‘Ninguém vai morrer’: transcrição tem discussão entre CEO e equipe do submarino que viria a implodir


Chefe da OceanGate e seu ex-diretor de operações marítimas discutiam sobre a segurança do submersível, segundo transcrição revelada em reportagem da BBC

Por Redação
Atualização:

Uma transcrição de uma reunião da empresa do submarino Titan, que implodiu no ano passado em viagem aos destroços do Titanic, revelou que o CEO disse: “Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final”. No acidente, todos os cinco passageiros morreram. As informações foram reveladas em reportagem da BBC.

A transcrição, divulgada pela Guarda Costeira dos EUA como parte da investigação sobre o desastre, é de uma reunião de 2018 e capta uma troca entre o chefe da OceanGate, Stockton Rush, e seu ex-diretor de operações marítimas, David Lochridge, além de três outros funcionários.

Nesta imagem de 22 de junho de 2023, obtida pela Guarda Costeira dos EUA e Pelagic Research Services, o cone de cauda do submersível Titan repousa no fundo do oceano  Foto: Handout / Guarda Costeira dos EUA / Pelagic Research Services / AFP
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Na conversa, Lochridge levantou preocupações sobre a segurança. Rush respondeu: “Eu não tenho desejo de morrer... Acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz”. Lochridge havia elaborado um “relatório de inspeção de qualidade”, que levantava sérios problemas no design do submarino, como baixa qualidade do casco, que era feito de fibra de carbono, e problemas com a maneira como o Titan estava sendo construído e testado.

Na semana passada, durante as audiências que investigam o caso, ele disse: “Essa reunião acabou sendo uma discussão de duas horas e dez minutos... sobre minha demissão e como minhas discordâncias com a organização, em relação à segurança, não importavam”.

“Estou abordando o que considero preocupações de segurança, preocupações que mencionei verbalmente... que foram ignoradas por todos”, disse Lochridge, como revela a transcrição. Stockton Rush foi gravado respondendo: “Eu ouvi elas, e te dei minha resposta, e você acha que minha resposta é inadequada.”

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“É uma das coisas mais seguras que já fiz”

Depois de dizer aos participantes da reunião que ele não tinha desejo de morrer e que acreditava que seu submarino era seguro, Rush continuou dizendo: “Tenho uma neta adorável. Eu vou estar por aqui. Eu entendo esse tipo de risco, e estou entrando nisso de olhos abertos e acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz.”

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Ele então acrescentou: “Posso pensar em 50 razões para cancelar e falharmos como empresa. Eu não vou morrer. Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final.”

Lochridge foi demitido após a reunião e levou suas preocupações à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA (OSHA). Porém, ele disse que a agência governamental dos EUA foi lenta e não agiu. Após crescente pressão dos advogados da OceanGate, ele desistiu do caso e assinou um acordo de confidencialidade.

Ao final de seu depoimento na investigação do Titan na semana passada, ele disse que, se as autoridades tivessem investigado adequadamente a OceanGate, a tragédia teria sido evitada.

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Durante duas semanas de audiências, os investigadores buscam descobrir o que levou à tragédia e fazer recomendações para evitar incidentes semelhantes. As audiências públicas continuam nesta semana.

Imagem do submersível Titan em junho de 2021 Foto: OceanGate Expeditions/AP

O que aconteceu?

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O submarino Titan fez seu último mergulho em 18 de junho de 2023, uma manhã de domingo, e perdeu contato com seu navio de apoio cerca de duas horas depois. Quando foi relatado como atrasado naquela tarde, os resgatadores enviaram navios, aviões e outros equipamentos para a área, cerca de 700 quilômetros ao sul de St. John’s, no Canadá.

Além do cofundador da OceanGate, Stockton Rush, a implosão matou dois membros de uma família paquistanesa, Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood; o aventureiro britânico Hamish Harding; e o especialista em Titanic Paul-Henri Nargeolet.

Harding e Nargeolet eram membros do The Explorers Club, uma sociedade profissional dedicada à pesquisa, exploração e conservação de recursos. “Isso nos afetou profundamente em um nível pessoal”, disse o presidente do grupo, Richard Garriott, em uma entrevista na semana passada. Garriott disse que haverá uma celebração de lembrança para as vítimas do Titan esta semana em Portugal, na Cúpula Global de Exploração anual.

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Em outubro do ano passado, a Guarda Costeira dos Estados Unidos recuperou os destroços restantes do submersível, incluindo supostos restos humanos. A recuperação ocorreu no fundo do oceano, a cerca de 488 metros de distância do Titanic e a uma profundidade de 3,8 mil metros./ Com AP

Uma transcrição de uma reunião da empresa do submarino Titan, que implodiu no ano passado em viagem aos destroços do Titanic, revelou que o CEO disse: “Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final”. No acidente, todos os cinco passageiros morreram. As informações foram reveladas em reportagem da BBC.

A transcrição, divulgada pela Guarda Costeira dos EUA como parte da investigação sobre o desastre, é de uma reunião de 2018 e capta uma troca entre o chefe da OceanGate, Stockton Rush, e seu ex-diretor de operações marítimas, David Lochridge, além de três outros funcionários.

Nesta imagem de 22 de junho de 2023, obtida pela Guarda Costeira dos EUA e Pelagic Research Services, o cone de cauda do submersível Titan repousa no fundo do oceano  Foto: Handout / Guarda Costeira dos EUA / Pelagic Research Services / AFP

Na conversa, Lochridge levantou preocupações sobre a segurança. Rush respondeu: “Eu não tenho desejo de morrer... Acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz”. Lochridge havia elaborado um “relatório de inspeção de qualidade”, que levantava sérios problemas no design do submarino, como baixa qualidade do casco, que era feito de fibra de carbono, e problemas com a maneira como o Titan estava sendo construído e testado.

Na semana passada, durante as audiências que investigam o caso, ele disse: “Essa reunião acabou sendo uma discussão de duas horas e dez minutos... sobre minha demissão e como minhas discordâncias com a organização, em relação à segurança, não importavam”.

“Estou abordando o que considero preocupações de segurança, preocupações que mencionei verbalmente... que foram ignoradas por todos”, disse Lochridge, como revela a transcrição. Stockton Rush foi gravado respondendo: “Eu ouvi elas, e te dei minha resposta, e você acha que minha resposta é inadequada.”

“É uma das coisas mais seguras que já fiz”

Depois de dizer aos participantes da reunião que ele não tinha desejo de morrer e que acreditava que seu submarino era seguro, Rush continuou dizendo: “Tenho uma neta adorável. Eu vou estar por aqui. Eu entendo esse tipo de risco, e estou entrando nisso de olhos abertos e acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz.”

Ele então acrescentou: “Posso pensar em 50 razões para cancelar e falharmos como empresa. Eu não vou morrer. Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final.”

Lochridge foi demitido após a reunião e levou suas preocupações à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA (OSHA). Porém, ele disse que a agência governamental dos EUA foi lenta e não agiu. Após crescente pressão dos advogados da OceanGate, ele desistiu do caso e assinou um acordo de confidencialidade.

Ao final de seu depoimento na investigação do Titan na semana passada, ele disse que, se as autoridades tivessem investigado adequadamente a OceanGate, a tragédia teria sido evitada.

Durante duas semanas de audiências, os investigadores buscam descobrir o que levou à tragédia e fazer recomendações para evitar incidentes semelhantes. As audiências públicas continuam nesta semana.

Imagem do submersível Titan em junho de 2021 Foto: OceanGate Expeditions/AP

O que aconteceu?

O submarino Titan fez seu último mergulho em 18 de junho de 2023, uma manhã de domingo, e perdeu contato com seu navio de apoio cerca de duas horas depois. Quando foi relatado como atrasado naquela tarde, os resgatadores enviaram navios, aviões e outros equipamentos para a área, cerca de 700 quilômetros ao sul de St. John’s, no Canadá.

Além do cofundador da OceanGate, Stockton Rush, a implosão matou dois membros de uma família paquistanesa, Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood; o aventureiro britânico Hamish Harding; e o especialista em Titanic Paul-Henri Nargeolet.

Harding e Nargeolet eram membros do The Explorers Club, uma sociedade profissional dedicada à pesquisa, exploração e conservação de recursos. “Isso nos afetou profundamente em um nível pessoal”, disse o presidente do grupo, Richard Garriott, em uma entrevista na semana passada. Garriott disse que haverá uma celebração de lembrança para as vítimas do Titan esta semana em Portugal, na Cúpula Global de Exploração anual.

Em outubro do ano passado, a Guarda Costeira dos Estados Unidos recuperou os destroços restantes do submersível, incluindo supostos restos humanos. A recuperação ocorreu no fundo do oceano, a cerca de 488 metros de distância do Titanic e a uma profundidade de 3,8 mil metros./ Com AP

Uma transcrição de uma reunião da empresa do submarino Titan, que implodiu no ano passado em viagem aos destroços do Titanic, revelou que o CEO disse: “Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final”. No acidente, todos os cinco passageiros morreram. As informações foram reveladas em reportagem da BBC.

A transcrição, divulgada pela Guarda Costeira dos EUA como parte da investigação sobre o desastre, é de uma reunião de 2018 e capta uma troca entre o chefe da OceanGate, Stockton Rush, e seu ex-diretor de operações marítimas, David Lochridge, além de três outros funcionários.

Nesta imagem de 22 de junho de 2023, obtida pela Guarda Costeira dos EUA e Pelagic Research Services, o cone de cauda do submersível Titan repousa no fundo do oceano  Foto: Handout / Guarda Costeira dos EUA / Pelagic Research Services / AFP

Na conversa, Lochridge levantou preocupações sobre a segurança. Rush respondeu: “Eu não tenho desejo de morrer... Acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz”. Lochridge havia elaborado um “relatório de inspeção de qualidade”, que levantava sérios problemas no design do submarino, como baixa qualidade do casco, que era feito de fibra de carbono, e problemas com a maneira como o Titan estava sendo construído e testado.

Na semana passada, durante as audiências que investigam o caso, ele disse: “Essa reunião acabou sendo uma discussão de duas horas e dez minutos... sobre minha demissão e como minhas discordâncias com a organização, em relação à segurança, não importavam”.

“Estou abordando o que considero preocupações de segurança, preocupações que mencionei verbalmente... que foram ignoradas por todos”, disse Lochridge, como revela a transcrição. Stockton Rush foi gravado respondendo: “Eu ouvi elas, e te dei minha resposta, e você acha que minha resposta é inadequada.”

“É uma das coisas mais seguras que já fiz”

Depois de dizer aos participantes da reunião que ele não tinha desejo de morrer e que acreditava que seu submarino era seguro, Rush continuou dizendo: “Tenho uma neta adorável. Eu vou estar por aqui. Eu entendo esse tipo de risco, e estou entrando nisso de olhos abertos e acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz.”

Ele então acrescentou: “Posso pensar em 50 razões para cancelar e falharmos como empresa. Eu não vou morrer. Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final.”

Lochridge foi demitido após a reunião e levou suas preocupações à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA (OSHA). Porém, ele disse que a agência governamental dos EUA foi lenta e não agiu. Após crescente pressão dos advogados da OceanGate, ele desistiu do caso e assinou um acordo de confidencialidade.

Ao final de seu depoimento na investigação do Titan na semana passada, ele disse que, se as autoridades tivessem investigado adequadamente a OceanGate, a tragédia teria sido evitada.

Durante duas semanas de audiências, os investigadores buscam descobrir o que levou à tragédia e fazer recomendações para evitar incidentes semelhantes. As audiências públicas continuam nesta semana.

Imagem do submersível Titan em junho de 2021 Foto: OceanGate Expeditions/AP

O que aconteceu?

O submarino Titan fez seu último mergulho em 18 de junho de 2023, uma manhã de domingo, e perdeu contato com seu navio de apoio cerca de duas horas depois. Quando foi relatado como atrasado naquela tarde, os resgatadores enviaram navios, aviões e outros equipamentos para a área, cerca de 700 quilômetros ao sul de St. John’s, no Canadá.

Além do cofundador da OceanGate, Stockton Rush, a implosão matou dois membros de uma família paquistanesa, Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood; o aventureiro britânico Hamish Harding; e o especialista em Titanic Paul-Henri Nargeolet.

Harding e Nargeolet eram membros do The Explorers Club, uma sociedade profissional dedicada à pesquisa, exploração e conservação de recursos. “Isso nos afetou profundamente em um nível pessoal”, disse o presidente do grupo, Richard Garriott, em uma entrevista na semana passada. Garriott disse que haverá uma celebração de lembrança para as vítimas do Titan esta semana em Portugal, na Cúpula Global de Exploração anual.

Em outubro do ano passado, a Guarda Costeira dos Estados Unidos recuperou os destroços restantes do submersível, incluindo supostos restos humanos. A recuperação ocorreu no fundo do oceano, a cerca de 488 metros de distância do Titanic e a uma profundidade de 3,8 mil metros./ Com AP

Uma transcrição de uma reunião da empresa do submarino Titan, que implodiu no ano passado em viagem aos destroços do Titanic, revelou que o CEO disse: “Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final”. No acidente, todos os cinco passageiros morreram. As informações foram reveladas em reportagem da BBC.

A transcrição, divulgada pela Guarda Costeira dos EUA como parte da investigação sobre o desastre, é de uma reunião de 2018 e capta uma troca entre o chefe da OceanGate, Stockton Rush, e seu ex-diretor de operações marítimas, David Lochridge, além de três outros funcionários.

Nesta imagem de 22 de junho de 2023, obtida pela Guarda Costeira dos EUA e Pelagic Research Services, o cone de cauda do submersível Titan repousa no fundo do oceano  Foto: Handout / Guarda Costeira dos EUA / Pelagic Research Services / AFP

Na conversa, Lochridge levantou preocupações sobre a segurança. Rush respondeu: “Eu não tenho desejo de morrer... Acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz”. Lochridge havia elaborado um “relatório de inspeção de qualidade”, que levantava sérios problemas no design do submarino, como baixa qualidade do casco, que era feito de fibra de carbono, e problemas com a maneira como o Titan estava sendo construído e testado.

Na semana passada, durante as audiências que investigam o caso, ele disse: “Essa reunião acabou sendo uma discussão de duas horas e dez minutos... sobre minha demissão e como minhas discordâncias com a organização, em relação à segurança, não importavam”.

“Estou abordando o que considero preocupações de segurança, preocupações que mencionei verbalmente... que foram ignoradas por todos”, disse Lochridge, como revela a transcrição. Stockton Rush foi gravado respondendo: “Eu ouvi elas, e te dei minha resposta, e você acha que minha resposta é inadequada.”

“É uma das coisas mais seguras que já fiz”

Depois de dizer aos participantes da reunião que ele não tinha desejo de morrer e que acreditava que seu submarino era seguro, Rush continuou dizendo: “Tenho uma neta adorável. Eu vou estar por aqui. Eu entendo esse tipo de risco, e estou entrando nisso de olhos abertos e acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz.”

Ele então acrescentou: “Posso pensar em 50 razões para cancelar e falharmos como empresa. Eu não vou morrer. Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final.”

Lochridge foi demitido após a reunião e levou suas preocupações à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA (OSHA). Porém, ele disse que a agência governamental dos EUA foi lenta e não agiu. Após crescente pressão dos advogados da OceanGate, ele desistiu do caso e assinou um acordo de confidencialidade.

Ao final de seu depoimento na investigação do Titan na semana passada, ele disse que, se as autoridades tivessem investigado adequadamente a OceanGate, a tragédia teria sido evitada.

Durante duas semanas de audiências, os investigadores buscam descobrir o que levou à tragédia e fazer recomendações para evitar incidentes semelhantes. As audiências públicas continuam nesta semana.

Imagem do submersível Titan em junho de 2021 Foto: OceanGate Expeditions/AP

O que aconteceu?

O submarino Titan fez seu último mergulho em 18 de junho de 2023, uma manhã de domingo, e perdeu contato com seu navio de apoio cerca de duas horas depois. Quando foi relatado como atrasado naquela tarde, os resgatadores enviaram navios, aviões e outros equipamentos para a área, cerca de 700 quilômetros ao sul de St. John’s, no Canadá.

Além do cofundador da OceanGate, Stockton Rush, a implosão matou dois membros de uma família paquistanesa, Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood; o aventureiro britânico Hamish Harding; e o especialista em Titanic Paul-Henri Nargeolet.

Harding e Nargeolet eram membros do The Explorers Club, uma sociedade profissional dedicada à pesquisa, exploração e conservação de recursos. “Isso nos afetou profundamente em um nível pessoal”, disse o presidente do grupo, Richard Garriott, em uma entrevista na semana passada. Garriott disse que haverá uma celebração de lembrança para as vítimas do Titan esta semana em Portugal, na Cúpula Global de Exploração anual.

Em outubro do ano passado, a Guarda Costeira dos Estados Unidos recuperou os destroços restantes do submersível, incluindo supostos restos humanos. A recuperação ocorreu no fundo do oceano, a cerca de 488 metros de distância do Titanic e a uma profundidade de 3,8 mil metros./ Com AP

Uma transcrição de uma reunião da empresa do submarino Titan, que implodiu no ano passado em viagem aos destroços do Titanic, revelou que o CEO disse: “Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final”. No acidente, todos os cinco passageiros morreram. As informações foram reveladas em reportagem da BBC.

A transcrição, divulgada pela Guarda Costeira dos EUA como parte da investigação sobre o desastre, é de uma reunião de 2018 e capta uma troca entre o chefe da OceanGate, Stockton Rush, e seu ex-diretor de operações marítimas, David Lochridge, além de três outros funcionários.

Nesta imagem de 22 de junho de 2023, obtida pela Guarda Costeira dos EUA e Pelagic Research Services, o cone de cauda do submersível Titan repousa no fundo do oceano  Foto: Handout / Guarda Costeira dos EUA / Pelagic Research Services / AFP

Na conversa, Lochridge levantou preocupações sobre a segurança. Rush respondeu: “Eu não tenho desejo de morrer... Acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz”. Lochridge havia elaborado um “relatório de inspeção de qualidade”, que levantava sérios problemas no design do submarino, como baixa qualidade do casco, que era feito de fibra de carbono, e problemas com a maneira como o Titan estava sendo construído e testado.

Na semana passada, durante as audiências que investigam o caso, ele disse: “Essa reunião acabou sendo uma discussão de duas horas e dez minutos... sobre minha demissão e como minhas discordâncias com a organização, em relação à segurança, não importavam”.

“Estou abordando o que considero preocupações de segurança, preocupações que mencionei verbalmente... que foram ignoradas por todos”, disse Lochridge, como revela a transcrição. Stockton Rush foi gravado respondendo: “Eu ouvi elas, e te dei minha resposta, e você acha que minha resposta é inadequada.”

“É uma das coisas mais seguras que já fiz”

Depois de dizer aos participantes da reunião que ele não tinha desejo de morrer e que acreditava que seu submarino era seguro, Rush continuou dizendo: “Tenho uma neta adorável. Eu vou estar por aqui. Eu entendo esse tipo de risco, e estou entrando nisso de olhos abertos e acho que isso é uma das coisas mais seguras que já fiz.”

Ele então acrescentou: “Posso pensar em 50 razões para cancelar e falharmos como empresa. Eu não vou morrer. Ninguém vai morrer sob minha supervisão - ponto final.”

Lochridge foi demitido após a reunião e levou suas preocupações à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA (OSHA). Porém, ele disse que a agência governamental dos EUA foi lenta e não agiu. Após crescente pressão dos advogados da OceanGate, ele desistiu do caso e assinou um acordo de confidencialidade.

Ao final de seu depoimento na investigação do Titan na semana passada, ele disse que, se as autoridades tivessem investigado adequadamente a OceanGate, a tragédia teria sido evitada.

Durante duas semanas de audiências, os investigadores buscam descobrir o que levou à tragédia e fazer recomendações para evitar incidentes semelhantes. As audiências públicas continuam nesta semana.

Imagem do submersível Titan em junho de 2021 Foto: OceanGate Expeditions/AP

O que aconteceu?

O submarino Titan fez seu último mergulho em 18 de junho de 2023, uma manhã de domingo, e perdeu contato com seu navio de apoio cerca de duas horas depois. Quando foi relatado como atrasado naquela tarde, os resgatadores enviaram navios, aviões e outros equipamentos para a área, cerca de 700 quilômetros ao sul de St. John’s, no Canadá.

Além do cofundador da OceanGate, Stockton Rush, a implosão matou dois membros de uma família paquistanesa, Shahzada Dawood e seu filho Suleman Dawood; o aventureiro britânico Hamish Harding; e o especialista em Titanic Paul-Henri Nargeolet.

Harding e Nargeolet eram membros do The Explorers Club, uma sociedade profissional dedicada à pesquisa, exploração e conservação de recursos. “Isso nos afetou profundamente em um nível pessoal”, disse o presidente do grupo, Richard Garriott, em uma entrevista na semana passada. Garriott disse que haverá uma celebração de lembrança para as vítimas do Titan esta semana em Portugal, na Cúpula Global de Exploração anual.

Em outubro do ano passado, a Guarda Costeira dos Estados Unidos recuperou os destroços restantes do submersível, incluindo supostos restos humanos. A recuperação ocorreu no fundo do oceano, a cerca de 488 metros de distância do Titanic e a uma profundidade de 3,8 mil metros./ Com AP

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