O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, autorizou a entrada de tropas e equipamentos militares da Rússia no país a partir do próximo mês. A autorização foi publicada em um decreto presidencial na segunda-feira, 7, e confirmada pela imprensa oficial russa nesta quinta-feira, 9.
O decreto autoriza a entrada “para participar de exercícios de treinamento e intercâmbio em operações de ajuda humanitária, missões de busca e salvamento em situações de emergência ou desastres naturais”. As atividades serão realizadas junto das forças terrestres, aéreas e navais da Nicarágua entre 1º de julho e 31 de dezembro deste ano.
Ortega também autorizou a entrada de militares e meios de comunicação russos para participar de operações conjuntas com as forças armadas locais “contra atividades ilegais” nas áreas marítimas da Nicarágua, no Mar do Caribe e nas águas jurisdicionais do Oceano Pacífico.
No período, a Nicarágua também vai permitir a entrada rotativa de 80 soldados, navios e aeronaves da Rússia para participar de “troca de experiências e exercícios de treinamento em ajuda humanitária”. Além disso, 50 militares nicaraguenses serão enviados à Rússia para realizar “tarefas de confronto” e combate ao “narcotráfico e ao crime organizado’'.
O decreto também autoriza a entrada do país das forças militares da Guatemala, Honduras, El Salvador, República Dominicana, Estados Unidos, México, Venezuela e Cuba para “operações e missões de assistência humanitárias e de busca, salvamento em situações de emergência ou desastres naturais, por via aérea, marítima e terra”.
Daniel Ortega tem sido um forte aliado da Rússia desde seu primeiro governo, na década de 80, quando recebeu ajuda econômica e militar significativa da então União Soviética e de outros países do bloco comunista para enfrentar rebeldes opositores. Após retornar ao poder em 2007, Ortega celebrou vários acordos de cooperação econômica, técnico-científica e militar com Moscou.
Em fevereiro, o vice-primeiro-ministro russo, Yuri Borisov, visitou Manágua, a capital da Nicarágua, e anunciou que o Kremlin queria fortalecer a cooperação entre os dois países. “Por mais de 40 anos, fornecemos apoio tecnológico e militar ao seu Exército, e continuaremos a fornecer nosso apoio e a trabalhar nessa direção”, disse o oficial russo.
Ortega, por sua vez, ofereceu apoio público imediato à invasão militar russa da Ucrânia e justificou as posições dos separatistas pró-russos em Donetsk e Luhansk, localizadas na região ucraniana de Donbas, onde Moscou fortaleceu seu controle por meio de intensos bombardeios nas últimas semanas. /ASSOCIATED PRESS, EFE