Noruega fica em alerta após espionagem no Ártico e procura agentes russos por toda parte


Prisão de suposto espião russo em outubro e sabotagem em gasoduto aumentaram o temor das autoridades com espionagem do Kremlin

Por Erika Solomon e Henrik Pryser Libell
Atualização:

TROMSØ — Em retrospectiva, algumas coisas não encaixavam em relação a José Giammaria. Primeiro, o pesquisador-visitante na universidade de Tromsø, no Ártico norueguês, se dizia e se mostrava brasileiro, mas não sabia falar português. E também o fato de que ele havia financiado por conta própria sua visita, o que é raro na academia, e até planejava estendê-la — apesar de jamais falar a respeito de sua pesquisa. Mas ele era sempre prestativo, oferecendo-se até para redesenhar a homepage do Centro para Estudos de Paz, onde trabalhou.

Foi assim até 24 de outubro de 2022, quando o Serviço de Segurança Policial da Noruega, ou PST, apareceu com um mandado para revistar seu escritório. Dias depois, as autoridades anunciaram sua prisão, identificando-o como o espião russo Mikhail Mikushin.

A revelação causou arrepios por todo o campus, afirmou a diretora do Centro para Estudos de Paz, Marcela Douglas, que pesquisa segurança e conflitos. “Comecei a ver espiões por todo lado.” Assim como toda a Noruega e grande parte do restante da Europa.

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Torre de controle do aeroporto de Tromso, na Noruega, onde o tráfego aéreo tem sido invadido por drones sem autorização, em imagem do dia 30 de novembro Foto: Sergey Ponomarev / NYT

Conforme a guerra na Ucrânia se arrasta e o isolamento de Moscou aumenta, nações europeias estão cada vez mais apreensivas em relação à perspectiva de um Kremlin desesperado explorar suas sociedades abertas para aprofundar tentativas de espionagem, sabotagem e infiltração — possivelmente para mandar alguma mensagem; ou testar o quão longe poderia ir caso necessário em um conflito mais amplo com o Ocidente.

Mikushin é um dos três russos presos recentemente na Europa sob suspeita de serem “ilegais” — espiões que se inserem em uma sociedade local para espionagem a longo prazo ou recrutamentos. Em junho, um estagiário do Tribunal Penal Internacional, também com passaporte brasileiro, foi preso em Haia, nos Países Baixos, acusado de espionar para a Rússia. No fim de novembro, uma operação policial na Suécia deteve um casal russo acusado de espionagem.

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Outros incidentes suspeitos sucederam por toda a Europa: na Alemanha, as autoridades têm quase certeza de que drones vistos sobrevoando instalações militares onde soldados ucranianos eram treinados estavam a serviço da inteligência russa; cabos submarinos cortados na França, ainda que a ação não tenha sido classificada como nociva, levantaram suspeitas entre analistas de segurança; e um ataque hacker a redes de distribuição de combustíveis na Bélgica e na Alemanha dias antes da invasão russa também elevaram o alerta.

Nem todos os incidentes podem ser atribuídos ao Kremlin com certeza, e em muitos lugares, vigilância intensificada e preocupações reais passaram a ser difíceis de distinguir de uma paranoia que aumenta. A Rússia classificou como uma forma de “histeria” uma recente onda de prisões de russos por pilotar drones na Noruega.

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A Noruega, contudo, tem mais razões para se preocupar do que a maioria dos outros países.

Papel vital para a Europa

Agora que as sanções do Ocidente praticamente interromperam o fluxo para a Europa de combustíveis fósseis produzidos na Rússia, a Noruega se tornou o maior fornecedor de petróleo e gás natural ao continente. Sob as águas do território marítimo norueguês no Oceano Ártico passam cabos essenciais para o serviço de internet do centro financeiro de Londres, responsáveis por transmitir imagens de satélite do norte glacial, onde a Noruega tem 198 quilômetros de fronteira com a Rússia, e que atravessam o Atlântico até os Estados Unidos.

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Esse papel vital tem se tornado cada vez mais vulnerável desde setembro, quando explosões destruíram os gasodutos Nord Stream entre Rússia e Alemanha, cuja autoria Moscou e Washington atribuem um ao outro.

“É um toque de alerta. A guerra não é apenas na Ucrânia. Ela também pode nos afetar, mesmo que seja difícil lhe caracterizar”, afirmou Tom Røseth, professor da Escola Superior de Defesa da Noruega.

Vários espiões russos mais convencionais foram detectados e expulsos nos anos recentes, o que provavelmente tornou a Rússia mais dependente de “agentes em hibernação”, especialmente conforme a guerra na Ucrânia se arrasta.

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A alta recente nos casos, afirmou Roseth, reflete a necessidade da Rússia de acionar agentes em hibernação.

“Neste momento na Europa, com a pressão da situação que envolve Moscou, os russos querem que sua rede traga resultados”, afirmou ele. “Mesmo que essas atividades já existissem anteriormente, acho que eles estão assumindo riscos maiores agora.”

Preocupação com a hipervigilância

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Cidadãos noruegueses atenderam zelosamente a pedidos para estar alerta, inundando a polícia de telefonemas relatando avistamentos de drones ou denunciando estrangeiros agindo supostamente de maneira suspeita.

Mas agora alguns se preocupam com a possibilidade da hipervigilância ter ido longe demais, especialmente em um campo tão nebuloso quanto suspeitas de espionagem.

Em uma tarde recente, em meio à escuridão do inverno ártico, o pequeno tribunal regional de Tromsø ouvia dois casos contra cidadãos russos acusados de pilotar drones. Nenhum foi acusado de espionagem, que é difícil provar. Em vez disso, eles foram indiciados por violar sanções europeias que proíbem russos de pilotar aeronaves em geral, regra que agora a Noruega passou a aplicar também a russos que operam drones de lazer.

Sete russos foram presos em meados de outubro por pilotar drones e quatro deles foram a julgamento. Dois foram condenados a penas de prisão de 90 e 120 dias.

Entre eles está Andrei Yakunin, filho de Vladimir Yakunin, antigo colaborador do presidente russo, Vladimir Putin, cujo julgamento é acompanhado atentamente em toda a Noruega. Andrei Yakunin, empresário que vive no Reino Unido e tem cidadania britânica, se distanciou da invasão russa.

Yakunin foi preso depois que seu iate, o Firebird, foi interceptado por autoridades norueguesas, que perguntaram se ele tinha algum drone a bordo. Ele mostrou-lhes um drone usado para registrar imagens dele e sua tripulação esquiando e pescando em paisagens glaciais no Ártico norueguês.

Promotores de Justiça pedem 120 dias de prisão para o acusado.

“É claro que não sou espião — apesar de ter a coleção completa dos filmes de James Bond”, brincou Yakunin durante entrevista, após o início de seu julgamento, em 3 de dezembro.

Na outra ponta do corredor, em um pequeno tribunal longe das câmeras, um homem grisalho trajando jeans, o engenheiro russo Alexei Reznichenko, defendeu-se às lágrimas em um caso que atraiu muito menos atenção. Ele foi preso depois de tirar fotos de cercas e do estacionamento ao lado da torre de controle do aeroporto de Tromsø.

“Senti que havia algo errado”, afirmou o controlador de tráfego aéreo Ivar Schrøen, que suspeitou de Reznichenko e chamou a polícia. “Havia algo muito estranho.”

O país parece em conflito em relação a como lidar com a situação. Os magistrados que julgam os casos de Yakunin e Reznichenko decidiram agora absolvê-los. Mas a Promotoria está apelando em ambos os casos. Yakunin voltará ao tribunal de Tromsø em janeiro.

Há pessoas que, como Schrøen, insistem que cautela nunca é demais. Checando as notícias, de sua torre de controle, a poucos quilômetros do tribunal, ele afirmou que não sente nenhum tipo de culpa por ter mandado um homem ao tribunal. Espiões, afirma ele, certamente se interessam pelo Ártico. “Você tem de ser ingênuo para pensar o contrário.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

TROMSØ — Em retrospectiva, algumas coisas não encaixavam em relação a José Giammaria. Primeiro, o pesquisador-visitante na universidade de Tromsø, no Ártico norueguês, se dizia e se mostrava brasileiro, mas não sabia falar português. E também o fato de que ele havia financiado por conta própria sua visita, o que é raro na academia, e até planejava estendê-la — apesar de jamais falar a respeito de sua pesquisa. Mas ele era sempre prestativo, oferecendo-se até para redesenhar a homepage do Centro para Estudos de Paz, onde trabalhou.

Foi assim até 24 de outubro de 2022, quando o Serviço de Segurança Policial da Noruega, ou PST, apareceu com um mandado para revistar seu escritório. Dias depois, as autoridades anunciaram sua prisão, identificando-o como o espião russo Mikhail Mikushin.

A revelação causou arrepios por todo o campus, afirmou a diretora do Centro para Estudos de Paz, Marcela Douglas, que pesquisa segurança e conflitos. “Comecei a ver espiões por todo lado.” Assim como toda a Noruega e grande parte do restante da Europa.

Torre de controle do aeroporto de Tromso, na Noruega, onde o tráfego aéreo tem sido invadido por drones sem autorização, em imagem do dia 30 de novembro Foto: Sergey Ponomarev / NYT

Conforme a guerra na Ucrânia se arrasta e o isolamento de Moscou aumenta, nações europeias estão cada vez mais apreensivas em relação à perspectiva de um Kremlin desesperado explorar suas sociedades abertas para aprofundar tentativas de espionagem, sabotagem e infiltração — possivelmente para mandar alguma mensagem; ou testar o quão longe poderia ir caso necessário em um conflito mais amplo com o Ocidente.

Mikushin é um dos três russos presos recentemente na Europa sob suspeita de serem “ilegais” — espiões que se inserem em uma sociedade local para espionagem a longo prazo ou recrutamentos. Em junho, um estagiário do Tribunal Penal Internacional, também com passaporte brasileiro, foi preso em Haia, nos Países Baixos, acusado de espionar para a Rússia. No fim de novembro, uma operação policial na Suécia deteve um casal russo acusado de espionagem.

Outros incidentes suspeitos sucederam por toda a Europa: na Alemanha, as autoridades têm quase certeza de que drones vistos sobrevoando instalações militares onde soldados ucranianos eram treinados estavam a serviço da inteligência russa; cabos submarinos cortados na França, ainda que a ação não tenha sido classificada como nociva, levantaram suspeitas entre analistas de segurança; e um ataque hacker a redes de distribuição de combustíveis na Bélgica e na Alemanha dias antes da invasão russa também elevaram o alerta.

Nem todos os incidentes podem ser atribuídos ao Kremlin com certeza, e em muitos lugares, vigilância intensificada e preocupações reais passaram a ser difíceis de distinguir de uma paranoia que aumenta. A Rússia classificou como uma forma de “histeria” uma recente onda de prisões de russos por pilotar drones na Noruega.

A Noruega, contudo, tem mais razões para se preocupar do que a maioria dos outros países.

Papel vital para a Europa

Agora que as sanções do Ocidente praticamente interromperam o fluxo para a Europa de combustíveis fósseis produzidos na Rússia, a Noruega se tornou o maior fornecedor de petróleo e gás natural ao continente. Sob as águas do território marítimo norueguês no Oceano Ártico passam cabos essenciais para o serviço de internet do centro financeiro de Londres, responsáveis por transmitir imagens de satélite do norte glacial, onde a Noruega tem 198 quilômetros de fronteira com a Rússia, e que atravessam o Atlântico até os Estados Unidos.

Esse papel vital tem se tornado cada vez mais vulnerável desde setembro, quando explosões destruíram os gasodutos Nord Stream entre Rússia e Alemanha, cuja autoria Moscou e Washington atribuem um ao outro.

“É um toque de alerta. A guerra não é apenas na Ucrânia. Ela também pode nos afetar, mesmo que seja difícil lhe caracterizar”, afirmou Tom Røseth, professor da Escola Superior de Defesa da Noruega.

Vários espiões russos mais convencionais foram detectados e expulsos nos anos recentes, o que provavelmente tornou a Rússia mais dependente de “agentes em hibernação”, especialmente conforme a guerra na Ucrânia se arrasta.

A alta recente nos casos, afirmou Roseth, reflete a necessidade da Rússia de acionar agentes em hibernação.

“Neste momento na Europa, com a pressão da situação que envolve Moscou, os russos querem que sua rede traga resultados”, afirmou ele. “Mesmo que essas atividades já existissem anteriormente, acho que eles estão assumindo riscos maiores agora.”

Preocupação com a hipervigilância

Cidadãos noruegueses atenderam zelosamente a pedidos para estar alerta, inundando a polícia de telefonemas relatando avistamentos de drones ou denunciando estrangeiros agindo supostamente de maneira suspeita.

Mas agora alguns se preocupam com a possibilidade da hipervigilância ter ido longe demais, especialmente em um campo tão nebuloso quanto suspeitas de espionagem.

Em uma tarde recente, em meio à escuridão do inverno ártico, o pequeno tribunal regional de Tromsø ouvia dois casos contra cidadãos russos acusados de pilotar drones. Nenhum foi acusado de espionagem, que é difícil provar. Em vez disso, eles foram indiciados por violar sanções europeias que proíbem russos de pilotar aeronaves em geral, regra que agora a Noruega passou a aplicar também a russos que operam drones de lazer.

Sete russos foram presos em meados de outubro por pilotar drones e quatro deles foram a julgamento. Dois foram condenados a penas de prisão de 90 e 120 dias.

Entre eles está Andrei Yakunin, filho de Vladimir Yakunin, antigo colaborador do presidente russo, Vladimir Putin, cujo julgamento é acompanhado atentamente em toda a Noruega. Andrei Yakunin, empresário que vive no Reino Unido e tem cidadania britânica, se distanciou da invasão russa.

Yakunin foi preso depois que seu iate, o Firebird, foi interceptado por autoridades norueguesas, que perguntaram se ele tinha algum drone a bordo. Ele mostrou-lhes um drone usado para registrar imagens dele e sua tripulação esquiando e pescando em paisagens glaciais no Ártico norueguês.

Promotores de Justiça pedem 120 dias de prisão para o acusado.

“É claro que não sou espião — apesar de ter a coleção completa dos filmes de James Bond”, brincou Yakunin durante entrevista, após o início de seu julgamento, em 3 de dezembro.

Na outra ponta do corredor, em um pequeno tribunal longe das câmeras, um homem grisalho trajando jeans, o engenheiro russo Alexei Reznichenko, defendeu-se às lágrimas em um caso que atraiu muito menos atenção. Ele foi preso depois de tirar fotos de cercas e do estacionamento ao lado da torre de controle do aeroporto de Tromsø.

“Senti que havia algo errado”, afirmou o controlador de tráfego aéreo Ivar Schrøen, que suspeitou de Reznichenko e chamou a polícia. “Havia algo muito estranho.”

O país parece em conflito em relação a como lidar com a situação. Os magistrados que julgam os casos de Yakunin e Reznichenko decidiram agora absolvê-los. Mas a Promotoria está apelando em ambos os casos. Yakunin voltará ao tribunal de Tromsø em janeiro.

Há pessoas que, como Schrøen, insistem que cautela nunca é demais. Checando as notícias, de sua torre de controle, a poucos quilômetros do tribunal, ele afirmou que não sente nenhum tipo de culpa por ter mandado um homem ao tribunal. Espiões, afirma ele, certamente se interessam pelo Ártico. “Você tem de ser ingênuo para pensar o contrário.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

TROMSØ — Em retrospectiva, algumas coisas não encaixavam em relação a José Giammaria. Primeiro, o pesquisador-visitante na universidade de Tromsø, no Ártico norueguês, se dizia e se mostrava brasileiro, mas não sabia falar português. E também o fato de que ele havia financiado por conta própria sua visita, o que é raro na academia, e até planejava estendê-la — apesar de jamais falar a respeito de sua pesquisa. Mas ele era sempre prestativo, oferecendo-se até para redesenhar a homepage do Centro para Estudos de Paz, onde trabalhou.

Foi assim até 24 de outubro de 2022, quando o Serviço de Segurança Policial da Noruega, ou PST, apareceu com um mandado para revistar seu escritório. Dias depois, as autoridades anunciaram sua prisão, identificando-o como o espião russo Mikhail Mikushin.

A revelação causou arrepios por todo o campus, afirmou a diretora do Centro para Estudos de Paz, Marcela Douglas, que pesquisa segurança e conflitos. “Comecei a ver espiões por todo lado.” Assim como toda a Noruega e grande parte do restante da Europa.

Torre de controle do aeroporto de Tromso, na Noruega, onde o tráfego aéreo tem sido invadido por drones sem autorização, em imagem do dia 30 de novembro Foto: Sergey Ponomarev / NYT

Conforme a guerra na Ucrânia se arrasta e o isolamento de Moscou aumenta, nações europeias estão cada vez mais apreensivas em relação à perspectiva de um Kremlin desesperado explorar suas sociedades abertas para aprofundar tentativas de espionagem, sabotagem e infiltração — possivelmente para mandar alguma mensagem; ou testar o quão longe poderia ir caso necessário em um conflito mais amplo com o Ocidente.

Mikushin é um dos três russos presos recentemente na Europa sob suspeita de serem “ilegais” — espiões que se inserem em uma sociedade local para espionagem a longo prazo ou recrutamentos. Em junho, um estagiário do Tribunal Penal Internacional, também com passaporte brasileiro, foi preso em Haia, nos Países Baixos, acusado de espionar para a Rússia. No fim de novembro, uma operação policial na Suécia deteve um casal russo acusado de espionagem.

Outros incidentes suspeitos sucederam por toda a Europa: na Alemanha, as autoridades têm quase certeza de que drones vistos sobrevoando instalações militares onde soldados ucranianos eram treinados estavam a serviço da inteligência russa; cabos submarinos cortados na França, ainda que a ação não tenha sido classificada como nociva, levantaram suspeitas entre analistas de segurança; e um ataque hacker a redes de distribuição de combustíveis na Bélgica e na Alemanha dias antes da invasão russa também elevaram o alerta.

Nem todos os incidentes podem ser atribuídos ao Kremlin com certeza, e em muitos lugares, vigilância intensificada e preocupações reais passaram a ser difíceis de distinguir de uma paranoia que aumenta. A Rússia classificou como uma forma de “histeria” uma recente onda de prisões de russos por pilotar drones na Noruega.

A Noruega, contudo, tem mais razões para se preocupar do que a maioria dos outros países.

Papel vital para a Europa

Agora que as sanções do Ocidente praticamente interromperam o fluxo para a Europa de combustíveis fósseis produzidos na Rússia, a Noruega se tornou o maior fornecedor de petróleo e gás natural ao continente. Sob as águas do território marítimo norueguês no Oceano Ártico passam cabos essenciais para o serviço de internet do centro financeiro de Londres, responsáveis por transmitir imagens de satélite do norte glacial, onde a Noruega tem 198 quilômetros de fronteira com a Rússia, e que atravessam o Atlântico até os Estados Unidos.

Esse papel vital tem se tornado cada vez mais vulnerável desde setembro, quando explosões destruíram os gasodutos Nord Stream entre Rússia e Alemanha, cuja autoria Moscou e Washington atribuem um ao outro.

“É um toque de alerta. A guerra não é apenas na Ucrânia. Ela também pode nos afetar, mesmo que seja difícil lhe caracterizar”, afirmou Tom Røseth, professor da Escola Superior de Defesa da Noruega.

Vários espiões russos mais convencionais foram detectados e expulsos nos anos recentes, o que provavelmente tornou a Rússia mais dependente de “agentes em hibernação”, especialmente conforme a guerra na Ucrânia se arrasta.

A alta recente nos casos, afirmou Roseth, reflete a necessidade da Rússia de acionar agentes em hibernação.

“Neste momento na Europa, com a pressão da situação que envolve Moscou, os russos querem que sua rede traga resultados”, afirmou ele. “Mesmo que essas atividades já existissem anteriormente, acho que eles estão assumindo riscos maiores agora.”

Preocupação com a hipervigilância

Cidadãos noruegueses atenderam zelosamente a pedidos para estar alerta, inundando a polícia de telefonemas relatando avistamentos de drones ou denunciando estrangeiros agindo supostamente de maneira suspeita.

Mas agora alguns se preocupam com a possibilidade da hipervigilância ter ido longe demais, especialmente em um campo tão nebuloso quanto suspeitas de espionagem.

Em uma tarde recente, em meio à escuridão do inverno ártico, o pequeno tribunal regional de Tromsø ouvia dois casos contra cidadãos russos acusados de pilotar drones. Nenhum foi acusado de espionagem, que é difícil provar. Em vez disso, eles foram indiciados por violar sanções europeias que proíbem russos de pilotar aeronaves em geral, regra que agora a Noruega passou a aplicar também a russos que operam drones de lazer.

Sete russos foram presos em meados de outubro por pilotar drones e quatro deles foram a julgamento. Dois foram condenados a penas de prisão de 90 e 120 dias.

Entre eles está Andrei Yakunin, filho de Vladimir Yakunin, antigo colaborador do presidente russo, Vladimir Putin, cujo julgamento é acompanhado atentamente em toda a Noruega. Andrei Yakunin, empresário que vive no Reino Unido e tem cidadania britânica, se distanciou da invasão russa.

Yakunin foi preso depois que seu iate, o Firebird, foi interceptado por autoridades norueguesas, que perguntaram se ele tinha algum drone a bordo. Ele mostrou-lhes um drone usado para registrar imagens dele e sua tripulação esquiando e pescando em paisagens glaciais no Ártico norueguês.

Promotores de Justiça pedem 120 dias de prisão para o acusado.

“É claro que não sou espião — apesar de ter a coleção completa dos filmes de James Bond”, brincou Yakunin durante entrevista, após o início de seu julgamento, em 3 de dezembro.

Na outra ponta do corredor, em um pequeno tribunal longe das câmeras, um homem grisalho trajando jeans, o engenheiro russo Alexei Reznichenko, defendeu-se às lágrimas em um caso que atraiu muito menos atenção. Ele foi preso depois de tirar fotos de cercas e do estacionamento ao lado da torre de controle do aeroporto de Tromsø.

“Senti que havia algo errado”, afirmou o controlador de tráfego aéreo Ivar Schrøen, que suspeitou de Reznichenko e chamou a polícia. “Havia algo muito estranho.”

O país parece em conflito em relação a como lidar com a situação. Os magistrados que julgam os casos de Yakunin e Reznichenko decidiram agora absolvê-los. Mas a Promotoria está apelando em ambos os casos. Yakunin voltará ao tribunal de Tromsø em janeiro.

Há pessoas que, como Schrøen, insistem que cautela nunca é demais. Checando as notícias, de sua torre de controle, a poucos quilômetros do tribunal, ele afirmou que não sente nenhum tipo de culpa por ter mandado um homem ao tribunal. Espiões, afirma ele, certamente se interessam pelo Ártico. “Você tem de ser ingênuo para pensar o contrário.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

TROMSØ — Em retrospectiva, algumas coisas não encaixavam em relação a José Giammaria. Primeiro, o pesquisador-visitante na universidade de Tromsø, no Ártico norueguês, se dizia e se mostrava brasileiro, mas não sabia falar português. E também o fato de que ele havia financiado por conta própria sua visita, o que é raro na academia, e até planejava estendê-la — apesar de jamais falar a respeito de sua pesquisa. Mas ele era sempre prestativo, oferecendo-se até para redesenhar a homepage do Centro para Estudos de Paz, onde trabalhou.

Foi assim até 24 de outubro de 2022, quando o Serviço de Segurança Policial da Noruega, ou PST, apareceu com um mandado para revistar seu escritório. Dias depois, as autoridades anunciaram sua prisão, identificando-o como o espião russo Mikhail Mikushin.

A revelação causou arrepios por todo o campus, afirmou a diretora do Centro para Estudos de Paz, Marcela Douglas, que pesquisa segurança e conflitos. “Comecei a ver espiões por todo lado.” Assim como toda a Noruega e grande parte do restante da Europa.

Torre de controle do aeroporto de Tromso, na Noruega, onde o tráfego aéreo tem sido invadido por drones sem autorização, em imagem do dia 30 de novembro Foto: Sergey Ponomarev / NYT

Conforme a guerra na Ucrânia se arrasta e o isolamento de Moscou aumenta, nações europeias estão cada vez mais apreensivas em relação à perspectiva de um Kremlin desesperado explorar suas sociedades abertas para aprofundar tentativas de espionagem, sabotagem e infiltração — possivelmente para mandar alguma mensagem; ou testar o quão longe poderia ir caso necessário em um conflito mais amplo com o Ocidente.

Mikushin é um dos três russos presos recentemente na Europa sob suspeita de serem “ilegais” — espiões que se inserem em uma sociedade local para espionagem a longo prazo ou recrutamentos. Em junho, um estagiário do Tribunal Penal Internacional, também com passaporte brasileiro, foi preso em Haia, nos Países Baixos, acusado de espionar para a Rússia. No fim de novembro, uma operação policial na Suécia deteve um casal russo acusado de espionagem.

Outros incidentes suspeitos sucederam por toda a Europa: na Alemanha, as autoridades têm quase certeza de que drones vistos sobrevoando instalações militares onde soldados ucranianos eram treinados estavam a serviço da inteligência russa; cabos submarinos cortados na França, ainda que a ação não tenha sido classificada como nociva, levantaram suspeitas entre analistas de segurança; e um ataque hacker a redes de distribuição de combustíveis na Bélgica e na Alemanha dias antes da invasão russa também elevaram o alerta.

Nem todos os incidentes podem ser atribuídos ao Kremlin com certeza, e em muitos lugares, vigilância intensificada e preocupações reais passaram a ser difíceis de distinguir de uma paranoia que aumenta. A Rússia classificou como uma forma de “histeria” uma recente onda de prisões de russos por pilotar drones na Noruega.

A Noruega, contudo, tem mais razões para se preocupar do que a maioria dos outros países.

Papel vital para a Europa

Agora que as sanções do Ocidente praticamente interromperam o fluxo para a Europa de combustíveis fósseis produzidos na Rússia, a Noruega se tornou o maior fornecedor de petróleo e gás natural ao continente. Sob as águas do território marítimo norueguês no Oceano Ártico passam cabos essenciais para o serviço de internet do centro financeiro de Londres, responsáveis por transmitir imagens de satélite do norte glacial, onde a Noruega tem 198 quilômetros de fronteira com a Rússia, e que atravessam o Atlântico até os Estados Unidos.

Esse papel vital tem se tornado cada vez mais vulnerável desde setembro, quando explosões destruíram os gasodutos Nord Stream entre Rússia e Alemanha, cuja autoria Moscou e Washington atribuem um ao outro.

“É um toque de alerta. A guerra não é apenas na Ucrânia. Ela também pode nos afetar, mesmo que seja difícil lhe caracterizar”, afirmou Tom Røseth, professor da Escola Superior de Defesa da Noruega.

Vários espiões russos mais convencionais foram detectados e expulsos nos anos recentes, o que provavelmente tornou a Rússia mais dependente de “agentes em hibernação”, especialmente conforme a guerra na Ucrânia se arrasta.

A alta recente nos casos, afirmou Roseth, reflete a necessidade da Rússia de acionar agentes em hibernação.

“Neste momento na Europa, com a pressão da situação que envolve Moscou, os russos querem que sua rede traga resultados”, afirmou ele. “Mesmo que essas atividades já existissem anteriormente, acho que eles estão assumindo riscos maiores agora.”

Preocupação com a hipervigilância

Cidadãos noruegueses atenderam zelosamente a pedidos para estar alerta, inundando a polícia de telefonemas relatando avistamentos de drones ou denunciando estrangeiros agindo supostamente de maneira suspeita.

Mas agora alguns se preocupam com a possibilidade da hipervigilância ter ido longe demais, especialmente em um campo tão nebuloso quanto suspeitas de espionagem.

Em uma tarde recente, em meio à escuridão do inverno ártico, o pequeno tribunal regional de Tromsø ouvia dois casos contra cidadãos russos acusados de pilotar drones. Nenhum foi acusado de espionagem, que é difícil provar. Em vez disso, eles foram indiciados por violar sanções europeias que proíbem russos de pilotar aeronaves em geral, regra que agora a Noruega passou a aplicar também a russos que operam drones de lazer.

Sete russos foram presos em meados de outubro por pilotar drones e quatro deles foram a julgamento. Dois foram condenados a penas de prisão de 90 e 120 dias.

Entre eles está Andrei Yakunin, filho de Vladimir Yakunin, antigo colaborador do presidente russo, Vladimir Putin, cujo julgamento é acompanhado atentamente em toda a Noruega. Andrei Yakunin, empresário que vive no Reino Unido e tem cidadania britânica, se distanciou da invasão russa.

Yakunin foi preso depois que seu iate, o Firebird, foi interceptado por autoridades norueguesas, que perguntaram se ele tinha algum drone a bordo. Ele mostrou-lhes um drone usado para registrar imagens dele e sua tripulação esquiando e pescando em paisagens glaciais no Ártico norueguês.

Promotores de Justiça pedem 120 dias de prisão para o acusado.

“É claro que não sou espião — apesar de ter a coleção completa dos filmes de James Bond”, brincou Yakunin durante entrevista, após o início de seu julgamento, em 3 de dezembro.

Na outra ponta do corredor, em um pequeno tribunal longe das câmeras, um homem grisalho trajando jeans, o engenheiro russo Alexei Reznichenko, defendeu-se às lágrimas em um caso que atraiu muito menos atenção. Ele foi preso depois de tirar fotos de cercas e do estacionamento ao lado da torre de controle do aeroporto de Tromsø.

“Senti que havia algo errado”, afirmou o controlador de tráfego aéreo Ivar Schrøen, que suspeitou de Reznichenko e chamou a polícia. “Havia algo muito estranho.”

O país parece em conflito em relação a como lidar com a situação. Os magistrados que julgam os casos de Yakunin e Reznichenko decidiram agora absolvê-los. Mas a Promotoria está apelando em ambos os casos. Yakunin voltará ao tribunal de Tromsø em janeiro.

Há pessoas que, como Schrøen, insistem que cautela nunca é demais. Checando as notícias, de sua torre de controle, a poucos quilômetros do tribunal, ele afirmou que não sente nenhum tipo de culpa por ter mandado um homem ao tribunal. Espiões, afirma ele, certamente se interessam pelo Ártico. “Você tem de ser ingênuo para pensar o contrário.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

TROMSØ — Em retrospectiva, algumas coisas não encaixavam em relação a José Giammaria. Primeiro, o pesquisador-visitante na universidade de Tromsø, no Ártico norueguês, se dizia e se mostrava brasileiro, mas não sabia falar português. E também o fato de que ele havia financiado por conta própria sua visita, o que é raro na academia, e até planejava estendê-la — apesar de jamais falar a respeito de sua pesquisa. Mas ele era sempre prestativo, oferecendo-se até para redesenhar a homepage do Centro para Estudos de Paz, onde trabalhou.

Foi assim até 24 de outubro de 2022, quando o Serviço de Segurança Policial da Noruega, ou PST, apareceu com um mandado para revistar seu escritório. Dias depois, as autoridades anunciaram sua prisão, identificando-o como o espião russo Mikhail Mikushin.

A revelação causou arrepios por todo o campus, afirmou a diretora do Centro para Estudos de Paz, Marcela Douglas, que pesquisa segurança e conflitos. “Comecei a ver espiões por todo lado.” Assim como toda a Noruega e grande parte do restante da Europa.

Torre de controle do aeroporto de Tromso, na Noruega, onde o tráfego aéreo tem sido invadido por drones sem autorização, em imagem do dia 30 de novembro Foto: Sergey Ponomarev / NYT

Conforme a guerra na Ucrânia se arrasta e o isolamento de Moscou aumenta, nações europeias estão cada vez mais apreensivas em relação à perspectiva de um Kremlin desesperado explorar suas sociedades abertas para aprofundar tentativas de espionagem, sabotagem e infiltração — possivelmente para mandar alguma mensagem; ou testar o quão longe poderia ir caso necessário em um conflito mais amplo com o Ocidente.

Mikushin é um dos três russos presos recentemente na Europa sob suspeita de serem “ilegais” — espiões que se inserem em uma sociedade local para espionagem a longo prazo ou recrutamentos. Em junho, um estagiário do Tribunal Penal Internacional, também com passaporte brasileiro, foi preso em Haia, nos Países Baixos, acusado de espionar para a Rússia. No fim de novembro, uma operação policial na Suécia deteve um casal russo acusado de espionagem.

Outros incidentes suspeitos sucederam por toda a Europa: na Alemanha, as autoridades têm quase certeza de que drones vistos sobrevoando instalações militares onde soldados ucranianos eram treinados estavam a serviço da inteligência russa; cabos submarinos cortados na França, ainda que a ação não tenha sido classificada como nociva, levantaram suspeitas entre analistas de segurança; e um ataque hacker a redes de distribuição de combustíveis na Bélgica e na Alemanha dias antes da invasão russa também elevaram o alerta.

Nem todos os incidentes podem ser atribuídos ao Kremlin com certeza, e em muitos lugares, vigilância intensificada e preocupações reais passaram a ser difíceis de distinguir de uma paranoia que aumenta. A Rússia classificou como uma forma de “histeria” uma recente onda de prisões de russos por pilotar drones na Noruega.

A Noruega, contudo, tem mais razões para se preocupar do que a maioria dos outros países.

Papel vital para a Europa

Agora que as sanções do Ocidente praticamente interromperam o fluxo para a Europa de combustíveis fósseis produzidos na Rússia, a Noruega se tornou o maior fornecedor de petróleo e gás natural ao continente. Sob as águas do território marítimo norueguês no Oceano Ártico passam cabos essenciais para o serviço de internet do centro financeiro de Londres, responsáveis por transmitir imagens de satélite do norte glacial, onde a Noruega tem 198 quilômetros de fronteira com a Rússia, e que atravessam o Atlântico até os Estados Unidos.

Esse papel vital tem se tornado cada vez mais vulnerável desde setembro, quando explosões destruíram os gasodutos Nord Stream entre Rússia e Alemanha, cuja autoria Moscou e Washington atribuem um ao outro.

“É um toque de alerta. A guerra não é apenas na Ucrânia. Ela também pode nos afetar, mesmo que seja difícil lhe caracterizar”, afirmou Tom Røseth, professor da Escola Superior de Defesa da Noruega.

Vários espiões russos mais convencionais foram detectados e expulsos nos anos recentes, o que provavelmente tornou a Rússia mais dependente de “agentes em hibernação”, especialmente conforme a guerra na Ucrânia se arrasta.

A alta recente nos casos, afirmou Roseth, reflete a necessidade da Rússia de acionar agentes em hibernação.

“Neste momento na Europa, com a pressão da situação que envolve Moscou, os russos querem que sua rede traga resultados”, afirmou ele. “Mesmo que essas atividades já existissem anteriormente, acho que eles estão assumindo riscos maiores agora.”

Preocupação com a hipervigilância

Cidadãos noruegueses atenderam zelosamente a pedidos para estar alerta, inundando a polícia de telefonemas relatando avistamentos de drones ou denunciando estrangeiros agindo supostamente de maneira suspeita.

Mas agora alguns se preocupam com a possibilidade da hipervigilância ter ido longe demais, especialmente em um campo tão nebuloso quanto suspeitas de espionagem.

Em uma tarde recente, em meio à escuridão do inverno ártico, o pequeno tribunal regional de Tromsø ouvia dois casos contra cidadãos russos acusados de pilotar drones. Nenhum foi acusado de espionagem, que é difícil provar. Em vez disso, eles foram indiciados por violar sanções europeias que proíbem russos de pilotar aeronaves em geral, regra que agora a Noruega passou a aplicar também a russos que operam drones de lazer.

Sete russos foram presos em meados de outubro por pilotar drones e quatro deles foram a julgamento. Dois foram condenados a penas de prisão de 90 e 120 dias.

Entre eles está Andrei Yakunin, filho de Vladimir Yakunin, antigo colaborador do presidente russo, Vladimir Putin, cujo julgamento é acompanhado atentamente em toda a Noruega. Andrei Yakunin, empresário que vive no Reino Unido e tem cidadania britânica, se distanciou da invasão russa.

Yakunin foi preso depois que seu iate, o Firebird, foi interceptado por autoridades norueguesas, que perguntaram se ele tinha algum drone a bordo. Ele mostrou-lhes um drone usado para registrar imagens dele e sua tripulação esquiando e pescando em paisagens glaciais no Ártico norueguês.

Promotores de Justiça pedem 120 dias de prisão para o acusado.

“É claro que não sou espião — apesar de ter a coleção completa dos filmes de James Bond”, brincou Yakunin durante entrevista, após o início de seu julgamento, em 3 de dezembro.

Na outra ponta do corredor, em um pequeno tribunal longe das câmeras, um homem grisalho trajando jeans, o engenheiro russo Alexei Reznichenko, defendeu-se às lágrimas em um caso que atraiu muito menos atenção. Ele foi preso depois de tirar fotos de cercas e do estacionamento ao lado da torre de controle do aeroporto de Tromsø.

“Senti que havia algo errado”, afirmou o controlador de tráfego aéreo Ivar Schrøen, que suspeitou de Reznichenko e chamou a polícia. “Havia algo muito estranho.”

O país parece em conflito em relação a como lidar com a situação. Os magistrados que julgam os casos de Yakunin e Reznichenko decidiram agora absolvê-los. Mas a Promotoria está apelando em ambos os casos. Yakunin voltará ao tribunal de Tromsø em janeiro.

Há pessoas que, como Schrøen, insistem que cautela nunca é demais. Checando as notícias, de sua torre de controle, a poucos quilômetros do tribunal, ele afirmou que não sente nenhum tipo de culpa por ter mandado um homem ao tribunal. Espiões, afirma ele, certamente se interessam pelo Ártico. “Você tem de ser ingênuo para pensar o contrário.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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