O Exército de Israel está pronto para uma ofensiva em Rafah, se necessário, diz porta-voz


Em entrevista ao Estadão, o major e porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI) em português, Rafael Rozenszajn, aponta que o Exército tem um plano para a retirada de civis da cidade caso uma ofensiva ocorra e que Israel quer solução diplomática com o Hezbollah

Por Daniel Gateno
Atualização:
Foto: Rafael Rozenszajn/Reprodução
Entrevista comRafael RozenszajnMajor e porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI) em português

O Exército de Israel está pronto para uma ofensiva em Rafah e tem planos para a retirada de civis da cidade caso o governo israelense dê o aval para a operação, segundo o major e porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI) em português, Rafael Rozenszajn.

“Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Nós já fizemos mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando para que saiam das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza e vamos continuar fazendo isso se uma operação em Rafah ocorrer”, explica Rozenszajn.

O Exército israelense ordenou nesta segunda-feira, 6, que cerca de 100 mil civis palestinos que estão em Rafah se deslocassem para uma uma área considerada mais segura dentro do enclave palestino, indicando que a ofensiva na cidade poderia estar próxima. Cerca de 1,4 milhão de palestinos - mais da metade da população de Gaza - estão amontoados na cidade e em seus arredores.

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Em entrevista ao Estadão, o porta-voz, que é nascido no Rio de Janeiro e mora em Israel há 19 anos, aponta que o país vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa em meio a negociações entre Tel-Aviv e o grupo terrorista Hamas que podem resultar em um acordo de cessar-fogo que inclua a soltura de sequestrados israelenses.

Tropas do Exército israelense estacionam tanques em uma área próxima a fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Menahem Kahana/AFP

No norte do país as tensões continuam com a milícia xiita radical libanesa Hezbollah, mas Rozenszajn garante que Israel deseja uma solução pacífica. O porta-voz acusa o Irã, que atacou Israel pela primeira vez de forma direta no dia 13 de abril, de ser a força mais “desestabilizadora do Oriente Médio”.

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“A ofensiva do Irã teve grandes proporções. Se não fosse a coalizão, o ataque tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense”.

Confira trechos da entrevista:

Depois de mais de 200 dias da guerra em Gaza, qual é o seu balanço da atuação do Exército?

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O ataque do 7 de outubro foi o maior ataque terrorista da história de Israel. Cerca de 3 mil terroristas invadiram o território israelense, eles entraram em uma festa que estava acontecendo no sul de Israel, também invadiram comunidades e mataram 1.200 pessoas. Além disso, 5.500 pessoas ficaram feridas e 240 foram sequestradas.

Mulheres foram estupradas, pessoas foram decapitadas, crianças foram assassinadas em suas camas, casas foram queimadas e tudo isso foi gravado pelas próprias câmaras que estavam acopladas nos capacetes dos terroristas e pelos celulares. Para se ter uma ideia, há cada 1000 pessoas aqui em Israel, uma foi afetada pelo ataque do 7 de outubro, ou seja, uma pessoa foi ou assassinada ou ferida ou sequestrada.

O Brasil tem uma população de cerca de 200 milhões de habitantes e se um ataque desse acontecesse no Brasil nas mesmas proporções, 160 mil pessoas seriam afetadas.

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Israelenses protestam pela soltura dos reféns que estão na Faixa de Gaza em uma avenida em Tel-Aviv  Foto: Jack Guez/AFP

O grupo terrorista Hamas começou a guerra. Israel não tinha interesse em começar um conflito. Esta guerra não é contra o Estado palestino, mas sim contra um grupo terrorista que tem como interesse exterminar o Estado de Israel. E Israel já está há mais de 200 dias travando esta guerra contra o grupo terrorista Hamas.

Esta é a guerra mais difícil da história das guerras, por quatro motivos.

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O primeiro é que esta guerra é travada em um ambiente urbano, não é travada em um local aberto. O Hamas optou por travar esta guerra dentro dos bairros na Faixa de Gaza. Segundo, esta guerra é travada em um dos locais mais densamente populosos do mundo.

Terceiro: esta guerra é travada em diversas frentes e não somente na Faixa de Gaza. O Hezbollah já lançou mais de 4 mil foguetes em direção ao território israelense, os Houthis no Iêmen também seguem lançando foguetes. Grupos terroristas na Cisjordânia continuam cometendo ataques terroristas em Israel e o Irã, que é a maior força desestabilizadora aqui no Oriente Médio, lançou foguetes e mísseis contra Israel há duas semanas em um ataque sem precedentes.

O quarto motivo e este talvez seja o principal motivo que faz com que esta guerra seja a mais complexa da história das guerras é que esta guerra é assimétrica, ela é travada entre um Estado democrático de direito que respeita todas as normas do direito internacional e um grupo terrorista que não tem nenhum compromisso com as leis internacionais.

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O Hamas lança os seus foguetes contra instituições civis no território israelense e se esconde atrás de civis, eles não utilizam uniformes militares, utilizam instituições civis para esconder armamentos e túneis subterrâneos.

Então esta guerra é muito complexa. O exército de Israel tem como objetivo trazer de volta os sequestrados e desmantelar a capacidade militar do Hamas.

Soldados israelenses operam dentro da Faixa de Gaza  Foto: Avishag Shaar-yashuv/NYT

As pessoas têm uma visão muito distorcida sobre o que significa proporcionalidade. Muita gente faz uma comparação quantitativa sobre o que aconteceu em Israel e o que acontece em Gaza. Mas precisamos comparar os danos colaterais com a vantagem militar. Em Israel, o Exército coloca na balança os danos civis e a vantagem militar do ataque, se os danos civis forem exageradamente maiores que a vantagem militar, o ataque não vai acontecer.

Se Israel quer atacar o cozinheiro do Hamas e ele está em uma creche com 50 crianças, é óbvio que o Exército não vai tentar matar o cozinheiro com o risco de que dezenas de crianças também irão morrer, mas se o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, estiver escondido em um túnel junto com seus familiares, o ataque não seria desproporcional por conta da vantagem militar.

Sabemos que Israel está participando de negociações no Egito para um possível acordo de trégua que faria com que pelo menos 33 reféns fossem libertados pelo grupo terrorista Hamas. Ao mesmo tempo, Netanyahu disse que a ofensiva em Rafah vai prosseguir do mesmo jeito, com ou sem acordo de cessar-fogo. Como Israel consegue atuar nestas duas frentes? Uma não prejudica a outra?

O Hamas sequestrou civis, tirou pessoas de suas camas, crianças, adultos e idosos e levou estas pessoas para a Faixa de Gaza. Estas pessoas estão em Gaza há mais de 200 dias em uma situação precária, em túneis subterrâneos, com falta de oxigênio, comida e bebida.

Mulheres estão sendo estupradas, nós temos estes relatos das reféns que retornaram. Temos confissões dos próprios terroristas que confessaram que estupraram mulheres, então um dos objetivos de Israel é fazer com que todos os reféns retornem. 133 reféns estão na Faixa de Gaza, nós sabemos que mais de 30 foram assassinados no cativeiro, sob responsabilidade do Hamas.

O Exército de Israel não faz parte das negociações que estão sendo feitas para a devolução dos sequestrados, mas o Exército vai atuar de acordo com as decisões do governo de Israel e vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa. Se uma operação em Rafah for necessária, então Israel irá fazer isso.

Nós temos planos para uma operação em Rafah e estamos prontos, se for necessário.

Milhares de palestinos foram deslocados para a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, por conta da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas  Foto: AFP/AFP

Se a ofensiva em Rafah de fato acontecer, qual seria o procedimento em relação aos civis palestinos? Milhares de civis foram para a cidade por conta da guerra no centro e no norte de Gaza.

Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Infelizmente muitos civis pagam o preço e o grupo terrorista Hamas é o responsável por isso porque utiliza estes civis como escudos humanos. Os terroristas do Hamas atuam atrás de civis, utilizam instituições civis e proíbem civis de saírem das zonas de combate.

Israel já fez mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando aos civis para saírem das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza, mostrando aos civis as regiões que eles precisam ir para que a sua segurança seja garantida.

O Exército israelense faz todo o possível para reduzir danos a civis, enquanto o grupo terrorista Hamas faz todo o possível para aumentar o dano a civis. O Hamas não dá valor à vida humana. O único valor que o grupo terrorista Hamas dá às vidas humanas são as vidas dos líderes do grupo e de suas famílias.

Então o Exército tem planos para retirar os civis em Rafah antes da operação para minimizar os danos. Mas os terroristas sempre vem junto com os civis, sempre que os civis se deslocam, os terroristas também vão atrás. O Exército vai continuar atuando de acordo com o direito internacional.

Vocês acreditam que os reféns israelenses estão em Rafah?

O que eu posso falar é que sabemos que dois sequestrados estavam em um cativeiro em Rafah, isso só mostra como o Hamas utiliza os civis como escudos humanos, inclusive para garantir o cativeiro dos sequestrados em Rafah. Sabemos que muitos sequestrados também estão em túneis subterrâneos, mas não posso entrar em detalhes sobre a localização deles.

Neste momento, qual é a situação do Exército dentro de Gaza? Quantas tropas estão operando e os civis palestinos estão de fato voltando para algumas áreas do enclave?

A atuação do Exército israelense na Faixa de Gaza é concentrada no centro e no sul do enclave palestino. O Exército atua neste momento de uma forma mais precisa e cirúrgica, com base em informações de inteligência. O contingente é menor do que foi no começo da guerra.

O exemplo que eu posso dar em relação a isso é a operação que foi feita no Hospital Shifa, há mais ou menos 3 semanas atrás. O Exército teve que atuar dentro do hospital, onde estavam mais de 1000 terroristas do Hamas.

Palestinos caminham por uma zona destruída por conta da operação israelense no Hospital Shifa, na Cidade de Gaza  Foto: Mohammed Hajjar/AP

Como vocês avaliam a situação do Irã neste momento?

O Irã é a maior força desestabilizadora no Oriente Médio. O Irã financia, dá armamento e conhecimento a todos os grupos terroristas aqui na região. Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica e Houthis, todos são proxies do Irã.

Este ataque cruel de Teerã não foi uma retaliação, foi um ataque com 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos. Neste ataque, os mísseis do Irã carregaram 60 toneladas de materiais explosivos. Para termos uma ideia, para destruir um prédio de 16 andares, é preciso ter 100 kg de explosivos. A ofensiva do Irã tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense.

Foi a maior ofensiva de aviões não tripulados e mísseis da história. Vamos imaginar o que aconteceria no território israelense se este ataque não fosse interceptado. O Irã é uma ameaça não só ao Estado de Israel, é uma ameaça ao mundo todo.

Judeus ortodoxos observam um míssil iraniano que caiu na cidade de Arad, em Israel  Foto: Ohad Zwigenberg/AP

Israel quer viver em paz e não tem nenhuma vontade de participar de guerras assim. Como diria a ex-primeira-ministra de Israel Golda Meir, se Israel deixar suas armas o Estado acaba, mas se os nossos inimigos deixarem suas armas poderemos ter uma paz aqui no Oriente Médio.

Como está a fronteira norte de Israel, com o Líbano? As cidades próximas da fronteira foram evacuadas e tropas israelenses estão na fronteira?

O Hezbollah já lançou cerca de 4 mil foguetes em direção ao território israelense. O Hezbollah descumpre a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU e é uma ameaça ao Estado de Israel.

Obviamente preferimos uma solução diplomática no norte de Israel, mas se isso não for possível, teremos que optar por uma solução militar. Caso um conflito maior ocorra, o Hezbollah causará danos enormes ao Líbano.

O Exército de Israel está pronto para uma ofensiva em Rafah e tem planos para a retirada de civis da cidade caso o governo israelense dê o aval para a operação, segundo o major e porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI) em português, Rafael Rozenszajn.

“Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Nós já fizemos mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando para que saiam das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza e vamos continuar fazendo isso se uma operação em Rafah ocorrer”, explica Rozenszajn.

O Exército israelense ordenou nesta segunda-feira, 6, que cerca de 100 mil civis palestinos que estão em Rafah se deslocassem para uma uma área considerada mais segura dentro do enclave palestino, indicando que a ofensiva na cidade poderia estar próxima. Cerca de 1,4 milhão de palestinos - mais da metade da população de Gaza - estão amontoados na cidade e em seus arredores.

Em entrevista ao Estadão, o porta-voz, que é nascido no Rio de Janeiro e mora em Israel há 19 anos, aponta que o país vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa em meio a negociações entre Tel-Aviv e o grupo terrorista Hamas que podem resultar em um acordo de cessar-fogo que inclua a soltura de sequestrados israelenses.

Tropas do Exército israelense estacionam tanques em uma área próxima a fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Menahem Kahana/AFP

No norte do país as tensões continuam com a milícia xiita radical libanesa Hezbollah, mas Rozenszajn garante que Israel deseja uma solução pacífica. O porta-voz acusa o Irã, que atacou Israel pela primeira vez de forma direta no dia 13 de abril, de ser a força mais “desestabilizadora do Oriente Médio”.

“A ofensiva do Irã teve grandes proporções. Se não fosse a coalizão, o ataque tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense”.

Confira trechos da entrevista:

Depois de mais de 200 dias da guerra em Gaza, qual é o seu balanço da atuação do Exército?

O ataque do 7 de outubro foi o maior ataque terrorista da história de Israel. Cerca de 3 mil terroristas invadiram o território israelense, eles entraram em uma festa que estava acontecendo no sul de Israel, também invadiram comunidades e mataram 1.200 pessoas. Além disso, 5.500 pessoas ficaram feridas e 240 foram sequestradas.

Mulheres foram estupradas, pessoas foram decapitadas, crianças foram assassinadas em suas camas, casas foram queimadas e tudo isso foi gravado pelas próprias câmaras que estavam acopladas nos capacetes dos terroristas e pelos celulares. Para se ter uma ideia, há cada 1000 pessoas aqui em Israel, uma foi afetada pelo ataque do 7 de outubro, ou seja, uma pessoa foi ou assassinada ou ferida ou sequestrada.

O Brasil tem uma população de cerca de 200 milhões de habitantes e se um ataque desse acontecesse no Brasil nas mesmas proporções, 160 mil pessoas seriam afetadas.

Israelenses protestam pela soltura dos reféns que estão na Faixa de Gaza em uma avenida em Tel-Aviv  Foto: Jack Guez/AFP

O grupo terrorista Hamas começou a guerra. Israel não tinha interesse em começar um conflito. Esta guerra não é contra o Estado palestino, mas sim contra um grupo terrorista que tem como interesse exterminar o Estado de Israel. E Israel já está há mais de 200 dias travando esta guerra contra o grupo terrorista Hamas.

Esta é a guerra mais difícil da história das guerras, por quatro motivos.

O primeiro é que esta guerra é travada em um ambiente urbano, não é travada em um local aberto. O Hamas optou por travar esta guerra dentro dos bairros na Faixa de Gaza. Segundo, esta guerra é travada em um dos locais mais densamente populosos do mundo.

Terceiro: esta guerra é travada em diversas frentes e não somente na Faixa de Gaza. O Hezbollah já lançou mais de 4 mil foguetes em direção ao território israelense, os Houthis no Iêmen também seguem lançando foguetes. Grupos terroristas na Cisjordânia continuam cometendo ataques terroristas em Israel e o Irã, que é a maior força desestabilizadora aqui no Oriente Médio, lançou foguetes e mísseis contra Israel há duas semanas em um ataque sem precedentes.

O quarto motivo e este talvez seja o principal motivo que faz com que esta guerra seja a mais complexa da história das guerras é que esta guerra é assimétrica, ela é travada entre um Estado democrático de direito que respeita todas as normas do direito internacional e um grupo terrorista que não tem nenhum compromisso com as leis internacionais.

O Hamas lança os seus foguetes contra instituições civis no território israelense e se esconde atrás de civis, eles não utilizam uniformes militares, utilizam instituições civis para esconder armamentos e túneis subterrâneos.

Então esta guerra é muito complexa. O exército de Israel tem como objetivo trazer de volta os sequestrados e desmantelar a capacidade militar do Hamas.

Soldados israelenses operam dentro da Faixa de Gaza  Foto: Avishag Shaar-yashuv/NYT

As pessoas têm uma visão muito distorcida sobre o que significa proporcionalidade. Muita gente faz uma comparação quantitativa sobre o que aconteceu em Israel e o que acontece em Gaza. Mas precisamos comparar os danos colaterais com a vantagem militar. Em Israel, o Exército coloca na balança os danos civis e a vantagem militar do ataque, se os danos civis forem exageradamente maiores que a vantagem militar, o ataque não vai acontecer.

Se Israel quer atacar o cozinheiro do Hamas e ele está em uma creche com 50 crianças, é óbvio que o Exército não vai tentar matar o cozinheiro com o risco de que dezenas de crianças também irão morrer, mas se o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, estiver escondido em um túnel junto com seus familiares, o ataque não seria desproporcional por conta da vantagem militar.

Sabemos que Israel está participando de negociações no Egito para um possível acordo de trégua que faria com que pelo menos 33 reféns fossem libertados pelo grupo terrorista Hamas. Ao mesmo tempo, Netanyahu disse que a ofensiva em Rafah vai prosseguir do mesmo jeito, com ou sem acordo de cessar-fogo. Como Israel consegue atuar nestas duas frentes? Uma não prejudica a outra?

O Hamas sequestrou civis, tirou pessoas de suas camas, crianças, adultos e idosos e levou estas pessoas para a Faixa de Gaza. Estas pessoas estão em Gaza há mais de 200 dias em uma situação precária, em túneis subterrâneos, com falta de oxigênio, comida e bebida.

Mulheres estão sendo estupradas, nós temos estes relatos das reféns que retornaram. Temos confissões dos próprios terroristas que confessaram que estupraram mulheres, então um dos objetivos de Israel é fazer com que todos os reféns retornem. 133 reféns estão na Faixa de Gaza, nós sabemos que mais de 30 foram assassinados no cativeiro, sob responsabilidade do Hamas.

O Exército de Israel não faz parte das negociações que estão sendo feitas para a devolução dos sequestrados, mas o Exército vai atuar de acordo com as decisões do governo de Israel e vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa. Se uma operação em Rafah for necessária, então Israel irá fazer isso.

Nós temos planos para uma operação em Rafah e estamos prontos, se for necessário.

Milhares de palestinos foram deslocados para a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, por conta da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas  Foto: AFP/AFP

Se a ofensiva em Rafah de fato acontecer, qual seria o procedimento em relação aos civis palestinos? Milhares de civis foram para a cidade por conta da guerra no centro e no norte de Gaza.

Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Infelizmente muitos civis pagam o preço e o grupo terrorista Hamas é o responsável por isso porque utiliza estes civis como escudos humanos. Os terroristas do Hamas atuam atrás de civis, utilizam instituições civis e proíbem civis de saírem das zonas de combate.

Israel já fez mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando aos civis para saírem das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza, mostrando aos civis as regiões que eles precisam ir para que a sua segurança seja garantida.

O Exército israelense faz todo o possível para reduzir danos a civis, enquanto o grupo terrorista Hamas faz todo o possível para aumentar o dano a civis. O Hamas não dá valor à vida humana. O único valor que o grupo terrorista Hamas dá às vidas humanas são as vidas dos líderes do grupo e de suas famílias.

Então o Exército tem planos para retirar os civis em Rafah antes da operação para minimizar os danos. Mas os terroristas sempre vem junto com os civis, sempre que os civis se deslocam, os terroristas também vão atrás. O Exército vai continuar atuando de acordo com o direito internacional.

Vocês acreditam que os reféns israelenses estão em Rafah?

O que eu posso falar é que sabemos que dois sequestrados estavam em um cativeiro em Rafah, isso só mostra como o Hamas utiliza os civis como escudos humanos, inclusive para garantir o cativeiro dos sequestrados em Rafah. Sabemos que muitos sequestrados também estão em túneis subterrâneos, mas não posso entrar em detalhes sobre a localização deles.

Neste momento, qual é a situação do Exército dentro de Gaza? Quantas tropas estão operando e os civis palestinos estão de fato voltando para algumas áreas do enclave?

A atuação do Exército israelense na Faixa de Gaza é concentrada no centro e no sul do enclave palestino. O Exército atua neste momento de uma forma mais precisa e cirúrgica, com base em informações de inteligência. O contingente é menor do que foi no começo da guerra.

O exemplo que eu posso dar em relação a isso é a operação que foi feita no Hospital Shifa, há mais ou menos 3 semanas atrás. O Exército teve que atuar dentro do hospital, onde estavam mais de 1000 terroristas do Hamas.

Palestinos caminham por uma zona destruída por conta da operação israelense no Hospital Shifa, na Cidade de Gaza  Foto: Mohammed Hajjar/AP

Como vocês avaliam a situação do Irã neste momento?

O Irã é a maior força desestabilizadora no Oriente Médio. O Irã financia, dá armamento e conhecimento a todos os grupos terroristas aqui na região. Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica e Houthis, todos são proxies do Irã.

Este ataque cruel de Teerã não foi uma retaliação, foi um ataque com 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos. Neste ataque, os mísseis do Irã carregaram 60 toneladas de materiais explosivos. Para termos uma ideia, para destruir um prédio de 16 andares, é preciso ter 100 kg de explosivos. A ofensiva do Irã tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense.

Foi a maior ofensiva de aviões não tripulados e mísseis da história. Vamos imaginar o que aconteceria no território israelense se este ataque não fosse interceptado. O Irã é uma ameaça não só ao Estado de Israel, é uma ameaça ao mundo todo.

Judeus ortodoxos observam um míssil iraniano que caiu na cidade de Arad, em Israel  Foto: Ohad Zwigenberg/AP

Israel quer viver em paz e não tem nenhuma vontade de participar de guerras assim. Como diria a ex-primeira-ministra de Israel Golda Meir, se Israel deixar suas armas o Estado acaba, mas se os nossos inimigos deixarem suas armas poderemos ter uma paz aqui no Oriente Médio.

Como está a fronteira norte de Israel, com o Líbano? As cidades próximas da fronteira foram evacuadas e tropas israelenses estão na fronteira?

O Hezbollah já lançou cerca de 4 mil foguetes em direção ao território israelense. O Hezbollah descumpre a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU e é uma ameaça ao Estado de Israel.

Obviamente preferimos uma solução diplomática no norte de Israel, mas se isso não for possível, teremos que optar por uma solução militar. Caso um conflito maior ocorra, o Hezbollah causará danos enormes ao Líbano.

O Exército de Israel está pronto para uma ofensiva em Rafah e tem planos para a retirada de civis da cidade caso o governo israelense dê o aval para a operação, segundo o major e porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI) em português, Rafael Rozenszajn.

“Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Nós já fizemos mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando para que saiam das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza e vamos continuar fazendo isso se uma operação em Rafah ocorrer”, explica Rozenszajn.

O Exército israelense ordenou nesta segunda-feira, 6, que cerca de 100 mil civis palestinos que estão em Rafah se deslocassem para uma uma área considerada mais segura dentro do enclave palestino, indicando que a ofensiva na cidade poderia estar próxima. Cerca de 1,4 milhão de palestinos - mais da metade da população de Gaza - estão amontoados na cidade e em seus arredores.

Em entrevista ao Estadão, o porta-voz, que é nascido no Rio de Janeiro e mora em Israel há 19 anos, aponta que o país vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa em meio a negociações entre Tel-Aviv e o grupo terrorista Hamas que podem resultar em um acordo de cessar-fogo que inclua a soltura de sequestrados israelenses.

Tropas do Exército israelense estacionam tanques em uma área próxima a fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Menahem Kahana/AFP

No norte do país as tensões continuam com a milícia xiita radical libanesa Hezbollah, mas Rozenszajn garante que Israel deseja uma solução pacífica. O porta-voz acusa o Irã, que atacou Israel pela primeira vez de forma direta no dia 13 de abril, de ser a força mais “desestabilizadora do Oriente Médio”.

“A ofensiva do Irã teve grandes proporções. Se não fosse a coalizão, o ataque tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense”.

Confira trechos da entrevista:

Depois de mais de 200 dias da guerra em Gaza, qual é o seu balanço da atuação do Exército?

O ataque do 7 de outubro foi o maior ataque terrorista da história de Israel. Cerca de 3 mil terroristas invadiram o território israelense, eles entraram em uma festa que estava acontecendo no sul de Israel, também invadiram comunidades e mataram 1.200 pessoas. Além disso, 5.500 pessoas ficaram feridas e 240 foram sequestradas.

Mulheres foram estupradas, pessoas foram decapitadas, crianças foram assassinadas em suas camas, casas foram queimadas e tudo isso foi gravado pelas próprias câmaras que estavam acopladas nos capacetes dos terroristas e pelos celulares. Para se ter uma ideia, há cada 1000 pessoas aqui em Israel, uma foi afetada pelo ataque do 7 de outubro, ou seja, uma pessoa foi ou assassinada ou ferida ou sequestrada.

O Brasil tem uma população de cerca de 200 milhões de habitantes e se um ataque desse acontecesse no Brasil nas mesmas proporções, 160 mil pessoas seriam afetadas.

Israelenses protestam pela soltura dos reféns que estão na Faixa de Gaza em uma avenida em Tel-Aviv  Foto: Jack Guez/AFP

O grupo terrorista Hamas começou a guerra. Israel não tinha interesse em começar um conflito. Esta guerra não é contra o Estado palestino, mas sim contra um grupo terrorista que tem como interesse exterminar o Estado de Israel. E Israel já está há mais de 200 dias travando esta guerra contra o grupo terrorista Hamas.

Esta é a guerra mais difícil da história das guerras, por quatro motivos.

O primeiro é que esta guerra é travada em um ambiente urbano, não é travada em um local aberto. O Hamas optou por travar esta guerra dentro dos bairros na Faixa de Gaza. Segundo, esta guerra é travada em um dos locais mais densamente populosos do mundo.

Terceiro: esta guerra é travada em diversas frentes e não somente na Faixa de Gaza. O Hezbollah já lançou mais de 4 mil foguetes em direção ao território israelense, os Houthis no Iêmen também seguem lançando foguetes. Grupos terroristas na Cisjordânia continuam cometendo ataques terroristas em Israel e o Irã, que é a maior força desestabilizadora aqui no Oriente Médio, lançou foguetes e mísseis contra Israel há duas semanas em um ataque sem precedentes.

O quarto motivo e este talvez seja o principal motivo que faz com que esta guerra seja a mais complexa da história das guerras é que esta guerra é assimétrica, ela é travada entre um Estado democrático de direito que respeita todas as normas do direito internacional e um grupo terrorista que não tem nenhum compromisso com as leis internacionais.

O Hamas lança os seus foguetes contra instituições civis no território israelense e se esconde atrás de civis, eles não utilizam uniformes militares, utilizam instituições civis para esconder armamentos e túneis subterrâneos.

Então esta guerra é muito complexa. O exército de Israel tem como objetivo trazer de volta os sequestrados e desmantelar a capacidade militar do Hamas.

Soldados israelenses operam dentro da Faixa de Gaza  Foto: Avishag Shaar-yashuv/NYT

As pessoas têm uma visão muito distorcida sobre o que significa proporcionalidade. Muita gente faz uma comparação quantitativa sobre o que aconteceu em Israel e o que acontece em Gaza. Mas precisamos comparar os danos colaterais com a vantagem militar. Em Israel, o Exército coloca na balança os danos civis e a vantagem militar do ataque, se os danos civis forem exageradamente maiores que a vantagem militar, o ataque não vai acontecer.

Se Israel quer atacar o cozinheiro do Hamas e ele está em uma creche com 50 crianças, é óbvio que o Exército não vai tentar matar o cozinheiro com o risco de que dezenas de crianças também irão morrer, mas se o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, estiver escondido em um túnel junto com seus familiares, o ataque não seria desproporcional por conta da vantagem militar.

Sabemos que Israel está participando de negociações no Egito para um possível acordo de trégua que faria com que pelo menos 33 reféns fossem libertados pelo grupo terrorista Hamas. Ao mesmo tempo, Netanyahu disse que a ofensiva em Rafah vai prosseguir do mesmo jeito, com ou sem acordo de cessar-fogo. Como Israel consegue atuar nestas duas frentes? Uma não prejudica a outra?

O Hamas sequestrou civis, tirou pessoas de suas camas, crianças, adultos e idosos e levou estas pessoas para a Faixa de Gaza. Estas pessoas estão em Gaza há mais de 200 dias em uma situação precária, em túneis subterrâneos, com falta de oxigênio, comida e bebida.

Mulheres estão sendo estupradas, nós temos estes relatos das reféns que retornaram. Temos confissões dos próprios terroristas que confessaram que estupraram mulheres, então um dos objetivos de Israel é fazer com que todos os reféns retornem. 133 reféns estão na Faixa de Gaza, nós sabemos que mais de 30 foram assassinados no cativeiro, sob responsabilidade do Hamas.

O Exército de Israel não faz parte das negociações que estão sendo feitas para a devolução dos sequestrados, mas o Exército vai atuar de acordo com as decisões do governo de Israel e vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa. Se uma operação em Rafah for necessária, então Israel irá fazer isso.

Nós temos planos para uma operação em Rafah e estamos prontos, se for necessário.

Milhares de palestinos foram deslocados para a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, por conta da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas  Foto: AFP/AFP

Se a ofensiva em Rafah de fato acontecer, qual seria o procedimento em relação aos civis palestinos? Milhares de civis foram para a cidade por conta da guerra no centro e no norte de Gaza.

Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Infelizmente muitos civis pagam o preço e o grupo terrorista Hamas é o responsável por isso porque utiliza estes civis como escudos humanos. Os terroristas do Hamas atuam atrás de civis, utilizam instituições civis e proíbem civis de saírem das zonas de combate.

Israel já fez mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando aos civis para saírem das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza, mostrando aos civis as regiões que eles precisam ir para que a sua segurança seja garantida.

O Exército israelense faz todo o possível para reduzir danos a civis, enquanto o grupo terrorista Hamas faz todo o possível para aumentar o dano a civis. O Hamas não dá valor à vida humana. O único valor que o grupo terrorista Hamas dá às vidas humanas são as vidas dos líderes do grupo e de suas famílias.

Então o Exército tem planos para retirar os civis em Rafah antes da operação para minimizar os danos. Mas os terroristas sempre vem junto com os civis, sempre que os civis se deslocam, os terroristas também vão atrás. O Exército vai continuar atuando de acordo com o direito internacional.

Vocês acreditam que os reféns israelenses estão em Rafah?

O que eu posso falar é que sabemos que dois sequestrados estavam em um cativeiro em Rafah, isso só mostra como o Hamas utiliza os civis como escudos humanos, inclusive para garantir o cativeiro dos sequestrados em Rafah. Sabemos que muitos sequestrados também estão em túneis subterrâneos, mas não posso entrar em detalhes sobre a localização deles.

Neste momento, qual é a situação do Exército dentro de Gaza? Quantas tropas estão operando e os civis palestinos estão de fato voltando para algumas áreas do enclave?

A atuação do Exército israelense na Faixa de Gaza é concentrada no centro e no sul do enclave palestino. O Exército atua neste momento de uma forma mais precisa e cirúrgica, com base em informações de inteligência. O contingente é menor do que foi no começo da guerra.

O exemplo que eu posso dar em relação a isso é a operação que foi feita no Hospital Shifa, há mais ou menos 3 semanas atrás. O Exército teve que atuar dentro do hospital, onde estavam mais de 1000 terroristas do Hamas.

Palestinos caminham por uma zona destruída por conta da operação israelense no Hospital Shifa, na Cidade de Gaza  Foto: Mohammed Hajjar/AP

Como vocês avaliam a situação do Irã neste momento?

O Irã é a maior força desestabilizadora no Oriente Médio. O Irã financia, dá armamento e conhecimento a todos os grupos terroristas aqui na região. Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica e Houthis, todos são proxies do Irã.

Este ataque cruel de Teerã não foi uma retaliação, foi um ataque com 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos. Neste ataque, os mísseis do Irã carregaram 60 toneladas de materiais explosivos. Para termos uma ideia, para destruir um prédio de 16 andares, é preciso ter 100 kg de explosivos. A ofensiva do Irã tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense.

Foi a maior ofensiva de aviões não tripulados e mísseis da história. Vamos imaginar o que aconteceria no território israelense se este ataque não fosse interceptado. O Irã é uma ameaça não só ao Estado de Israel, é uma ameaça ao mundo todo.

Judeus ortodoxos observam um míssil iraniano que caiu na cidade de Arad, em Israel  Foto: Ohad Zwigenberg/AP

Israel quer viver em paz e não tem nenhuma vontade de participar de guerras assim. Como diria a ex-primeira-ministra de Israel Golda Meir, se Israel deixar suas armas o Estado acaba, mas se os nossos inimigos deixarem suas armas poderemos ter uma paz aqui no Oriente Médio.

Como está a fronteira norte de Israel, com o Líbano? As cidades próximas da fronteira foram evacuadas e tropas israelenses estão na fronteira?

O Hezbollah já lançou cerca de 4 mil foguetes em direção ao território israelense. O Hezbollah descumpre a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU e é uma ameaça ao Estado de Israel.

Obviamente preferimos uma solução diplomática no norte de Israel, mas se isso não for possível, teremos que optar por uma solução militar. Caso um conflito maior ocorra, o Hezbollah causará danos enormes ao Líbano.

O Exército de Israel está pronto para uma ofensiva em Rafah e tem planos para a retirada de civis da cidade caso o governo israelense dê o aval para a operação, segundo o major e porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI) em português, Rafael Rozenszajn.

“Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Nós já fizemos mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando para que saiam das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza e vamos continuar fazendo isso se uma operação em Rafah ocorrer”, explica Rozenszajn.

O Exército israelense ordenou nesta segunda-feira, 6, que cerca de 100 mil civis palestinos que estão em Rafah se deslocassem para uma uma área considerada mais segura dentro do enclave palestino, indicando que a ofensiva na cidade poderia estar próxima. Cerca de 1,4 milhão de palestinos - mais da metade da população de Gaza - estão amontoados na cidade e em seus arredores.

Em entrevista ao Estadão, o porta-voz, que é nascido no Rio de Janeiro e mora em Israel há 19 anos, aponta que o país vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa em meio a negociações entre Tel-Aviv e o grupo terrorista Hamas que podem resultar em um acordo de cessar-fogo que inclua a soltura de sequestrados israelenses.

Tropas do Exército israelense estacionam tanques em uma área próxima a fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Menahem Kahana/AFP

No norte do país as tensões continuam com a milícia xiita radical libanesa Hezbollah, mas Rozenszajn garante que Israel deseja uma solução pacífica. O porta-voz acusa o Irã, que atacou Israel pela primeira vez de forma direta no dia 13 de abril, de ser a força mais “desestabilizadora do Oriente Médio”.

“A ofensiva do Irã teve grandes proporções. Se não fosse a coalizão, o ataque tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense”.

Confira trechos da entrevista:

Depois de mais de 200 dias da guerra em Gaza, qual é o seu balanço da atuação do Exército?

O ataque do 7 de outubro foi o maior ataque terrorista da história de Israel. Cerca de 3 mil terroristas invadiram o território israelense, eles entraram em uma festa que estava acontecendo no sul de Israel, também invadiram comunidades e mataram 1.200 pessoas. Além disso, 5.500 pessoas ficaram feridas e 240 foram sequestradas.

Mulheres foram estupradas, pessoas foram decapitadas, crianças foram assassinadas em suas camas, casas foram queimadas e tudo isso foi gravado pelas próprias câmaras que estavam acopladas nos capacetes dos terroristas e pelos celulares. Para se ter uma ideia, há cada 1000 pessoas aqui em Israel, uma foi afetada pelo ataque do 7 de outubro, ou seja, uma pessoa foi ou assassinada ou ferida ou sequestrada.

O Brasil tem uma população de cerca de 200 milhões de habitantes e se um ataque desse acontecesse no Brasil nas mesmas proporções, 160 mil pessoas seriam afetadas.

Israelenses protestam pela soltura dos reféns que estão na Faixa de Gaza em uma avenida em Tel-Aviv  Foto: Jack Guez/AFP

O grupo terrorista Hamas começou a guerra. Israel não tinha interesse em começar um conflito. Esta guerra não é contra o Estado palestino, mas sim contra um grupo terrorista que tem como interesse exterminar o Estado de Israel. E Israel já está há mais de 200 dias travando esta guerra contra o grupo terrorista Hamas.

Esta é a guerra mais difícil da história das guerras, por quatro motivos.

O primeiro é que esta guerra é travada em um ambiente urbano, não é travada em um local aberto. O Hamas optou por travar esta guerra dentro dos bairros na Faixa de Gaza. Segundo, esta guerra é travada em um dos locais mais densamente populosos do mundo.

Terceiro: esta guerra é travada em diversas frentes e não somente na Faixa de Gaza. O Hezbollah já lançou mais de 4 mil foguetes em direção ao território israelense, os Houthis no Iêmen também seguem lançando foguetes. Grupos terroristas na Cisjordânia continuam cometendo ataques terroristas em Israel e o Irã, que é a maior força desestabilizadora aqui no Oriente Médio, lançou foguetes e mísseis contra Israel há duas semanas em um ataque sem precedentes.

O quarto motivo e este talvez seja o principal motivo que faz com que esta guerra seja a mais complexa da história das guerras é que esta guerra é assimétrica, ela é travada entre um Estado democrático de direito que respeita todas as normas do direito internacional e um grupo terrorista que não tem nenhum compromisso com as leis internacionais.

O Hamas lança os seus foguetes contra instituições civis no território israelense e se esconde atrás de civis, eles não utilizam uniformes militares, utilizam instituições civis para esconder armamentos e túneis subterrâneos.

Então esta guerra é muito complexa. O exército de Israel tem como objetivo trazer de volta os sequestrados e desmantelar a capacidade militar do Hamas.

Soldados israelenses operam dentro da Faixa de Gaza  Foto: Avishag Shaar-yashuv/NYT

As pessoas têm uma visão muito distorcida sobre o que significa proporcionalidade. Muita gente faz uma comparação quantitativa sobre o que aconteceu em Israel e o que acontece em Gaza. Mas precisamos comparar os danos colaterais com a vantagem militar. Em Israel, o Exército coloca na balança os danos civis e a vantagem militar do ataque, se os danos civis forem exageradamente maiores que a vantagem militar, o ataque não vai acontecer.

Se Israel quer atacar o cozinheiro do Hamas e ele está em uma creche com 50 crianças, é óbvio que o Exército não vai tentar matar o cozinheiro com o risco de que dezenas de crianças também irão morrer, mas se o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, estiver escondido em um túnel junto com seus familiares, o ataque não seria desproporcional por conta da vantagem militar.

Sabemos que Israel está participando de negociações no Egito para um possível acordo de trégua que faria com que pelo menos 33 reféns fossem libertados pelo grupo terrorista Hamas. Ao mesmo tempo, Netanyahu disse que a ofensiva em Rafah vai prosseguir do mesmo jeito, com ou sem acordo de cessar-fogo. Como Israel consegue atuar nestas duas frentes? Uma não prejudica a outra?

O Hamas sequestrou civis, tirou pessoas de suas camas, crianças, adultos e idosos e levou estas pessoas para a Faixa de Gaza. Estas pessoas estão em Gaza há mais de 200 dias em uma situação precária, em túneis subterrâneos, com falta de oxigênio, comida e bebida.

Mulheres estão sendo estupradas, nós temos estes relatos das reféns que retornaram. Temos confissões dos próprios terroristas que confessaram que estupraram mulheres, então um dos objetivos de Israel é fazer com que todos os reféns retornem. 133 reféns estão na Faixa de Gaza, nós sabemos que mais de 30 foram assassinados no cativeiro, sob responsabilidade do Hamas.

O Exército de Israel não faz parte das negociações que estão sendo feitas para a devolução dos sequestrados, mas o Exército vai atuar de acordo com as decisões do governo de Israel e vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa. Se uma operação em Rafah for necessária, então Israel irá fazer isso.

Nós temos planos para uma operação em Rafah e estamos prontos, se for necessário.

Milhares de palestinos foram deslocados para a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, por conta da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas  Foto: AFP/AFP

Se a ofensiva em Rafah de fato acontecer, qual seria o procedimento em relação aos civis palestinos? Milhares de civis foram para a cidade por conta da guerra no centro e no norte de Gaza.

Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Infelizmente muitos civis pagam o preço e o grupo terrorista Hamas é o responsável por isso porque utiliza estes civis como escudos humanos. Os terroristas do Hamas atuam atrás de civis, utilizam instituições civis e proíbem civis de saírem das zonas de combate.

Israel já fez mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando aos civis para saírem das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza, mostrando aos civis as regiões que eles precisam ir para que a sua segurança seja garantida.

O Exército israelense faz todo o possível para reduzir danos a civis, enquanto o grupo terrorista Hamas faz todo o possível para aumentar o dano a civis. O Hamas não dá valor à vida humana. O único valor que o grupo terrorista Hamas dá às vidas humanas são as vidas dos líderes do grupo e de suas famílias.

Então o Exército tem planos para retirar os civis em Rafah antes da operação para minimizar os danos. Mas os terroristas sempre vem junto com os civis, sempre que os civis se deslocam, os terroristas também vão atrás. O Exército vai continuar atuando de acordo com o direito internacional.

Vocês acreditam que os reféns israelenses estão em Rafah?

O que eu posso falar é que sabemos que dois sequestrados estavam em um cativeiro em Rafah, isso só mostra como o Hamas utiliza os civis como escudos humanos, inclusive para garantir o cativeiro dos sequestrados em Rafah. Sabemos que muitos sequestrados também estão em túneis subterrâneos, mas não posso entrar em detalhes sobre a localização deles.

Neste momento, qual é a situação do Exército dentro de Gaza? Quantas tropas estão operando e os civis palestinos estão de fato voltando para algumas áreas do enclave?

A atuação do Exército israelense na Faixa de Gaza é concentrada no centro e no sul do enclave palestino. O Exército atua neste momento de uma forma mais precisa e cirúrgica, com base em informações de inteligência. O contingente é menor do que foi no começo da guerra.

O exemplo que eu posso dar em relação a isso é a operação que foi feita no Hospital Shifa, há mais ou menos 3 semanas atrás. O Exército teve que atuar dentro do hospital, onde estavam mais de 1000 terroristas do Hamas.

Palestinos caminham por uma zona destruída por conta da operação israelense no Hospital Shifa, na Cidade de Gaza  Foto: Mohammed Hajjar/AP

Como vocês avaliam a situação do Irã neste momento?

O Irã é a maior força desestabilizadora no Oriente Médio. O Irã financia, dá armamento e conhecimento a todos os grupos terroristas aqui na região. Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica e Houthis, todos são proxies do Irã.

Este ataque cruel de Teerã não foi uma retaliação, foi um ataque com 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos. Neste ataque, os mísseis do Irã carregaram 60 toneladas de materiais explosivos. Para termos uma ideia, para destruir um prédio de 16 andares, é preciso ter 100 kg de explosivos. A ofensiva do Irã tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense.

Foi a maior ofensiva de aviões não tripulados e mísseis da história. Vamos imaginar o que aconteceria no território israelense se este ataque não fosse interceptado. O Irã é uma ameaça não só ao Estado de Israel, é uma ameaça ao mundo todo.

Judeus ortodoxos observam um míssil iraniano que caiu na cidade de Arad, em Israel  Foto: Ohad Zwigenberg/AP

Israel quer viver em paz e não tem nenhuma vontade de participar de guerras assim. Como diria a ex-primeira-ministra de Israel Golda Meir, se Israel deixar suas armas o Estado acaba, mas se os nossos inimigos deixarem suas armas poderemos ter uma paz aqui no Oriente Médio.

Como está a fronteira norte de Israel, com o Líbano? As cidades próximas da fronteira foram evacuadas e tropas israelenses estão na fronteira?

O Hezbollah já lançou cerca de 4 mil foguetes em direção ao território israelense. O Hezbollah descumpre a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU e é uma ameaça ao Estado de Israel.

Obviamente preferimos uma solução diplomática no norte de Israel, mas se isso não for possível, teremos que optar por uma solução militar. Caso um conflito maior ocorra, o Hezbollah causará danos enormes ao Líbano.

O Exército de Israel está pronto para uma ofensiva em Rafah e tem planos para a retirada de civis da cidade caso o governo israelense dê o aval para a operação, segundo o major e porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI) em português, Rafael Rozenszajn.

“Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Nós já fizemos mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando para que saiam das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza e vamos continuar fazendo isso se uma operação em Rafah ocorrer”, explica Rozenszajn.

O Exército israelense ordenou nesta segunda-feira, 6, que cerca de 100 mil civis palestinos que estão em Rafah se deslocassem para uma uma área considerada mais segura dentro do enclave palestino, indicando que a ofensiva na cidade poderia estar próxima. Cerca de 1,4 milhão de palestinos - mais da metade da população de Gaza - estão amontoados na cidade e em seus arredores.

Em entrevista ao Estadão, o porta-voz, que é nascido no Rio de Janeiro e mora em Israel há 19 anos, aponta que o país vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa em meio a negociações entre Tel-Aviv e o grupo terrorista Hamas que podem resultar em um acordo de cessar-fogo que inclua a soltura de sequestrados israelenses.

Tropas do Exército israelense estacionam tanques em uma área próxima a fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza  Foto: Menahem Kahana/AFP

No norte do país as tensões continuam com a milícia xiita radical libanesa Hezbollah, mas Rozenszajn garante que Israel deseja uma solução pacífica. O porta-voz acusa o Irã, que atacou Israel pela primeira vez de forma direta no dia 13 de abril, de ser a força mais “desestabilizadora do Oriente Médio”.

“A ofensiva do Irã teve grandes proporções. Se não fosse a coalizão, o ataque tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense”.

Confira trechos da entrevista:

Depois de mais de 200 dias da guerra em Gaza, qual é o seu balanço da atuação do Exército?

O ataque do 7 de outubro foi o maior ataque terrorista da história de Israel. Cerca de 3 mil terroristas invadiram o território israelense, eles entraram em uma festa que estava acontecendo no sul de Israel, também invadiram comunidades e mataram 1.200 pessoas. Além disso, 5.500 pessoas ficaram feridas e 240 foram sequestradas.

Mulheres foram estupradas, pessoas foram decapitadas, crianças foram assassinadas em suas camas, casas foram queimadas e tudo isso foi gravado pelas próprias câmaras que estavam acopladas nos capacetes dos terroristas e pelos celulares. Para se ter uma ideia, há cada 1000 pessoas aqui em Israel, uma foi afetada pelo ataque do 7 de outubro, ou seja, uma pessoa foi ou assassinada ou ferida ou sequestrada.

O Brasil tem uma população de cerca de 200 milhões de habitantes e se um ataque desse acontecesse no Brasil nas mesmas proporções, 160 mil pessoas seriam afetadas.

Israelenses protestam pela soltura dos reféns que estão na Faixa de Gaza em uma avenida em Tel-Aviv  Foto: Jack Guez/AFP

O grupo terrorista Hamas começou a guerra. Israel não tinha interesse em começar um conflito. Esta guerra não é contra o Estado palestino, mas sim contra um grupo terrorista que tem como interesse exterminar o Estado de Israel. E Israel já está há mais de 200 dias travando esta guerra contra o grupo terrorista Hamas.

Esta é a guerra mais difícil da história das guerras, por quatro motivos.

O primeiro é que esta guerra é travada em um ambiente urbano, não é travada em um local aberto. O Hamas optou por travar esta guerra dentro dos bairros na Faixa de Gaza. Segundo, esta guerra é travada em um dos locais mais densamente populosos do mundo.

Terceiro: esta guerra é travada em diversas frentes e não somente na Faixa de Gaza. O Hezbollah já lançou mais de 4 mil foguetes em direção ao território israelense, os Houthis no Iêmen também seguem lançando foguetes. Grupos terroristas na Cisjordânia continuam cometendo ataques terroristas em Israel e o Irã, que é a maior força desestabilizadora aqui no Oriente Médio, lançou foguetes e mísseis contra Israel há duas semanas em um ataque sem precedentes.

O quarto motivo e este talvez seja o principal motivo que faz com que esta guerra seja a mais complexa da história das guerras é que esta guerra é assimétrica, ela é travada entre um Estado democrático de direito que respeita todas as normas do direito internacional e um grupo terrorista que não tem nenhum compromisso com as leis internacionais.

O Hamas lança os seus foguetes contra instituições civis no território israelense e se esconde atrás de civis, eles não utilizam uniformes militares, utilizam instituições civis para esconder armamentos e túneis subterrâneos.

Então esta guerra é muito complexa. O exército de Israel tem como objetivo trazer de volta os sequestrados e desmantelar a capacidade militar do Hamas.

Soldados israelenses operam dentro da Faixa de Gaza  Foto: Avishag Shaar-yashuv/NYT

As pessoas têm uma visão muito distorcida sobre o que significa proporcionalidade. Muita gente faz uma comparação quantitativa sobre o que aconteceu em Israel e o que acontece em Gaza. Mas precisamos comparar os danos colaterais com a vantagem militar. Em Israel, o Exército coloca na balança os danos civis e a vantagem militar do ataque, se os danos civis forem exageradamente maiores que a vantagem militar, o ataque não vai acontecer.

Se Israel quer atacar o cozinheiro do Hamas e ele está em uma creche com 50 crianças, é óbvio que o Exército não vai tentar matar o cozinheiro com o risco de que dezenas de crianças também irão morrer, mas se o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, estiver escondido em um túnel junto com seus familiares, o ataque não seria desproporcional por conta da vantagem militar.

Sabemos que Israel está participando de negociações no Egito para um possível acordo de trégua que faria com que pelo menos 33 reféns fossem libertados pelo grupo terrorista Hamas. Ao mesmo tempo, Netanyahu disse que a ofensiva em Rafah vai prosseguir do mesmo jeito, com ou sem acordo de cessar-fogo. Como Israel consegue atuar nestas duas frentes? Uma não prejudica a outra?

O Hamas sequestrou civis, tirou pessoas de suas camas, crianças, adultos e idosos e levou estas pessoas para a Faixa de Gaza. Estas pessoas estão em Gaza há mais de 200 dias em uma situação precária, em túneis subterrâneos, com falta de oxigênio, comida e bebida.

Mulheres estão sendo estupradas, nós temos estes relatos das reféns que retornaram. Temos confissões dos próprios terroristas que confessaram que estupraram mulheres, então um dos objetivos de Israel é fazer com que todos os reféns retornem. 133 reféns estão na Faixa de Gaza, nós sabemos que mais de 30 foram assassinados no cativeiro, sob responsabilidade do Hamas.

O Exército de Israel não faz parte das negociações que estão sendo feitas para a devolução dos sequestrados, mas o Exército vai atuar de acordo com as decisões do governo de Israel e vai fazer o que for necessário para que os reféns voltem para casa. Se uma operação em Rafah for necessária, então Israel irá fazer isso.

Nós temos planos para uma operação em Rafah e estamos prontos, se for necessário.

Milhares de palestinos foram deslocados para a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, por conta da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas  Foto: AFP/AFP

Se a ofensiva em Rafah de fato acontecer, qual seria o procedimento em relação aos civis palestinos? Milhares de civis foram para a cidade por conta da guerra no centro e no norte de Gaza.

Todos os alvos do Exército de Israel são alvos militares, os civis não são alvos. O Exército faz todo o possível para minimizar danos civis nesta guerra. Infelizmente muitos civis pagam o preço e o grupo terrorista Hamas é o responsável por isso porque utiliza estes civis como escudos humanos. Os terroristas do Hamas atuam atrás de civis, utilizam instituições civis e proíbem civis de saírem das zonas de combate.

Israel já fez mais de 100 mil ligações para civis na Faixa de Gaza, implorando aos civis para saírem das zonas de combate. O Exército israelense já lançou mais de 20 milhões de panfletos na Faixa de Gaza, mostrando aos civis as regiões que eles precisam ir para que a sua segurança seja garantida.

O Exército israelense faz todo o possível para reduzir danos a civis, enquanto o grupo terrorista Hamas faz todo o possível para aumentar o dano a civis. O Hamas não dá valor à vida humana. O único valor que o grupo terrorista Hamas dá às vidas humanas são as vidas dos líderes do grupo e de suas famílias.

Então o Exército tem planos para retirar os civis em Rafah antes da operação para minimizar os danos. Mas os terroristas sempre vem junto com os civis, sempre que os civis se deslocam, os terroristas também vão atrás. O Exército vai continuar atuando de acordo com o direito internacional.

Vocês acreditam que os reféns israelenses estão em Rafah?

O que eu posso falar é que sabemos que dois sequestrados estavam em um cativeiro em Rafah, isso só mostra como o Hamas utiliza os civis como escudos humanos, inclusive para garantir o cativeiro dos sequestrados em Rafah. Sabemos que muitos sequestrados também estão em túneis subterrâneos, mas não posso entrar em detalhes sobre a localização deles.

Neste momento, qual é a situação do Exército dentro de Gaza? Quantas tropas estão operando e os civis palestinos estão de fato voltando para algumas áreas do enclave?

A atuação do Exército israelense na Faixa de Gaza é concentrada no centro e no sul do enclave palestino. O Exército atua neste momento de uma forma mais precisa e cirúrgica, com base em informações de inteligência. O contingente é menor do que foi no começo da guerra.

O exemplo que eu posso dar em relação a isso é a operação que foi feita no Hospital Shifa, há mais ou menos 3 semanas atrás. O Exército teve que atuar dentro do hospital, onde estavam mais de 1000 terroristas do Hamas.

Palestinos caminham por uma zona destruída por conta da operação israelense no Hospital Shifa, na Cidade de Gaza  Foto: Mohammed Hajjar/AP

Como vocês avaliam a situação do Irã neste momento?

O Irã é a maior força desestabilizadora no Oriente Médio. O Irã financia, dá armamento e conhecimento a todos os grupos terroristas aqui na região. Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica e Houthis, todos são proxies do Irã.

Este ataque cruel de Teerã não foi uma retaliação, foi um ataque com 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos. Neste ataque, os mísseis do Irã carregaram 60 toneladas de materiais explosivos. Para termos uma ideia, para destruir um prédio de 16 andares, é preciso ter 100 kg de explosivos. A ofensiva do Irã tinha o potencial de destruir 600 prédios de 16 andares no território israelense.

Foi a maior ofensiva de aviões não tripulados e mísseis da história. Vamos imaginar o que aconteceria no território israelense se este ataque não fosse interceptado. O Irã é uma ameaça não só ao Estado de Israel, é uma ameaça ao mundo todo.

Judeus ortodoxos observam um míssil iraniano que caiu na cidade de Arad, em Israel  Foto: Ohad Zwigenberg/AP

Israel quer viver em paz e não tem nenhuma vontade de participar de guerras assim. Como diria a ex-primeira-ministra de Israel Golda Meir, se Israel deixar suas armas o Estado acaba, mas se os nossos inimigos deixarem suas armas poderemos ter uma paz aqui no Oriente Médio.

Como está a fronteira norte de Israel, com o Líbano? As cidades próximas da fronteira foram evacuadas e tropas israelenses estão na fronteira?

O Hezbollah já lançou cerca de 4 mil foguetes em direção ao território israelense. O Hezbollah descumpre a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU e é uma ameaça ao Estado de Israel.

Obviamente preferimos uma solução diplomática no norte de Israel, mas se isso não for possível, teremos que optar por uma solução militar. Caso um conflito maior ocorra, o Hezbollah causará danos enormes ao Líbano.

Entrevista por Daniel Gateno

Repórter da editoria de internacional do Estadão

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