A república russa da Chechênia anunciou na sexta-feira, 5, que músicas consideradas “muito rápidas” ou “muito lentas” serão banidas do território, em uma aparente tentativa de afastar a influencia ocidental sobre a região conservadora, de maioria muçulmana.
“A partir de agora todas as obras musicais, vocais e coreográficas devem corresponder a um andamento de 80 a 116 batidas por minuto”, escreveu o ministro da Cultura, Musa Dadaev, em um comunicado divulgado em suas redes sociais, de acordo com a agência russa Tass, acrescentando que a decisão foi acordada com o chefe da República da Chechênia, Ramzan Kadyrov.
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Ao fazer o anúcio, Dadaev declarou que “pegar emprestado a cultura musical de outros povos é inadmissível”. “Devemos levar ao povo e ao futuro dos nossos filhos a herança cultural do povo checheno. Isto inclui todo o espectro de padrões morais e éticos de vida para os chechenos.”
Músicos da Chechênia receberam o prazo até 1º de junho para reescreverem músicas já existentes que não se encaixam no novo padrão adotado, de acordo com a imprensa russa. Como consequência à legislação, a maior parte de ritmos estrangeiros, como eletrônica, techno e pop, será banida do território.
O próprio hino nacional da Rússia, que costuma ser executado com um andamento de 76 batidas por minuto é considerado “muito lento”, dentro dos novos padrões adotados. Cruel Summer, de Taylor Swift — uma das canções mais ouvidas em 2023 de acordo com a Billboard e com o Spotify —, por exemplo, também fica de fora, com seu tempo de 170 batidas por minuto. Já Imagine, de John Lennon, uma das músicas mais conhecidas do mundo, é banida pelo seu tempo de 76 bpm.
A Chechênia é uma república semiautônoma da Federação Russa, localizada na região do Cáucaso, entre os mares Cáspio e Negro. Sob o governo de Ramzan Kadyrov, que é o líder desde 2007, o território é conhecido por seu forte conservadorismo, já tendo sido acusado, no passado, de torturar homossexuais.