No TikTok, ator utiliza humor para explicar guerra na Ucrânia e relações internacionais


Com um recurso de ‘mapas falantes’, Pedro Daher trata de Otan, dependência de gás russo pela Europa e planeja abordar temas históricos que podem cair no Enem

Por Carolina Marins
Atualização:

Após a Rússia invadir a Ucrânia na madrugada do dia 24 de fevereiro, o ator brasileiro Pedro Daher, 25, acordou com um salto de seguidores e acesso em suas redes sociais. O motivo foi um vídeo que havia publicado dias antes no TikTok explicando a escalada das tensões no leste europeu. Desde então, ele já gravou sete vídeos explicando o conflito, cada vez mais longos e com mais fontes, e todos os dias seus seguidores perguntam: “O que está acontecendo na Ucrânia?”

Daher já era conhecido por fazer vídeos caçoando das diferenças culturais e de linguagem entre Brasil e Portugal. Ele utiliza um recurso do próprio TikTok para inserir seu rosto nos mapas dos países e assim as nações “conversam”. Mas, com gosto por História e Relações Internacionais, o ator começou a falar de temas históricos e da atualidade, e a guerra na Ucrânia se tornou quase inevitável.

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O primeiro vídeo foi publicado em 31 de janeiro, explicando o que era a Otan e como a intenção da Ucrânia em aderir à aliança era vista como uma ameaça para a Rússia. “Eu não esperava que a Ucrânia fosse ser invadida”, confessa em entrevista ao Estadão. “Na verdade o meu primeiro vídeo era explicando essa tensão, e ele só foi explodir de verdade quando a Rússia invadiu. A galera foi atrás para descobrir porque isso estava acontecendo.”

Foi assim que nasceu a série “Meu vizinho ta Putin”, que já teve sete vídeos publicados e alguns já tem quase seis minutos de duração. Desde então, o ator já falou da dependência ao gás natural russo pela Alemanha, a ida de Jair Bolsonaro para Moscou dias antes da invasão e a imposição de sanções ocidentais. Em uma das produções, o Brasil até participa - de forma ficcional - das negociações de paz e oferece a região Sul como oferta de paz para a Rússia.

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‘E a Ucrânia?’

O conflito na Ucrânia não é o único assunto que Daher aborda em seus vídeos, mas é de longe o mais requisitado. “Eu entro em live no TikTok todos os dias, tomo café, bato papo, e o tempo todo que eu estou lá na live o pessoal fica pedindo ‘quando que tem mais vídeo da Ucrânia?’, ‘o que está acontecendo na Ucrânia?’, um monte de gente me pergunta”, ri.

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“Tem muita gente que fala ‘obrigado, graças a você, eu estou entendendo’, ‘eu não estava entendendo nada, com um minuto de vídeo eu consegui entender’ e eu fico bem satisfeito com esse resultado”, comemora. E não é só quem está confuso que busca pelos vídeos, Daher relata que já recebeu retorno de professores que contam ter utilizado seus vídeos em salas de aula.

Pedro Daher já era conhecido nas redes por fazer vídeos sobre Brasil e Portugal, mas a guerra na Ucrânia trouxe um boom de seguidores Foto: Pedro Daher/Arquivo Pessoal

Mas quanto mais a guerra avança e a situação no front muda, mais complexa se torna a produção dos vídeos. Segundo ele, o maior desafio é se manter atualizado o tempo todo e produzir de forma rápida um vídeo que não fique obsoleto logo. “Eu tinha que fazer o vídeo muito rápido, porque em questão de um dia as notícias já mudavam completamente e eu já tinha que mudar todo o texto mais uma vez.”

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Em meio a uma guerra em que a desinformação é uma arma essencial, Daher utiliza diversas fontes de notícias e aconselha seus seguidores a fazer o mesmo. “Eu tenho até canais no Telegram de portais de notícias tanto da Ucrânia quanto da Rússia e conto com ajuda de pessoas que falam ucraniano e que sabiam traduzir tanto ucraniano quanto russo”.

Para ajudar os seus seguidores a buscar as fontes de seus materiais, o ator passou a fazer citações diretas a Volodmir Zelenski, Dmitro Kuleba, Serguei Lavrov e Antony Blinken.

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Brasil e Portugal

O conteúdo com os mapas falantes começou no início de 2021, quando Pedro Daher resolveu brincar com as diferenças de vocabulário entre Brasil e Portugal. A ideia surgiu de um relacionamento que tinha com uma portuguesa que lhe gerava diversos choques culturais e linguísticos. No primeiro vídeo, Brasil e Portugal fazem uma revisão de palavras “diferentes”, como “pica” e “injeção”.

“Eu falei ‘vou fazer um vídeo zoando Portugal’. Lembro que eu tinha feito no dia 27 de março, umas 8 horas da noite, publiquei o vídeo e fui dormir. No dia seguinte tinha 100 mil visualizações já no vídeo umas 10 mil pessoas me seguindo e eu falei. ‘Ah, vou fazer outro’”.

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Depois do sucesso, a briga entre Brasil e Portugal foi ficando séria, com direito a cobrança pelo “ouro roubado” e até pedido de desculpas pela colonização. Com o tempo os vídeos foram ficando mais sofisticados, exigindo mais pesquisas históricas, mas ainda não se compara a dificuldade em abordar o conflito na Ucrânia. “Quando a gente tem guerras e eventos históricos que já aconteceram é mais fácil para fazer, porque quando a gente faz um produto da atualidade tem que ficar antenado”, revela.

O ator já abordou a guerra do Paraguai, a Guerra da Lagosta - episódio entre França e Brasil nos anos 60 envolvendo captura ilegal de lagostas -, a guerra de Troia e até as Guerras Mundiais.

Um cuidado que Daher diz se atentar é em não cair em estereótipos, se limitando apenas a imitar os sotaques dos nativos daqueles países ao falarem o português. “Eu faço uso do estereótipo apenas para poder fazer a caracterização das minhas personagens. Por exemplo, os Estados Unidos, fala com aquela voz mais grossa com sotaque completamente rebuscado. Acho que esse tipo de estereótipo não é degradante. Mas eu também tenho meus limites, eu não vou fazer o uso de estereótipos para poder fazer uma comédia pejorativa.”

Palestina e Enem

O gosto por abordar História e Relações Internacionais tem origem familiar. O avô de Daher é de origem Sírio-libanesa e por isso o ator sempre se interessou por aprender sobre suas raízes árabes. Por causa disso, ele sempre aborda o conflito Israel-Palestina ao conversar com seus seguidores nas redes, mas admite que o tema ainda lhe soa complicado demais para tratar em um vídeo humorístico.

“Faz uns 10 anos que eu comecei a estudar sobre a questão de Israel e Palestina. Já pensei em fazer vídeo sobre isso, mas é um negócio que eu estou pensando ainda em fazer em outro formato porque, além de ser muito da atualidade, é um assunto histórico que vem de muitos e muitos anos atrás, então é um desafio a mais para colocar isso em vídeo.”

Um pedido constante dos seus seguidores em 2021 foi para explicar o que estava acontecendo no Afeganistão, na esteira da retirada americana do país e subsequente ocupação do Taleban. “Eu falei que não conseguia fazer”, admitiu.

“É algo absurdo, é uma guerra que está acontecendo e eu não concordo nada com aquilo. E é muito difícil fazer um vídeo sobre guerras no Oriente Médio, porque tem muito mais influências de fora que a gente não vê, então é muito mais desafiador”.

Já que Oriente Médio não deve ser um tema dos mapas falantes no futuro próximo, Pedro Daher pensa em abordar questões históricas que podem ajudar estudantes no próximo Enem. “Conflitos que tiveram no Brasil, por exemplo a Revolta da Vacina, o Tratado de Tordesilhas, o descobrimento do Brasil, Independência. Porque tem muita gente que não sabe como isso aconteceu e eu acho que é interessante levar isso para as pessoas”, adianta.

“É muito legal que muita gente usou os meus vídeos na sala de aulas, não são os alunos, os professores também. Então quando eu fiquei sabendo disso eu falei ‘vou fazer mais vídeos de histórias não só do Brasil, mas momentos históricos do mundo que às vezes cai na prova’”.

Após a Rússia invadir a Ucrânia na madrugada do dia 24 de fevereiro, o ator brasileiro Pedro Daher, 25, acordou com um salto de seguidores e acesso em suas redes sociais. O motivo foi um vídeo que havia publicado dias antes no TikTok explicando a escalada das tensões no leste europeu. Desde então, ele já gravou sete vídeos explicando o conflito, cada vez mais longos e com mais fontes, e todos os dias seus seguidores perguntam: “O que está acontecendo na Ucrânia?”

Daher já era conhecido por fazer vídeos caçoando das diferenças culturais e de linguagem entre Brasil e Portugal. Ele utiliza um recurso do próprio TikTok para inserir seu rosto nos mapas dos países e assim as nações “conversam”. Mas, com gosto por História e Relações Internacionais, o ator começou a falar de temas históricos e da atualidade, e a guerra na Ucrânia se tornou quase inevitável.

O primeiro vídeo foi publicado em 31 de janeiro, explicando o que era a Otan e como a intenção da Ucrânia em aderir à aliança era vista como uma ameaça para a Rússia. “Eu não esperava que a Ucrânia fosse ser invadida”, confessa em entrevista ao Estadão. “Na verdade o meu primeiro vídeo era explicando essa tensão, e ele só foi explodir de verdade quando a Rússia invadiu. A galera foi atrás para descobrir porque isso estava acontecendo.”

Foi assim que nasceu a série “Meu vizinho ta Putin”, que já teve sete vídeos publicados e alguns já tem quase seis minutos de duração. Desde então, o ator já falou da dependência ao gás natural russo pela Alemanha, a ida de Jair Bolsonaro para Moscou dias antes da invasão e a imposição de sanções ocidentais. Em uma das produções, o Brasil até participa - de forma ficcional - das negociações de paz e oferece a região Sul como oferta de paz para a Rússia.

‘E a Ucrânia?’

O conflito na Ucrânia não é o único assunto que Daher aborda em seus vídeos, mas é de longe o mais requisitado. “Eu entro em live no TikTok todos os dias, tomo café, bato papo, e o tempo todo que eu estou lá na live o pessoal fica pedindo ‘quando que tem mais vídeo da Ucrânia?’, ‘o que está acontecendo na Ucrânia?’, um monte de gente me pergunta”, ri.

“Tem muita gente que fala ‘obrigado, graças a você, eu estou entendendo’, ‘eu não estava entendendo nada, com um minuto de vídeo eu consegui entender’ e eu fico bem satisfeito com esse resultado”, comemora. E não é só quem está confuso que busca pelos vídeos, Daher relata que já recebeu retorno de professores que contam ter utilizado seus vídeos em salas de aula.

Pedro Daher já era conhecido nas redes por fazer vídeos sobre Brasil e Portugal, mas a guerra na Ucrânia trouxe um boom de seguidores Foto: Pedro Daher/Arquivo Pessoal

Mas quanto mais a guerra avança e a situação no front muda, mais complexa se torna a produção dos vídeos. Segundo ele, o maior desafio é se manter atualizado o tempo todo e produzir de forma rápida um vídeo que não fique obsoleto logo. “Eu tinha que fazer o vídeo muito rápido, porque em questão de um dia as notícias já mudavam completamente e eu já tinha que mudar todo o texto mais uma vez.”

Em meio a uma guerra em que a desinformação é uma arma essencial, Daher utiliza diversas fontes de notícias e aconselha seus seguidores a fazer o mesmo. “Eu tenho até canais no Telegram de portais de notícias tanto da Ucrânia quanto da Rússia e conto com ajuda de pessoas que falam ucraniano e que sabiam traduzir tanto ucraniano quanto russo”.

Para ajudar os seus seguidores a buscar as fontes de seus materiais, o ator passou a fazer citações diretas a Volodmir Zelenski, Dmitro Kuleba, Serguei Lavrov e Antony Blinken.

Brasil e Portugal

O conteúdo com os mapas falantes começou no início de 2021, quando Pedro Daher resolveu brincar com as diferenças de vocabulário entre Brasil e Portugal. A ideia surgiu de um relacionamento que tinha com uma portuguesa que lhe gerava diversos choques culturais e linguísticos. No primeiro vídeo, Brasil e Portugal fazem uma revisão de palavras “diferentes”, como “pica” e “injeção”.

“Eu falei ‘vou fazer um vídeo zoando Portugal’. Lembro que eu tinha feito no dia 27 de março, umas 8 horas da noite, publiquei o vídeo e fui dormir. No dia seguinte tinha 100 mil visualizações já no vídeo umas 10 mil pessoas me seguindo e eu falei. ‘Ah, vou fazer outro’”.

Depois do sucesso, a briga entre Brasil e Portugal foi ficando séria, com direito a cobrança pelo “ouro roubado” e até pedido de desculpas pela colonização. Com o tempo os vídeos foram ficando mais sofisticados, exigindo mais pesquisas históricas, mas ainda não se compara a dificuldade em abordar o conflito na Ucrânia. “Quando a gente tem guerras e eventos históricos que já aconteceram é mais fácil para fazer, porque quando a gente faz um produto da atualidade tem que ficar antenado”, revela.

O ator já abordou a guerra do Paraguai, a Guerra da Lagosta - episódio entre França e Brasil nos anos 60 envolvendo captura ilegal de lagostas -, a guerra de Troia e até as Guerras Mundiais.

Um cuidado que Daher diz se atentar é em não cair em estereótipos, se limitando apenas a imitar os sotaques dos nativos daqueles países ao falarem o português. “Eu faço uso do estereótipo apenas para poder fazer a caracterização das minhas personagens. Por exemplo, os Estados Unidos, fala com aquela voz mais grossa com sotaque completamente rebuscado. Acho que esse tipo de estereótipo não é degradante. Mas eu também tenho meus limites, eu não vou fazer o uso de estereótipos para poder fazer uma comédia pejorativa.”

Palestina e Enem

O gosto por abordar História e Relações Internacionais tem origem familiar. O avô de Daher é de origem Sírio-libanesa e por isso o ator sempre se interessou por aprender sobre suas raízes árabes. Por causa disso, ele sempre aborda o conflito Israel-Palestina ao conversar com seus seguidores nas redes, mas admite que o tema ainda lhe soa complicado demais para tratar em um vídeo humorístico.

“Faz uns 10 anos que eu comecei a estudar sobre a questão de Israel e Palestina. Já pensei em fazer vídeo sobre isso, mas é um negócio que eu estou pensando ainda em fazer em outro formato porque, além de ser muito da atualidade, é um assunto histórico que vem de muitos e muitos anos atrás, então é um desafio a mais para colocar isso em vídeo.”

Um pedido constante dos seus seguidores em 2021 foi para explicar o que estava acontecendo no Afeganistão, na esteira da retirada americana do país e subsequente ocupação do Taleban. “Eu falei que não conseguia fazer”, admitiu.

“É algo absurdo, é uma guerra que está acontecendo e eu não concordo nada com aquilo. E é muito difícil fazer um vídeo sobre guerras no Oriente Médio, porque tem muito mais influências de fora que a gente não vê, então é muito mais desafiador”.

Já que Oriente Médio não deve ser um tema dos mapas falantes no futuro próximo, Pedro Daher pensa em abordar questões históricas que podem ajudar estudantes no próximo Enem. “Conflitos que tiveram no Brasil, por exemplo a Revolta da Vacina, o Tratado de Tordesilhas, o descobrimento do Brasil, Independência. Porque tem muita gente que não sabe como isso aconteceu e eu acho que é interessante levar isso para as pessoas”, adianta.

“É muito legal que muita gente usou os meus vídeos na sala de aulas, não são os alunos, os professores também. Então quando eu fiquei sabendo disso eu falei ‘vou fazer mais vídeos de histórias não só do Brasil, mas momentos históricos do mundo que às vezes cai na prova’”.

Após a Rússia invadir a Ucrânia na madrugada do dia 24 de fevereiro, o ator brasileiro Pedro Daher, 25, acordou com um salto de seguidores e acesso em suas redes sociais. O motivo foi um vídeo que havia publicado dias antes no TikTok explicando a escalada das tensões no leste europeu. Desde então, ele já gravou sete vídeos explicando o conflito, cada vez mais longos e com mais fontes, e todos os dias seus seguidores perguntam: “O que está acontecendo na Ucrânia?”

Daher já era conhecido por fazer vídeos caçoando das diferenças culturais e de linguagem entre Brasil e Portugal. Ele utiliza um recurso do próprio TikTok para inserir seu rosto nos mapas dos países e assim as nações “conversam”. Mas, com gosto por História e Relações Internacionais, o ator começou a falar de temas históricos e da atualidade, e a guerra na Ucrânia se tornou quase inevitável.

O primeiro vídeo foi publicado em 31 de janeiro, explicando o que era a Otan e como a intenção da Ucrânia em aderir à aliança era vista como uma ameaça para a Rússia. “Eu não esperava que a Ucrânia fosse ser invadida”, confessa em entrevista ao Estadão. “Na verdade o meu primeiro vídeo era explicando essa tensão, e ele só foi explodir de verdade quando a Rússia invadiu. A galera foi atrás para descobrir porque isso estava acontecendo.”

Foi assim que nasceu a série “Meu vizinho ta Putin”, que já teve sete vídeos publicados e alguns já tem quase seis minutos de duração. Desde então, o ator já falou da dependência ao gás natural russo pela Alemanha, a ida de Jair Bolsonaro para Moscou dias antes da invasão e a imposição de sanções ocidentais. Em uma das produções, o Brasil até participa - de forma ficcional - das negociações de paz e oferece a região Sul como oferta de paz para a Rússia.

‘E a Ucrânia?’

O conflito na Ucrânia não é o único assunto que Daher aborda em seus vídeos, mas é de longe o mais requisitado. “Eu entro em live no TikTok todos os dias, tomo café, bato papo, e o tempo todo que eu estou lá na live o pessoal fica pedindo ‘quando que tem mais vídeo da Ucrânia?’, ‘o que está acontecendo na Ucrânia?’, um monte de gente me pergunta”, ri.

“Tem muita gente que fala ‘obrigado, graças a você, eu estou entendendo’, ‘eu não estava entendendo nada, com um minuto de vídeo eu consegui entender’ e eu fico bem satisfeito com esse resultado”, comemora. E não é só quem está confuso que busca pelos vídeos, Daher relata que já recebeu retorno de professores que contam ter utilizado seus vídeos em salas de aula.

Pedro Daher já era conhecido nas redes por fazer vídeos sobre Brasil e Portugal, mas a guerra na Ucrânia trouxe um boom de seguidores Foto: Pedro Daher/Arquivo Pessoal

Mas quanto mais a guerra avança e a situação no front muda, mais complexa se torna a produção dos vídeos. Segundo ele, o maior desafio é se manter atualizado o tempo todo e produzir de forma rápida um vídeo que não fique obsoleto logo. “Eu tinha que fazer o vídeo muito rápido, porque em questão de um dia as notícias já mudavam completamente e eu já tinha que mudar todo o texto mais uma vez.”

Em meio a uma guerra em que a desinformação é uma arma essencial, Daher utiliza diversas fontes de notícias e aconselha seus seguidores a fazer o mesmo. “Eu tenho até canais no Telegram de portais de notícias tanto da Ucrânia quanto da Rússia e conto com ajuda de pessoas que falam ucraniano e que sabiam traduzir tanto ucraniano quanto russo”.

Para ajudar os seus seguidores a buscar as fontes de seus materiais, o ator passou a fazer citações diretas a Volodmir Zelenski, Dmitro Kuleba, Serguei Lavrov e Antony Blinken.

Brasil e Portugal

O conteúdo com os mapas falantes começou no início de 2021, quando Pedro Daher resolveu brincar com as diferenças de vocabulário entre Brasil e Portugal. A ideia surgiu de um relacionamento que tinha com uma portuguesa que lhe gerava diversos choques culturais e linguísticos. No primeiro vídeo, Brasil e Portugal fazem uma revisão de palavras “diferentes”, como “pica” e “injeção”.

“Eu falei ‘vou fazer um vídeo zoando Portugal’. Lembro que eu tinha feito no dia 27 de março, umas 8 horas da noite, publiquei o vídeo e fui dormir. No dia seguinte tinha 100 mil visualizações já no vídeo umas 10 mil pessoas me seguindo e eu falei. ‘Ah, vou fazer outro’”.

Depois do sucesso, a briga entre Brasil e Portugal foi ficando séria, com direito a cobrança pelo “ouro roubado” e até pedido de desculpas pela colonização. Com o tempo os vídeos foram ficando mais sofisticados, exigindo mais pesquisas históricas, mas ainda não se compara a dificuldade em abordar o conflito na Ucrânia. “Quando a gente tem guerras e eventos históricos que já aconteceram é mais fácil para fazer, porque quando a gente faz um produto da atualidade tem que ficar antenado”, revela.

O ator já abordou a guerra do Paraguai, a Guerra da Lagosta - episódio entre França e Brasil nos anos 60 envolvendo captura ilegal de lagostas -, a guerra de Troia e até as Guerras Mundiais.

Um cuidado que Daher diz se atentar é em não cair em estereótipos, se limitando apenas a imitar os sotaques dos nativos daqueles países ao falarem o português. “Eu faço uso do estereótipo apenas para poder fazer a caracterização das minhas personagens. Por exemplo, os Estados Unidos, fala com aquela voz mais grossa com sotaque completamente rebuscado. Acho que esse tipo de estereótipo não é degradante. Mas eu também tenho meus limites, eu não vou fazer o uso de estereótipos para poder fazer uma comédia pejorativa.”

Palestina e Enem

O gosto por abordar História e Relações Internacionais tem origem familiar. O avô de Daher é de origem Sírio-libanesa e por isso o ator sempre se interessou por aprender sobre suas raízes árabes. Por causa disso, ele sempre aborda o conflito Israel-Palestina ao conversar com seus seguidores nas redes, mas admite que o tema ainda lhe soa complicado demais para tratar em um vídeo humorístico.

“Faz uns 10 anos que eu comecei a estudar sobre a questão de Israel e Palestina. Já pensei em fazer vídeo sobre isso, mas é um negócio que eu estou pensando ainda em fazer em outro formato porque, além de ser muito da atualidade, é um assunto histórico que vem de muitos e muitos anos atrás, então é um desafio a mais para colocar isso em vídeo.”

Um pedido constante dos seus seguidores em 2021 foi para explicar o que estava acontecendo no Afeganistão, na esteira da retirada americana do país e subsequente ocupação do Taleban. “Eu falei que não conseguia fazer”, admitiu.

“É algo absurdo, é uma guerra que está acontecendo e eu não concordo nada com aquilo. E é muito difícil fazer um vídeo sobre guerras no Oriente Médio, porque tem muito mais influências de fora que a gente não vê, então é muito mais desafiador”.

Já que Oriente Médio não deve ser um tema dos mapas falantes no futuro próximo, Pedro Daher pensa em abordar questões históricas que podem ajudar estudantes no próximo Enem. “Conflitos que tiveram no Brasil, por exemplo a Revolta da Vacina, o Tratado de Tordesilhas, o descobrimento do Brasil, Independência. Porque tem muita gente que não sabe como isso aconteceu e eu acho que é interessante levar isso para as pessoas”, adianta.

“É muito legal que muita gente usou os meus vídeos na sala de aulas, não são os alunos, os professores também. Então quando eu fiquei sabendo disso eu falei ‘vou fazer mais vídeos de histórias não só do Brasil, mas momentos históricos do mundo que às vezes cai na prova’”.

Após a Rússia invadir a Ucrânia na madrugada do dia 24 de fevereiro, o ator brasileiro Pedro Daher, 25, acordou com um salto de seguidores e acesso em suas redes sociais. O motivo foi um vídeo que havia publicado dias antes no TikTok explicando a escalada das tensões no leste europeu. Desde então, ele já gravou sete vídeos explicando o conflito, cada vez mais longos e com mais fontes, e todos os dias seus seguidores perguntam: “O que está acontecendo na Ucrânia?”

Daher já era conhecido por fazer vídeos caçoando das diferenças culturais e de linguagem entre Brasil e Portugal. Ele utiliza um recurso do próprio TikTok para inserir seu rosto nos mapas dos países e assim as nações “conversam”. Mas, com gosto por História e Relações Internacionais, o ator começou a falar de temas históricos e da atualidade, e a guerra na Ucrânia se tornou quase inevitável.

O primeiro vídeo foi publicado em 31 de janeiro, explicando o que era a Otan e como a intenção da Ucrânia em aderir à aliança era vista como uma ameaça para a Rússia. “Eu não esperava que a Ucrânia fosse ser invadida”, confessa em entrevista ao Estadão. “Na verdade o meu primeiro vídeo era explicando essa tensão, e ele só foi explodir de verdade quando a Rússia invadiu. A galera foi atrás para descobrir porque isso estava acontecendo.”

Foi assim que nasceu a série “Meu vizinho ta Putin”, que já teve sete vídeos publicados e alguns já tem quase seis minutos de duração. Desde então, o ator já falou da dependência ao gás natural russo pela Alemanha, a ida de Jair Bolsonaro para Moscou dias antes da invasão e a imposição de sanções ocidentais. Em uma das produções, o Brasil até participa - de forma ficcional - das negociações de paz e oferece a região Sul como oferta de paz para a Rússia.

‘E a Ucrânia?’

O conflito na Ucrânia não é o único assunto que Daher aborda em seus vídeos, mas é de longe o mais requisitado. “Eu entro em live no TikTok todos os dias, tomo café, bato papo, e o tempo todo que eu estou lá na live o pessoal fica pedindo ‘quando que tem mais vídeo da Ucrânia?’, ‘o que está acontecendo na Ucrânia?’, um monte de gente me pergunta”, ri.

“Tem muita gente que fala ‘obrigado, graças a você, eu estou entendendo’, ‘eu não estava entendendo nada, com um minuto de vídeo eu consegui entender’ e eu fico bem satisfeito com esse resultado”, comemora. E não é só quem está confuso que busca pelos vídeos, Daher relata que já recebeu retorno de professores que contam ter utilizado seus vídeos em salas de aula.

Pedro Daher já era conhecido nas redes por fazer vídeos sobre Brasil e Portugal, mas a guerra na Ucrânia trouxe um boom de seguidores Foto: Pedro Daher/Arquivo Pessoal

Mas quanto mais a guerra avança e a situação no front muda, mais complexa se torna a produção dos vídeos. Segundo ele, o maior desafio é se manter atualizado o tempo todo e produzir de forma rápida um vídeo que não fique obsoleto logo. “Eu tinha que fazer o vídeo muito rápido, porque em questão de um dia as notícias já mudavam completamente e eu já tinha que mudar todo o texto mais uma vez.”

Em meio a uma guerra em que a desinformação é uma arma essencial, Daher utiliza diversas fontes de notícias e aconselha seus seguidores a fazer o mesmo. “Eu tenho até canais no Telegram de portais de notícias tanto da Ucrânia quanto da Rússia e conto com ajuda de pessoas que falam ucraniano e que sabiam traduzir tanto ucraniano quanto russo”.

Para ajudar os seus seguidores a buscar as fontes de seus materiais, o ator passou a fazer citações diretas a Volodmir Zelenski, Dmitro Kuleba, Serguei Lavrov e Antony Blinken.

Brasil e Portugal

O conteúdo com os mapas falantes começou no início de 2021, quando Pedro Daher resolveu brincar com as diferenças de vocabulário entre Brasil e Portugal. A ideia surgiu de um relacionamento que tinha com uma portuguesa que lhe gerava diversos choques culturais e linguísticos. No primeiro vídeo, Brasil e Portugal fazem uma revisão de palavras “diferentes”, como “pica” e “injeção”.

“Eu falei ‘vou fazer um vídeo zoando Portugal’. Lembro que eu tinha feito no dia 27 de março, umas 8 horas da noite, publiquei o vídeo e fui dormir. No dia seguinte tinha 100 mil visualizações já no vídeo umas 10 mil pessoas me seguindo e eu falei. ‘Ah, vou fazer outro’”.

Depois do sucesso, a briga entre Brasil e Portugal foi ficando séria, com direito a cobrança pelo “ouro roubado” e até pedido de desculpas pela colonização. Com o tempo os vídeos foram ficando mais sofisticados, exigindo mais pesquisas históricas, mas ainda não se compara a dificuldade em abordar o conflito na Ucrânia. “Quando a gente tem guerras e eventos históricos que já aconteceram é mais fácil para fazer, porque quando a gente faz um produto da atualidade tem que ficar antenado”, revela.

O ator já abordou a guerra do Paraguai, a Guerra da Lagosta - episódio entre França e Brasil nos anos 60 envolvendo captura ilegal de lagostas -, a guerra de Troia e até as Guerras Mundiais.

Um cuidado que Daher diz se atentar é em não cair em estereótipos, se limitando apenas a imitar os sotaques dos nativos daqueles países ao falarem o português. “Eu faço uso do estereótipo apenas para poder fazer a caracterização das minhas personagens. Por exemplo, os Estados Unidos, fala com aquela voz mais grossa com sotaque completamente rebuscado. Acho que esse tipo de estereótipo não é degradante. Mas eu também tenho meus limites, eu não vou fazer o uso de estereótipos para poder fazer uma comédia pejorativa.”

Palestina e Enem

O gosto por abordar História e Relações Internacionais tem origem familiar. O avô de Daher é de origem Sírio-libanesa e por isso o ator sempre se interessou por aprender sobre suas raízes árabes. Por causa disso, ele sempre aborda o conflito Israel-Palestina ao conversar com seus seguidores nas redes, mas admite que o tema ainda lhe soa complicado demais para tratar em um vídeo humorístico.

“Faz uns 10 anos que eu comecei a estudar sobre a questão de Israel e Palestina. Já pensei em fazer vídeo sobre isso, mas é um negócio que eu estou pensando ainda em fazer em outro formato porque, além de ser muito da atualidade, é um assunto histórico que vem de muitos e muitos anos atrás, então é um desafio a mais para colocar isso em vídeo.”

Um pedido constante dos seus seguidores em 2021 foi para explicar o que estava acontecendo no Afeganistão, na esteira da retirada americana do país e subsequente ocupação do Taleban. “Eu falei que não conseguia fazer”, admitiu.

“É algo absurdo, é uma guerra que está acontecendo e eu não concordo nada com aquilo. E é muito difícil fazer um vídeo sobre guerras no Oriente Médio, porque tem muito mais influências de fora que a gente não vê, então é muito mais desafiador”.

Já que Oriente Médio não deve ser um tema dos mapas falantes no futuro próximo, Pedro Daher pensa em abordar questões históricas que podem ajudar estudantes no próximo Enem. “Conflitos que tiveram no Brasil, por exemplo a Revolta da Vacina, o Tratado de Tordesilhas, o descobrimento do Brasil, Independência. Porque tem muita gente que não sabe como isso aconteceu e eu acho que é interessante levar isso para as pessoas”, adianta.

“É muito legal que muita gente usou os meus vídeos na sala de aulas, não são os alunos, os professores também. Então quando eu fiquei sabendo disso eu falei ‘vou fazer mais vídeos de histórias não só do Brasil, mas momentos históricos do mundo que às vezes cai na prova’”.

Após a Rússia invadir a Ucrânia na madrugada do dia 24 de fevereiro, o ator brasileiro Pedro Daher, 25, acordou com um salto de seguidores e acesso em suas redes sociais. O motivo foi um vídeo que havia publicado dias antes no TikTok explicando a escalada das tensões no leste europeu. Desde então, ele já gravou sete vídeos explicando o conflito, cada vez mais longos e com mais fontes, e todos os dias seus seguidores perguntam: “O que está acontecendo na Ucrânia?”

Daher já era conhecido por fazer vídeos caçoando das diferenças culturais e de linguagem entre Brasil e Portugal. Ele utiliza um recurso do próprio TikTok para inserir seu rosto nos mapas dos países e assim as nações “conversam”. Mas, com gosto por História e Relações Internacionais, o ator começou a falar de temas históricos e da atualidade, e a guerra na Ucrânia se tornou quase inevitável.

O primeiro vídeo foi publicado em 31 de janeiro, explicando o que era a Otan e como a intenção da Ucrânia em aderir à aliança era vista como uma ameaça para a Rússia. “Eu não esperava que a Ucrânia fosse ser invadida”, confessa em entrevista ao Estadão. “Na verdade o meu primeiro vídeo era explicando essa tensão, e ele só foi explodir de verdade quando a Rússia invadiu. A galera foi atrás para descobrir porque isso estava acontecendo.”

Foi assim que nasceu a série “Meu vizinho ta Putin”, que já teve sete vídeos publicados e alguns já tem quase seis minutos de duração. Desde então, o ator já falou da dependência ao gás natural russo pela Alemanha, a ida de Jair Bolsonaro para Moscou dias antes da invasão e a imposição de sanções ocidentais. Em uma das produções, o Brasil até participa - de forma ficcional - das negociações de paz e oferece a região Sul como oferta de paz para a Rússia.

‘E a Ucrânia?’

O conflito na Ucrânia não é o único assunto que Daher aborda em seus vídeos, mas é de longe o mais requisitado. “Eu entro em live no TikTok todos os dias, tomo café, bato papo, e o tempo todo que eu estou lá na live o pessoal fica pedindo ‘quando que tem mais vídeo da Ucrânia?’, ‘o que está acontecendo na Ucrânia?’, um monte de gente me pergunta”, ri.

“Tem muita gente que fala ‘obrigado, graças a você, eu estou entendendo’, ‘eu não estava entendendo nada, com um minuto de vídeo eu consegui entender’ e eu fico bem satisfeito com esse resultado”, comemora. E não é só quem está confuso que busca pelos vídeos, Daher relata que já recebeu retorno de professores que contam ter utilizado seus vídeos em salas de aula.

Pedro Daher já era conhecido nas redes por fazer vídeos sobre Brasil e Portugal, mas a guerra na Ucrânia trouxe um boom de seguidores Foto: Pedro Daher/Arquivo Pessoal

Mas quanto mais a guerra avança e a situação no front muda, mais complexa se torna a produção dos vídeos. Segundo ele, o maior desafio é se manter atualizado o tempo todo e produzir de forma rápida um vídeo que não fique obsoleto logo. “Eu tinha que fazer o vídeo muito rápido, porque em questão de um dia as notícias já mudavam completamente e eu já tinha que mudar todo o texto mais uma vez.”

Em meio a uma guerra em que a desinformação é uma arma essencial, Daher utiliza diversas fontes de notícias e aconselha seus seguidores a fazer o mesmo. “Eu tenho até canais no Telegram de portais de notícias tanto da Ucrânia quanto da Rússia e conto com ajuda de pessoas que falam ucraniano e que sabiam traduzir tanto ucraniano quanto russo”.

Para ajudar os seus seguidores a buscar as fontes de seus materiais, o ator passou a fazer citações diretas a Volodmir Zelenski, Dmitro Kuleba, Serguei Lavrov e Antony Blinken.

Brasil e Portugal

O conteúdo com os mapas falantes começou no início de 2021, quando Pedro Daher resolveu brincar com as diferenças de vocabulário entre Brasil e Portugal. A ideia surgiu de um relacionamento que tinha com uma portuguesa que lhe gerava diversos choques culturais e linguísticos. No primeiro vídeo, Brasil e Portugal fazem uma revisão de palavras “diferentes”, como “pica” e “injeção”.

“Eu falei ‘vou fazer um vídeo zoando Portugal’. Lembro que eu tinha feito no dia 27 de março, umas 8 horas da noite, publiquei o vídeo e fui dormir. No dia seguinte tinha 100 mil visualizações já no vídeo umas 10 mil pessoas me seguindo e eu falei. ‘Ah, vou fazer outro’”.

Depois do sucesso, a briga entre Brasil e Portugal foi ficando séria, com direito a cobrança pelo “ouro roubado” e até pedido de desculpas pela colonização. Com o tempo os vídeos foram ficando mais sofisticados, exigindo mais pesquisas históricas, mas ainda não se compara a dificuldade em abordar o conflito na Ucrânia. “Quando a gente tem guerras e eventos históricos que já aconteceram é mais fácil para fazer, porque quando a gente faz um produto da atualidade tem que ficar antenado”, revela.

O ator já abordou a guerra do Paraguai, a Guerra da Lagosta - episódio entre França e Brasil nos anos 60 envolvendo captura ilegal de lagostas -, a guerra de Troia e até as Guerras Mundiais.

Um cuidado que Daher diz se atentar é em não cair em estereótipos, se limitando apenas a imitar os sotaques dos nativos daqueles países ao falarem o português. “Eu faço uso do estereótipo apenas para poder fazer a caracterização das minhas personagens. Por exemplo, os Estados Unidos, fala com aquela voz mais grossa com sotaque completamente rebuscado. Acho que esse tipo de estereótipo não é degradante. Mas eu também tenho meus limites, eu não vou fazer o uso de estereótipos para poder fazer uma comédia pejorativa.”

Palestina e Enem

O gosto por abordar História e Relações Internacionais tem origem familiar. O avô de Daher é de origem Sírio-libanesa e por isso o ator sempre se interessou por aprender sobre suas raízes árabes. Por causa disso, ele sempre aborda o conflito Israel-Palestina ao conversar com seus seguidores nas redes, mas admite que o tema ainda lhe soa complicado demais para tratar em um vídeo humorístico.

“Faz uns 10 anos que eu comecei a estudar sobre a questão de Israel e Palestina. Já pensei em fazer vídeo sobre isso, mas é um negócio que eu estou pensando ainda em fazer em outro formato porque, além de ser muito da atualidade, é um assunto histórico que vem de muitos e muitos anos atrás, então é um desafio a mais para colocar isso em vídeo.”

Um pedido constante dos seus seguidores em 2021 foi para explicar o que estava acontecendo no Afeganistão, na esteira da retirada americana do país e subsequente ocupação do Taleban. “Eu falei que não conseguia fazer”, admitiu.

“É algo absurdo, é uma guerra que está acontecendo e eu não concordo nada com aquilo. E é muito difícil fazer um vídeo sobre guerras no Oriente Médio, porque tem muito mais influências de fora que a gente não vê, então é muito mais desafiador”.

Já que Oriente Médio não deve ser um tema dos mapas falantes no futuro próximo, Pedro Daher pensa em abordar questões históricas que podem ajudar estudantes no próximo Enem. “Conflitos que tiveram no Brasil, por exemplo a Revolta da Vacina, o Tratado de Tordesilhas, o descobrimento do Brasil, Independência. Porque tem muita gente que não sabe como isso aconteceu e eu acho que é interessante levar isso para as pessoas”, adianta.

“É muito legal que muita gente usou os meus vídeos na sala de aulas, não são os alunos, os professores também. Então quando eu fiquei sabendo disso eu falei ‘vou fazer mais vídeos de histórias não só do Brasil, mas momentos históricos do mundo que às vezes cai na prova’”.

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