O que é o míssil Hellfire, a ‘bomba-ninja’ que matou líder da Al-Qaeda


Especialistas em armamentos americanos apontam indícios de que versão utilizada foi a R9X, um dispositivo com seis lâminas e munição inerte que reduz a área de impacto

Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Por um ano, as autoridades dos EUA vinham dizendo que eliminar uma ameaça terrorista no Afeganistão sem tropas americanas no terreno seria difícil, mas não impossível. No fim de semana passado, os EUA fizeram exatamente isso – matando o líder da Al-Qaeda Ayman al-Zawahiri com um ataque de drone da CIA.

Outros ataques aéreos coordenados pelos americanos recentemente mataram inadvertidamente civis inocentes. Porém, nesse caso, os EUA escolheram cuidadosamente usar um tipo de míssil específico: o Hellfire - apontado como um dos responsáveis por minimizar o número de baixas casuais.

Embora as autoridades dos EUA não tenham confirmado publicamente qual variante do Hellfire foi usada, especialistas e outros pessoas familiarizadas com operações de contraterrorismo disseram que uma opção provável era o altamente secreto Hellfire R9X, uma versão inerte e com seis lâminas - o que lhe rendeu o apelido de “bomba-ninja” - o que reduz a zona de destruição no entorno do alvo.

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Soldados britânicos equipam helicóptero AH-64 Apache com míssil Hellfire tradicional. Foto: EUTERS/Cpl Rob Knight/DMOC/Crown Copyright/Handout - 21/07/2006

De acordo com Klon Kitchen, membro sênior do American Enterprise Institute e ex-analista de inteligência, o uso potencial do R9X sugere que os EUA queriam matar al-Zawahiri com “probabilidade limitada de morte e destruição colateral e por outras razões políticas relevantes”.

O que é o míssil Hellfire?

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Originalmente projetado como um míssil antitanque na década de 1980, o Hellfire tem sido usado por agências militares e de inteligência nas últimas duas décadas para atacar alvos no Iraque, Afeganistão, Iêmen e outros.

Drone não-tripulado equipado com míssil Hellfire em Camp Taj, no Iraque. Foto: Jason Sweeney/U.S. Army via AP - 27/02/2011

Os mísseis guiados com precisão podem ser montados em helicópteros e drones não-tripulados e são amplamente utilizados em combate em todo o mundo. Mais de 100 mil mísseis Hellfire foram vendidos para os EUA e outros países, de acordo com Ryan Brobst, analista da Fundação para a Defesa das Democracias, um think tank de Washington.

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“Ele pode causar danos suficientes para destruir a maioria dos alvos, como veículos e edifícios, sem causar danos suficientes para destruir quarteirões da cidade e causar baixas civis significativas”, disse Brobst.

Os militares dos EUA usaram rotineiramente mísseis Hellfire para matar alvos considerados de alta importância, incluindo um líder sênior da Al-Qaeda na Síria no ano passado e o Anwar al-Awlaki no Iêmen em 2011.

O que matou al-Zawahiri?

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Os EUA tinham várias opções para o ataque. Pode ter sido usado um Hellfire tradicional, uma bomba lançada de uma aeronave tripulada ou um ataque muito mais arriscado por forças terrestres. Os SEALs da Marinha dos EUA, por exemplo, voaram para o Paquistão em helicópteros na operação que resultou na morte de Osama bin Laden em um ataque.

Ayman al-Zawahri ao lado de Osama bin Laden. Foto: Mazhar Ali Khan/ AP - 1998

Neste caso, a CIA optou por um ataque de drone. E embora a CIA geralmente não confirme suas missões de contraterrorismo e guarde de perto as informações sobre os ataques que realiza, funcionários do governo dos EUA disseram que dois mísseis Hellfire foram disparados na varanda do prédio onde al-Zawahiri morava em Cabul.

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Imagens do edifício em que os EUA dizem que al-Zawahiri estava mostram os danos na varanda, mas o resto da casa está de pé e não está muito danificada.

Ao contrário de outros modelos do Hellfire, o R9X não carrega uma carga explosiva. Em vez disso, ele tem uma série de seis lâminas rotativas que emergem em sua aproximação final a um alvo, disse Kitchen. “Uma de suas utilidades é abrir veículos e outras obstruções para chegar ao alvo sem ter que usar uma ogiva explosiva”, disse ele.

Evitar vítimas civis

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Autoridades e especialistas dos EUA deixaram claro nesta semana que evitar baixas civis era um elemento crucial na escolha da arma. Menos de um ano atrás, um ataque de drone dos EUA – usando um míssil Hellfire mais convencional – atingiu um carro em um bairro de Cabul e matou 10 civis que estavam em seu interior e nos arredores, incluindo sete crianças. Em meio à caótica retirada militar dos EUA do Afeganistão, as forças americanas disseram acreditar que havia explosivos no carro e que o alvo representava uma ameaça iminente às tropas no solo.

Drone equipado com míssil Hellfire no Afeganistão. Foto: Baz Ratner / REUTERS - 29/06/2011

Um ex-funcionário dos EUA disse que a provável escolha de um R9X é um exemplo do esforço do governo para encontrar maneiras de minimizar os danos colaterais e evitar a perda de vidas inocentes. Esse míssil é uma arma muito precisa que atinge uma área muito pequena, disse o funcionário, que falou sob condição de anonimato para discutir as operações de contraterrorismo.

Um funcionário do governo disse na segunda-feira que os EUA investigaram a construção da casa onde al-Zawahiri estava para garantir que a operação pudesse ser feita sem ameaçar a integridade estrutural do prédio e também minimizar os riscos de matar civis, incluindo membros do sua família que estavam em outras partes da casa.

A escolha do míssil é, em última análise, uma parte da redução da possibilidade de matar civis ou causar outros danos colaterais.

“Eu diria que esta é de longe uma opção de menor risco”, disse Tom Karako, especialista em defesa antimísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington. Usar o Hellfire, disse ele, “reflete um alto grau de cautela em oposição a um risco”.

Os EUA estão fornecendo à Ucrânia drones que podem disparar os mísseis Hellfire?

Não. Embora os EUA tenham entregue bilhões de dólares em assistência militar para ajudar a Ucrânia a combater as tropas russas invasoras, é cauteloso em fornecer armas que possam disparar profundamente na Rússia, potencialmente aumentando o conflito ou atraindo os EUA para a guerra.

Como resultado, os EUA até agora não forneceram mísseis Hellfire ou drones que poderiam dispará-los. Em vez disso, as forças americanas entregaram drones menores, chamados de kamikaze, como o Switchblade e o Phoenix Ghost, que, em vez de disparar mísseis, explodem quando atingem um alvo./ AP

WASHINGTON - Por um ano, as autoridades dos EUA vinham dizendo que eliminar uma ameaça terrorista no Afeganistão sem tropas americanas no terreno seria difícil, mas não impossível. No fim de semana passado, os EUA fizeram exatamente isso – matando o líder da Al-Qaeda Ayman al-Zawahiri com um ataque de drone da CIA.

Outros ataques aéreos coordenados pelos americanos recentemente mataram inadvertidamente civis inocentes. Porém, nesse caso, os EUA escolheram cuidadosamente usar um tipo de míssil específico: o Hellfire - apontado como um dos responsáveis por minimizar o número de baixas casuais.

Embora as autoridades dos EUA não tenham confirmado publicamente qual variante do Hellfire foi usada, especialistas e outros pessoas familiarizadas com operações de contraterrorismo disseram que uma opção provável era o altamente secreto Hellfire R9X, uma versão inerte e com seis lâminas - o que lhe rendeu o apelido de “bomba-ninja” - o que reduz a zona de destruição no entorno do alvo.

Soldados britânicos equipam helicóptero AH-64 Apache com míssil Hellfire tradicional. Foto: EUTERS/Cpl Rob Knight/DMOC/Crown Copyright/Handout - 21/07/2006

De acordo com Klon Kitchen, membro sênior do American Enterprise Institute e ex-analista de inteligência, o uso potencial do R9X sugere que os EUA queriam matar al-Zawahiri com “probabilidade limitada de morte e destruição colateral e por outras razões políticas relevantes”.

O que é o míssil Hellfire?

Originalmente projetado como um míssil antitanque na década de 1980, o Hellfire tem sido usado por agências militares e de inteligência nas últimas duas décadas para atacar alvos no Iraque, Afeganistão, Iêmen e outros.

Drone não-tripulado equipado com míssil Hellfire em Camp Taj, no Iraque. Foto: Jason Sweeney/U.S. Army via AP - 27/02/2011

Os mísseis guiados com precisão podem ser montados em helicópteros e drones não-tripulados e são amplamente utilizados em combate em todo o mundo. Mais de 100 mil mísseis Hellfire foram vendidos para os EUA e outros países, de acordo com Ryan Brobst, analista da Fundação para a Defesa das Democracias, um think tank de Washington.

“Ele pode causar danos suficientes para destruir a maioria dos alvos, como veículos e edifícios, sem causar danos suficientes para destruir quarteirões da cidade e causar baixas civis significativas”, disse Brobst.

Os militares dos EUA usaram rotineiramente mísseis Hellfire para matar alvos considerados de alta importância, incluindo um líder sênior da Al-Qaeda na Síria no ano passado e o Anwar al-Awlaki no Iêmen em 2011.

O que matou al-Zawahiri?

Os EUA tinham várias opções para o ataque. Pode ter sido usado um Hellfire tradicional, uma bomba lançada de uma aeronave tripulada ou um ataque muito mais arriscado por forças terrestres. Os SEALs da Marinha dos EUA, por exemplo, voaram para o Paquistão em helicópteros na operação que resultou na morte de Osama bin Laden em um ataque.

Ayman al-Zawahri ao lado de Osama bin Laden. Foto: Mazhar Ali Khan/ AP - 1998

Neste caso, a CIA optou por um ataque de drone. E embora a CIA geralmente não confirme suas missões de contraterrorismo e guarde de perto as informações sobre os ataques que realiza, funcionários do governo dos EUA disseram que dois mísseis Hellfire foram disparados na varanda do prédio onde al-Zawahiri morava em Cabul.

Imagens do edifício em que os EUA dizem que al-Zawahiri estava mostram os danos na varanda, mas o resto da casa está de pé e não está muito danificada.

Ao contrário de outros modelos do Hellfire, o R9X não carrega uma carga explosiva. Em vez disso, ele tem uma série de seis lâminas rotativas que emergem em sua aproximação final a um alvo, disse Kitchen. “Uma de suas utilidades é abrir veículos e outras obstruções para chegar ao alvo sem ter que usar uma ogiva explosiva”, disse ele.

Evitar vítimas civis

Autoridades e especialistas dos EUA deixaram claro nesta semana que evitar baixas civis era um elemento crucial na escolha da arma. Menos de um ano atrás, um ataque de drone dos EUA – usando um míssil Hellfire mais convencional – atingiu um carro em um bairro de Cabul e matou 10 civis que estavam em seu interior e nos arredores, incluindo sete crianças. Em meio à caótica retirada militar dos EUA do Afeganistão, as forças americanas disseram acreditar que havia explosivos no carro e que o alvo representava uma ameaça iminente às tropas no solo.

Drone equipado com míssil Hellfire no Afeganistão. Foto: Baz Ratner / REUTERS - 29/06/2011

Um ex-funcionário dos EUA disse que a provável escolha de um R9X é um exemplo do esforço do governo para encontrar maneiras de minimizar os danos colaterais e evitar a perda de vidas inocentes. Esse míssil é uma arma muito precisa que atinge uma área muito pequena, disse o funcionário, que falou sob condição de anonimato para discutir as operações de contraterrorismo.

Um funcionário do governo disse na segunda-feira que os EUA investigaram a construção da casa onde al-Zawahiri estava para garantir que a operação pudesse ser feita sem ameaçar a integridade estrutural do prédio e também minimizar os riscos de matar civis, incluindo membros do sua família que estavam em outras partes da casa.

A escolha do míssil é, em última análise, uma parte da redução da possibilidade de matar civis ou causar outros danos colaterais.

“Eu diria que esta é de longe uma opção de menor risco”, disse Tom Karako, especialista em defesa antimísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington. Usar o Hellfire, disse ele, “reflete um alto grau de cautela em oposição a um risco”.

Os EUA estão fornecendo à Ucrânia drones que podem disparar os mísseis Hellfire?

Não. Embora os EUA tenham entregue bilhões de dólares em assistência militar para ajudar a Ucrânia a combater as tropas russas invasoras, é cauteloso em fornecer armas que possam disparar profundamente na Rússia, potencialmente aumentando o conflito ou atraindo os EUA para a guerra.

Como resultado, os EUA até agora não forneceram mísseis Hellfire ou drones que poderiam dispará-los. Em vez disso, as forças americanas entregaram drones menores, chamados de kamikaze, como o Switchblade e o Phoenix Ghost, que, em vez de disparar mísseis, explodem quando atingem um alvo./ AP

WASHINGTON - Por um ano, as autoridades dos EUA vinham dizendo que eliminar uma ameaça terrorista no Afeganistão sem tropas americanas no terreno seria difícil, mas não impossível. No fim de semana passado, os EUA fizeram exatamente isso – matando o líder da Al-Qaeda Ayman al-Zawahiri com um ataque de drone da CIA.

Outros ataques aéreos coordenados pelos americanos recentemente mataram inadvertidamente civis inocentes. Porém, nesse caso, os EUA escolheram cuidadosamente usar um tipo de míssil específico: o Hellfire - apontado como um dos responsáveis por minimizar o número de baixas casuais.

Embora as autoridades dos EUA não tenham confirmado publicamente qual variante do Hellfire foi usada, especialistas e outros pessoas familiarizadas com operações de contraterrorismo disseram que uma opção provável era o altamente secreto Hellfire R9X, uma versão inerte e com seis lâminas - o que lhe rendeu o apelido de “bomba-ninja” - o que reduz a zona de destruição no entorno do alvo.

Soldados britânicos equipam helicóptero AH-64 Apache com míssil Hellfire tradicional. Foto: EUTERS/Cpl Rob Knight/DMOC/Crown Copyright/Handout - 21/07/2006

De acordo com Klon Kitchen, membro sênior do American Enterprise Institute e ex-analista de inteligência, o uso potencial do R9X sugere que os EUA queriam matar al-Zawahiri com “probabilidade limitada de morte e destruição colateral e por outras razões políticas relevantes”.

O que é o míssil Hellfire?

Originalmente projetado como um míssil antitanque na década de 1980, o Hellfire tem sido usado por agências militares e de inteligência nas últimas duas décadas para atacar alvos no Iraque, Afeganistão, Iêmen e outros.

Drone não-tripulado equipado com míssil Hellfire em Camp Taj, no Iraque. Foto: Jason Sweeney/U.S. Army via AP - 27/02/2011

Os mísseis guiados com precisão podem ser montados em helicópteros e drones não-tripulados e são amplamente utilizados em combate em todo o mundo. Mais de 100 mil mísseis Hellfire foram vendidos para os EUA e outros países, de acordo com Ryan Brobst, analista da Fundação para a Defesa das Democracias, um think tank de Washington.

“Ele pode causar danos suficientes para destruir a maioria dos alvos, como veículos e edifícios, sem causar danos suficientes para destruir quarteirões da cidade e causar baixas civis significativas”, disse Brobst.

Os militares dos EUA usaram rotineiramente mísseis Hellfire para matar alvos considerados de alta importância, incluindo um líder sênior da Al-Qaeda na Síria no ano passado e o Anwar al-Awlaki no Iêmen em 2011.

O que matou al-Zawahiri?

Os EUA tinham várias opções para o ataque. Pode ter sido usado um Hellfire tradicional, uma bomba lançada de uma aeronave tripulada ou um ataque muito mais arriscado por forças terrestres. Os SEALs da Marinha dos EUA, por exemplo, voaram para o Paquistão em helicópteros na operação que resultou na morte de Osama bin Laden em um ataque.

Ayman al-Zawahri ao lado de Osama bin Laden. Foto: Mazhar Ali Khan/ AP - 1998

Neste caso, a CIA optou por um ataque de drone. E embora a CIA geralmente não confirme suas missões de contraterrorismo e guarde de perto as informações sobre os ataques que realiza, funcionários do governo dos EUA disseram que dois mísseis Hellfire foram disparados na varanda do prédio onde al-Zawahiri morava em Cabul.

Imagens do edifício em que os EUA dizem que al-Zawahiri estava mostram os danos na varanda, mas o resto da casa está de pé e não está muito danificada.

Ao contrário de outros modelos do Hellfire, o R9X não carrega uma carga explosiva. Em vez disso, ele tem uma série de seis lâminas rotativas que emergem em sua aproximação final a um alvo, disse Kitchen. “Uma de suas utilidades é abrir veículos e outras obstruções para chegar ao alvo sem ter que usar uma ogiva explosiva”, disse ele.

Evitar vítimas civis

Autoridades e especialistas dos EUA deixaram claro nesta semana que evitar baixas civis era um elemento crucial na escolha da arma. Menos de um ano atrás, um ataque de drone dos EUA – usando um míssil Hellfire mais convencional – atingiu um carro em um bairro de Cabul e matou 10 civis que estavam em seu interior e nos arredores, incluindo sete crianças. Em meio à caótica retirada militar dos EUA do Afeganistão, as forças americanas disseram acreditar que havia explosivos no carro e que o alvo representava uma ameaça iminente às tropas no solo.

Drone equipado com míssil Hellfire no Afeganistão. Foto: Baz Ratner / REUTERS - 29/06/2011

Um ex-funcionário dos EUA disse que a provável escolha de um R9X é um exemplo do esforço do governo para encontrar maneiras de minimizar os danos colaterais e evitar a perda de vidas inocentes. Esse míssil é uma arma muito precisa que atinge uma área muito pequena, disse o funcionário, que falou sob condição de anonimato para discutir as operações de contraterrorismo.

Um funcionário do governo disse na segunda-feira que os EUA investigaram a construção da casa onde al-Zawahiri estava para garantir que a operação pudesse ser feita sem ameaçar a integridade estrutural do prédio e também minimizar os riscos de matar civis, incluindo membros do sua família que estavam em outras partes da casa.

A escolha do míssil é, em última análise, uma parte da redução da possibilidade de matar civis ou causar outros danos colaterais.

“Eu diria que esta é de longe uma opção de menor risco”, disse Tom Karako, especialista em defesa antimísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington. Usar o Hellfire, disse ele, “reflete um alto grau de cautela em oposição a um risco”.

Os EUA estão fornecendo à Ucrânia drones que podem disparar os mísseis Hellfire?

Não. Embora os EUA tenham entregue bilhões de dólares em assistência militar para ajudar a Ucrânia a combater as tropas russas invasoras, é cauteloso em fornecer armas que possam disparar profundamente na Rússia, potencialmente aumentando o conflito ou atraindo os EUA para a guerra.

Como resultado, os EUA até agora não forneceram mísseis Hellfire ou drones que poderiam dispará-los. Em vez disso, as forças americanas entregaram drones menores, chamados de kamikaze, como o Switchblade e o Phoenix Ghost, que, em vez de disparar mísseis, explodem quando atingem um alvo./ AP

WASHINGTON - Por um ano, as autoridades dos EUA vinham dizendo que eliminar uma ameaça terrorista no Afeganistão sem tropas americanas no terreno seria difícil, mas não impossível. No fim de semana passado, os EUA fizeram exatamente isso – matando o líder da Al-Qaeda Ayman al-Zawahiri com um ataque de drone da CIA.

Outros ataques aéreos coordenados pelos americanos recentemente mataram inadvertidamente civis inocentes. Porém, nesse caso, os EUA escolheram cuidadosamente usar um tipo de míssil específico: o Hellfire - apontado como um dos responsáveis por minimizar o número de baixas casuais.

Embora as autoridades dos EUA não tenham confirmado publicamente qual variante do Hellfire foi usada, especialistas e outros pessoas familiarizadas com operações de contraterrorismo disseram que uma opção provável era o altamente secreto Hellfire R9X, uma versão inerte e com seis lâminas - o que lhe rendeu o apelido de “bomba-ninja” - o que reduz a zona de destruição no entorno do alvo.

Soldados britânicos equipam helicóptero AH-64 Apache com míssil Hellfire tradicional. Foto: EUTERS/Cpl Rob Knight/DMOC/Crown Copyright/Handout - 21/07/2006

De acordo com Klon Kitchen, membro sênior do American Enterprise Institute e ex-analista de inteligência, o uso potencial do R9X sugere que os EUA queriam matar al-Zawahiri com “probabilidade limitada de morte e destruição colateral e por outras razões políticas relevantes”.

O que é o míssil Hellfire?

Originalmente projetado como um míssil antitanque na década de 1980, o Hellfire tem sido usado por agências militares e de inteligência nas últimas duas décadas para atacar alvos no Iraque, Afeganistão, Iêmen e outros.

Drone não-tripulado equipado com míssil Hellfire em Camp Taj, no Iraque. Foto: Jason Sweeney/U.S. Army via AP - 27/02/2011

Os mísseis guiados com precisão podem ser montados em helicópteros e drones não-tripulados e são amplamente utilizados em combate em todo o mundo. Mais de 100 mil mísseis Hellfire foram vendidos para os EUA e outros países, de acordo com Ryan Brobst, analista da Fundação para a Defesa das Democracias, um think tank de Washington.

“Ele pode causar danos suficientes para destruir a maioria dos alvos, como veículos e edifícios, sem causar danos suficientes para destruir quarteirões da cidade e causar baixas civis significativas”, disse Brobst.

Os militares dos EUA usaram rotineiramente mísseis Hellfire para matar alvos considerados de alta importância, incluindo um líder sênior da Al-Qaeda na Síria no ano passado e o Anwar al-Awlaki no Iêmen em 2011.

O que matou al-Zawahiri?

Os EUA tinham várias opções para o ataque. Pode ter sido usado um Hellfire tradicional, uma bomba lançada de uma aeronave tripulada ou um ataque muito mais arriscado por forças terrestres. Os SEALs da Marinha dos EUA, por exemplo, voaram para o Paquistão em helicópteros na operação que resultou na morte de Osama bin Laden em um ataque.

Ayman al-Zawahri ao lado de Osama bin Laden. Foto: Mazhar Ali Khan/ AP - 1998

Neste caso, a CIA optou por um ataque de drone. E embora a CIA geralmente não confirme suas missões de contraterrorismo e guarde de perto as informações sobre os ataques que realiza, funcionários do governo dos EUA disseram que dois mísseis Hellfire foram disparados na varanda do prédio onde al-Zawahiri morava em Cabul.

Imagens do edifício em que os EUA dizem que al-Zawahiri estava mostram os danos na varanda, mas o resto da casa está de pé e não está muito danificada.

Ao contrário de outros modelos do Hellfire, o R9X não carrega uma carga explosiva. Em vez disso, ele tem uma série de seis lâminas rotativas que emergem em sua aproximação final a um alvo, disse Kitchen. “Uma de suas utilidades é abrir veículos e outras obstruções para chegar ao alvo sem ter que usar uma ogiva explosiva”, disse ele.

Evitar vítimas civis

Autoridades e especialistas dos EUA deixaram claro nesta semana que evitar baixas civis era um elemento crucial na escolha da arma. Menos de um ano atrás, um ataque de drone dos EUA – usando um míssil Hellfire mais convencional – atingiu um carro em um bairro de Cabul e matou 10 civis que estavam em seu interior e nos arredores, incluindo sete crianças. Em meio à caótica retirada militar dos EUA do Afeganistão, as forças americanas disseram acreditar que havia explosivos no carro e que o alvo representava uma ameaça iminente às tropas no solo.

Drone equipado com míssil Hellfire no Afeganistão. Foto: Baz Ratner / REUTERS - 29/06/2011

Um ex-funcionário dos EUA disse que a provável escolha de um R9X é um exemplo do esforço do governo para encontrar maneiras de minimizar os danos colaterais e evitar a perda de vidas inocentes. Esse míssil é uma arma muito precisa que atinge uma área muito pequena, disse o funcionário, que falou sob condição de anonimato para discutir as operações de contraterrorismo.

Um funcionário do governo disse na segunda-feira que os EUA investigaram a construção da casa onde al-Zawahiri estava para garantir que a operação pudesse ser feita sem ameaçar a integridade estrutural do prédio e também minimizar os riscos de matar civis, incluindo membros do sua família que estavam em outras partes da casa.

A escolha do míssil é, em última análise, uma parte da redução da possibilidade de matar civis ou causar outros danos colaterais.

“Eu diria que esta é de longe uma opção de menor risco”, disse Tom Karako, especialista em defesa antimísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington. Usar o Hellfire, disse ele, “reflete um alto grau de cautela em oposição a um risco”.

Os EUA estão fornecendo à Ucrânia drones que podem disparar os mísseis Hellfire?

Não. Embora os EUA tenham entregue bilhões de dólares em assistência militar para ajudar a Ucrânia a combater as tropas russas invasoras, é cauteloso em fornecer armas que possam disparar profundamente na Rússia, potencialmente aumentando o conflito ou atraindo os EUA para a guerra.

Como resultado, os EUA até agora não forneceram mísseis Hellfire ou drones que poderiam dispará-los. Em vez disso, as forças americanas entregaram drones menores, chamados de kamikaze, como o Switchblade e o Phoenix Ghost, que, em vez de disparar mísseis, explodem quando atingem um alvo./ AP

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