O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, dissolveu o gabinete de guerra, criado nos primeiros dias do conflito com o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, e vai concentrar as decisões sobre a ofensiva militar no enclave palestino no governo.
A decisão foi tomada nesta segunda-feira, 17, poucos dias após o político opositor Benny Gantz e o general Gadi Eisenkot abandonarem a estrutura governista, e em meio a pressões de setores da extrema direita do país para integrarem o gabinete.
Netanyahu comunicou a dissolução do gabinete aos demais integrantes na noite de domingo, segundo fontes do governo israelense ouvidas por veículos de imprensa. As decisões sobre o conflito passariam agora para um grupo mais restrito a integrantes do governo.
Parte dos assuntos anteriormente tratados no gabinete serão transferidos para o gabinete de segurança do governo, de acordo com uma apuração inicial do jornal israelense Haaretz.
Decisões mais sensíveis serão abordadas em um fórum ainda mais exclusivo, formado por integrantes da cúpula do governo, incluindo o ministro da Defesa, Yoav Gallant, o ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, o chefe do Conselho de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, e do presidente do partido Shas, Aryeh Deri. Gallant era parte do gabinete de guerra, enquanto Deri exercia papel de observador.
Apesar de fechar as decisões sobre o conflito na cúpula do governo, a medida de Netanyahu trava as pretensões da extrema direita israelense de entrar no gabinete de guerra.
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Após as saídas de Gantz e de Eisenkot, os ministros da Segurança Interna, Itamar Ben-Gvir, e das Finanças, Belazel Smotrich, pressionaram o premier para serem considerados para ocupar as posições.
Tanto Ben-Gvir quanto Smotrich defendem uma posição linha-dura contra o Hamas e outras facções da resistência palestina na Cisjordânia. Ben-Gvir já defendeu abertamente a reocupação de Gaza, uma linha que o comando militar e político do país não ousaram cruzar publicamente desde o início da guerra.
Pausa tática
O anúncio também acontece após as Forças Armadas israelenses anunciarem uma suspensão “local e tática” das operações militares diurnas perto de uma passagem de fronteira em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, que provocou a ira da extrema direita.
A medida foi anunciada como parte de um esforço para facilitar a distribuição de ajuda humanitária, após meses de advertências sobre a intensificação da fome no território palestino, com uma pausa operacional “das 8h às 19h todos os dias, até nova ordem, ao longo da estrada que conecta o cruzamento de Kerem Shalom à estrada de Salah al-Din e segue em direção ao norte”. O posto de fronteira, controlado por Israel, fica na intersecção entre Gaza, Egito e Israel.
Ben-Gvir, reagiu afirmando que a pausa humanitária fazia parte de uma “abordagem louca e delirante”, descrevendo “quem tomou essa decisão” como “malvado” e “tolo”. Já o Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse que a ajuda humanitária ajudou a manter o Hamas no poder e corre o risco de colocar “as conquistas da guerra no ralo”./AFP e AP