DENVER, EUA - Nos próximos meses, quando a sentença de Joaquín Guzmán Loera - o famoso traficante mexicano "El Chapo" - for revelada, os responsáveis pelo sistema prisional americano terão que informar também outra questão fundamental: onde ele cumprirá sua pena por tráfico de drogas.
E essa é uma informação fundamental no caso de El Chapo já que nas últimas duas vezes em que esteve atrás das grades, no México, ele conseguiu enganar as autoridades e fugir em ações com requintes de filme de Hollywood.
Recentemente, os advogados do ex-capo do cartel de Sinaloa disseram acreditar que ele será enviado para a prisão federal mais restritiva dos EUA em Florence, no Colorado, também conhecida como ADX ou Alcatraz das Montanhas.
O complexo é considerado um modelo tanto por seu sistema punitivo quanto por ser à prova de fuga: os presos passam 23 horas por dia dentro de suas celas com pouco contato humano e apenas uma minúscula janela, com menos de um metro de altura e 10 centímetros de largura.
"Este lugar não foi projetado para a humanidade", disse Robert Hood, ex-diretor do local, em declarações ao jornal The New York Times. "Não foi projetada para reabilitação. Ponto. Fim da história."
Aberta em 1994 em uma grande área desértica cerca de 60 quilômetros ao sul de Colorado Springs, por décadas a ADX tem sido utilizada como o destino final para uma grande quantidade de criminosos proeminentes.
Entre seus detentos mais famosos estão Terry Nichols, que foi cúmplice no atentado com bombas em Oklahoma City e Dzhokhar Tsarnaev, que aguarda para ser executado por sua participação nos atentados à Maratona de Boston.
Outros criminosos renomados também estão presos neste complexo, incluindo Theodore Kaczynski, conhecido como Unabomber; Robert Hanssen, o agente do FBI que espionou para a Rússia; e Ramzi Yousef, que atacou o World Trade Center em 1993.
Eric Robert Rudolph, que realizou uma série de ataques nos anos 90, incluindo um no Centennial Olympic Park de Atlanta, escreveu em um ensaio em 2008 que na ADX mesmo quando os prisioneiros estão fora das celas, os arredores são severos.
"Não é possível ver qualquer montanha, arbusto, árvore ou grama do pátio, apenas o céu", escreveu Rudolph. "Nas celas há espaço apenas para exercícios aeróbicos. Apesar da oportunidade de respirar ar puro e sentir a luz do sol em sua pele, o lado externo são celas com o céu."
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O traficante mexicano Joaquin "El Chapo" Guzmán pode ir para uma prisão de segurança máxima em Florence, Colorado, se for sentenciado à prisão perpétua em junho. Também conhecido como "supermax" e ‘Inferno high-tech’, a penitenciária é considerada uma das mais seguras dos Estados Unidos.
Dentro da prisão, Rudolph e outras pessoas que conheceram a ADX já disseram que as condições são igualmente sombrias, com praticamente todas as partes de suas 500 celas feitas de concreto. Programas religiosos e algumas produções educacionais são transmitidos no circuito fechado de televisão. Os chuveiros são intermitentes: o fluxo de água dura um minuto e exige que os prisioneiros apertam um botão para retomá-lo.
"Você pode precisar apertar o botão de ligar/desligar com frequência durante a duração de seu banho", diz o manual entregue para os presos ao chegarem à prisão.
Apesar de os presos raramente serem transferidos de celas ou alas, os funcionários da ADX fazem sete contagens de presos por dia: à 0h01, às 3 horas, às 5 horas, às 11 horas, às 16 horas, às 20 horas e às 21h45.
Pelas regras da prisão, cada detendo pode gastar US$ 285 (R$ 1060) por mês em uma espécie de loja interna, onde fatias de pepperoni custam US$ 2,40 e uma embalagem de salgadinho é vendida por US$ 1,90 e luvas de levantamento de peso estão disponíveis por US$ 10,40. Refeições, correio e remédios são entregues sem custo.
"Tudo que o prisioneiro precisa entra na cela pela abertura existente", escreveu Rudolph em seu ensaio, completando que o local tem as "condições básicas para um confinamento solitário de longa duração". "O propósito é desestruturar gradualmente a pessoal mental e fisicamente por meio de privação ambiental e física." / NYT