Nobel da Paz: entenda em um guia simples o prêmio e sua importância para o mundo


Veja como a premiação foi criada por Alfred Nobel, além de algumas curiosidades e polêmicas sobre ela

Por Redação
Atualização:

O prêmio Nobel da Paz será anunciado nesta sexta-feira, 11, no momento em que o mundo enfrenta a maior onda de conflitos em décadas. Entre os cotados, estão organizações humanitárias e representantes de um multilateralismo, que luta para se manter relevante numa nova realidade de guerras simultâneas e disputa entre grandes potências.

A medalha é concedida desde 1901 a homens, mulheres e organizações que trabalharam para o progresso da humanidade, conforme o desejo de seu criador, o inventor sueco Alfred Nobel. Conhecido como inventor da dinamite, ele hoje é lembrado como o patrono das artes, das ciências e da paz em razão do prêmio dado em seu nome.

Réplicas da medalha entregue aos laureados com o Nobel da Paz exibida no Norwegian Nobel Institute. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP
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Últimos ganhadores

No ano passado, o Nobel da Paz foi para a ativista iraniana Narges Mohammadi, presa por defender os direitos das mulheres contra a opressão do regime. No ano anterior, o prêmio foi dividido entre a ativista de Belarus Ales Bialiatski, a organização de defesa dos Direitos Humanos da Rússia, Memorial, e o Centro das Liberdades Civis, da Ucrânia. Eles foram reconhecidos pelo trabalho em prol dos direitos humanos, democracia e coexistência pacífica, no ano que ficou marcado pelo início da guerra entre russos e ucranianos.

Já em 2021, o Nobel da Paz foi concedido aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, pela “contribuição essencial de ambos para a liberdade de expressão e pelo jornalismo em seus países”. Antes disso, o Programa Mundial de Alimentos (PMA), braço da ONU contra a fome foi laureado, em 2020. Analistas e membros da organização ouvidos pelo Estadão afirmaram que o reconhecimento dá mais visibilidade ao tema e a expectativa era que isso trouxesse mais recursos para o combate à insegurança alimentar no mundo.

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O laureado em 2019 foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, aclamado por “seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, principalmente por sua iniciativa decisiva destinada a resolver o conflito na fronteira com a Eritreia”. Pouco depois do prêmio, no entanto, ele empreendeu uma guerra civil contra a minoria Tigray no país.

Em 2018, a jovem Yazidi Nadia Murad e o ginecologista congolês Denis Mukwege foram premiados pelo empenho contra o uso da violência sexual como arma de guerra. No ano anterior, ganhou a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares, que luta pela proibição de arsenais atômicos. Em 2017, em razão de seus esforços para obter um acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos levou o prêmio.

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Surgimento do prêmio

Os prêmios Nobel nasceram da vontade do sábio e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite, de conceder grande parte de sua fortuna aos que trabalham por "um mundo melhor".

O prestígio internacional destas recompensas se deve muito às somas generosas concedidas aos ganhadores - atualmente 11 milhões de coroas suecas (pouco mais de US$ 1 milhão) -, que são divididos entres os premiados, caso haja mais de um.

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Alfred Nobel registrou sua vontade em um testamento assinado em Paris em 1895, um ano antes de sua morte em San Remo, Itália. Segundo o documento, deixava um capital de 31,5 milhões de coroas suecas, que equivaleria, levando em conta a inflação, a mais de 2 bilhões de coroas suecas atuais.

Os rendimentos deveriam ser distribuídos a cada ano entre as pessoas que, no decorrer dos 10 meses anteriores, tivessem realizado "o maior benefício à humanidade".

Busto de Alfred Nobel, criador do prêmio que consagra contribuições para Paz, Literatura, Medicina, Química, Física e Economia.  Foto: Henrik Montgomery/Associated Press
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As categorias do prêmio

O testamento estipulava a distribuição desse crédito em cinco partes iguais: "A primeira parte a quem tiver feito a descoberta ou a invenção mais importante no campo da Física; a segunda a quem tiver realizado a descoberta ou progresso mais importante em Química; a terceira a quem tiver conseguido a descoberta mais importante no âmbito da Fisiologia ou da Medicina; a quarta a quem tiver produzido a obra mais destacada de tendência idealista no campo da Literatura; a quinta a quem tiver trabalhado mais ou melhor em favor da fraternidade entre os povos, da abolição ou da redução dos exércitos permanentes e da realização ou difusão de congressos pela paz".

Legalmente, o testamento não designava um beneficiário específico da fortuna. Por isso, após sua leitura em janeiro de 1897, membros da família Nobel o criticaram veementemente.

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A Fundação Nobel

Além disso, Alfred Nobel designou em seu testamento os diferentes comitês que atribuem os prêmios a cada ano: a Academia Sueca para o de Literatura, o Karolinska Institutet para o de Medicina, a Real Academia Sueca de Ciências para o de Física e o de Química, e um comitê de cinco membros especialmente eleitos pelo Parlamento norueguês para o da Paz.

No entanto, não explicou as modalidades que cada comitê deveria seguir para atribuir os prêmios em sua disciplina. Foram necessários mais de três anos para resolver esta questão, com a criação da Fundação Nobel, encarregada de administrar o capital dos prêmios, enquanto os diferentes comitês se ocupam da atribuição.

Homem passa pelo busto do químico, engenheiro, inventor, empresário e filantropo Alfred Nobel em frente frente ao Norwegian Nobel Institute em Oslo. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

E o Nobel de Economia?

Em 1968, coincidindo com seu tricentenário, o Banco Central da Suécia (Riksbank), o mais antigo do mundo, criou um prêmio de Economia em memória a Alfred Nobel, colocando à disposição da Fundação Nobel uma soma anual equivalente ao montante dos outros prêmios.

Polêmica no Nobel de Literatura

A Academia Sueca, que entrega o Nobel de Literatura, foi abalada por um escândalo sexual na esteira do movimento #MeToo e precisou cancelar a entrega do prêmio de 2018. Com a renúncia em massa de integrantes da academia, faltou quórum para escolher o vencedor daquele ano.

A origem do escândalo foi a publicação, em novembro de 2017, de testemunhos anônimos em que o francês Jean-Claude Arnault, era acusado por agressões sexuais, assédio e estupro. Ele era próximo à Academia Sueca e casado com uma de suas integrantes, a poetisa Katarina Frostenson.

As revelações surgiram semanas depois da acusação contra o produtor de cinema americano Harvey Weinstein, que deu início ao movimento #MeeToo. Arnault foi condenado a dois anos e meio de prisão por estupro e Katarina teve de abandonar sua cadeira na Academia.

Na época, a denúncia provocou uma avalanche de renúncias na Academia, corrompida pelos clãs e pelas vaidades. A crise escalou ao ponto em que o rei Carl XVI Gustaf, protetor da instituição, precisou fazer uma rara intervenção. Desde então, a instituição se renovou quase completamente, modificou estatuto e prometeu mais transparência no funcionamento.

A recuperação da Academia Sueca começou em 2019, quando foram entregues dois prêmios, o daquele ano e o referente à 2018. As medalhas foram para a polonesa Olga Tokarczuk e o austríaco Peter Handke.

“Os prêmios Nobel, sobretudo os de Literatura e Paz, sempre são controversos”, afirma Olivier Truc, autor de L’affaire Nobel (O caso Nobel). A consagração de Bob Dylan em 2016 havia indignado os ortodoxos. Em 2017, o prêmio ao escritor britânico de origem japonesa Kazuo Ishiguro, que reunia mais consenso, foi visto como uma reparação. / AFP

O prêmio Nobel da Paz será anunciado nesta sexta-feira, 11, no momento em que o mundo enfrenta a maior onda de conflitos em décadas. Entre os cotados, estão organizações humanitárias e representantes de um multilateralismo, que luta para se manter relevante numa nova realidade de guerras simultâneas e disputa entre grandes potências.

A medalha é concedida desde 1901 a homens, mulheres e organizações que trabalharam para o progresso da humanidade, conforme o desejo de seu criador, o inventor sueco Alfred Nobel. Conhecido como inventor da dinamite, ele hoje é lembrado como o patrono das artes, das ciências e da paz em razão do prêmio dado em seu nome.

Réplicas da medalha entregue aos laureados com o Nobel da Paz exibida no Norwegian Nobel Institute. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

Últimos ganhadores

No ano passado, o Nobel da Paz foi para a ativista iraniana Narges Mohammadi, presa por defender os direitos das mulheres contra a opressão do regime. No ano anterior, o prêmio foi dividido entre a ativista de Belarus Ales Bialiatski, a organização de defesa dos Direitos Humanos da Rússia, Memorial, e o Centro das Liberdades Civis, da Ucrânia. Eles foram reconhecidos pelo trabalho em prol dos direitos humanos, democracia e coexistência pacífica, no ano que ficou marcado pelo início da guerra entre russos e ucranianos.

Já em 2021, o Nobel da Paz foi concedido aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, pela “contribuição essencial de ambos para a liberdade de expressão e pelo jornalismo em seus países”. Antes disso, o Programa Mundial de Alimentos (PMA), braço da ONU contra a fome foi laureado, em 2020. Analistas e membros da organização ouvidos pelo Estadão afirmaram que o reconhecimento dá mais visibilidade ao tema e a expectativa era que isso trouxesse mais recursos para o combate à insegurança alimentar no mundo.

O laureado em 2019 foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, aclamado por “seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, principalmente por sua iniciativa decisiva destinada a resolver o conflito na fronteira com a Eritreia”. Pouco depois do prêmio, no entanto, ele empreendeu uma guerra civil contra a minoria Tigray no país.

Em 2018, a jovem Yazidi Nadia Murad e o ginecologista congolês Denis Mukwege foram premiados pelo empenho contra o uso da violência sexual como arma de guerra. No ano anterior, ganhou a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares, que luta pela proibição de arsenais atômicos. Em 2017, em razão de seus esforços para obter um acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos levou o prêmio.

Surgimento do prêmio

Os prêmios Nobel nasceram da vontade do sábio e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite, de conceder grande parte de sua fortuna aos que trabalham por "um mundo melhor".

O prestígio internacional destas recompensas se deve muito às somas generosas concedidas aos ganhadores - atualmente 11 milhões de coroas suecas (pouco mais de US$ 1 milhão) -, que são divididos entres os premiados, caso haja mais de um.

Alfred Nobel registrou sua vontade em um testamento assinado em Paris em 1895, um ano antes de sua morte em San Remo, Itália. Segundo o documento, deixava um capital de 31,5 milhões de coroas suecas, que equivaleria, levando em conta a inflação, a mais de 2 bilhões de coroas suecas atuais.

Os rendimentos deveriam ser distribuídos a cada ano entre as pessoas que, no decorrer dos 10 meses anteriores, tivessem realizado "o maior benefício à humanidade".

Busto de Alfred Nobel, criador do prêmio que consagra contribuições para Paz, Literatura, Medicina, Química, Física e Economia.  Foto: Henrik Montgomery/Associated Press

As categorias do prêmio

O testamento estipulava a distribuição desse crédito em cinco partes iguais: "A primeira parte a quem tiver feito a descoberta ou a invenção mais importante no campo da Física; a segunda a quem tiver realizado a descoberta ou progresso mais importante em Química; a terceira a quem tiver conseguido a descoberta mais importante no âmbito da Fisiologia ou da Medicina; a quarta a quem tiver produzido a obra mais destacada de tendência idealista no campo da Literatura; a quinta a quem tiver trabalhado mais ou melhor em favor da fraternidade entre os povos, da abolição ou da redução dos exércitos permanentes e da realização ou difusão de congressos pela paz".

Legalmente, o testamento não designava um beneficiário específico da fortuna. Por isso, após sua leitura em janeiro de 1897, membros da família Nobel o criticaram veementemente.

A Fundação Nobel

Além disso, Alfred Nobel designou em seu testamento os diferentes comitês que atribuem os prêmios a cada ano: a Academia Sueca para o de Literatura, o Karolinska Institutet para o de Medicina, a Real Academia Sueca de Ciências para o de Física e o de Química, e um comitê de cinco membros especialmente eleitos pelo Parlamento norueguês para o da Paz.

No entanto, não explicou as modalidades que cada comitê deveria seguir para atribuir os prêmios em sua disciplina. Foram necessários mais de três anos para resolver esta questão, com a criação da Fundação Nobel, encarregada de administrar o capital dos prêmios, enquanto os diferentes comitês se ocupam da atribuição.

Homem passa pelo busto do químico, engenheiro, inventor, empresário e filantropo Alfred Nobel em frente frente ao Norwegian Nobel Institute em Oslo. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

E o Nobel de Economia?

Em 1968, coincidindo com seu tricentenário, o Banco Central da Suécia (Riksbank), o mais antigo do mundo, criou um prêmio de Economia em memória a Alfred Nobel, colocando à disposição da Fundação Nobel uma soma anual equivalente ao montante dos outros prêmios.

Polêmica no Nobel de Literatura

A Academia Sueca, que entrega o Nobel de Literatura, foi abalada por um escândalo sexual na esteira do movimento #MeToo e precisou cancelar a entrega do prêmio de 2018. Com a renúncia em massa de integrantes da academia, faltou quórum para escolher o vencedor daquele ano.

A origem do escândalo foi a publicação, em novembro de 2017, de testemunhos anônimos em que o francês Jean-Claude Arnault, era acusado por agressões sexuais, assédio e estupro. Ele era próximo à Academia Sueca e casado com uma de suas integrantes, a poetisa Katarina Frostenson.

As revelações surgiram semanas depois da acusação contra o produtor de cinema americano Harvey Weinstein, que deu início ao movimento #MeeToo. Arnault foi condenado a dois anos e meio de prisão por estupro e Katarina teve de abandonar sua cadeira na Academia.

Na época, a denúncia provocou uma avalanche de renúncias na Academia, corrompida pelos clãs e pelas vaidades. A crise escalou ao ponto em que o rei Carl XVI Gustaf, protetor da instituição, precisou fazer uma rara intervenção. Desde então, a instituição se renovou quase completamente, modificou estatuto e prometeu mais transparência no funcionamento.

A recuperação da Academia Sueca começou em 2019, quando foram entregues dois prêmios, o daquele ano e o referente à 2018. As medalhas foram para a polonesa Olga Tokarczuk e o austríaco Peter Handke.

“Os prêmios Nobel, sobretudo os de Literatura e Paz, sempre são controversos”, afirma Olivier Truc, autor de L’affaire Nobel (O caso Nobel). A consagração de Bob Dylan em 2016 havia indignado os ortodoxos. Em 2017, o prêmio ao escritor britânico de origem japonesa Kazuo Ishiguro, que reunia mais consenso, foi visto como uma reparação. / AFP

O prêmio Nobel da Paz será anunciado nesta sexta-feira, 11, no momento em que o mundo enfrenta a maior onda de conflitos em décadas. Entre os cotados, estão organizações humanitárias e representantes de um multilateralismo, que luta para se manter relevante numa nova realidade de guerras simultâneas e disputa entre grandes potências.

A medalha é concedida desde 1901 a homens, mulheres e organizações que trabalharam para o progresso da humanidade, conforme o desejo de seu criador, o inventor sueco Alfred Nobel. Conhecido como inventor da dinamite, ele hoje é lembrado como o patrono das artes, das ciências e da paz em razão do prêmio dado em seu nome.

Réplicas da medalha entregue aos laureados com o Nobel da Paz exibida no Norwegian Nobel Institute. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

Últimos ganhadores

No ano passado, o Nobel da Paz foi para a ativista iraniana Narges Mohammadi, presa por defender os direitos das mulheres contra a opressão do regime. No ano anterior, o prêmio foi dividido entre a ativista de Belarus Ales Bialiatski, a organização de defesa dos Direitos Humanos da Rússia, Memorial, e o Centro das Liberdades Civis, da Ucrânia. Eles foram reconhecidos pelo trabalho em prol dos direitos humanos, democracia e coexistência pacífica, no ano que ficou marcado pelo início da guerra entre russos e ucranianos.

Já em 2021, o Nobel da Paz foi concedido aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, pela “contribuição essencial de ambos para a liberdade de expressão e pelo jornalismo em seus países”. Antes disso, o Programa Mundial de Alimentos (PMA), braço da ONU contra a fome foi laureado, em 2020. Analistas e membros da organização ouvidos pelo Estadão afirmaram que o reconhecimento dá mais visibilidade ao tema e a expectativa era que isso trouxesse mais recursos para o combate à insegurança alimentar no mundo.

O laureado em 2019 foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, aclamado por “seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, principalmente por sua iniciativa decisiva destinada a resolver o conflito na fronteira com a Eritreia”. Pouco depois do prêmio, no entanto, ele empreendeu uma guerra civil contra a minoria Tigray no país.

Em 2018, a jovem Yazidi Nadia Murad e o ginecologista congolês Denis Mukwege foram premiados pelo empenho contra o uso da violência sexual como arma de guerra. No ano anterior, ganhou a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares, que luta pela proibição de arsenais atômicos. Em 2017, em razão de seus esforços para obter um acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos levou o prêmio.

Surgimento do prêmio

Os prêmios Nobel nasceram da vontade do sábio e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite, de conceder grande parte de sua fortuna aos que trabalham por "um mundo melhor".

O prestígio internacional destas recompensas se deve muito às somas generosas concedidas aos ganhadores - atualmente 11 milhões de coroas suecas (pouco mais de US$ 1 milhão) -, que são divididos entres os premiados, caso haja mais de um.

Alfred Nobel registrou sua vontade em um testamento assinado em Paris em 1895, um ano antes de sua morte em San Remo, Itália. Segundo o documento, deixava um capital de 31,5 milhões de coroas suecas, que equivaleria, levando em conta a inflação, a mais de 2 bilhões de coroas suecas atuais.

Os rendimentos deveriam ser distribuídos a cada ano entre as pessoas que, no decorrer dos 10 meses anteriores, tivessem realizado "o maior benefício à humanidade".

Busto de Alfred Nobel, criador do prêmio que consagra contribuições para Paz, Literatura, Medicina, Química, Física e Economia.  Foto: Henrik Montgomery/Associated Press

As categorias do prêmio

O testamento estipulava a distribuição desse crédito em cinco partes iguais: "A primeira parte a quem tiver feito a descoberta ou a invenção mais importante no campo da Física; a segunda a quem tiver realizado a descoberta ou progresso mais importante em Química; a terceira a quem tiver conseguido a descoberta mais importante no âmbito da Fisiologia ou da Medicina; a quarta a quem tiver produzido a obra mais destacada de tendência idealista no campo da Literatura; a quinta a quem tiver trabalhado mais ou melhor em favor da fraternidade entre os povos, da abolição ou da redução dos exércitos permanentes e da realização ou difusão de congressos pela paz".

Legalmente, o testamento não designava um beneficiário específico da fortuna. Por isso, após sua leitura em janeiro de 1897, membros da família Nobel o criticaram veementemente.

A Fundação Nobel

Além disso, Alfred Nobel designou em seu testamento os diferentes comitês que atribuem os prêmios a cada ano: a Academia Sueca para o de Literatura, o Karolinska Institutet para o de Medicina, a Real Academia Sueca de Ciências para o de Física e o de Química, e um comitê de cinco membros especialmente eleitos pelo Parlamento norueguês para o da Paz.

No entanto, não explicou as modalidades que cada comitê deveria seguir para atribuir os prêmios em sua disciplina. Foram necessários mais de três anos para resolver esta questão, com a criação da Fundação Nobel, encarregada de administrar o capital dos prêmios, enquanto os diferentes comitês se ocupam da atribuição.

Homem passa pelo busto do químico, engenheiro, inventor, empresário e filantropo Alfred Nobel em frente frente ao Norwegian Nobel Institute em Oslo. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

E o Nobel de Economia?

Em 1968, coincidindo com seu tricentenário, o Banco Central da Suécia (Riksbank), o mais antigo do mundo, criou um prêmio de Economia em memória a Alfred Nobel, colocando à disposição da Fundação Nobel uma soma anual equivalente ao montante dos outros prêmios.

Polêmica no Nobel de Literatura

A Academia Sueca, que entrega o Nobel de Literatura, foi abalada por um escândalo sexual na esteira do movimento #MeToo e precisou cancelar a entrega do prêmio de 2018. Com a renúncia em massa de integrantes da academia, faltou quórum para escolher o vencedor daquele ano.

A origem do escândalo foi a publicação, em novembro de 2017, de testemunhos anônimos em que o francês Jean-Claude Arnault, era acusado por agressões sexuais, assédio e estupro. Ele era próximo à Academia Sueca e casado com uma de suas integrantes, a poetisa Katarina Frostenson.

As revelações surgiram semanas depois da acusação contra o produtor de cinema americano Harvey Weinstein, que deu início ao movimento #MeeToo. Arnault foi condenado a dois anos e meio de prisão por estupro e Katarina teve de abandonar sua cadeira na Academia.

Na época, a denúncia provocou uma avalanche de renúncias na Academia, corrompida pelos clãs e pelas vaidades. A crise escalou ao ponto em que o rei Carl XVI Gustaf, protetor da instituição, precisou fazer uma rara intervenção. Desde então, a instituição se renovou quase completamente, modificou estatuto e prometeu mais transparência no funcionamento.

A recuperação da Academia Sueca começou em 2019, quando foram entregues dois prêmios, o daquele ano e o referente à 2018. As medalhas foram para a polonesa Olga Tokarczuk e o austríaco Peter Handke.

“Os prêmios Nobel, sobretudo os de Literatura e Paz, sempre são controversos”, afirma Olivier Truc, autor de L’affaire Nobel (O caso Nobel). A consagração de Bob Dylan em 2016 havia indignado os ortodoxos. Em 2017, o prêmio ao escritor britânico de origem japonesa Kazuo Ishiguro, que reunia mais consenso, foi visto como uma reparação. / AFP

O prêmio Nobel da Paz será anunciado nesta sexta-feira, 11, no momento em que o mundo enfrenta a maior onda de conflitos em décadas. Entre os cotados, estão organizações humanitárias e representantes de um multilateralismo, que luta para se manter relevante numa nova realidade de guerras simultâneas e disputa entre grandes potências.

A medalha é concedida desde 1901 a homens, mulheres e organizações que trabalharam para o progresso da humanidade, conforme o desejo de seu criador, o inventor sueco Alfred Nobel. Conhecido como inventor da dinamite, ele hoje é lembrado como o patrono das artes, das ciências e da paz em razão do prêmio dado em seu nome.

Réplicas da medalha entregue aos laureados com o Nobel da Paz exibida no Norwegian Nobel Institute. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

Últimos ganhadores

No ano passado, o Nobel da Paz foi para a ativista iraniana Narges Mohammadi, presa por defender os direitos das mulheres contra a opressão do regime. No ano anterior, o prêmio foi dividido entre a ativista de Belarus Ales Bialiatski, a organização de defesa dos Direitos Humanos da Rússia, Memorial, e o Centro das Liberdades Civis, da Ucrânia. Eles foram reconhecidos pelo trabalho em prol dos direitos humanos, democracia e coexistência pacífica, no ano que ficou marcado pelo início da guerra entre russos e ucranianos.

Já em 2021, o Nobel da Paz foi concedido aos jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, pela “contribuição essencial de ambos para a liberdade de expressão e pelo jornalismo em seus países”. Antes disso, o Programa Mundial de Alimentos (PMA), braço da ONU contra a fome foi laureado, em 2020. Analistas e membros da organização ouvidos pelo Estadão afirmaram que o reconhecimento dá mais visibilidade ao tema e a expectativa era que isso trouxesse mais recursos para o combate à insegurança alimentar no mundo.

O laureado em 2019 foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, aclamado por “seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, principalmente por sua iniciativa decisiva destinada a resolver o conflito na fronteira com a Eritreia”. Pouco depois do prêmio, no entanto, ele empreendeu uma guerra civil contra a minoria Tigray no país.

Em 2018, a jovem Yazidi Nadia Murad e o ginecologista congolês Denis Mukwege foram premiados pelo empenho contra o uso da violência sexual como arma de guerra. No ano anterior, ganhou a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares, que luta pela proibição de arsenais atômicos. Em 2017, em razão de seus esforços para obter um acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos levou o prêmio.

Surgimento do prêmio

Os prêmios Nobel nasceram da vontade do sábio e industrial sueco Alfred Nobel (1833-1896), inventor da dinamite, de conceder grande parte de sua fortuna aos que trabalham por "um mundo melhor".

O prestígio internacional destas recompensas se deve muito às somas generosas concedidas aos ganhadores - atualmente 11 milhões de coroas suecas (pouco mais de US$ 1 milhão) -, que são divididos entres os premiados, caso haja mais de um.

Alfred Nobel registrou sua vontade em um testamento assinado em Paris em 1895, um ano antes de sua morte em San Remo, Itália. Segundo o documento, deixava um capital de 31,5 milhões de coroas suecas, que equivaleria, levando em conta a inflação, a mais de 2 bilhões de coroas suecas atuais.

Os rendimentos deveriam ser distribuídos a cada ano entre as pessoas que, no decorrer dos 10 meses anteriores, tivessem realizado "o maior benefício à humanidade".

Busto de Alfred Nobel, criador do prêmio que consagra contribuições para Paz, Literatura, Medicina, Química, Física e Economia.  Foto: Henrik Montgomery/Associated Press

As categorias do prêmio

O testamento estipulava a distribuição desse crédito em cinco partes iguais: "A primeira parte a quem tiver feito a descoberta ou a invenção mais importante no campo da Física; a segunda a quem tiver realizado a descoberta ou progresso mais importante em Química; a terceira a quem tiver conseguido a descoberta mais importante no âmbito da Fisiologia ou da Medicina; a quarta a quem tiver produzido a obra mais destacada de tendência idealista no campo da Literatura; a quinta a quem tiver trabalhado mais ou melhor em favor da fraternidade entre os povos, da abolição ou da redução dos exércitos permanentes e da realização ou difusão de congressos pela paz".

Legalmente, o testamento não designava um beneficiário específico da fortuna. Por isso, após sua leitura em janeiro de 1897, membros da família Nobel o criticaram veementemente.

A Fundação Nobel

Além disso, Alfred Nobel designou em seu testamento os diferentes comitês que atribuem os prêmios a cada ano: a Academia Sueca para o de Literatura, o Karolinska Institutet para o de Medicina, a Real Academia Sueca de Ciências para o de Física e o de Química, e um comitê de cinco membros especialmente eleitos pelo Parlamento norueguês para o da Paz.

No entanto, não explicou as modalidades que cada comitê deveria seguir para atribuir os prêmios em sua disciplina. Foram necessários mais de três anos para resolver esta questão, com a criação da Fundação Nobel, encarregada de administrar o capital dos prêmios, enquanto os diferentes comitês se ocupam da atribuição.

Homem passa pelo busto do químico, engenheiro, inventor, empresário e filantropo Alfred Nobel em frente frente ao Norwegian Nobel Institute em Oslo. Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

E o Nobel de Economia?

Em 1968, coincidindo com seu tricentenário, o Banco Central da Suécia (Riksbank), o mais antigo do mundo, criou um prêmio de Economia em memória a Alfred Nobel, colocando à disposição da Fundação Nobel uma soma anual equivalente ao montante dos outros prêmios.

Polêmica no Nobel de Literatura

A Academia Sueca, que entrega o Nobel de Literatura, foi abalada por um escândalo sexual na esteira do movimento #MeToo e precisou cancelar a entrega do prêmio de 2018. Com a renúncia em massa de integrantes da academia, faltou quórum para escolher o vencedor daquele ano.

A origem do escândalo foi a publicação, em novembro de 2017, de testemunhos anônimos em que o francês Jean-Claude Arnault, era acusado por agressões sexuais, assédio e estupro. Ele era próximo à Academia Sueca e casado com uma de suas integrantes, a poetisa Katarina Frostenson.

As revelações surgiram semanas depois da acusação contra o produtor de cinema americano Harvey Weinstein, que deu início ao movimento #MeeToo. Arnault foi condenado a dois anos e meio de prisão por estupro e Katarina teve de abandonar sua cadeira na Academia.

Na época, a denúncia provocou uma avalanche de renúncias na Academia, corrompida pelos clãs e pelas vaidades. A crise escalou ao ponto em que o rei Carl XVI Gustaf, protetor da instituição, precisou fazer uma rara intervenção. Desde então, a instituição se renovou quase completamente, modificou estatuto e prometeu mais transparência no funcionamento.

A recuperação da Academia Sueca começou em 2019, quando foram entregues dois prêmios, o daquele ano e o referente à 2018. As medalhas foram para a polonesa Olga Tokarczuk e o austríaco Peter Handke.

“Os prêmios Nobel, sobretudo os de Literatura e Paz, sempre são controversos”, afirma Olivier Truc, autor de L’affaire Nobel (O caso Nobel). A consagração de Bob Dylan em 2016 havia indignado os ortodoxos. Em 2017, o prêmio ao escritor britânico de origem japonesa Kazuo Ishiguro, que reunia mais consenso, foi visto como uma reparação. / AFP

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