THE NEW YORK TIMES - Enquanto Israel ameaça uma possível invasão terrestre na Faixa de Gaza para tentar destruir Hamas, o grupo terrorista que controla o enclave, muitos agora estão se voltando para ver qual ação o Hezbollah, um grupo pró-Irã localizado na fronteira norte com Israel, irá tomar. Por décadas, Hezbollah tem sido uma força significativa no Líbano, manejando tanto poder político quanto militar — ao mesmo tempo que se envolve em conflitos retaliatórias com o seu inimigo do sul, Israel.
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O que está acontecendo entre Israel e Hezbollah?
Israel e Hezbollah estão trocando fogo desde o dia 7 de outubro, quando o Hamas organizou ataques em Israel que mataram 1,4 mil pessoas, segundo as autoridades israelenses. Com Israel encarando uma invasão por terra em Gaza, muitos na região temem que o conflito com Hezbollah, um aliado do Hamas, possa escalar para uma guerra envolvendo também o Líbano.
Isso deixaria Israel lutando em duas frentes, uma situação que o país pretende evitar. A fronteira norte israelense se tornou cada vez mais tensa: na segunda-feira, 16, os militares de Israel disseram que esvaziaram 28 comunidades perto do Líbano, afetando cerca de 10 mil pessoas.
Pelo menos três civis libaneses morreram durante a semana passada, incluindo um jornalista da agência Reuters, Issam Abdallah. Um civil israelense morreu. Vários combatentes do Hezbollah e do Hamas também foram mortos.
Mohamad Srour, o prefeito da cidade fronteiriça do Líbano Aita al-Shaab, disse que os bombardeios israelenses atingiram casas, ambulâncias e uma escola para pessoas com deficiência, deixando feridos. Pelo menos 3,650 civis desalojados foram registrados em Tyre, uma cidade libanesa perto da fronteira com Israel, nos últimos dias, e nos últimos dias, as forças de manutenção da paz da ONU no sul do Líbano começaram a abrigar alguns civis.
De onde o Hezbollah vem?
As origens do grupo remontam a uma diferente invasão terrestre envolvendo palestinos. Em 1982, Israel avançou para o sul do Líbano com o objetivo de aniquilar a Organização para a Libertação da Palestina, cujos líderes utilizavam o país como base. Israel logo viu a si mesmo contra um novo movimento xiita-muçulmano fundado para reunir a vontade popular contra a ocupação de Israel.
O movimento levou o nome de Hezbollah, que em árabe significa “Partido de Deus”. Hezbollah logo encontrou um novo aliado no Irã, e um inimigo nos Estados Unidos, depois de se envolver no caso de um atentado suicída na Embaixada dos Estados Unidos em Beirute, em 1983. Israel logo se retirou do Líbano em 2000, mas a ameaça do Hezbollah permaneceu desde então.
O Hamas reforçou os laços com o Irã e o Hezbollah nos últimos anos, após um período de relações mais frias na última década, quando os dois grupos armados apoiaram lados opostos na guerra civil síria.
O Hezbollah já lutou contra Israel antes?
Sim. Em 2008, o grupo lutou em uma guerra sangrenta que durou 34 dias e deixou áreas de Beirute e outras partes do Líbano arrasadas pelos ataques aéreos de Israel. Pelo menos 1,109 cidadãos israelenses morreram, de acordo com o Observatório de Direitos Humanos, juntamente com dezenas de soldados israelitas e combatentes do Hezbollah. A guerra também começou na parte norte da fronteira: em julho daquele ano, um ataque do Hezbollah a Israel matou oito soldados e raptou outros dois. A violência aumentou rapidamente a partir daí.
O Hezbollah é popular no Líbano?
Hezbollah e seus políticos aliados perderam sua maioria nas eleições parlamentares do Líbano no último ano, mas o grupo permanece com uma força política formidável que continua a exercer controle de fato sobre as regiões do país, incluindo o sul do Líbano.