ROMA - O presidente italiano, Sergio Mattarella, convocou o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Mario Draghi para conversações na quarta-feira, 2, e deve pedir a ele que forme um governo de unidade nacional para enfrentar o coronavírus e as crises econômicas. Mattarella agiu apenas alguns minutos depois de ser informado de que as negociações para salvar a coalizão de governo anterior haviam fracassado.
A rodada de negociações para formar um novo governo na Itália fracassou após discrepâncias entre os partidos da coalizão de governo, segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Roberto Fico. O anúncio foi feito ao final de quase quatro dias de consultas a pedido do presidente Mattarella para recompor a maioria parlamentar que sustentava o primeiro-ministro demissionário, Giuseppe Conte.
"Tenho o dever de apelar a todas as forças políticas (para apoiar) um governo de alto nível", disse Mattarella. Draghi é amplamente creditado por tirar a zona do euro da beira do colapso em 2012, prometendo fazer "o que fosse preciso" para salvar a moeda única europeia.
Ele praticamente desapareceu dos olhos do público desde que seu mandato no BCE terminou em outubro de 2019, mas seu nome emergiu como um possível premiê nas últimas semanas devido à turbulência política, econômica e de saúde que assola a Itália.
Draghi não fez nenhum comentário imediato sobre a convocação presidencial e não estava inicialmente claro quais partidos no Parlamento profundamente dividido apoiariam um governo chefiado por ele.
A Itália, o primeiro país europeu a ser atingido pelo coronavírus, registrou mais de 89 mil mortes desde seu surto há um ano, o segundo maior número de mortos na Europa e o sexto no mundo. Dados divulgados nesta terça-feira mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) italiano encolheu 8,8% em 2020 - a queda anual mais acentuada para o país desde a 2ª Guerra.
Conte renunciou na semana passada depois que o pequeno partido Italia Viva, liderado pelo ex-premiê Matteo Renzi, deixou o gabinete em uma disputa por causa da gerência da crise da covid-19 e seus planos de recuperação econômica. /REUTERS e AFP