Netanyahu tenta se mostrar mais aberto enquanto segue com reforma judicial, afirma pesquisador


Premiê israelense prometeu que vai proteger direitos civis ao mesmo tempo que avança reforma controversa em discurso que mira aliados ocidentais

Por Carolina Marins
Entrevista comIdo ZelkovitzPesquisador e professor no Departamento de História do Oriente Médio na Universidade de Haifa

Com os protestos contra a reforma judicial entrando em sua 12ª semana, o Parlamento israelense aprovou uma legislação que protege o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de ser removido do cargo em meio à crise política. Mais tarde, o premiê fez um discurso tentando acalmar opositores e aliados ocidentais, mas que enfureceu ainda mais os israelenses ao prometer se envolver profundamente na controversa reforma judicial que busca aprovar.

Todo este cenário, avalia Ido Zelkovitz, pesquisador e professor no Departamento de História do Oriente Médio na Universidade de Haifa, deve lançar mais chama nos protestos que se espalharam por todo o país e nesta quinta-feira, 23, teve um Dia de Paralisação Nacional. O discurso mostrou como Binyamin Netanyahu segue irredutível em seus planos de reforma, ao mesmo tempo que tenta sinalizar aos Estados Unidos e demais aliados que está aberto a dialogar a tramitação.

O cerne da reforma visa dar ao governo mais influência na escolha de novos juízes e restringiria a capacidade da Suprema Corte de derrubar leis, praticamente acabando com a revisão judicial, ao mesmo tempo em que permite ao Parlamento anular decisões judiciais com uma maioria simples de 61. A controvérsia é que a reforma beneficiaria diretamente Netanyahu, que foi indiciado por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança.

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A polícia israelense usa canhões de água para dispersar o protesto em Tel Aviv contra os planos do governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de reformar o sistema judicial  Foto: Ohad Zwigenberg/AP

O projeto jogou o país em uma profunda crise política, com milhares de manifestantes se reunindo todas as semanas nas ruas de todo o país. Aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos, demonstraram preocupação com uma destruição democrática do país.

Havia uma expectativa de que Netanyahu suavizasse a tramitação da reforma judicial em seu discurso, o que não aconteceu. Porém, ele prometeu ouvir algumas das preocupações da oposição. O que esse movimento indica?

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De acordo com seu discurso hoje, ele demonstrou nenhum tipo de vontade real de mudar a direção da reforma judicial. Ele não quer mudar a reforma e não vejo essa crise política chegando ao fim. Ele disse que está pronto para outras legislações que vão assegurar os direitos das minorias e assegurar os direitos humanos, mas ele não quer mudar a direção da reforma com certeza. Além disso, acho que ele usou o discurso de hoje para se dirigir diretamente mais aos americanos do que aos israelenses.

Netanyahu ainda quer ir em frente e promover a reforma e não está buscando se comprometer com a oposição israelense, mas quer soar mais suave e aberto para os aliados ocidentais. E quer especialmente dar uma mensagem aos EUA de que ele está pronto para repensar como passar essa reforma de uma maneira que não vai criar uma destruição das fundações democráticas de Israel.

E como os eventos de hoje devem impactar a crise política que vem se desenrolando desde que Netanyahu apresentou o projeto de lei?

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A sociedade israelense está muito dividida. Cinquenta por cento está muito brava não só com a última legislação, mas principalmente com o discurso de Netanyahu logo depois. Outros 50% estão seguindo-o com total crença nele e nas suas políticas. Esse é o problema no momento. Ou você está convencido pelo discurso de Netanyahu e apoia seu programa político, ou você está na oposição. Não há tentativa alguma para mediações de nenhum dos lados, e ainda por cima, Netanyahu disse não às tentativas de trazer algum compromisso, inclusive do presidente Isaac Herzog. Esse é o problema.

Sem diálogos, há expectativas de uma solução no curto prazo para esta crise política?

Eu realmente acho que os protestos serão maiores e não há uma solução real no horizonte de pôr um fim neste conflito. Netanyahu em seu discurso esta noite tentou deixar a sua base política mais forte e a oposição percebeu que ele vai continuar com a reforma. Então não vejo esperança de colocar um ponto final a esta crise política no curto prazo.

Com os protestos contra a reforma judicial entrando em sua 12ª semana, o Parlamento israelense aprovou uma legislação que protege o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de ser removido do cargo em meio à crise política. Mais tarde, o premiê fez um discurso tentando acalmar opositores e aliados ocidentais, mas que enfureceu ainda mais os israelenses ao prometer se envolver profundamente na controversa reforma judicial que busca aprovar.

Todo este cenário, avalia Ido Zelkovitz, pesquisador e professor no Departamento de História do Oriente Médio na Universidade de Haifa, deve lançar mais chama nos protestos que se espalharam por todo o país e nesta quinta-feira, 23, teve um Dia de Paralisação Nacional. O discurso mostrou como Binyamin Netanyahu segue irredutível em seus planos de reforma, ao mesmo tempo que tenta sinalizar aos Estados Unidos e demais aliados que está aberto a dialogar a tramitação.

O cerne da reforma visa dar ao governo mais influência na escolha de novos juízes e restringiria a capacidade da Suprema Corte de derrubar leis, praticamente acabando com a revisão judicial, ao mesmo tempo em que permite ao Parlamento anular decisões judiciais com uma maioria simples de 61. A controvérsia é que a reforma beneficiaria diretamente Netanyahu, que foi indiciado por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança.

A polícia israelense usa canhões de água para dispersar o protesto em Tel Aviv contra os planos do governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de reformar o sistema judicial  Foto: Ohad Zwigenberg/AP

O projeto jogou o país em uma profunda crise política, com milhares de manifestantes se reunindo todas as semanas nas ruas de todo o país. Aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos, demonstraram preocupação com uma destruição democrática do país.

Havia uma expectativa de que Netanyahu suavizasse a tramitação da reforma judicial em seu discurso, o que não aconteceu. Porém, ele prometeu ouvir algumas das preocupações da oposição. O que esse movimento indica?

De acordo com seu discurso hoje, ele demonstrou nenhum tipo de vontade real de mudar a direção da reforma judicial. Ele não quer mudar a reforma e não vejo essa crise política chegando ao fim. Ele disse que está pronto para outras legislações que vão assegurar os direitos das minorias e assegurar os direitos humanos, mas ele não quer mudar a direção da reforma com certeza. Além disso, acho que ele usou o discurso de hoje para se dirigir diretamente mais aos americanos do que aos israelenses.

Netanyahu ainda quer ir em frente e promover a reforma e não está buscando se comprometer com a oposição israelense, mas quer soar mais suave e aberto para os aliados ocidentais. E quer especialmente dar uma mensagem aos EUA de que ele está pronto para repensar como passar essa reforma de uma maneira que não vai criar uma destruição das fundações democráticas de Israel.

E como os eventos de hoje devem impactar a crise política que vem se desenrolando desde que Netanyahu apresentou o projeto de lei?

A sociedade israelense está muito dividida. Cinquenta por cento está muito brava não só com a última legislação, mas principalmente com o discurso de Netanyahu logo depois. Outros 50% estão seguindo-o com total crença nele e nas suas políticas. Esse é o problema no momento. Ou você está convencido pelo discurso de Netanyahu e apoia seu programa político, ou você está na oposição. Não há tentativa alguma para mediações de nenhum dos lados, e ainda por cima, Netanyahu disse não às tentativas de trazer algum compromisso, inclusive do presidente Isaac Herzog. Esse é o problema.

Sem diálogos, há expectativas de uma solução no curto prazo para esta crise política?

Eu realmente acho que os protestos serão maiores e não há uma solução real no horizonte de pôr um fim neste conflito. Netanyahu em seu discurso esta noite tentou deixar a sua base política mais forte e a oposição percebeu que ele vai continuar com a reforma. Então não vejo esperança de colocar um ponto final a esta crise política no curto prazo.

Com os protestos contra a reforma judicial entrando em sua 12ª semana, o Parlamento israelense aprovou uma legislação que protege o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de ser removido do cargo em meio à crise política. Mais tarde, o premiê fez um discurso tentando acalmar opositores e aliados ocidentais, mas que enfureceu ainda mais os israelenses ao prometer se envolver profundamente na controversa reforma judicial que busca aprovar.

Todo este cenário, avalia Ido Zelkovitz, pesquisador e professor no Departamento de História do Oriente Médio na Universidade de Haifa, deve lançar mais chama nos protestos que se espalharam por todo o país e nesta quinta-feira, 23, teve um Dia de Paralisação Nacional. O discurso mostrou como Binyamin Netanyahu segue irredutível em seus planos de reforma, ao mesmo tempo que tenta sinalizar aos Estados Unidos e demais aliados que está aberto a dialogar a tramitação.

O cerne da reforma visa dar ao governo mais influência na escolha de novos juízes e restringiria a capacidade da Suprema Corte de derrubar leis, praticamente acabando com a revisão judicial, ao mesmo tempo em que permite ao Parlamento anular decisões judiciais com uma maioria simples de 61. A controvérsia é que a reforma beneficiaria diretamente Netanyahu, que foi indiciado por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança.

A polícia israelense usa canhões de água para dispersar o protesto em Tel Aviv contra os planos do governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de reformar o sistema judicial  Foto: Ohad Zwigenberg/AP

O projeto jogou o país em uma profunda crise política, com milhares de manifestantes se reunindo todas as semanas nas ruas de todo o país. Aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos, demonstraram preocupação com uma destruição democrática do país.

Havia uma expectativa de que Netanyahu suavizasse a tramitação da reforma judicial em seu discurso, o que não aconteceu. Porém, ele prometeu ouvir algumas das preocupações da oposição. O que esse movimento indica?

De acordo com seu discurso hoje, ele demonstrou nenhum tipo de vontade real de mudar a direção da reforma judicial. Ele não quer mudar a reforma e não vejo essa crise política chegando ao fim. Ele disse que está pronto para outras legislações que vão assegurar os direitos das minorias e assegurar os direitos humanos, mas ele não quer mudar a direção da reforma com certeza. Além disso, acho que ele usou o discurso de hoje para se dirigir diretamente mais aos americanos do que aos israelenses.

Netanyahu ainda quer ir em frente e promover a reforma e não está buscando se comprometer com a oposição israelense, mas quer soar mais suave e aberto para os aliados ocidentais. E quer especialmente dar uma mensagem aos EUA de que ele está pronto para repensar como passar essa reforma de uma maneira que não vai criar uma destruição das fundações democráticas de Israel.

E como os eventos de hoje devem impactar a crise política que vem se desenrolando desde que Netanyahu apresentou o projeto de lei?

A sociedade israelense está muito dividida. Cinquenta por cento está muito brava não só com a última legislação, mas principalmente com o discurso de Netanyahu logo depois. Outros 50% estão seguindo-o com total crença nele e nas suas políticas. Esse é o problema no momento. Ou você está convencido pelo discurso de Netanyahu e apoia seu programa político, ou você está na oposição. Não há tentativa alguma para mediações de nenhum dos lados, e ainda por cima, Netanyahu disse não às tentativas de trazer algum compromisso, inclusive do presidente Isaac Herzog. Esse é o problema.

Sem diálogos, há expectativas de uma solução no curto prazo para esta crise política?

Eu realmente acho que os protestos serão maiores e não há uma solução real no horizonte de pôr um fim neste conflito. Netanyahu em seu discurso esta noite tentou deixar a sua base política mais forte e a oposição percebeu que ele vai continuar com a reforma. Então não vejo esperança de colocar um ponto final a esta crise política no curto prazo.

Com os protestos contra a reforma judicial entrando em sua 12ª semana, o Parlamento israelense aprovou uma legislação que protege o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de ser removido do cargo em meio à crise política. Mais tarde, o premiê fez um discurso tentando acalmar opositores e aliados ocidentais, mas que enfureceu ainda mais os israelenses ao prometer se envolver profundamente na controversa reforma judicial que busca aprovar.

Todo este cenário, avalia Ido Zelkovitz, pesquisador e professor no Departamento de História do Oriente Médio na Universidade de Haifa, deve lançar mais chama nos protestos que se espalharam por todo o país e nesta quinta-feira, 23, teve um Dia de Paralisação Nacional. O discurso mostrou como Binyamin Netanyahu segue irredutível em seus planos de reforma, ao mesmo tempo que tenta sinalizar aos Estados Unidos e demais aliados que está aberto a dialogar a tramitação.

O cerne da reforma visa dar ao governo mais influência na escolha de novos juízes e restringiria a capacidade da Suprema Corte de derrubar leis, praticamente acabando com a revisão judicial, ao mesmo tempo em que permite ao Parlamento anular decisões judiciais com uma maioria simples de 61. A controvérsia é que a reforma beneficiaria diretamente Netanyahu, que foi indiciado por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança.

A polícia israelense usa canhões de água para dispersar o protesto em Tel Aviv contra os planos do governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de reformar o sistema judicial  Foto: Ohad Zwigenberg/AP

O projeto jogou o país em uma profunda crise política, com milhares de manifestantes se reunindo todas as semanas nas ruas de todo o país. Aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos, demonstraram preocupação com uma destruição democrática do país.

Havia uma expectativa de que Netanyahu suavizasse a tramitação da reforma judicial em seu discurso, o que não aconteceu. Porém, ele prometeu ouvir algumas das preocupações da oposição. O que esse movimento indica?

De acordo com seu discurso hoje, ele demonstrou nenhum tipo de vontade real de mudar a direção da reforma judicial. Ele não quer mudar a reforma e não vejo essa crise política chegando ao fim. Ele disse que está pronto para outras legislações que vão assegurar os direitos das minorias e assegurar os direitos humanos, mas ele não quer mudar a direção da reforma com certeza. Além disso, acho que ele usou o discurso de hoje para se dirigir diretamente mais aos americanos do que aos israelenses.

Netanyahu ainda quer ir em frente e promover a reforma e não está buscando se comprometer com a oposição israelense, mas quer soar mais suave e aberto para os aliados ocidentais. E quer especialmente dar uma mensagem aos EUA de que ele está pronto para repensar como passar essa reforma de uma maneira que não vai criar uma destruição das fundações democráticas de Israel.

E como os eventos de hoje devem impactar a crise política que vem se desenrolando desde que Netanyahu apresentou o projeto de lei?

A sociedade israelense está muito dividida. Cinquenta por cento está muito brava não só com a última legislação, mas principalmente com o discurso de Netanyahu logo depois. Outros 50% estão seguindo-o com total crença nele e nas suas políticas. Esse é o problema no momento. Ou você está convencido pelo discurso de Netanyahu e apoia seu programa político, ou você está na oposição. Não há tentativa alguma para mediações de nenhum dos lados, e ainda por cima, Netanyahu disse não às tentativas de trazer algum compromisso, inclusive do presidente Isaac Herzog. Esse é o problema.

Sem diálogos, há expectativas de uma solução no curto prazo para esta crise política?

Eu realmente acho que os protestos serão maiores e não há uma solução real no horizonte de pôr um fim neste conflito. Netanyahu em seu discurso esta noite tentou deixar a sua base política mais forte e a oposição percebeu que ele vai continuar com a reforma. Então não vejo esperança de colocar um ponto final a esta crise política no curto prazo.

Entrevista por Carolina Marins

Jornalista formada pela ECA-USP. Repórter da editoria de Internacional, com interesse em América Latina. Já fiz coberturas in loco na Argentina, em Israel e na Ucrânia

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