Na Venezuela, valor de um sorvete paga 1.200 tanques de combustível


Copinho de sorveteiro traído por abstenção pagaria gasolina suficiente para fugir 400 vezes para o Brasil

Por Rodrigo Cavalheiro e Caracas

CARACAS - O sorvete de tamarindo de Antonio Mejia é das coisas mais baratas que se pode comprar na Venezuela. Por 15 mil bolívares (US$ 0,02 no câmbio paralelo, que regula o mercado), também é possível comprar dois cigarros avulsos. Isso se for ao mercado a céu aberto do bairro de Catia, onde caraquenhos de toda cidade a cidade fazem fila para ganhar alguns centavos à hiperinflação, em compras para meses.

Guerra de pesquisas marca reta final da campanha

Quem não gosta de tamarindo ou de cigarros, pode abastecer o carro 1.200 vezes com gasolina comum. Considerando-se um tanque de 50 litros, se Mejia quisesse fugir para Boa Vista por terra, por exemplo, poderia percorrer os 1,5 mil quilômetros umas 400 vezes.

continua após a publicidade
Antonio Mejia, vendedor de sorvetes e eleitor de Henri Falcón, se decepcionou com a baixa participação de eleitores Foto: Rodrigo Cavalheiro/Estadão

Ele se diz muito velho para sair do país uma vez sequer. Aos 70 anos, seu trabalho é um passatempo. O que ganha com o carrinho não paga o transporte de ônibus do tradicionalmente chavista bairro do Petare, onde vive, até o opositor Chacao.

A abstenção opositora tornou sua saída ainda mais inútil. Diante de um centro eleitoral de Chacao, havia na rua 11 cones laranjas lado a lado às 14 horas do domingo. Este é o sistema para organizar filas no lado de fora da escola. Cada cone serve para uma mesa eleitoral, mas o número de eleitores raramente superava o de cones.

continua após a publicidade

Conheça os candidatos à presidência da Venezuela

Quando alguns poucos eleitores se acumularam, deram o azar de cruzar com a administradora Libertad Pizzani, de 60 anos, que os repreendia furiosa: “Isso não é normal, não se pode participar desta palhaçada. Não voto por respeito à liberdade!”

Defensora do boicote proposto por opositores impedidos de concorrer, Libertad trabalha em uma universidade particular que cobra mensalidades de US$ 12 por mês e deve fechar por falta de alunos. “Chavistas acabam de arrancar à força um cartaz em que eu pedia abstenção”, disse, mostrando alguns hematomas no pulso. Também opositor, Rodrigo Meli, comerciante que a viu gritar, desabafou: “Por opiniões como esta, teremos Maduro por 20 anos”.

continua após a publicidade

Indiferente ao bate-boca, o sorveteiro Antonio revelou sua preferência: votaria em Henri Falcón, mesmo achando que seria impossível uma vitória dele.

CARACAS - O sorvete de tamarindo de Antonio Mejia é das coisas mais baratas que se pode comprar na Venezuela. Por 15 mil bolívares (US$ 0,02 no câmbio paralelo, que regula o mercado), também é possível comprar dois cigarros avulsos. Isso se for ao mercado a céu aberto do bairro de Catia, onde caraquenhos de toda cidade a cidade fazem fila para ganhar alguns centavos à hiperinflação, em compras para meses.

Guerra de pesquisas marca reta final da campanha

Quem não gosta de tamarindo ou de cigarros, pode abastecer o carro 1.200 vezes com gasolina comum. Considerando-se um tanque de 50 litros, se Mejia quisesse fugir para Boa Vista por terra, por exemplo, poderia percorrer os 1,5 mil quilômetros umas 400 vezes.

Antonio Mejia, vendedor de sorvetes e eleitor de Henri Falcón, se decepcionou com a baixa participação de eleitores Foto: Rodrigo Cavalheiro/Estadão

Ele se diz muito velho para sair do país uma vez sequer. Aos 70 anos, seu trabalho é um passatempo. O que ganha com o carrinho não paga o transporte de ônibus do tradicionalmente chavista bairro do Petare, onde vive, até o opositor Chacao.

A abstenção opositora tornou sua saída ainda mais inútil. Diante de um centro eleitoral de Chacao, havia na rua 11 cones laranjas lado a lado às 14 horas do domingo. Este é o sistema para organizar filas no lado de fora da escola. Cada cone serve para uma mesa eleitoral, mas o número de eleitores raramente superava o de cones.

Conheça os candidatos à presidência da Venezuela

Quando alguns poucos eleitores se acumularam, deram o azar de cruzar com a administradora Libertad Pizzani, de 60 anos, que os repreendia furiosa: “Isso não é normal, não se pode participar desta palhaçada. Não voto por respeito à liberdade!”

Defensora do boicote proposto por opositores impedidos de concorrer, Libertad trabalha em uma universidade particular que cobra mensalidades de US$ 12 por mês e deve fechar por falta de alunos. “Chavistas acabam de arrancar à força um cartaz em que eu pedia abstenção”, disse, mostrando alguns hematomas no pulso. Também opositor, Rodrigo Meli, comerciante que a viu gritar, desabafou: “Por opiniões como esta, teremos Maduro por 20 anos”.

Indiferente ao bate-boca, o sorveteiro Antonio revelou sua preferência: votaria em Henri Falcón, mesmo achando que seria impossível uma vitória dele.

CARACAS - O sorvete de tamarindo de Antonio Mejia é das coisas mais baratas que se pode comprar na Venezuela. Por 15 mil bolívares (US$ 0,02 no câmbio paralelo, que regula o mercado), também é possível comprar dois cigarros avulsos. Isso se for ao mercado a céu aberto do bairro de Catia, onde caraquenhos de toda cidade a cidade fazem fila para ganhar alguns centavos à hiperinflação, em compras para meses.

Guerra de pesquisas marca reta final da campanha

Quem não gosta de tamarindo ou de cigarros, pode abastecer o carro 1.200 vezes com gasolina comum. Considerando-se um tanque de 50 litros, se Mejia quisesse fugir para Boa Vista por terra, por exemplo, poderia percorrer os 1,5 mil quilômetros umas 400 vezes.

Antonio Mejia, vendedor de sorvetes e eleitor de Henri Falcón, se decepcionou com a baixa participação de eleitores Foto: Rodrigo Cavalheiro/Estadão

Ele se diz muito velho para sair do país uma vez sequer. Aos 70 anos, seu trabalho é um passatempo. O que ganha com o carrinho não paga o transporte de ônibus do tradicionalmente chavista bairro do Petare, onde vive, até o opositor Chacao.

A abstenção opositora tornou sua saída ainda mais inútil. Diante de um centro eleitoral de Chacao, havia na rua 11 cones laranjas lado a lado às 14 horas do domingo. Este é o sistema para organizar filas no lado de fora da escola. Cada cone serve para uma mesa eleitoral, mas o número de eleitores raramente superava o de cones.

Conheça os candidatos à presidência da Venezuela

Quando alguns poucos eleitores se acumularam, deram o azar de cruzar com a administradora Libertad Pizzani, de 60 anos, que os repreendia furiosa: “Isso não é normal, não se pode participar desta palhaçada. Não voto por respeito à liberdade!”

Defensora do boicote proposto por opositores impedidos de concorrer, Libertad trabalha em uma universidade particular que cobra mensalidades de US$ 12 por mês e deve fechar por falta de alunos. “Chavistas acabam de arrancar à força um cartaz em que eu pedia abstenção”, disse, mostrando alguns hematomas no pulso. Também opositor, Rodrigo Meli, comerciante que a viu gritar, desabafou: “Por opiniões como esta, teremos Maduro por 20 anos”.

Indiferente ao bate-boca, o sorveteiro Antonio revelou sua preferência: votaria em Henri Falcón, mesmo achando que seria impossível uma vitória dele.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.