Na era da Inteligência Artificial, nossa especialização é sermos humanos; leia artigo


Criações artísticas feitas por IA parecem sempre insossas e vagas, e esse pode ser o nosso diferencial

Por David Brooks
Atualização:

Em meados do ano passado, uma obra de arte gerada com Inteligência Artificial (IA) recebeu o primeiro prêmio da Feira Estadual do Colorado. Para mim, a imagem parece uma visão a partir dos fundos de um palco de ópera. Você vê as costas de três cantores e então, mais além, vagos rabiscos e formas que podem ou não ser uma platéia, e no entorno, dominando tudo, o fantástico palácio em estilo Senhor dos Anéis em que eles se apresentam.

A obra de arte parece legal num primeiro olhar, mas logo passa uma impressão um pouco sem vida. “Conforme retornei à imagem e a digeri um pouco, descobri que minhas tentativas de me relacionar com ela em profundidade eram infrutíferas”, escreveu LM Sacasas em sua newsletter a respeito de tecnologia e cultura. “Isso aconteceu quando comecei a inspecionar a imagem mais proximamente. Conforme o fiz, minha experiência com a imagem começou a recrudescer em vez de se aprofundar.”

É isso o que muitos de nós notamos a respeito de arte ou prosa gerada por IA. A obra é sempre insossa e vaga. Falta um cerne humanístico. Falta a paixão individual de uma pessoa, dor, anseios, uma vida de experiências pessoais sentidas profundamente. Ela não medra da imaginação de uma pessoa, de irrupções de entendimento, ansiedades ou alegrias subjacentes como em qualquer trabalho profundo de criatividade humana.

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Criações artísticas ainda são limitações para IAs e podem nos diferenciar enquanto humanos  

Isso aponta para o que poderia ser a principal realidade da futura era da IA. A inteligência artificial provavelmente nos dará ferramentas fantásticas que nos ajudarão a terceirizar grande parte do nosso atual trabalho mental. Ao mesmo tempo, ela forçará nós, humanos, a dobrar a dedicação sobre aqueles talentos e habilidades que apenas humanos possuem. A coisa mais importante da IA pode ser que ela nos mostre o que não é capaz de fazer e portanto nos revele quem somos e o que temos a oferecer.

Se, digamos, você é um estudante universitário se preparando para um mundo de IA, você precisa perguntar a si mesmo, “Quais matérias me darão as habilidades que as máquinas não irão replicar, tonando-me mais distintivamente humano?’. Você provavelmente preferirá evitar qualquer matéria que o ensine a pensar de maneira impessoal, linear ou generalizada — o tipo de pensamento no qual a IA esmaga você. De outro lado, você provavelmente preferirá gravitar para qualquer matéria, no campo das ciências ou das humanidades, que o ajude a desenvolver as seguintes habilidades distintivamente humanas:

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Uma voz nitidamente pessoal. IA com frequência despeja o tipo de prosa impessoal e burocrática encontrada em comunicações corporativas ou revistas científicas. Você preferirá desenvolver uma voz tão distinta quanto as de George Orwell, Joan Didion, Tom Wolfe e James Baldwin, então matricule-se em matérias em que você lerá vozes tão distintivas e exuberantes até ser capaz de cunhar a sua própria.

Habilidades de apresentação. “A geração anterior de tecnologia da informação preferiu os introvertidos, enquanto os novos bots de IA tendem mais a favorecer os extrovertidos”, escreveu o economista Tyler Cowen, da Universidade George Mason. “Você terá de se exibir o tempo todo afirmando que é mais do que ‘um deles’.” A capacidade de criar e pronunciar um bom discurso, conectar-se com a plateia e organizar reuniões divertidas e produtivas parece um pacote de habilidades que IA não replicará.

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Um talento infantil para a criatividade. “Quando você interage por um tempo com um sistema como o GPT-3, você percebe que ele tende a guinar do banal para o completo nonsense”, observa Alison Gopnik, famosa por seus estudos das mentes das crianças. “De alguma maneira, as crianças encontram o ponto ideal da criatividade entre a obviedade e a loucura.” As crianças, argumenta ela, não apenas imitam ou absorvem passivamente as informações, elas exploram, elas criam teorias inovadoras e histórias imaginativas para explicar o mundo. Você quer frequentar aulas — sejam elas sobre programação ou pintura — que libertem sua criatividade, que lhe deem a chance de exercitar e aperfeiçoar os poderes de sua imaginação.

Visões de mundo incomuns. IA pode ser apenas uma máquina de previsão de texto. IA é boa em prever qual palavra deve vir a seguir, então você preferirá ser realmente bom em ser imprevisível, rompendo com o convencional. Preencha sua mente com visões de mundo de tempos longínquos, pessoas incomuns e eras desconhecidas: epicurismo, estoicismo, tomismo, taoismo etc. Pessoas com mentalidades iconoclastas e visões de mundo idiossincráticas serão valorizadas numa era em que o pensamento convencional é turbinado.

Empatia. O pensamento de máquina é ótimo para entender padrões de comportamento em populações. Mas não para entender o indivíduo singular bem diante de nós. Se você quiser ser capaz disso, boas aulas de humanidades são realmente úteis. Ao estudar literatura, teatro, biografias e história, você aprende a respeito do que passa nas mentes de outras pessoas. Se você é capaz de entender a perspectiva de outra pessoa, você tem uma capacidade mais valiosa do que de uma máquina que processa vastas quantidades de dados a respeito de ninguém em particular.

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Consciência situacional. Uma pessoa com esta habilidade tem talento para os contornos únicos da situação em que está. Ela tem uma consciência intuitiva a respeito de quando seguir as regras e quando quebrá-las, uma intuição em relação ao fluxo dos acontecimentos, uma sensibilidade especial não necessariamente consciente sobre quão rápido se movimentar e quais decisões tomar para evitar se espatifar nas rochas. Essa sensibilidade flui da experiência, do conhecimento histórico, da humildade em face à incerteza e de ter levado uma vida reflexiva e interessante. É um tipo de conhecimento guardado tanto no corpo quanto no cérebro.

Os melhores professores ensinam a si mesmos. Quando me recordo dos melhores professores que tive, geralmente não me vem o conteúdo de seu currículo, em vez disso, lembro-me de quem eles eram. Fosse o assunto ciências ou humanidades, lembro-me como esses professores moldavam a paixão pelo conhecimento, uma maneira divertida e dinâmica de conectar-se com os estudantes. Eles também moldavam uma série de virtudes morais — como ser rigoroso com as evidências, admitir o erro, auxiliar estudantes em suas próprias descobertas. Lembro-me como eu os admirava e queria ser igual a eles. Esse tipo de conhecimento você nunca vai obter de um bot.

E a minha esperança para a era da IA é a seguinte: que ela nos force a distinguir mais claramente o conhecimento meramente útil e informativo do conhecimento humanístico que transforma as pessoas e lhes dá sabedoria. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Em meados do ano passado, uma obra de arte gerada com Inteligência Artificial (IA) recebeu o primeiro prêmio da Feira Estadual do Colorado. Para mim, a imagem parece uma visão a partir dos fundos de um palco de ópera. Você vê as costas de três cantores e então, mais além, vagos rabiscos e formas que podem ou não ser uma platéia, e no entorno, dominando tudo, o fantástico palácio em estilo Senhor dos Anéis em que eles se apresentam.

A obra de arte parece legal num primeiro olhar, mas logo passa uma impressão um pouco sem vida. “Conforme retornei à imagem e a digeri um pouco, descobri que minhas tentativas de me relacionar com ela em profundidade eram infrutíferas”, escreveu LM Sacasas em sua newsletter a respeito de tecnologia e cultura. “Isso aconteceu quando comecei a inspecionar a imagem mais proximamente. Conforme o fiz, minha experiência com a imagem começou a recrudescer em vez de se aprofundar.”

É isso o que muitos de nós notamos a respeito de arte ou prosa gerada por IA. A obra é sempre insossa e vaga. Falta um cerne humanístico. Falta a paixão individual de uma pessoa, dor, anseios, uma vida de experiências pessoais sentidas profundamente. Ela não medra da imaginação de uma pessoa, de irrupções de entendimento, ansiedades ou alegrias subjacentes como em qualquer trabalho profundo de criatividade humana.

Criações artísticas ainda são limitações para IAs e podem nos diferenciar enquanto humanos  

Isso aponta para o que poderia ser a principal realidade da futura era da IA. A inteligência artificial provavelmente nos dará ferramentas fantásticas que nos ajudarão a terceirizar grande parte do nosso atual trabalho mental. Ao mesmo tempo, ela forçará nós, humanos, a dobrar a dedicação sobre aqueles talentos e habilidades que apenas humanos possuem. A coisa mais importante da IA pode ser que ela nos mostre o que não é capaz de fazer e portanto nos revele quem somos e o que temos a oferecer.

Se, digamos, você é um estudante universitário se preparando para um mundo de IA, você precisa perguntar a si mesmo, “Quais matérias me darão as habilidades que as máquinas não irão replicar, tonando-me mais distintivamente humano?’. Você provavelmente preferirá evitar qualquer matéria que o ensine a pensar de maneira impessoal, linear ou generalizada — o tipo de pensamento no qual a IA esmaga você. De outro lado, você provavelmente preferirá gravitar para qualquer matéria, no campo das ciências ou das humanidades, que o ajude a desenvolver as seguintes habilidades distintivamente humanas:

Uma voz nitidamente pessoal. IA com frequência despeja o tipo de prosa impessoal e burocrática encontrada em comunicações corporativas ou revistas científicas. Você preferirá desenvolver uma voz tão distinta quanto as de George Orwell, Joan Didion, Tom Wolfe e James Baldwin, então matricule-se em matérias em que você lerá vozes tão distintivas e exuberantes até ser capaz de cunhar a sua própria.

Habilidades de apresentação. “A geração anterior de tecnologia da informação preferiu os introvertidos, enquanto os novos bots de IA tendem mais a favorecer os extrovertidos”, escreveu o economista Tyler Cowen, da Universidade George Mason. “Você terá de se exibir o tempo todo afirmando que é mais do que ‘um deles’.” A capacidade de criar e pronunciar um bom discurso, conectar-se com a plateia e organizar reuniões divertidas e produtivas parece um pacote de habilidades que IA não replicará.

Um talento infantil para a criatividade. “Quando você interage por um tempo com um sistema como o GPT-3, você percebe que ele tende a guinar do banal para o completo nonsense”, observa Alison Gopnik, famosa por seus estudos das mentes das crianças. “De alguma maneira, as crianças encontram o ponto ideal da criatividade entre a obviedade e a loucura.” As crianças, argumenta ela, não apenas imitam ou absorvem passivamente as informações, elas exploram, elas criam teorias inovadoras e histórias imaginativas para explicar o mundo. Você quer frequentar aulas — sejam elas sobre programação ou pintura — que libertem sua criatividade, que lhe deem a chance de exercitar e aperfeiçoar os poderes de sua imaginação.

Visões de mundo incomuns. IA pode ser apenas uma máquina de previsão de texto. IA é boa em prever qual palavra deve vir a seguir, então você preferirá ser realmente bom em ser imprevisível, rompendo com o convencional. Preencha sua mente com visões de mundo de tempos longínquos, pessoas incomuns e eras desconhecidas: epicurismo, estoicismo, tomismo, taoismo etc. Pessoas com mentalidades iconoclastas e visões de mundo idiossincráticas serão valorizadas numa era em que o pensamento convencional é turbinado.

Empatia. O pensamento de máquina é ótimo para entender padrões de comportamento em populações. Mas não para entender o indivíduo singular bem diante de nós. Se você quiser ser capaz disso, boas aulas de humanidades são realmente úteis. Ao estudar literatura, teatro, biografias e história, você aprende a respeito do que passa nas mentes de outras pessoas. Se você é capaz de entender a perspectiva de outra pessoa, você tem uma capacidade mais valiosa do que de uma máquina que processa vastas quantidades de dados a respeito de ninguém em particular.

Consciência situacional. Uma pessoa com esta habilidade tem talento para os contornos únicos da situação em que está. Ela tem uma consciência intuitiva a respeito de quando seguir as regras e quando quebrá-las, uma intuição em relação ao fluxo dos acontecimentos, uma sensibilidade especial não necessariamente consciente sobre quão rápido se movimentar e quais decisões tomar para evitar se espatifar nas rochas. Essa sensibilidade flui da experiência, do conhecimento histórico, da humildade em face à incerteza e de ter levado uma vida reflexiva e interessante. É um tipo de conhecimento guardado tanto no corpo quanto no cérebro.

Os melhores professores ensinam a si mesmos. Quando me recordo dos melhores professores que tive, geralmente não me vem o conteúdo de seu currículo, em vez disso, lembro-me de quem eles eram. Fosse o assunto ciências ou humanidades, lembro-me como esses professores moldavam a paixão pelo conhecimento, uma maneira divertida e dinâmica de conectar-se com os estudantes. Eles também moldavam uma série de virtudes morais — como ser rigoroso com as evidências, admitir o erro, auxiliar estudantes em suas próprias descobertas. Lembro-me como eu os admirava e queria ser igual a eles. Esse tipo de conhecimento você nunca vai obter de um bot.

E a minha esperança para a era da IA é a seguinte: que ela nos force a distinguir mais claramente o conhecimento meramente útil e informativo do conhecimento humanístico que transforma as pessoas e lhes dá sabedoria. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Em meados do ano passado, uma obra de arte gerada com Inteligência Artificial (IA) recebeu o primeiro prêmio da Feira Estadual do Colorado. Para mim, a imagem parece uma visão a partir dos fundos de um palco de ópera. Você vê as costas de três cantores e então, mais além, vagos rabiscos e formas que podem ou não ser uma platéia, e no entorno, dominando tudo, o fantástico palácio em estilo Senhor dos Anéis em que eles se apresentam.

A obra de arte parece legal num primeiro olhar, mas logo passa uma impressão um pouco sem vida. “Conforme retornei à imagem e a digeri um pouco, descobri que minhas tentativas de me relacionar com ela em profundidade eram infrutíferas”, escreveu LM Sacasas em sua newsletter a respeito de tecnologia e cultura. “Isso aconteceu quando comecei a inspecionar a imagem mais proximamente. Conforme o fiz, minha experiência com a imagem começou a recrudescer em vez de se aprofundar.”

É isso o que muitos de nós notamos a respeito de arte ou prosa gerada por IA. A obra é sempre insossa e vaga. Falta um cerne humanístico. Falta a paixão individual de uma pessoa, dor, anseios, uma vida de experiências pessoais sentidas profundamente. Ela não medra da imaginação de uma pessoa, de irrupções de entendimento, ansiedades ou alegrias subjacentes como em qualquer trabalho profundo de criatividade humana.

Criações artísticas ainda são limitações para IAs e podem nos diferenciar enquanto humanos  

Isso aponta para o que poderia ser a principal realidade da futura era da IA. A inteligência artificial provavelmente nos dará ferramentas fantásticas que nos ajudarão a terceirizar grande parte do nosso atual trabalho mental. Ao mesmo tempo, ela forçará nós, humanos, a dobrar a dedicação sobre aqueles talentos e habilidades que apenas humanos possuem. A coisa mais importante da IA pode ser que ela nos mostre o que não é capaz de fazer e portanto nos revele quem somos e o que temos a oferecer.

Se, digamos, você é um estudante universitário se preparando para um mundo de IA, você precisa perguntar a si mesmo, “Quais matérias me darão as habilidades que as máquinas não irão replicar, tonando-me mais distintivamente humano?’. Você provavelmente preferirá evitar qualquer matéria que o ensine a pensar de maneira impessoal, linear ou generalizada — o tipo de pensamento no qual a IA esmaga você. De outro lado, você provavelmente preferirá gravitar para qualquer matéria, no campo das ciências ou das humanidades, que o ajude a desenvolver as seguintes habilidades distintivamente humanas:

Uma voz nitidamente pessoal. IA com frequência despeja o tipo de prosa impessoal e burocrática encontrada em comunicações corporativas ou revistas científicas. Você preferirá desenvolver uma voz tão distinta quanto as de George Orwell, Joan Didion, Tom Wolfe e James Baldwin, então matricule-se em matérias em que você lerá vozes tão distintivas e exuberantes até ser capaz de cunhar a sua própria.

Habilidades de apresentação. “A geração anterior de tecnologia da informação preferiu os introvertidos, enquanto os novos bots de IA tendem mais a favorecer os extrovertidos”, escreveu o economista Tyler Cowen, da Universidade George Mason. “Você terá de se exibir o tempo todo afirmando que é mais do que ‘um deles’.” A capacidade de criar e pronunciar um bom discurso, conectar-se com a plateia e organizar reuniões divertidas e produtivas parece um pacote de habilidades que IA não replicará.

Um talento infantil para a criatividade. “Quando você interage por um tempo com um sistema como o GPT-3, você percebe que ele tende a guinar do banal para o completo nonsense”, observa Alison Gopnik, famosa por seus estudos das mentes das crianças. “De alguma maneira, as crianças encontram o ponto ideal da criatividade entre a obviedade e a loucura.” As crianças, argumenta ela, não apenas imitam ou absorvem passivamente as informações, elas exploram, elas criam teorias inovadoras e histórias imaginativas para explicar o mundo. Você quer frequentar aulas — sejam elas sobre programação ou pintura — que libertem sua criatividade, que lhe deem a chance de exercitar e aperfeiçoar os poderes de sua imaginação.

Visões de mundo incomuns. IA pode ser apenas uma máquina de previsão de texto. IA é boa em prever qual palavra deve vir a seguir, então você preferirá ser realmente bom em ser imprevisível, rompendo com o convencional. Preencha sua mente com visões de mundo de tempos longínquos, pessoas incomuns e eras desconhecidas: epicurismo, estoicismo, tomismo, taoismo etc. Pessoas com mentalidades iconoclastas e visões de mundo idiossincráticas serão valorizadas numa era em que o pensamento convencional é turbinado.

Empatia. O pensamento de máquina é ótimo para entender padrões de comportamento em populações. Mas não para entender o indivíduo singular bem diante de nós. Se você quiser ser capaz disso, boas aulas de humanidades são realmente úteis. Ao estudar literatura, teatro, biografias e história, você aprende a respeito do que passa nas mentes de outras pessoas. Se você é capaz de entender a perspectiva de outra pessoa, você tem uma capacidade mais valiosa do que de uma máquina que processa vastas quantidades de dados a respeito de ninguém em particular.

Consciência situacional. Uma pessoa com esta habilidade tem talento para os contornos únicos da situação em que está. Ela tem uma consciência intuitiva a respeito de quando seguir as regras e quando quebrá-las, uma intuição em relação ao fluxo dos acontecimentos, uma sensibilidade especial não necessariamente consciente sobre quão rápido se movimentar e quais decisões tomar para evitar se espatifar nas rochas. Essa sensibilidade flui da experiência, do conhecimento histórico, da humildade em face à incerteza e de ter levado uma vida reflexiva e interessante. É um tipo de conhecimento guardado tanto no corpo quanto no cérebro.

Os melhores professores ensinam a si mesmos. Quando me recordo dos melhores professores que tive, geralmente não me vem o conteúdo de seu currículo, em vez disso, lembro-me de quem eles eram. Fosse o assunto ciências ou humanidades, lembro-me como esses professores moldavam a paixão pelo conhecimento, uma maneira divertida e dinâmica de conectar-se com os estudantes. Eles também moldavam uma série de virtudes morais — como ser rigoroso com as evidências, admitir o erro, auxiliar estudantes em suas próprias descobertas. Lembro-me como eu os admirava e queria ser igual a eles. Esse tipo de conhecimento você nunca vai obter de um bot.

E a minha esperança para a era da IA é a seguinte: que ela nos force a distinguir mais claramente o conhecimento meramente útil e informativo do conhecimento humanístico que transforma as pessoas e lhes dá sabedoria. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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