O fundador de 'Humans of New York' enfrenta Donald Trump


Brandon Stanton, o fotógrafo por trás do fotoblog, trabalha arduamente para excluir a política e os julgamentos morais de seus posts, mas isso mudou recentemente

Por Redação

Nova York – Brandon Stanton, o fotógrafo por trás do fotoblog imensamente popular 'Humans of New York', trabalha arduamente para excluir a política e os julgamentos morais de seus posts, tentando manter a objetividade ao mostrar pessoas por meio de palavras e filmes, deixando que elas falem por si mesmas.

Isso mudou recentemente quando Stanton, de 32 anos, deixou de lado sua neutralidade cultivada diligentemente para enfrentar Donald Trump, criticando o candidato presidencial republicano em um post de 300 palavras no Facebook, apresentado como uma carta aberta.

Brandon Stanton, o criador do fotoblogHumans of New York Foto: Alex Welsh/The New York Times
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"Tenho visto o senhor retuitar imagens racistas. Vi o senhor retuitar mentiras racistas. Percebi o senhor levar 48 horas para desmentir uma posição pró-supremacia branca. Vi o senhor alegremente incentivando a violência e prometendo 'pagar os honorários advocatícios' daqueles que cometem violência em seu nome", diz um trecho do post.

A reação foi explosiva. Após oito horas, o texto foi compartilhado 712 mil vezes, o que acabou gerando mais de 2,2 milhões curtidas, 1,1 milhão de compartilhamentos e 69 mil comentários, transformando-o em um dos posts mais compartilhados da história do Facebook. No processo, Stanton, autor que já faz muito sucesso, se tornou uma sensação da internet.

Pouco depois, foi convidado por Katie Couric, âncora do Yahoo, para participar de seu talk-show on-line, uma oportunidade que agradeceu dizendo à sua anfitriã: "Quero que todos pensem nisso como uma questão moral, não uma questão política".

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O clamor não havia abrandado quando o jovem Stanton, com a barba bem feita, chegou outro dia ao Starbucks na Nona Avenida com a West 59th. Os clientes esticavam o pescoço para vê-lo; um deles, que se identificou apenas como Ben, pulou da cadeira, se aproximou dele e o convidou para um café. (Stanton gentilmente recusou).

Já dá para dizer que, para essa estrela – meio a contragosto – da internet, a vida tomou um rumo imprevisível e talvez irreversível.

Stanton, apesar de ter 17 milhões de seguidores no Facebook (Trump tem 6,7 milhões) e duas antologias de seus posts na lista dos mais vendidos, prefere manter a figura discreta, um homem comum de câmera em punho, com o rosto escondido sob um capuz e um boné de beisebol do Corpo de Bombeiros de Nova York.

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Sua decisão de ir a público, adotando o papel de provocador moral e guardião do bem-estar público, foi meio que um choque até para ele mesmo. "Sabia que isso poderia perturbar as pessoas, mas também seria uma forte declaração moral", disse ele.

Segundo Stanton, esse processo não foi tranquilo. "Eu estava nervoso. Mas no fim, fechei os olhos e cliquei em 'publicar'."

Foi o conteúdo, não o volume das respostas subsequentes que o surpreenderam. "Achei que muita gente iria dizer 'Fique fora da política'", contou ele, inclinando-se para frente conforme a conversa ia ficando animada. Nunca imaginou o impacto ou a avalanche de comentários que se seguiram, muito dos quais corroborando ou expandindo seus próprios sentimentos. (A campanha de Trump não respondeu a um pedido de comentário para este artigo.)

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Foi o tipo de validação que Stanton disse nunca ter buscado. "Não sou ativista, mas ao silenciar sobre um problema moral, comecei a me sentir culpado."

Na verdade, seu post estava em total desacordo com a sua habitual postura de observador.

"No blog, uso poucas palavras minhas e não apareço nas fotos", disse Stanton, que ganha a vida com a vendagem de seus livros e palestras e diz já ter recusado milhões de dólares em publicidade on-line. "Não quero vender a influência de 'Humans of New York' para terceiros."

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Porém, ele não é um completo estranho para as câmeras. O público pode tê-lo visto na CNN, em dezembro passado, defendendo apaixonadamente os refugiados da Síria e do Iraque e uma em particular, identificada apenas como Aya. Stanton chegou a chorar quando contou a situação dela ao apresentador, Fareed Zakaria.

No Starbucks, demonstrou uma intensidade semelhante, ruborizando de vez em quando, descrevendo seu trabalho com um zelo missionário. Segurou no meu braço várias vezes durante a entrevista para esclarecer algum ponto e, de vez em quando, apertava minha mão, com medo de que não o compreendesse bem.

"Acho que foi poderoso falar diretamente com Donald Trump, em vez de apenas escrever sobre ele. E também deu às pessoas que têm uma opinião forte sobre ele uma chance de lhe falar diretamente", disse Stanton.

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Sua decisão foi tomada aos poucos. Nos seis anos desde que deixou o trabalho no mundo das finanças em Chicago (não exatamente de modo voluntário, como já explicou em entrevistas passadas) e levou sua câmera para as ruas de Manhattan, Stanton fotografou e entrevistou quase dez mil estranhos selecionados aleatoriamente, postando suas fotos e pequenas narrativas de vida em seu blog.

Ele às vezes é bem-vindo, mas nem sempre. "É impossível fazer esse trabalho sem ser humilde. É necessário para que eu seja capaz de ouvir atentamente, valorizando o ponto de vista de cada um tanto quanto o meu próprio."

E, com uma espécie de orgulho perverso, acrescentou: "Eu sou a única pessoa que tem um best-seller do New York Times e é tratada como um mendigo nas ruas todos os dias".

A transição de cronista desconhecido de vidas comuns tem sido, do seu ponto de vista, gradual e quase imperceptível.

Seu engajamento político acabou ficando evidente quando Stanton visitou pela primeira vez o Oriente Médio.

"Acho fascinante quando as pessoas afirmam que 'tentam não ser políticas'. Sempre vi o 'Humans of New York' como um ato político. Humanizar refugiados sírios em um momento em que são altamente desprezados é inerentemente político", escreveu o canadense Mike Riverso, no Twitter.

Stanton concordou. "Quando você escreve sobre pessoas cujas vidas estão misturadas com a política, ela naturalmente entra no assunto", disse ele.

Ao entrevistar os presos da Instituição Correcional Federal em Cumberland, Maryland, ele se esforçou para manter seu afastamento. "Na ocasião, não levantei problemas relacionados ao sistema da justiça criminal. Mesmo assim, eles acabaram aparecendo na conversa."

Ele espera voltar logo a seu papel de observador discreto. "A política dominou minha vida por dois dias. Estou tentando me afastar disso o mais rápido possível para me concentrar no meu trabalho."

Ele talvez continue a monitorar Trump. "Vamos ver o que acontece", disse Stanton.

*The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Nova York – Brandon Stanton, o fotógrafo por trás do fotoblog imensamente popular 'Humans of New York', trabalha arduamente para excluir a política e os julgamentos morais de seus posts, tentando manter a objetividade ao mostrar pessoas por meio de palavras e filmes, deixando que elas falem por si mesmas.

Isso mudou recentemente quando Stanton, de 32 anos, deixou de lado sua neutralidade cultivada diligentemente para enfrentar Donald Trump, criticando o candidato presidencial republicano em um post de 300 palavras no Facebook, apresentado como uma carta aberta.

Brandon Stanton, o criador do fotoblogHumans of New York Foto: Alex Welsh/The New York Times

"Tenho visto o senhor retuitar imagens racistas. Vi o senhor retuitar mentiras racistas. Percebi o senhor levar 48 horas para desmentir uma posição pró-supremacia branca. Vi o senhor alegremente incentivando a violência e prometendo 'pagar os honorários advocatícios' daqueles que cometem violência em seu nome", diz um trecho do post.

A reação foi explosiva. Após oito horas, o texto foi compartilhado 712 mil vezes, o que acabou gerando mais de 2,2 milhões curtidas, 1,1 milhão de compartilhamentos e 69 mil comentários, transformando-o em um dos posts mais compartilhados da história do Facebook. No processo, Stanton, autor que já faz muito sucesso, se tornou uma sensação da internet.

Pouco depois, foi convidado por Katie Couric, âncora do Yahoo, para participar de seu talk-show on-line, uma oportunidade que agradeceu dizendo à sua anfitriã: "Quero que todos pensem nisso como uma questão moral, não uma questão política".

O clamor não havia abrandado quando o jovem Stanton, com a barba bem feita, chegou outro dia ao Starbucks na Nona Avenida com a West 59th. Os clientes esticavam o pescoço para vê-lo; um deles, que se identificou apenas como Ben, pulou da cadeira, se aproximou dele e o convidou para um café. (Stanton gentilmente recusou).

Já dá para dizer que, para essa estrela – meio a contragosto – da internet, a vida tomou um rumo imprevisível e talvez irreversível.

Stanton, apesar de ter 17 milhões de seguidores no Facebook (Trump tem 6,7 milhões) e duas antologias de seus posts na lista dos mais vendidos, prefere manter a figura discreta, um homem comum de câmera em punho, com o rosto escondido sob um capuz e um boné de beisebol do Corpo de Bombeiros de Nova York.

Sua decisão de ir a público, adotando o papel de provocador moral e guardião do bem-estar público, foi meio que um choque até para ele mesmo. "Sabia que isso poderia perturbar as pessoas, mas também seria uma forte declaração moral", disse ele.

Segundo Stanton, esse processo não foi tranquilo. "Eu estava nervoso. Mas no fim, fechei os olhos e cliquei em 'publicar'."

Foi o conteúdo, não o volume das respostas subsequentes que o surpreenderam. "Achei que muita gente iria dizer 'Fique fora da política'", contou ele, inclinando-se para frente conforme a conversa ia ficando animada. Nunca imaginou o impacto ou a avalanche de comentários que se seguiram, muito dos quais corroborando ou expandindo seus próprios sentimentos. (A campanha de Trump não respondeu a um pedido de comentário para este artigo.)

Foi o tipo de validação que Stanton disse nunca ter buscado. "Não sou ativista, mas ao silenciar sobre um problema moral, comecei a me sentir culpado."

Na verdade, seu post estava em total desacordo com a sua habitual postura de observador.

"No blog, uso poucas palavras minhas e não apareço nas fotos", disse Stanton, que ganha a vida com a vendagem de seus livros e palestras e diz já ter recusado milhões de dólares em publicidade on-line. "Não quero vender a influência de 'Humans of New York' para terceiros."

Porém, ele não é um completo estranho para as câmeras. O público pode tê-lo visto na CNN, em dezembro passado, defendendo apaixonadamente os refugiados da Síria e do Iraque e uma em particular, identificada apenas como Aya. Stanton chegou a chorar quando contou a situação dela ao apresentador, Fareed Zakaria.

No Starbucks, demonstrou uma intensidade semelhante, ruborizando de vez em quando, descrevendo seu trabalho com um zelo missionário. Segurou no meu braço várias vezes durante a entrevista para esclarecer algum ponto e, de vez em quando, apertava minha mão, com medo de que não o compreendesse bem.

"Acho que foi poderoso falar diretamente com Donald Trump, em vez de apenas escrever sobre ele. E também deu às pessoas que têm uma opinião forte sobre ele uma chance de lhe falar diretamente", disse Stanton.

Sua decisão foi tomada aos poucos. Nos seis anos desde que deixou o trabalho no mundo das finanças em Chicago (não exatamente de modo voluntário, como já explicou em entrevistas passadas) e levou sua câmera para as ruas de Manhattan, Stanton fotografou e entrevistou quase dez mil estranhos selecionados aleatoriamente, postando suas fotos e pequenas narrativas de vida em seu blog.

Ele às vezes é bem-vindo, mas nem sempre. "É impossível fazer esse trabalho sem ser humilde. É necessário para que eu seja capaz de ouvir atentamente, valorizando o ponto de vista de cada um tanto quanto o meu próprio."

E, com uma espécie de orgulho perverso, acrescentou: "Eu sou a única pessoa que tem um best-seller do New York Times e é tratada como um mendigo nas ruas todos os dias".

A transição de cronista desconhecido de vidas comuns tem sido, do seu ponto de vista, gradual e quase imperceptível.

Seu engajamento político acabou ficando evidente quando Stanton visitou pela primeira vez o Oriente Médio.

"Acho fascinante quando as pessoas afirmam que 'tentam não ser políticas'. Sempre vi o 'Humans of New York' como um ato político. Humanizar refugiados sírios em um momento em que são altamente desprezados é inerentemente político", escreveu o canadense Mike Riverso, no Twitter.

Stanton concordou. "Quando você escreve sobre pessoas cujas vidas estão misturadas com a política, ela naturalmente entra no assunto", disse ele.

Ao entrevistar os presos da Instituição Correcional Federal em Cumberland, Maryland, ele se esforçou para manter seu afastamento. "Na ocasião, não levantei problemas relacionados ao sistema da justiça criminal. Mesmo assim, eles acabaram aparecendo na conversa."

Ele espera voltar logo a seu papel de observador discreto. "A política dominou minha vida por dois dias. Estou tentando me afastar disso o mais rápido possível para me concentrar no meu trabalho."

Ele talvez continue a monitorar Trump. "Vamos ver o que acontece", disse Stanton.

*The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

Nova York – Brandon Stanton, o fotógrafo por trás do fotoblog imensamente popular 'Humans of New York', trabalha arduamente para excluir a política e os julgamentos morais de seus posts, tentando manter a objetividade ao mostrar pessoas por meio de palavras e filmes, deixando que elas falem por si mesmas.

Isso mudou recentemente quando Stanton, de 32 anos, deixou de lado sua neutralidade cultivada diligentemente para enfrentar Donald Trump, criticando o candidato presidencial republicano em um post de 300 palavras no Facebook, apresentado como uma carta aberta.

Brandon Stanton, o criador do fotoblogHumans of New York Foto: Alex Welsh/The New York Times

"Tenho visto o senhor retuitar imagens racistas. Vi o senhor retuitar mentiras racistas. Percebi o senhor levar 48 horas para desmentir uma posição pró-supremacia branca. Vi o senhor alegremente incentivando a violência e prometendo 'pagar os honorários advocatícios' daqueles que cometem violência em seu nome", diz um trecho do post.

A reação foi explosiva. Após oito horas, o texto foi compartilhado 712 mil vezes, o que acabou gerando mais de 2,2 milhões curtidas, 1,1 milhão de compartilhamentos e 69 mil comentários, transformando-o em um dos posts mais compartilhados da história do Facebook. No processo, Stanton, autor que já faz muito sucesso, se tornou uma sensação da internet.

Pouco depois, foi convidado por Katie Couric, âncora do Yahoo, para participar de seu talk-show on-line, uma oportunidade que agradeceu dizendo à sua anfitriã: "Quero que todos pensem nisso como uma questão moral, não uma questão política".

O clamor não havia abrandado quando o jovem Stanton, com a barba bem feita, chegou outro dia ao Starbucks na Nona Avenida com a West 59th. Os clientes esticavam o pescoço para vê-lo; um deles, que se identificou apenas como Ben, pulou da cadeira, se aproximou dele e o convidou para um café. (Stanton gentilmente recusou).

Já dá para dizer que, para essa estrela – meio a contragosto – da internet, a vida tomou um rumo imprevisível e talvez irreversível.

Stanton, apesar de ter 17 milhões de seguidores no Facebook (Trump tem 6,7 milhões) e duas antologias de seus posts na lista dos mais vendidos, prefere manter a figura discreta, um homem comum de câmera em punho, com o rosto escondido sob um capuz e um boné de beisebol do Corpo de Bombeiros de Nova York.

Sua decisão de ir a público, adotando o papel de provocador moral e guardião do bem-estar público, foi meio que um choque até para ele mesmo. "Sabia que isso poderia perturbar as pessoas, mas também seria uma forte declaração moral", disse ele.

Segundo Stanton, esse processo não foi tranquilo. "Eu estava nervoso. Mas no fim, fechei os olhos e cliquei em 'publicar'."

Foi o conteúdo, não o volume das respostas subsequentes que o surpreenderam. "Achei que muita gente iria dizer 'Fique fora da política'", contou ele, inclinando-se para frente conforme a conversa ia ficando animada. Nunca imaginou o impacto ou a avalanche de comentários que se seguiram, muito dos quais corroborando ou expandindo seus próprios sentimentos. (A campanha de Trump não respondeu a um pedido de comentário para este artigo.)

Foi o tipo de validação que Stanton disse nunca ter buscado. "Não sou ativista, mas ao silenciar sobre um problema moral, comecei a me sentir culpado."

Na verdade, seu post estava em total desacordo com a sua habitual postura de observador.

"No blog, uso poucas palavras minhas e não apareço nas fotos", disse Stanton, que ganha a vida com a vendagem de seus livros e palestras e diz já ter recusado milhões de dólares em publicidade on-line. "Não quero vender a influência de 'Humans of New York' para terceiros."

Porém, ele não é um completo estranho para as câmeras. O público pode tê-lo visto na CNN, em dezembro passado, defendendo apaixonadamente os refugiados da Síria e do Iraque e uma em particular, identificada apenas como Aya. Stanton chegou a chorar quando contou a situação dela ao apresentador, Fareed Zakaria.

No Starbucks, demonstrou uma intensidade semelhante, ruborizando de vez em quando, descrevendo seu trabalho com um zelo missionário. Segurou no meu braço várias vezes durante a entrevista para esclarecer algum ponto e, de vez em quando, apertava minha mão, com medo de que não o compreendesse bem.

"Acho que foi poderoso falar diretamente com Donald Trump, em vez de apenas escrever sobre ele. E também deu às pessoas que têm uma opinião forte sobre ele uma chance de lhe falar diretamente", disse Stanton.

Sua decisão foi tomada aos poucos. Nos seis anos desde que deixou o trabalho no mundo das finanças em Chicago (não exatamente de modo voluntário, como já explicou em entrevistas passadas) e levou sua câmera para as ruas de Manhattan, Stanton fotografou e entrevistou quase dez mil estranhos selecionados aleatoriamente, postando suas fotos e pequenas narrativas de vida em seu blog.

Ele às vezes é bem-vindo, mas nem sempre. "É impossível fazer esse trabalho sem ser humilde. É necessário para que eu seja capaz de ouvir atentamente, valorizando o ponto de vista de cada um tanto quanto o meu próprio."

E, com uma espécie de orgulho perverso, acrescentou: "Eu sou a única pessoa que tem um best-seller do New York Times e é tratada como um mendigo nas ruas todos os dias".

A transição de cronista desconhecido de vidas comuns tem sido, do seu ponto de vista, gradual e quase imperceptível.

Seu engajamento político acabou ficando evidente quando Stanton visitou pela primeira vez o Oriente Médio.

"Acho fascinante quando as pessoas afirmam que 'tentam não ser políticas'. Sempre vi o 'Humans of New York' como um ato político. Humanizar refugiados sírios em um momento em que são altamente desprezados é inerentemente político", escreveu o canadense Mike Riverso, no Twitter.

Stanton concordou. "Quando você escreve sobre pessoas cujas vidas estão misturadas com a política, ela naturalmente entra no assunto", disse ele.

Ao entrevistar os presos da Instituição Correcional Federal em Cumberland, Maryland, ele se esforçou para manter seu afastamento. "Na ocasião, não levantei problemas relacionados ao sistema da justiça criminal. Mesmo assim, eles acabaram aparecendo na conversa."

Ele espera voltar logo a seu papel de observador discreto. "A política dominou minha vida por dois dias. Estou tentando me afastar disso o mais rápido possível para me concentrar no meu trabalho."

Ele talvez continue a monitorar Trump. "Vamos ver o que acontece", disse Stanton.

*The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.

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