Novo secretário do Tesouro britânico reverte política econômica de Liz Truss


Plano da premiê foi mal recebido por um país à beira da recessão, ameaçando a sua continuidade no cargo que assumiu há pouco mais de um mês

Por Redação
Atualização:

LONDRES - O novo secretário do Tesouro do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse nesta segunda-feira, 17, que vai reverter praticamente todos os cortes de impostos planejados pela primeira-ministra Liz Truss, rejeitando seu plano econômico ultraliberal, em uma tentativa de estabilizar os mercados financeiros e o governo.

O plano da premiê — que previa os maiores cortes de impostos em 50 anos, custando cerca de 43 bilhões de libras esterlinas (R$ 255,8 bilhões) aos cofres públicos, mas sem medidas para compensar o rombo — foi mal recebido por um país à beira da recessão, ameaçando a sua continuidade no cargo que assumiu há pouco mais de um mês.

Jeremy Hunt, de 55 anos, foi nomeado na sexta-feira imediatamente após a demissão do ultraliberal Kwasi Kwarteng - que permaneceu no cargo por pouco mais de um mês. Hunt, o quarto titular da pasta no país neste ano, fez o anúncio em um discurso transmitido na televisão e um pronunciamento ao Parlamento.

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“A primeira-ministra e eu concordamos ontem em reverter quase todas as medidas fiscais anunciadas no plano de crescimento há três semanas”, anunciou Hunt perante o Parlamento nesta segunda-feira, em uma aparição urgente para acalmar o nervosismo.

A primeira-ministra Liz Truss acompanha o pronunciamento do novo secretário de Finanças de seu governo, Jeremy Hunt, ao Parlamento Foto: Photo by PRU / AFP - 17/10/2022

“Quero ser completamente franco sobre a magnitude do desafio econômico que enfrentamos”, acrescentou, levantando temores de aumentos de impostos e medidas de austeridade. Sentada ao lado dele na bancada executiva, Truss permaneceu em silêncio com um olhar distante.

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Horas antes, em uma breve mensagem na TV após a abertura do mercado de ações, Hunt havia adiantado as mudanças planejadas “para reduzir a especulação contraproducente” sobre “decisões sensíveis para o mercado” às quais era necessário “dar confiança e estabilidade”.

Os mercados financeiros britânicos foram abalados por um grande nervosismo e volatilidade desde que Truss e Kwarteng apresentaram seu controvertido pacote econômico, em 23 de setembro.

O pacote combinava ajuda pública significativa às contas de energia e fortes cortes de impostos, mas não incluía nada para financiá-lo além de aumentar a já elevada dívida pública britânica.

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A premiê Liz Truss (E) e o seu ex-secretário do Tesouro Kwasi Kwarteng tinham um alinhamento ideológico, político e pessoal Foto: Stefan Rousseau/AFP - 04/10/2022

Dando uma dramática guinada de 180 graus e enfraquecendo ainda mais Truss, que permanece como primeira-ministra, mas não tem mais nenhum poder real, Hunt anunciou: “reverteremos quase todas as medidas fiscais anunciadas (...) três semanas atrás”.

Entre suas principais decisões, a ajuda às famílias para pagar as contas de energia caras será limitada a seis meses, até abril, em vez dos dois anos prometidos por Truss e Kwarteng.

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Depois de adiantar essas mudanças, Hunt apresentará, conforme planejado inicialmente, seu plano orçamentário completo no dia 31 de outubro, juntamente com as previsões para a economia britânica feitas pelo órgão público OBR.

Na corda bamba

Truss, cada vez mais questionada por todos, concedeu uma entrevista coletiva desastrosa na sexta-feira para anunciar sua decisão de mudar seu secretário do Tesourou e modificar suas controvertidas medidas fiscais.

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Parecendo tensa para a imprensa, ela se esquivou de perguntas sobre sua própria renúncia e se retirou depois de oito minutos.

Após esse novo golpe a sua credibilidade, a chefe de Governo tinha prevista uma reunião nesta segunda-feira com os deputados de seu Partido Conservador para tentar convencê-los a mantê-la no cargo.

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Segundo a imprensa britânica, vários deputados conservadores vêm cogitando nomes para substituí-la há dias. O jornal Times listou nesta segunda quem poderia substituí-la em Downing Street.

Truss é a quarta primeira-ministra conservadora do Reino Unido desde o referendo do Brexit em 2016, mas várias figuras da direita britânica opinaram publicamente que ela deveria renunciar, após apenas 40 dias no cargo.

Mercados tranquilizados?

O plano econômico de Truss e Kwarteng semeou o caos nos mercados financeiros, temendo que as finanças públicas britânicas descarrilassem. A libra caiu e o custo da dívida pública disparou, tornando mais caros os juros de empréstimos a famílias e empresas.

O Banco da Inglaterra precisou intervir para evitar que a situação se transformasse em uma crise financeira, com um programa maciço de compra de dívida de longo prazo que terminou na sexta-feira.

Em um sinal de que os anúncios de Hunt para garantir a estabilidade das finanças públicas do Reino Unido podem tranquilizar os mercados, mesmo antes de seu discurso na televisão, a libra subiu 1,08% em relação ao dólar nesta segunda-feira, sendo negociada a US$ 1,1293 às 6h20 (horário de Brasília).

As taxas de juro da dívida pública a 30 anos caíram para 4,48%, refletindo também uma resposta favorável dos investidores.

O secretário do Tesouro britânico, Jeremy Hunt, fala ao Parlamento em um pronunciamento ao lado da premiê Liz Truss Foto: Jessica Taylor/AFP - 17/10/2022

“Essa reação sugere que a remoção de Kwasi Kwarteng e a nomeação de Jeremy Hunt ajudaram a estabilizar o mercado e restaurar a confiança no mercado da dívida pública do Reino Unido”, disse Victoria Scholar, analista da Interactive Investors.

Hunt adiantou no fim de semana que teria de tomar medidas “duras”, com aumentos de impostos e cortes de gastos em todos os ministérios, uma mudança radical do programa de Truss, defensora de uma política ultraliberal de baixa tributação para estimular o “crescimento econômico”.

Político veterano

Membro veterano do gabinete britânico, Hunt ocupou cargos importantes no governo, incluindo ministro das Relações Exteriores e da Saúde. Ele é visto como um centrista entre os conservadores e considerado um “par de mãos seguro” e experiente para orientar o governo em sua atual crise autoinfligida.

É um retorno ao poder para um homem que concorreu duas vezes sem sucesso em disputas de liderança do Partido Conservador. No início deste ano, Hunt não conseguiu votos suficientes dos membros do partido e foi eliminado no primeiro turno da corrida para substituir Boris Johnson como líder do partido e primeiro-ministro do Reino Unido.

Hunt permaneceu um membro do Parlamento e manteve-se aos olhos do público, questionando as políticas do governo contra a covid-19 como chefe do seleto comitê de saúde e assistência social do Parlamento./AFP, AP e EFE

LONDRES - O novo secretário do Tesouro do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse nesta segunda-feira, 17, que vai reverter praticamente todos os cortes de impostos planejados pela primeira-ministra Liz Truss, rejeitando seu plano econômico ultraliberal, em uma tentativa de estabilizar os mercados financeiros e o governo.

O plano da premiê — que previa os maiores cortes de impostos em 50 anos, custando cerca de 43 bilhões de libras esterlinas (R$ 255,8 bilhões) aos cofres públicos, mas sem medidas para compensar o rombo — foi mal recebido por um país à beira da recessão, ameaçando a sua continuidade no cargo que assumiu há pouco mais de um mês.

Jeremy Hunt, de 55 anos, foi nomeado na sexta-feira imediatamente após a demissão do ultraliberal Kwasi Kwarteng - que permaneceu no cargo por pouco mais de um mês. Hunt, o quarto titular da pasta no país neste ano, fez o anúncio em um discurso transmitido na televisão e um pronunciamento ao Parlamento.

“A primeira-ministra e eu concordamos ontem em reverter quase todas as medidas fiscais anunciadas no plano de crescimento há três semanas”, anunciou Hunt perante o Parlamento nesta segunda-feira, em uma aparição urgente para acalmar o nervosismo.

A primeira-ministra Liz Truss acompanha o pronunciamento do novo secretário de Finanças de seu governo, Jeremy Hunt, ao Parlamento Foto: Photo by PRU / AFP - 17/10/2022

“Quero ser completamente franco sobre a magnitude do desafio econômico que enfrentamos”, acrescentou, levantando temores de aumentos de impostos e medidas de austeridade. Sentada ao lado dele na bancada executiva, Truss permaneceu em silêncio com um olhar distante.

Horas antes, em uma breve mensagem na TV após a abertura do mercado de ações, Hunt havia adiantado as mudanças planejadas “para reduzir a especulação contraproducente” sobre “decisões sensíveis para o mercado” às quais era necessário “dar confiança e estabilidade”.

Os mercados financeiros britânicos foram abalados por um grande nervosismo e volatilidade desde que Truss e Kwarteng apresentaram seu controvertido pacote econômico, em 23 de setembro.

O pacote combinava ajuda pública significativa às contas de energia e fortes cortes de impostos, mas não incluía nada para financiá-lo além de aumentar a já elevada dívida pública britânica.

A premiê Liz Truss (E) e o seu ex-secretário do Tesouro Kwasi Kwarteng tinham um alinhamento ideológico, político e pessoal Foto: Stefan Rousseau/AFP - 04/10/2022

Dando uma dramática guinada de 180 graus e enfraquecendo ainda mais Truss, que permanece como primeira-ministra, mas não tem mais nenhum poder real, Hunt anunciou: “reverteremos quase todas as medidas fiscais anunciadas (...) três semanas atrás”.

Entre suas principais decisões, a ajuda às famílias para pagar as contas de energia caras será limitada a seis meses, até abril, em vez dos dois anos prometidos por Truss e Kwarteng.

Depois de adiantar essas mudanças, Hunt apresentará, conforme planejado inicialmente, seu plano orçamentário completo no dia 31 de outubro, juntamente com as previsões para a economia britânica feitas pelo órgão público OBR.

Na corda bamba

Truss, cada vez mais questionada por todos, concedeu uma entrevista coletiva desastrosa na sexta-feira para anunciar sua decisão de mudar seu secretário do Tesourou e modificar suas controvertidas medidas fiscais.

Parecendo tensa para a imprensa, ela se esquivou de perguntas sobre sua própria renúncia e se retirou depois de oito minutos.

Após esse novo golpe a sua credibilidade, a chefe de Governo tinha prevista uma reunião nesta segunda-feira com os deputados de seu Partido Conservador para tentar convencê-los a mantê-la no cargo.

Segundo a imprensa britânica, vários deputados conservadores vêm cogitando nomes para substituí-la há dias. O jornal Times listou nesta segunda quem poderia substituí-la em Downing Street.

Truss é a quarta primeira-ministra conservadora do Reino Unido desde o referendo do Brexit em 2016, mas várias figuras da direita britânica opinaram publicamente que ela deveria renunciar, após apenas 40 dias no cargo.

Mercados tranquilizados?

O plano econômico de Truss e Kwarteng semeou o caos nos mercados financeiros, temendo que as finanças públicas britânicas descarrilassem. A libra caiu e o custo da dívida pública disparou, tornando mais caros os juros de empréstimos a famílias e empresas.

O Banco da Inglaterra precisou intervir para evitar que a situação se transformasse em uma crise financeira, com um programa maciço de compra de dívida de longo prazo que terminou na sexta-feira.

Em um sinal de que os anúncios de Hunt para garantir a estabilidade das finanças públicas do Reino Unido podem tranquilizar os mercados, mesmo antes de seu discurso na televisão, a libra subiu 1,08% em relação ao dólar nesta segunda-feira, sendo negociada a US$ 1,1293 às 6h20 (horário de Brasília).

As taxas de juro da dívida pública a 30 anos caíram para 4,48%, refletindo também uma resposta favorável dos investidores.

O secretário do Tesouro britânico, Jeremy Hunt, fala ao Parlamento em um pronunciamento ao lado da premiê Liz Truss Foto: Jessica Taylor/AFP - 17/10/2022

“Essa reação sugere que a remoção de Kwasi Kwarteng e a nomeação de Jeremy Hunt ajudaram a estabilizar o mercado e restaurar a confiança no mercado da dívida pública do Reino Unido”, disse Victoria Scholar, analista da Interactive Investors.

Hunt adiantou no fim de semana que teria de tomar medidas “duras”, com aumentos de impostos e cortes de gastos em todos os ministérios, uma mudança radical do programa de Truss, defensora de uma política ultraliberal de baixa tributação para estimular o “crescimento econômico”.

Político veterano

Membro veterano do gabinete britânico, Hunt ocupou cargos importantes no governo, incluindo ministro das Relações Exteriores e da Saúde. Ele é visto como um centrista entre os conservadores e considerado um “par de mãos seguro” e experiente para orientar o governo em sua atual crise autoinfligida.

É um retorno ao poder para um homem que concorreu duas vezes sem sucesso em disputas de liderança do Partido Conservador. No início deste ano, Hunt não conseguiu votos suficientes dos membros do partido e foi eliminado no primeiro turno da corrida para substituir Boris Johnson como líder do partido e primeiro-ministro do Reino Unido.

Hunt permaneceu um membro do Parlamento e manteve-se aos olhos do público, questionando as políticas do governo contra a covid-19 como chefe do seleto comitê de saúde e assistência social do Parlamento./AFP, AP e EFE

LONDRES - O novo secretário do Tesouro do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse nesta segunda-feira, 17, que vai reverter praticamente todos os cortes de impostos planejados pela primeira-ministra Liz Truss, rejeitando seu plano econômico ultraliberal, em uma tentativa de estabilizar os mercados financeiros e o governo.

O plano da premiê — que previa os maiores cortes de impostos em 50 anos, custando cerca de 43 bilhões de libras esterlinas (R$ 255,8 bilhões) aos cofres públicos, mas sem medidas para compensar o rombo — foi mal recebido por um país à beira da recessão, ameaçando a sua continuidade no cargo que assumiu há pouco mais de um mês.

Jeremy Hunt, de 55 anos, foi nomeado na sexta-feira imediatamente após a demissão do ultraliberal Kwasi Kwarteng - que permaneceu no cargo por pouco mais de um mês. Hunt, o quarto titular da pasta no país neste ano, fez o anúncio em um discurso transmitido na televisão e um pronunciamento ao Parlamento.

“A primeira-ministra e eu concordamos ontem em reverter quase todas as medidas fiscais anunciadas no plano de crescimento há três semanas”, anunciou Hunt perante o Parlamento nesta segunda-feira, em uma aparição urgente para acalmar o nervosismo.

A primeira-ministra Liz Truss acompanha o pronunciamento do novo secretário de Finanças de seu governo, Jeremy Hunt, ao Parlamento Foto: Photo by PRU / AFP - 17/10/2022

“Quero ser completamente franco sobre a magnitude do desafio econômico que enfrentamos”, acrescentou, levantando temores de aumentos de impostos e medidas de austeridade. Sentada ao lado dele na bancada executiva, Truss permaneceu em silêncio com um olhar distante.

Horas antes, em uma breve mensagem na TV após a abertura do mercado de ações, Hunt havia adiantado as mudanças planejadas “para reduzir a especulação contraproducente” sobre “decisões sensíveis para o mercado” às quais era necessário “dar confiança e estabilidade”.

Os mercados financeiros britânicos foram abalados por um grande nervosismo e volatilidade desde que Truss e Kwarteng apresentaram seu controvertido pacote econômico, em 23 de setembro.

O pacote combinava ajuda pública significativa às contas de energia e fortes cortes de impostos, mas não incluía nada para financiá-lo além de aumentar a já elevada dívida pública britânica.

A premiê Liz Truss (E) e o seu ex-secretário do Tesouro Kwasi Kwarteng tinham um alinhamento ideológico, político e pessoal Foto: Stefan Rousseau/AFP - 04/10/2022

Dando uma dramática guinada de 180 graus e enfraquecendo ainda mais Truss, que permanece como primeira-ministra, mas não tem mais nenhum poder real, Hunt anunciou: “reverteremos quase todas as medidas fiscais anunciadas (...) três semanas atrás”.

Entre suas principais decisões, a ajuda às famílias para pagar as contas de energia caras será limitada a seis meses, até abril, em vez dos dois anos prometidos por Truss e Kwarteng.

Depois de adiantar essas mudanças, Hunt apresentará, conforme planejado inicialmente, seu plano orçamentário completo no dia 31 de outubro, juntamente com as previsões para a economia britânica feitas pelo órgão público OBR.

Na corda bamba

Truss, cada vez mais questionada por todos, concedeu uma entrevista coletiva desastrosa na sexta-feira para anunciar sua decisão de mudar seu secretário do Tesourou e modificar suas controvertidas medidas fiscais.

Parecendo tensa para a imprensa, ela se esquivou de perguntas sobre sua própria renúncia e se retirou depois de oito minutos.

Após esse novo golpe a sua credibilidade, a chefe de Governo tinha prevista uma reunião nesta segunda-feira com os deputados de seu Partido Conservador para tentar convencê-los a mantê-la no cargo.

Segundo a imprensa britânica, vários deputados conservadores vêm cogitando nomes para substituí-la há dias. O jornal Times listou nesta segunda quem poderia substituí-la em Downing Street.

Truss é a quarta primeira-ministra conservadora do Reino Unido desde o referendo do Brexit em 2016, mas várias figuras da direita britânica opinaram publicamente que ela deveria renunciar, após apenas 40 dias no cargo.

Mercados tranquilizados?

O plano econômico de Truss e Kwarteng semeou o caos nos mercados financeiros, temendo que as finanças públicas britânicas descarrilassem. A libra caiu e o custo da dívida pública disparou, tornando mais caros os juros de empréstimos a famílias e empresas.

O Banco da Inglaterra precisou intervir para evitar que a situação se transformasse em uma crise financeira, com um programa maciço de compra de dívida de longo prazo que terminou na sexta-feira.

Em um sinal de que os anúncios de Hunt para garantir a estabilidade das finanças públicas do Reino Unido podem tranquilizar os mercados, mesmo antes de seu discurso na televisão, a libra subiu 1,08% em relação ao dólar nesta segunda-feira, sendo negociada a US$ 1,1293 às 6h20 (horário de Brasília).

As taxas de juro da dívida pública a 30 anos caíram para 4,48%, refletindo também uma resposta favorável dos investidores.

O secretário do Tesouro britânico, Jeremy Hunt, fala ao Parlamento em um pronunciamento ao lado da premiê Liz Truss Foto: Jessica Taylor/AFP - 17/10/2022

“Essa reação sugere que a remoção de Kwasi Kwarteng e a nomeação de Jeremy Hunt ajudaram a estabilizar o mercado e restaurar a confiança no mercado da dívida pública do Reino Unido”, disse Victoria Scholar, analista da Interactive Investors.

Hunt adiantou no fim de semana que teria de tomar medidas “duras”, com aumentos de impostos e cortes de gastos em todos os ministérios, uma mudança radical do programa de Truss, defensora de uma política ultraliberal de baixa tributação para estimular o “crescimento econômico”.

Político veterano

Membro veterano do gabinete britânico, Hunt ocupou cargos importantes no governo, incluindo ministro das Relações Exteriores e da Saúde. Ele é visto como um centrista entre os conservadores e considerado um “par de mãos seguro” e experiente para orientar o governo em sua atual crise autoinfligida.

É um retorno ao poder para um homem que concorreu duas vezes sem sucesso em disputas de liderança do Partido Conservador. No início deste ano, Hunt não conseguiu votos suficientes dos membros do partido e foi eliminado no primeiro turno da corrida para substituir Boris Johnson como líder do partido e primeiro-ministro do Reino Unido.

Hunt permaneceu um membro do Parlamento e manteve-se aos olhos do público, questionando as políticas do governo contra a covid-19 como chefe do seleto comitê de saúde e assistência social do Parlamento./AFP, AP e EFE

LONDRES - O novo secretário do Tesouro do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse nesta segunda-feira, 17, que vai reverter praticamente todos os cortes de impostos planejados pela primeira-ministra Liz Truss, rejeitando seu plano econômico ultraliberal, em uma tentativa de estabilizar os mercados financeiros e o governo.

O plano da premiê — que previa os maiores cortes de impostos em 50 anos, custando cerca de 43 bilhões de libras esterlinas (R$ 255,8 bilhões) aos cofres públicos, mas sem medidas para compensar o rombo — foi mal recebido por um país à beira da recessão, ameaçando a sua continuidade no cargo que assumiu há pouco mais de um mês.

Jeremy Hunt, de 55 anos, foi nomeado na sexta-feira imediatamente após a demissão do ultraliberal Kwasi Kwarteng - que permaneceu no cargo por pouco mais de um mês. Hunt, o quarto titular da pasta no país neste ano, fez o anúncio em um discurso transmitido na televisão e um pronunciamento ao Parlamento.

“A primeira-ministra e eu concordamos ontem em reverter quase todas as medidas fiscais anunciadas no plano de crescimento há três semanas”, anunciou Hunt perante o Parlamento nesta segunda-feira, em uma aparição urgente para acalmar o nervosismo.

A primeira-ministra Liz Truss acompanha o pronunciamento do novo secretário de Finanças de seu governo, Jeremy Hunt, ao Parlamento Foto: Photo by PRU / AFP - 17/10/2022

“Quero ser completamente franco sobre a magnitude do desafio econômico que enfrentamos”, acrescentou, levantando temores de aumentos de impostos e medidas de austeridade. Sentada ao lado dele na bancada executiva, Truss permaneceu em silêncio com um olhar distante.

Horas antes, em uma breve mensagem na TV após a abertura do mercado de ações, Hunt havia adiantado as mudanças planejadas “para reduzir a especulação contraproducente” sobre “decisões sensíveis para o mercado” às quais era necessário “dar confiança e estabilidade”.

Os mercados financeiros britânicos foram abalados por um grande nervosismo e volatilidade desde que Truss e Kwarteng apresentaram seu controvertido pacote econômico, em 23 de setembro.

O pacote combinava ajuda pública significativa às contas de energia e fortes cortes de impostos, mas não incluía nada para financiá-lo além de aumentar a já elevada dívida pública britânica.

A premiê Liz Truss (E) e o seu ex-secretário do Tesouro Kwasi Kwarteng tinham um alinhamento ideológico, político e pessoal Foto: Stefan Rousseau/AFP - 04/10/2022

Dando uma dramática guinada de 180 graus e enfraquecendo ainda mais Truss, que permanece como primeira-ministra, mas não tem mais nenhum poder real, Hunt anunciou: “reverteremos quase todas as medidas fiscais anunciadas (...) três semanas atrás”.

Entre suas principais decisões, a ajuda às famílias para pagar as contas de energia caras será limitada a seis meses, até abril, em vez dos dois anos prometidos por Truss e Kwarteng.

Depois de adiantar essas mudanças, Hunt apresentará, conforme planejado inicialmente, seu plano orçamentário completo no dia 31 de outubro, juntamente com as previsões para a economia britânica feitas pelo órgão público OBR.

Na corda bamba

Truss, cada vez mais questionada por todos, concedeu uma entrevista coletiva desastrosa na sexta-feira para anunciar sua decisão de mudar seu secretário do Tesourou e modificar suas controvertidas medidas fiscais.

Parecendo tensa para a imprensa, ela se esquivou de perguntas sobre sua própria renúncia e se retirou depois de oito minutos.

Após esse novo golpe a sua credibilidade, a chefe de Governo tinha prevista uma reunião nesta segunda-feira com os deputados de seu Partido Conservador para tentar convencê-los a mantê-la no cargo.

Segundo a imprensa britânica, vários deputados conservadores vêm cogitando nomes para substituí-la há dias. O jornal Times listou nesta segunda quem poderia substituí-la em Downing Street.

Truss é a quarta primeira-ministra conservadora do Reino Unido desde o referendo do Brexit em 2016, mas várias figuras da direita britânica opinaram publicamente que ela deveria renunciar, após apenas 40 dias no cargo.

Mercados tranquilizados?

O plano econômico de Truss e Kwarteng semeou o caos nos mercados financeiros, temendo que as finanças públicas britânicas descarrilassem. A libra caiu e o custo da dívida pública disparou, tornando mais caros os juros de empréstimos a famílias e empresas.

O Banco da Inglaterra precisou intervir para evitar que a situação se transformasse em uma crise financeira, com um programa maciço de compra de dívida de longo prazo que terminou na sexta-feira.

Em um sinal de que os anúncios de Hunt para garantir a estabilidade das finanças públicas do Reino Unido podem tranquilizar os mercados, mesmo antes de seu discurso na televisão, a libra subiu 1,08% em relação ao dólar nesta segunda-feira, sendo negociada a US$ 1,1293 às 6h20 (horário de Brasília).

As taxas de juro da dívida pública a 30 anos caíram para 4,48%, refletindo também uma resposta favorável dos investidores.

O secretário do Tesouro britânico, Jeremy Hunt, fala ao Parlamento em um pronunciamento ao lado da premiê Liz Truss Foto: Jessica Taylor/AFP - 17/10/2022

“Essa reação sugere que a remoção de Kwasi Kwarteng e a nomeação de Jeremy Hunt ajudaram a estabilizar o mercado e restaurar a confiança no mercado da dívida pública do Reino Unido”, disse Victoria Scholar, analista da Interactive Investors.

Hunt adiantou no fim de semana que teria de tomar medidas “duras”, com aumentos de impostos e cortes de gastos em todos os ministérios, uma mudança radical do programa de Truss, defensora de uma política ultraliberal de baixa tributação para estimular o “crescimento econômico”.

Político veterano

Membro veterano do gabinete britânico, Hunt ocupou cargos importantes no governo, incluindo ministro das Relações Exteriores e da Saúde. Ele é visto como um centrista entre os conservadores e considerado um “par de mãos seguro” e experiente para orientar o governo em sua atual crise autoinfligida.

É um retorno ao poder para um homem que concorreu duas vezes sem sucesso em disputas de liderança do Partido Conservador. No início deste ano, Hunt não conseguiu votos suficientes dos membros do partido e foi eliminado no primeiro turno da corrida para substituir Boris Johnson como líder do partido e primeiro-ministro do Reino Unido.

Hunt permaneceu um membro do Parlamento e manteve-se aos olhos do público, questionando as políticas do governo contra a covid-19 como chefe do seleto comitê de saúde e assistência social do Parlamento./AFP, AP e EFE

LONDRES - O novo secretário do Tesouro do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse nesta segunda-feira, 17, que vai reverter praticamente todos os cortes de impostos planejados pela primeira-ministra Liz Truss, rejeitando seu plano econômico ultraliberal, em uma tentativa de estabilizar os mercados financeiros e o governo.

O plano da premiê — que previa os maiores cortes de impostos em 50 anos, custando cerca de 43 bilhões de libras esterlinas (R$ 255,8 bilhões) aos cofres públicos, mas sem medidas para compensar o rombo — foi mal recebido por um país à beira da recessão, ameaçando a sua continuidade no cargo que assumiu há pouco mais de um mês.

Jeremy Hunt, de 55 anos, foi nomeado na sexta-feira imediatamente após a demissão do ultraliberal Kwasi Kwarteng - que permaneceu no cargo por pouco mais de um mês. Hunt, o quarto titular da pasta no país neste ano, fez o anúncio em um discurso transmitido na televisão e um pronunciamento ao Parlamento.

“A primeira-ministra e eu concordamos ontem em reverter quase todas as medidas fiscais anunciadas no plano de crescimento há três semanas”, anunciou Hunt perante o Parlamento nesta segunda-feira, em uma aparição urgente para acalmar o nervosismo.

A primeira-ministra Liz Truss acompanha o pronunciamento do novo secretário de Finanças de seu governo, Jeremy Hunt, ao Parlamento Foto: Photo by PRU / AFP - 17/10/2022

“Quero ser completamente franco sobre a magnitude do desafio econômico que enfrentamos”, acrescentou, levantando temores de aumentos de impostos e medidas de austeridade. Sentada ao lado dele na bancada executiva, Truss permaneceu em silêncio com um olhar distante.

Horas antes, em uma breve mensagem na TV após a abertura do mercado de ações, Hunt havia adiantado as mudanças planejadas “para reduzir a especulação contraproducente” sobre “decisões sensíveis para o mercado” às quais era necessário “dar confiança e estabilidade”.

Os mercados financeiros britânicos foram abalados por um grande nervosismo e volatilidade desde que Truss e Kwarteng apresentaram seu controvertido pacote econômico, em 23 de setembro.

O pacote combinava ajuda pública significativa às contas de energia e fortes cortes de impostos, mas não incluía nada para financiá-lo além de aumentar a já elevada dívida pública britânica.

A premiê Liz Truss (E) e o seu ex-secretário do Tesouro Kwasi Kwarteng tinham um alinhamento ideológico, político e pessoal Foto: Stefan Rousseau/AFP - 04/10/2022

Dando uma dramática guinada de 180 graus e enfraquecendo ainda mais Truss, que permanece como primeira-ministra, mas não tem mais nenhum poder real, Hunt anunciou: “reverteremos quase todas as medidas fiscais anunciadas (...) três semanas atrás”.

Entre suas principais decisões, a ajuda às famílias para pagar as contas de energia caras será limitada a seis meses, até abril, em vez dos dois anos prometidos por Truss e Kwarteng.

Depois de adiantar essas mudanças, Hunt apresentará, conforme planejado inicialmente, seu plano orçamentário completo no dia 31 de outubro, juntamente com as previsões para a economia britânica feitas pelo órgão público OBR.

Na corda bamba

Truss, cada vez mais questionada por todos, concedeu uma entrevista coletiva desastrosa na sexta-feira para anunciar sua decisão de mudar seu secretário do Tesourou e modificar suas controvertidas medidas fiscais.

Parecendo tensa para a imprensa, ela se esquivou de perguntas sobre sua própria renúncia e se retirou depois de oito minutos.

Após esse novo golpe a sua credibilidade, a chefe de Governo tinha prevista uma reunião nesta segunda-feira com os deputados de seu Partido Conservador para tentar convencê-los a mantê-la no cargo.

Segundo a imprensa britânica, vários deputados conservadores vêm cogitando nomes para substituí-la há dias. O jornal Times listou nesta segunda quem poderia substituí-la em Downing Street.

Truss é a quarta primeira-ministra conservadora do Reino Unido desde o referendo do Brexit em 2016, mas várias figuras da direita britânica opinaram publicamente que ela deveria renunciar, após apenas 40 dias no cargo.

Mercados tranquilizados?

O plano econômico de Truss e Kwarteng semeou o caos nos mercados financeiros, temendo que as finanças públicas britânicas descarrilassem. A libra caiu e o custo da dívida pública disparou, tornando mais caros os juros de empréstimos a famílias e empresas.

O Banco da Inglaterra precisou intervir para evitar que a situação se transformasse em uma crise financeira, com um programa maciço de compra de dívida de longo prazo que terminou na sexta-feira.

Em um sinal de que os anúncios de Hunt para garantir a estabilidade das finanças públicas do Reino Unido podem tranquilizar os mercados, mesmo antes de seu discurso na televisão, a libra subiu 1,08% em relação ao dólar nesta segunda-feira, sendo negociada a US$ 1,1293 às 6h20 (horário de Brasília).

As taxas de juro da dívida pública a 30 anos caíram para 4,48%, refletindo também uma resposta favorável dos investidores.

O secretário do Tesouro britânico, Jeremy Hunt, fala ao Parlamento em um pronunciamento ao lado da premiê Liz Truss Foto: Jessica Taylor/AFP - 17/10/2022

“Essa reação sugere que a remoção de Kwasi Kwarteng e a nomeação de Jeremy Hunt ajudaram a estabilizar o mercado e restaurar a confiança no mercado da dívida pública do Reino Unido”, disse Victoria Scholar, analista da Interactive Investors.

Hunt adiantou no fim de semana que teria de tomar medidas “duras”, com aumentos de impostos e cortes de gastos em todos os ministérios, uma mudança radical do programa de Truss, defensora de uma política ultraliberal de baixa tributação para estimular o “crescimento econômico”.

Político veterano

Membro veterano do gabinete britânico, Hunt ocupou cargos importantes no governo, incluindo ministro das Relações Exteriores e da Saúde. Ele é visto como um centrista entre os conservadores e considerado um “par de mãos seguro” e experiente para orientar o governo em sua atual crise autoinfligida.

É um retorno ao poder para um homem que concorreu duas vezes sem sucesso em disputas de liderança do Partido Conservador. No início deste ano, Hunt não conseguiu votos suficientes dos membros do partido e foi eliminado no primeiro turno da corrida para substituir Boris Johnson como líder do partido e primeiro-ministro do Reino Unido.

Hunt permaneceu um membro do Parlamento e manteve-se aos olhos do público, questionando as políticas do governo contra a covid-19 como chefe do seleto comitê de saúde e assistência social do Parlamento./AFP, AP e EFE

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