África; desigualdade é acentuada

Por Redação
Atualização:

O mundo chega à marca de 8 bilhões de habitantes nesta terça-feira, 15, de acordo com projeção da Organização das Nações Unidas (ONU). A organização diz que o número é resultado do crescimento populacional acelerado ao longo do último século, principalmente devido ao aumento da expectativa de vida. Grande parte do crescimento está em nações em desenvolvimento na África.

A população mundial levou até o ano 1800 para chegar a 1 bilhão de habitantes e há 100 anos ainda não havia atingido 2 bilhões. No entanto, foram necessários apenas 12 anos para o mundo passar de 7 bilhões para 8 bilhões.

Apesar do aumento acelerado do último século, o crescimento populacional diminui acentuadamente há décadas: a taxa de crescimento anual atingiu um pico de 2,2% em 1964 e caiu constantemente para menos de 1%. Segundo as estimativas da ONU, serão necessários pelo menos 15 anos para que o mundo alcance o próximo bilhão de pessoas.

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Grande parte do crescimento populacional vem de nações em desenvolvimento na África. Foto: Kate Holt/UNICEF via AP

A ONU espera que o mundo tenha cerca de 9,7 bilhões de pessoas até 2050 e 10,4 bilhões até 2080, para permanecer neste nível até pelo menos 2100.

Conforme relatório, embora a expectativa de vida no mundo tenha caído para 71 anos em 2021, em razão da pandemia da covid-19, estima-se que a expectativa de vida atinja 77,2 anos em 2050.

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Atualmente, o crescimento populacional está concentrado em poucos países, com mais da metade do aumento populacional previsto até 2050 ocorrendo em apenas oito: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. Muitos estão concentrados no continente africano.

A China é atualmente o país mais populoso do mundo, mas espera-se que seja ultrapassada pela Índia até 2023, como várias projeções apontam há anos.

Desigualdades

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O rápido crescimento populacional também significa mais pessoas competindo por água e recursos escassos, deixando mais famílias com fome.

Na Nigéria, mais de 15 milhões de pessoas em Lagos - maior cidade do país - competem por tudo, desde eletricidade para iluminar suas casas para pontos em ônibus lotados, muitas vezes para trajetos de duas horas cada sentido nesta megacidade em expansão. Algumas crianças nigerianas partem para a escola tão cedo quanto 5 da manhã.

Nas próximas três décadas, a população do país da África Ocidental deve subir ainda mais: de 216 milhões este ano para 375 milhões, diz a ONU. Isso fará da Nigéria o quarto país mais populoso do mundo depois da China, Índia e Estados Unidos.

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“A população em muitos países da África Subsaariana é projetada para dobrar entre 2022 e 2050, pressionando ainda mais recursos e políticas desafiadoras destinadas a reduzir a pobreza e as desigualdades”, disse o relatório da ONU.

Na capital do Congo, Kinshasa, onde vivem mais de 12 milhões de pessoas, muitas famílias lutam para encontrar moradias acessíveis e pagar as taxas escolares. Enquanto alunos do ensino fundamental frequentam gratuitamente, as chances das crianças mais velhas dependem da renda dos pais.

“Meus filhos se revezaram indo para a escola”, disse Luc Kyungu, motorista que tem seis filhos. “Dois estudavam, enquanto os outros esperavam por causa dinheiro. Se eu não tivesse tantos filhos, eles teriam terminado os estudos na hora”, afirmou ele.

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Além do rápido crescimento populacional, as mudanças climáticas impactam cada vez mais a produção agrícola em muitas partes do mundo. “Há também uma maior pressão sobre o meio ambiente, aumentando a desafios para a segurança alimentar que também é agravado pelas mudanças climáticas’', disse Srinath Reddy, presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.

“Reduzir a desigualdade com foco na adaptação e mitigação das mudanças climáticas deve estar onde o foco das decisões políticas deve estar”, acrescentou Reddy.

Ainda assim, especialistas dizem que a maior ameaça ao meio ambiente é o consumo, que é maior em países desenvolvidos que não sofrem grandes aumentos populacionais.

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“Evidências globais mostram que uma pequena parcela da população mundial usa a maioria dos os recursos da Terra e produzem a maior parte de suas emissões de gases de efeito estufa”, disse Poonam Muttreja, diretora-executiva da Population Foundation of India (Fundação Populacional da Índia, em tradução livre).

“Nos últimos 25 anos, os 10% mais ricos da população global foram responsáveis por mais da metade de todas as emissões de carbono”, disse.

Além destas tendências de longo prazo, a aceleração da crise climática e a recuperação desigual da pandemia da covid-19 aumentam as desigualdades. Segundo a ONU, inundações, tempestades e secas estão devastando países que em quase nada contribuíram para o aquecimento global.

“Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos”, afirmou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em artigo da ONU.

Ainda conforme ele, a guerra na Ucrânia agrava as atuais crises alimentar, energética e financeira, que atingem mais duramente as economias em desenvolvimento. Estas desigualdades têm um maior impacto nas mulheres e nas meninas e em grupos marginalizados que já são discriminados.

Entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade. Foto: Unsplash

Taxas de natalidade

Enquanto isso, entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade e, em alguns casos, à alta emigração.

Para a ONU, o marco de 8 bilhões é um momento para celebrar, refletindo um mundo com expectativas de vida mais longas, menos mortes maternas e infantis e sistemas de saúde cada vez mais eficazes

“Eu sei que este momento pode não ser celebrado por todos. Alguns expressam a preocupação de que nosso mundo está superpovoado, com muitas pessoas, e não dispõe de recursos suficientes para sustentar suas vidas. Estou aqui para dizer claramente que o número absoluto de vidas humanas não é motivo de medo”, explicou Natalia Kanem, diretora executiva do Fundo de População da ONU (UNFPA), em reunião com jornalistas, no mês passado.

A ONU reiterou que não há razão para “alarmismo” demográfico e lembra que a melhor maneira de retardar o crescimento populacional é incentivar o desenvolvimento, especialmente para as mulheres.

Os dados mostram que nos países mais avançados as taxas de fertilidade tendem a cair e, por exemplo, 60% da população mundial vive agora em lugares onde as taxas de fertilidade estão abaixo do nível de reposição, enquanto que são os países menos desenvolvidos que continuam a ver o crescimento populacional. / AP e EFE

O mundo chega à marca de 8 bilhões de habitantes nesta terça-feira, 15, de acordo com projeção da Organização das Nações Unidas (ONU). A organização diz que o número é resultado do crescimento populacional acelerado ao longo do último século, principalmente devido ao aumento da expectativa de vida. Grande parte do crescimento está em nações em desenvolvimento na África.

A população mundial levou até o ano 1800 para chegar a 1 bilhão de habitantes e há 100 anos ainda não havia atingido 2 bilhões. No entanto, foram necessários apenas 12 anos para o mundo passar de 7 bilhões para 8 bilhões.

Apesar do aumento acelerado do último século, o crescimento populacional diminui acentuadamente há décadas: a taxa de crescimento anual atingiu um pico de 2,2% em 1964 e caiu constantemente para menos de 1%. Segundo as estimativas da ONU, serão necessários pelo menos 15 anos para que o mundo alcance o próximo bilhão de pessoas.

Grande parte do crescimento populacional vem de nações em desenvolvimento na África. Foto: Kate Holt/UNICEF via AP

A ONU espera que o mundo tenha cerca de 9,7 bilhões de pessoas até 2050 e 10,4 bilhões até 2080, para permanecer neste nível até pelo menos 2100.

Conforme relatório, embora a expectativa de vida no mundo tenha caído para 71 anos em 2021, em razão da pandemia da covid-19, estima-se que a expectativa de vida atinja 77,2 anos em 2050.

Atualmente, o crescimento populacional está concentrado em poucos países, com mais da metade do aumento populacional previsto até 2050 ocorrendo em apenas oito: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. Muitos estão concentrados no continente africano.

A China é atualmente o país mais populoso do mundo, mas espera-se que seja ultrapassada pela Índia até 2023, como várias projeções apontam há anos.

Desigualdades

O rápido crescimento populacional também significa mais pessoas competindo por água e recursos escassos, deixando mais famílias com fome.

Na Nigéria, mais de 15 milhões de pessoas em Lagos - maior cidade do país - competem por tudo, desde eletricidade para iluminar suas casas para pontos em ônibus lotados, muitas vezes para trajetos de duas horas cada sentido nesta megacidade em expansão. Algumas crianças nigerianas partem para a escola tão cedo quanto 5 da manhã.

Nas próximas três décadas, a população do país da África Ocidental deve subir ainda mais: de 216 milhões este ano para 375 milhões, diz a ONU. Isso fará da Nigéria o quarto país mais populoso do mundo depois da China, Índia e Estados Unidos.

“A população em muitos países da África Subsaariana é projetada para dobrar entre 2022 e 2050, pressionando ainda mais recursos e políticas desafiadoras destinadas a reduzir a pobreza e as desigualdades”, disse o relatório da ONU.

Na capital do Congo, Kinshasa, onde vivem mais de 12 milhões de pessoas, muitas famílias lutam para encontrar moradias acessíveis e pagar as taxas escolares. Enquanto alunos do ensino fundamental frequentam gratuitamente, as chances das crianças mais velhas dependem da renda dos pais.

“Meus filhos se revezaram indo para a escola”, disse Luc Kyungu, motorista que tem seis filhos. “Dois estudavam, enquanto os outros esperavam por causa dinheiro. Se eu não tivesse tantos filhos, eles teriam terminado os estudos na hora”, afirmou ele.

Além do rápido crescimento populacional, as mudanças climáticas impactam cada vez mais a produção agrícola em muitas partes do mundo. “Há também uma maior pressão sobre o meio ambiente, aumentando a desafios para a segurança alimentar que também é agravado pelas mudanças climáticas’', disse Srinath Reddy, presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.

“Reduzir a desigualdade com foco na adaptação e mitigação das mudanças climáticas deve estar onde o foco das decisões políticas deve estar”, acrescentou Reddy.

Ainda assim, especialistas dizem que a maior ameaça ao meio ambiente é o consumo, que é maior em países desenvolvidos que não sofrem grandes aumentos populacionais.

“Evidências globais mostram que uma pequena parcela da população mundial usa a maioria dos os recursos da Terra e produzem a maior parte de suas emissões de gases de efeito estufa”, disse Poonam Muttreja, diretora-executiva da Population Foundation of India (Fundação Populacional da Índia, em tradução livre).

“Nos últimos 25 anos, os 10% mais ricos da população global foram responsáveis por mais da metade de todas as emissões de carbono”, disse.

Além destas tendências de longo prazo, a aceleração da crise climática e a recuperação desigual da pandemia da covid-19 aumentam as desigualdades. Segundo a ONU, inundações, tempestades e secas estão devastando países que em quase nada contribuíram para o aquecimento global.

“Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos”, afirmou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em artigo da ONU.

Ainda conforme ele, a guerra na Ucrânia agrava as atuais crises alimentar, energética e financeira, que atingem mais duramente as economias em desenvolvimento. Estas desigualdades têm um maior impacto nas mulheres e nas meninas e em grupos marginalizados que já são discriminados.

Entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade. Foto: Unsplash

Taxas de natalidade

Enquanto isso, entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade e, em alguns casos, à alta emigração.

Para a ONU, o marco de 8 bilhões é um momento para celebrar, refletindo um mundo com expectativas de vida mais longas, menos mortes maternas e infantis e sistemas de saúde cada vez mais eficazes

“Eu sei que este momento pode não ser celebrado por todos. Alguns expressam a preocupação de que nosso mundo está superpovoado, com muitas pessoas, e não dispõe de recursos suficientes para sustentar suas vidas. Estou aqui para dizer claramente que o número absoluto de vidas humanas não é motivo de medo”, explicou Natalia Kanem, diretora executiva do Fundo de População da ONU (UNFPA), em reunião com jornalistas, no mês passado.

A ONU reiterou que não há razão para “alarmismo” demográfico e lembra que a melhor maneira de retardar o crescimento populacional é incentivar o desenvolvimento, especialmente para as mulheres.

Os dados mostram que nos países mais avançados as taxas de fertilidade tendem a cair e, por exemplo, 60% da população mundial vive agora em lugares onde as taxas de fertilidade estão abaixo do nível de reposição, enquanto que são os países menos desenvolvidos que continuam a ver o crescimento populacional. / AP e EFE

O mundo chega à marca de 8 bilhões de habitantes nesta terça-feira, 15, de acordo com projeção da Organização das Nações Unidas (ONU). A organização diz que o número é resultado do crescimento populacional acelerado ao longo do último século, principalmente devido ao aumento da expectativa de vida. Grande parte do crescimento está em nações em desenvolvimento na África.

A população mundial levou até o ano 1800 para chegar a 1 bilhão de habitantes e há 100 anos ainda não havia atingido 2 bilhões. No entanto, foram necessários apenas 12 anos para o mundo passar de 7 bilhões para 8 bilhões.

Apesar do aumento acelerado do último século, o crescimento populacional diminui acentuadamente há décadas: a taxa de crescimento anual atingiu um pico de 2,2% em 1964 e caiu constantemente para menos de 1%. Segundo as estimativas da ONU, serão necessários pelo menos 15 anos para que o mundo alcance o próximo bilhão de pessoas.

Grande parte do crescimento populacional vem de nações em desenvolvimento na África. Foto: Kate Holt/UNICEF via AP

A ONU espera que o mundo tenha cerca de 9,7 bilhões de pessoas até 2050 e 10,4 bilhões até 2080, para permanecer neste nível até pelo menos 2100.

Conforme relatório, embora a expectativa de vida no mundo tenha caído para 71 anos em 2021, em razão da pandemia da covid-19, estima-se que a expectativa de vida atinja 77,2 anos em 2050.

Atualmente, o crescimento populacional está concentrado em poucos países, com mais da metade do aumento populacional previsto até 2050 ocorrendo em apenas oito: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. Muitos estão concentrados no continente africano.

A China é atualmente o país mais populoso do mundo, mas espera-se que seja ultrapassada pela Índia até 2023, como várias projeções apontam há anos.

Desigualdades

O rápido crescimento populacional também significa mais pessoas competindo por água e recursos escassos, deixando mais famílias com fome.

Na Nigéria, mais de 15 milhões de pessoas em Lagos - maior cidade do país - competem por tudo, desde eletricidade para iluminar suas casas para pontos em ônibus lotados, muitas vezes para trajetos de duas horas cada sentido nesta megacidade em expansão. Algumas crianças nigerianas partem para a escola tão cedo quanto 5 da manhã.

Nas próximas três décadas, a população do país da África Ocidental deve subir ainda mais: de 216 milhões este ano para 375 milhões, diz a ONU. Isso fará da Nigéria o quarto país mais populoso do mundo depois da China, Índia e Estados Unidos.

“A população em muitos países da África Subsaariana é projetada para dobrar entre 2022 e 2050, pressionando ainda mais recursos e políticas desafiadoras destinadas a reduzir a pobreza e as desigualdades”, disse o relatório da ONU.

Na capital do Congo, Kinshasa, onde vivem mais de 12 milhões de pessoas, muitas famílias lutam para encontrar moradias acessíveis e pagar as taxas escolares. Enquanto alunos do ensino fundamental frequentam gratuitamente, as chances das crianças mais velhas dependem da renda dos pais.

“Meus filhos se revezaram indo para a escola”, disse Luc Kyungu, motorista que tem seis filhos. “Dois estudavam, enquanto os outros esperavam por causa dinheiro. Se eu não tivesse tantos filhos, eles teriam terminado os estudos na hora”, afirmou ele.

Além do rápido crescimento populacional, as mudanças climáticas impactam cada vez mais a produção agrícola em muitas partes do mundo. “Há também uma maior pressão sobre o meio ambiente, aumentando a desafios para a segurança alimentar que também é agravado pelas mudanças climáticas’', disse Srinath Reddy, presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.

“Reduzir a desigualdade com foco na adaptação e mitigação das mudanças climáticas deve estar onde o foco das decisões políticas deve estar”, acrescentou Reddy.

Ainda assim, especialistas dizem que a maior ameaça ao meio ambiente é o consumo, que é maior em países desenvolvidos que não sofrem grandes aumentos populacionais.

“Evidências globais mostram que uma pequena parcela da população mundial usa a maioria dos os recursos da Terra e produzem a maior parte de suas emissões de gases de efeito estufa”, disse Poonam Muttreja, diretora-executiva da Population Foundation of India (Fundação Populacional da Índia, em tradução livre).

“Nos últimos 25 anos, os 10% mais ricos da população global foram responsáveis por mais da metade de todas as emissões de carbono”, disse.

Além destas tendências de longo prazo, a aceleração da crise climática e a recuperação desigual da pandemia da covid-19 aumentam as desigualdades. Segundo a ONU, inundações, tempestades e secas estão devastando países que em quase nada contribuíram para o aquecimento global.

“Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos”, afirmou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em artigo da ONU.

Ainda conforme ele, a guerra na Ucrânia agrava as atuais crises alimentar, energética e financeira, que atingem mais duramente as economias em desenvolvimento. Estas desigualdades têm um maior impacto nas mulheres e nas meninas e em grupos marginalizados que já são discriminados.

Entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade. Foto: Unsplash

Taxas de natalidade

Enquanto isso, entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade e, em alguns casos, à alta emigração.

Para a ONU, o marco de 8 bilhões é um momento para celebrar, refletindo um mundo com expectativas de vida mais longas, menos mortes maternas e infantis e sistemas de saúde cada vez mais eficazes

“Eu sei que este momento pode não ser celebrado por todos. Alguns expressam a preocupação de que nosso mundo está superpovoado, com muitas pessoas, e não dispõe de recursos suficientes para sustentar suas vidas. Estou aqui para dizer claramente que o número absoluto de vidas humanas não é motivo de medo”, explicou Natalia Kanem, diretora executiva do Fundo de População da ONU (UNFPA), em reunião com jornalistas, no mês passado.

A ONU reiterou que não há razão para “alarmismo” demográfico e lembra que a melhor maneira de retardar o crescimento populacional é incentivar o desenvolvimento, especialmente para as mulheres.

Os dados mostram que nos países mais avançados as taxas de fertilidade tendem a cair e, por exemplo, 60% da população mundial vive agora em lugares onde as taxas de fertilidade estão abaixo do nível de reposição, enquanto que são os países menos desenvolvidos que continuam a ver o crescimento populacional. / AP e EFE

O mundo chega à marca de 8 bilhões de habitantes nesta terça-feira, 15, de acordo com projeção da Organização das Nações Unidas (ONU). A organização diz que o número é resultado do crescimento populacional acelerado ao longo do último século, principalmente devido ao aumento da expectativa de vida. Grande parte do crescimento está em nações em desenvolvimento na África.

A população mundial levou até o ano 1800 para chegar a 1 bilhão de habitantes e há 100 anos ainda não havia atingido 2 bilhões. No entanto, foram necessários apenas 12 anos para o mundo passar de 7 bilhões para 8 bilhões.

Apesar do aumento acelerado do último século, o crescimento populacional diminui acentuadamente há décadas: a taxa de crescimento anual atingiu um pico de 2,2% em 1964 e caiu constantemente para menos de 1%. Segundo as estimativas da ONU, serão necessários pelo menos 15 anos para que o mundo alcance o próximo bilhão de pessoas.

Grande parte do crescimento populacional vem de nações em desenvolvimento na África. Foto: Kate Holt/UNICEF via AP

A ONU espera que o mundo tenha cerca de 9,7 bilhões de pessoas até 2050 e 10,4 bilhões até 2080, para permanecer neste nível até pelo menos 2100.

Conforme relatório, embora a expectativa de vida no mundo tenha caído para 71 anos em 2021, em razão da pandemia da covid-19, estima-se que a expectativa de vida atinja 77,2 anos em 2050.

Atualmente, o crescimento populacional está concentrado em poucos países, com mais da metade do aumento populacional previsto até 2050 ocorrendo em apenas oito: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. Muitos estão concentrados no continente africano.

A China é atualmente o país mais populoso do mundo, mas espera-se que seja ultrapassada pela Índia até 2023, como várias projeções apontam há anos.

Desigualdades

O rápido crescimento populacional também significa mais pessoas competindo por água e recursos escassos, deixando mais famílias com fome.

Na Nigéria, mais de 15 milhões de pessoas em Lagos - maior cidade do país - competem por tudo, desde eletricidade para iluminar suas casas para pontos em ônibus lotados, muitas vezes para trajetos de duas horas cada sentido nesta megacidade em expansão. Algumas crianças nigerianas partem para a escola tão cedo quanto 5 da manhã.

Nas próximas três décadas, a população do país da África Ocidental deve subir ainda mais: de 216 milhões este ano para 375 milhões, diz a ONU. Isso fará da Nigéria o quarto país mais populoso do mundo depois da China, Índia e Estados Unidos.

“A população em muitos países da África Subsaariana é projetada para dobrar entre 2022 e 2050, pressionando ainda mais recursos e políticas desafiadoras destinadas a reduzir a pobreza e as desigualdades”, disse o relatório da ONU.

Na capital do Congo, Kinshasa, onde vivem mais de 12 milhões de pessoas, muitas famílias lutam para encontrar moradias acessíveis e pagar as taxas escolares. Enquanto alunos do ensino fundamental frequentam gratuitamente, as chances das crianças mais velhas dependem da renda dos pais.

“Meus filhos se revezaram indo para a escola”, disse Luc Kyungu, motorista que tem seis filhos. “Dois estudavam, enquanto os outros esperavam por causa dinheiro. Se eu não tivesse tantos filhos, eles teriam terminado os estudos na hora”, afirmou ele.

Além do rápido crescimento populacional, as mudanças climáticas impactam cada vez mais a produção agrícola em muitas partes do mundo. “Há também uma maior pressão sobre o meio ambiente, aumentando a desafios para a segurança alimentar que também é agravado pelas mudanças climáticas’', disse Srinath Reddy, presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.

“Reduzir a desigualdade com foco na adaptação e mitigação das mudanças climáticas deve estar onde o foco das decisões políticas deve estar”, acrescentou Reddy.

Ainda assim, especialistas dizem que a maior ameaça ao meio ambiente é o consumo, que é maior em países desenvolvidos que não sofrem grandes aumentos populacionais.

“Evidências globais mostram que uma pequena parcela da população mundial usa a maioria dos os recursos da Terra e produzem a maior parte de suas emissões de gases de efeito estufa”, disse Poonam Muttreja, diretora-executiva da Population Foundation of India (Fundação Populacional da Índia, em tradução livre).

“Nos últimos 25 anos, os 10% mais ricos da população global foram responsáveis por mais da metade de todas as emissões de carbono”, disse.

Além destas tendências de longo prazo, a aceleração da crise climática e a recuperação desigual da pandemia da covid-19 aumentam as desigualdades. Segundo a ONU, inundações, tempestades e secas estão devastando países que em quase nada contribuíram para o aquecimento global.

“Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos”, afirmou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em artigo da ONU.

Ainda conforme ele, a guerra na Ucrânia agrava as atuais crises alimentar, energética e financeira, que atingem mais duramente as economias em desenvolvimento. Estas desigualdades têm um maior impacto nas mulheres e nas meninas e em grupos marginalizados que já são discriminados.

Entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade. Foto: Unsplash

Taxas de natalidade

Enquanto isso, entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade e, em alguns casos, à alta emigração.

Para a ONU, o marco de 8 bilhões é um momento para celebrar, refletindo um mundo com expectativas de vida mais longas, menos mortes maternas e infantis e sistemas de saúde cada vez mais eficazes

“Eu sei que este momento pode não ser celebrado por todos. Alguns expressam a preocupação de que nosso mundo está superpovoado, com muitas pessoas, e não dispõe de recursos suficientes para sustentar suas vidas. Estou aqui para dizer claramente que o número absoluto de vidas humanas não é motivo de medo”, explicou Natalia Kanem, diretora executiva do Fundo de População da ONU (UNFPA), em reunião com jornalistas, no mês passado.

A ONU reiterou que não há razão para “alarmismo” demográfico e lembra que a melhor maneira de retardar o crescimento populacional é incentivar o desenvolvimento, especialmente para as mulheres.

Os dados mostram que nos países mais avançados as taxas de fertilidade tendem a cair e, por exemplo, 60% da população mundial vive agora em lugares onde as taxas de fertilidade estão abaixo do nível de reposição, enquanto que são os países menos desenvolvidos que continuam a ver o crescimento populacional. / AP e EFE

O mundo chega à marca de 8 bilhões de habitantes nesta terça-feira, 15, de acordo com projeção da Organização das Nações Unidas (ONU). A organização diz que o número é resultado do crescimento populacional acelerado ao longo do último século, principalmente devido ao aumento da expectativa de vida. Grande parte do crescimento está em nações em desenvolvimento na África.

A população mundial levou até o ano 1800 para chegar a 1 bilhão de habitantes e há 100 anos ainda não havia atingido 2 bilhões. No entanto, foram necessários apenas 12 anos para o mundo passar de 7 bilhões para 8 bilhões.

Apesar do aumento acelerado do último século, o crescimento populacional diminui acentuadamente há décadas: a taxa de crescimento anual atingiu um pico de 2,2% em 1964 e caiu constantemente para menos de 1%. Segundo as estimativas da ONU, serão necessários pelo menos 15 anos para que o mundo alcance o próximo bilhão de pessoas.

Grande parte do crescimento populacional vem de nações em desenvolvimento na África. Foto: Kate Holt/UNICEF via AP

A ONU espera que o mundo tenha cerca de 9,7 bilhões de pessoas até 2050 e 10,4 bilhões até 2080, para permanecer neste nível até pelo menos 2100.

Conforme relatório, embora a expectativa de vida no mundo tenha caído para 71 anos em 2021, em razão da pandemia da covid-19, estima-se que a expectativa de vida atinja 77,2 anos em 2050.

Atualmente, o crescimento populacional está concentrado em poucos países, com mais da metade do aumento populacional previsto até 2050 ocorrendo em apenas oito: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. Muitos estão concentrados no continente africano.

A China é atualmente o país mais populoso do mundo, mas espera-se que seja ultrapassada pela Índia até 2023, como várias projeções apontam há anos.

Desigualdades

O rápido crescimento populacional também significa mais pessoas competindo por água e recursos escassos, deixando mais famílias com fome.

Na Nigéria, mais de 15 milhões de pessoas em Lagos - maior cidade do país - competem por tudo, desde eletricidade para iluminar suas casas para pontos em ônibus lotados, muitas vezes para trajetos de duas horas cada sentido nesta megacidade em expansão. Algumas crianças nigerianas partem para a escola tão cedo quanto 5 da manhã.

Nas próximas três décadas, a população do país da África Ocidental deve subir ainda mais: de 216 milhões este ano para 375 milhões, diz a ONU. Isso fará da Nigéria o quarto país mais populoso do mundo depois da China, Índia e Estados Unidos.

“A população em muitos países da África Subsaariana é projetada para dobrar entre 2022 e 2050, pressionando ainda mais recursos e políticas desafiadoras destinadas a reduzir a pobreza e as desigualdades”, disse o relatório da ONU.

Na capital do Congo, Kinshasa, onde vivem mais de 12 milhões de pessoas, muitas famílias lutam para encontrar moradias acessíveis e pagar as taxas escolares. Enquanto alunos do ensino fundamental frequentam gratuitamente, as chances das crianças mais velhas dependem da renda dos pais.

“Meus filhos se revezaram indo para a escola”, disse Luc Kyungu, motorista que tem seis filhos. “Dois estudavam, enquanto os outros esperavam por causa dinheiro. Se eu não tivesse tantos filhos, eles teriam terminado os estudos na hora”, afirmou ele.

Além do rápido crescimento populacional, as mudanças climáticas impactam cada vez mais a produção agrícola em muitas partes do mundo. “Há também uma maior pressão sobre o meio ambiente, aumentando a desafios para a segurança alimentar que também é agravado pelas mudanças climáticas’', disse Srinath Reddy, presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.

“Reduzir a desigualdade com foco na adaptação e mitigação das mudanças climáticas deve estar onde o foco das decisões políticas deve estar”, acrescentou Reddy.

Ainda assim, especialistas dizem que a maior ameaça ao meio ambiente é o consumo, que é maior em países desenvolvidos que não sofrem grandes aumentos populacionais.

“Evidências globais mostram que uma pequena parcela da população mundial usa a maioria dos os recursos da Terra e produzem a maior parte de suas emissões de gases de efeito estufa”, disse Poonam Muttreja, diretora-executiva da Population Foundation of India (Fundação Populacional da Índia, em tradução livre).

“Nos últimos 25 anos, os 10% mais ricos da população global foram responsáveis por mais da metade de todas as emissões de carbono”, disse.

Além destas tendências de longo prazo, a aceleração da crise climática e a recuperação desigual da pandemia da covid-19 aumentam as desigualdades. Segundo a ONU, inundações, tempestades e secas estão devastando países que em quase nada contribuíram para o aquecimento global.

“Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo de oito bilhões de pessoas repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos”, afirmou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em artigo da ONU.

Ainda conforme ele, a guerra na Ucrânia agrava as atuais crises alimentar, energética e financeira, que atingem mais duramente as economias em desenvolvimento. Estas desigualdades têm um maior impacto nas mulheres e nas meninas e em grupos marginalizados que já são discriminados.

Entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade. Foto: Unsplash

Taxas de natalidade

Enquanto isso, entre 2022 e 2050, espera-se que a população de 61 países ou áreas diminua em pelo menos 1% devido às baixas taxas de natalidade e, em alguns casos, à alta emigração.

Para a ONU, o marco de 8 bilhões é um momento para celebrar, refletindo um mundo com expectativas de vida mais longas, menos mortes maternas e infantis e sistemas de saúde cada vez mais eficazes

“Eu sei que este momento pode não ser celebrado por todos. Alguns expressam a preocupação de que nosso mundo está superpovoado, com muitas pessoas, e não dispõe de recursos suficientes para sustentar suas vidas. Estou aqui para dizer claramente que o número absoluto de vidas humanas não é motivo de medo”, explicou Natalia Kanem, diretora executiva do Fundo de População da ONU (UNFPA), em reunião com jornalistas, no mês passado.

A ONU reiterou que não há razão para “alarmismo” demográfico e lembra que a melhor maneira de retardar o crescimento populacional é incentivar o desenvolvimento, especialmente para as mulheres.

Os dados mostram que nos países mais avançados as taxas de fertilidade tendem a cair e, por exemplo, 60% da população mundial vive agora em lugares onde as taxas de fertilidade estão abaixo do nível de reposição, enquanto que são os países menos desenvolvidos que continuam a ver o crescimento populacional. / AP e EFE

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