Encerrando na Polônia uma viagem de quatro dias à Europa, o presidente americano, Joe Biden, disse ao presidente Andrzej Duda neste sábado, 26, que os Estados Unidos tratam seu dever de defender seus aliados da Otan como “uma obrigação sagrada”. Na viagem diplomática para reforçar apoio aos europeus diante da guerra de Vladimir Putin na Ucrânia, Biden se reuniu com Duda no palácio presidencial, em Varsóvia. Mais tarde, ao se encontrar com refugiados ucranianos, disse que Putin é um assassino cruel.
Biden disse que a estabilidade da Europa tem uma importância crucial para os EUA, depois de Duda destacar que seu país tem uma sensação “enorme” de estar ameaçado e amedrontado pelo fato de que a Rússia possa atacar seu território após invadir a Ucrânia.
O americano respondeu que seu compromisso com o Artigo 5º do tratado da Otan “é sagrado” e os EUA serão obrigados a intervir se a Rússia acatar a Polônia ou outro estado membro. “Sua liberdade é nossa”, disse Biden ao líder polonês. O Artigo 5º prevê que um ataque contra um aliado é considerado um ataque contra todos os membros da aliança militar.
Duda agradeceu a Biden pelo relacionamento cooperativo entre a Polônia e os EUA, dizendo que seu país estava pronto como um “parceiro sério, um parceiro confiável”.
Protagonismo polonês
Essa relação, porém, foi tensa nas últimas semanas, quando a Polônia surpreendeu as autoridades americanas ao dizer que estava disposta a fornecer caças MiG-29 de fabricação russa para a Ucrânia, entregues através de uma base militar dos EUA em território polonês. Washington rapidamente rejeitou essa oferta.
No sábado, Biden enfatizou repetidamente a necessidade de evitar surpresas. “É importante estarmos em contato constante sobre como cada um de nós deseja proceder em relação à Ucrânia”, disse ele a Duda.
Mais de 3,7 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, e 2 milhões delas estão na Polônia. No início desta semana, os EUA anunciaram que receberiam até 100 mil refugiados e Biden disse a Duda que entendia que a Polônia estava “assumindo uma grande responsabilidade, mas essa deveria ser responsabilidade de toda a Otan”.
A unidade da aliança militar ocidental, segundo ele, é da maior importância. “Estou confiante de que Vladimir Putin estava contando com a divisão da Otan”, disse Biden. “Mas ele não foi capaz de fazê-lo. Todos nós permanecemos juntos.”
Com a guerra entrando em seu segundo mês, a segurança europeia está enfrentando seu teste mais sério desde a 2ª Guerra. Líderes ocidentais passaram a semana passada consultando planos de contingência para o caso de o conflito se espalhar. A invasão abalou a Otan de qualquer complacência que pudesse ter sentido e lançou uma sombra escura sobre a Europa.
Com um discurso pela noite em Varsóvia (hora local) Biden encerra uma viagem de quatro dias que incluiu uma série de cúpulas em Bruxelas. Além da reunião com Duda, ele passou por uma reunião de funcionários diplomáticos e de defesa americanos e ucranianos para uma atualização sobre a situação militar, diplomática e humanitária da Ucrânia.
Assassino cruel
Após se encontrar com Duda, Biden visitou um estádio em Varsóvia onde as autoridades polonesas estão ajudando as ondas de refugiados da guerra na Ucrânia, incluindo vários de Mariupol, cidade que foi arrasada por dias de bombardeios das forças russas. Questionado sobre o que pensa de Putin e do que aconteceu em Mariupol, Biden disse simplesmente: “Ele é um carniceiro”, utilizando a palavra para designar o presidente russo como alguém que assassina pessoas de maneira cruel.
No estádio, ele apertou as mãos e trocou comentários com as pessoas enquanto elas se amontoavam ao seu redor. A certa altura, ele pegou uma garotinha no colo e tirou uma selfie com ela. Cada uma das crianças, disse Biden, pediu que ele orasse “por meu pai, ou meu avô, e meu irmão”, que permanecem na Ucrânia.
Em resposta, um porta-voz do Kremlin, citado pela agência de notícias russa Tass, disse que os comentários de Biden reduzem as perspectivas de um ‘conserto dos laços’ entre os dois países. /AP, NYT e AFP