O que esperar de Joe Biden presidente dos EUA em 10 áreas


Confira o que pensa Biden em áreas como saúde, economia, imigração, meio-ambiente, política de armas e igualdade racial

Por Redação
Atualização:

A mudança do governo do republicano Donald Trump para o democrata Joe Biden trará transformações em diversos aspectos das vidas dos americanos, assim como novidades na forma como o país se relaciona com o planeta.

Joe Biden terá de enfrentar problemas urgentes, como a pandemia de covid-19, e tentar unir um país ainda mais polarizado após a campanha eleitoral com a maior participação da história dos EUA. 

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Confira abaixo 10 pontos que podem mudar sob um novo governo americano. 

Covid-19

A prioridade de Biden deve ser amenizar o impacto da pandemia, uma das principais razões pela qual foi eleito - os EUA são hoje o país mais afetado em casos de morte - mais de 235 mil - e de contaminações, com mais de 9 milhões.

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Os surtos de covid aumentaram e bateram recordes nos últimos dias, situação agravada pelo frio do inverno. Assim que houver uma vacina, seu desafio será distribuir e aplicar doses em um país continental de mais de 300 milhões de pessoas.

Ele repetiu durante a campanha que a pandemia foi tratada com negligência e pretende ampliar a capacidade de testes e de rastreamento – estratégia indicada por cientistas para identificar focos ativos da doença, conseguir isolá-los e reduzir a taxa de transmissão. 

Biden chega em Cleveland para debate presidencial usando máscara para se proteger contra a covid-19 Foto: AP Photo/Andrew Harnik
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Saúde

As propostas de Biden para o campo da saúde remontam ao que ficou conhecido como “Obamacare”, uma grande reforma promovida pela gestão Obama, de quem Biden era vice, e que estendeu o seguro saúde a milhões de pessoas. Instituído pelo Affordable Care Act (ACA), o “Obamacare” foi contestado por Trump em diversas oportunidades, e a Suprema Corte dos EUA deve analisar no dia 10 de novembro trechos da Lei referente à iniciativa. 

Ao longo da campanha, Biden prometeu não só manter o Obamacare como ampliá-lo. O democrata já falou em criar uma “opção pública semelhante ao Medicare” para competir com os mercados de seguros privados entre os americanos em idade produtiva. 

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Além disso, o democrata fala em aumentar subsídios que muitas famílias já usam, e defende medidas de regulamentação de preços na indústria farmacêutica. Diferentemente do Brasil, os Estados Unidos não possuem um sistema de saúde público e universal.

Economia

A covid derrubou a economia e Biden terá a missão de criar estímulos para a retomada do crescimento. Em boa medida, é uma repetição do que ele e Obama fizeram em 2009, mas em escala muito maior. Para recuperar a economia, o plano do governo prevê socorro a famílias em dificuldade financeira e investimento de mais de US$ 2 trilhões (R$ 11,5 trilhões) nos próximos quatro anos, com foco em energia limpa e indústria. 

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Com os gastos elevados por causa do coronavírus, um dos pontos cruciais será como Biden vai tratar a questão fiscal e quais aumentos de impostos serão debatidos. 

Biden também enquadra a imigração numa perspectiva econômica. Ele pretende ampliar a imigração legal e oferecer meios de cidadania para pessoas que estejam no país ilegalmente mas que, ele observa, já são contribuintes econômicos como trabalhadores e consumidores.

Relações com Brasil

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A relação com o Brasil deve ser tensa. Na campanha, Biden prometeu pressionar o governo brasileiro para conter desmatamento e queimadas. Além disso, os elogios de Jair Bolsonaro a Trump foram mal recebidos pela ala progressista do partido. A incógnita é saber como se comportará o Itamaraty, chefiado por Ernesto Araújo, que tem um perfil ideológico e pouco pragmático. 

Biden conhece bem o país e a América Latina. Foi o líder da diplomacia do governo de Barack Obama por oito anos e, antes disso, presidiu e foi membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado por 12 anos. Biden esteve em Brasília nos anos de 2013, 2014 e 2015, quando o país era liderado por Dilma Rousseff e atuou para apaziguar a relação Brasil-EUA quando foi revelado que comunicações da presidente e da Petrobrás haviam sido bisbilhotadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA) americana. 

Também recebeu o ex-presidente Michel Temer em Washington em 2016, em um gesto visto como uma chancela ao vice-presidente que assumia o mandato após o impeachment. 

Joe Biden, então vice-presidente dos Estados Unidos, em encontro no Palácio do Planalto com a ex-presidente Dilma Rousseff, em junho de 2014. Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação

Meio-ambiente

A volta ao acordo climático de Paris seria uma de suas primeiras medidas. Para compor com a ala mais progressista do partido, Biden adotou uma agenda ambiental bastante ousada, com metas de emissão de carbono e transição do petróleo para fontes renováveis. Uma parte considerável do Partido Democrata tem na descarbonização da economia uma de suas principais bandeiras. 

Igualdade racial

A polícia nos EUA mata desproporcionalmente mais negros do que brancos, e isso não deve ser alterado do dia para a noite. O novo governo deve estar preparado para lidar com eventuais novos casos nas grandes cidades. 

Desde a campanha, Joe Biden se mostrou mais preocupado que Trump com a questão racial e com a divisão que se acentua na sociedade americana. Ao escolher uma vice-presidente negra, a primeira da história do país, sinaliza a importância que dá ao tema. A relação e o diálogo com Obama também pesam a favor do democrata.  

Imigrantes ilegais e fronteiras

Espera-se uma solução para os 3,6 milhões de filhos de imigrantes que chegaram aos EUA com os país e nunca obtiveram cidadania. O maior obstáculo será o Senado, que deve continuar sob controle dos republicanos. Biden é contra as ações antiimigração de Trump.

Afirmou que, mesmo que não derrube as partes do muro fronteiriço com o México já construídas, não vai continuar a obra, e sim investir em maior segurança e triagem mais rígida nas fronteiras e portos de entrada.

Com relação ao "Dreamers", pretende expandir o programa, inclusive tornar os jovens imigrantes elegíveis para auxílio estudantil do governo e melhorar a legislação para imigrantes em geral conseguirem cidadania americana.

O democrata ainda afirmou que revogaria o banimento de entrada para alguns países de maioria muçulmana, como determinou o presidente em 2018.

Política externa

A disputa com a China não acaba com a entrada do democrata, mas o isolacionismo dos EUA sim. Aposta no multilateralismo para pressionar a China e construir ponte com outras nações. No Oriente Médio, pode reduzir a pressão sobre o Irã, desde que o país aceite cumprir os termos do acordo nuclear. Aprova a retirada de tropas da região, mas promete focar esforços no combate ao terrorismo, contra grupos como Al Qaeda e Estado Islâmico. Na Europa, quer estreitar laços com os países da OTAN.

Biden prometeu defender aliados dos EUA e "deixar claro para nossos adversários que acabaram os dias de amizades com ditadores", referindo-se ao artigo de Trump amizade com o líder norte-coreano Kim Jong Un e o russo Vladimir Putin. Apesar do discurso, não será fácil. "As memórias de Trump permanecerão e criarão um certo grau de ansiedade de fundo sobre o que os futuros presidentes dos EUA podem fazer" avaliou Michael O'Hanlon, do think tank Brookings Institution em Washington. 

Proteção de dados

Joe Biden acredita na importância da adoção de padrões de privacidade semelhantes aos adotados pela União Europeia, que recentemente aprovou a Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR, na silga em inglês). O objetivo da lei europeia é tentar equilibrar a inovação, o comércio e a proteção da vida privada em um momento em que os dados são cada vez mais importantes. 

Política de armas

Pretende renovar o banimento de rifles de assalto, como ele fez ao atuar pela aprovação do primeiro banimento em 1994, e sugere criar um programa do governo de compra de armas de assalto e carregadores de alta capacidade.

Apoia o registro obrigatório de rifles de assalto caso o dono da arma não queira vendê-la de volta ao governo. Apesar de ser contrário ao confisco obrigatório de armas de fogo, defende a checagem obrigatória de histórico do comprador para todo tipo de arma. / Com agências de notícias 

A mudança do governo do republicano Donald Trump para o democrata Joe Biden trará transformações em diversos aspectos das vidas dos americanos, assim como novidades na forma como o país se relaciona com o planeta.

Joe Biden terá de enfrentar problemas urgentes, como a pandemia de covid-19, e tentar unir um país ainda mais polarizado após a campanha eleitoral com a maior participação da história dos EUA. 

Confira abaixo 10 pontos que podem mudar sob um novo governo americano. 

Covid-19

A prioridade de Biden deve ser amenizar o impacto da pandemia, uma das principais razões pela qual foi eleito - os EUA são hoje o país mais afetado em casos de morte - mais de 235 mil - e de contaminações, com mais de 9 milhões.

Os surtos de covid aumentaram e bateram recordes nos últimos dias, situação agravada pelo frio do inverno. Assim que houver uma vacina, seu desafio será distribuir e aplicar doses em um país continental de mais de 300 milhões de pessoas.

Ele repetiu durante a campanha que a pandemia foi tratada com negligência e pretende ampliar a capacidade de testes e de rastreamento – estratégia indicada por cientistas para identificar focos ativos da doença, conseguir isolá-los e reduzir a taxa de transmissão. 

Biden chega em Cleveland para debate presidencial usando máscara para se proteger contra a covid-19 Foto: AP Photo/Andrew Harnik

Saúde

As propostas de Biden para o campo da saúde remontam ao que ficou conhecido como “Obamacare”, uma grande reforma promovida pela gestão Obama, de quem Biden era vice, e que estendeu o seguro saúde a milhões de pessoas. Instituído pelo Affordable Care Act (ACA), o “Obamacare” foi contestado por Trump em diversas oportunidades, e a Suprema Corte dos EUA deve analisar no dia 10 de novembro trechos da Lei referente à iniciativa. 

Ao longo da campanha, Biden prometeu não só manter o Obamacare como ampliá-lo. O democrata já falou em criar uma “opção pública semelhante ao Medicare” para competir com os mercados de seguros privados entre os americanos em idade produtiva. 

Além disso, o democrata fala em aumentar subsídios que muitas famílias já usam, e defende medidas de regulamentação de preços na indústria farmacêutica. Diferentemente do Brasil, os Estados Unidos não possuem um sistema de saúde público e universal.

Economia

A covid derrubou a economia e Biden terá a missão de criar estímulos para a retomada do crescimento. Em boa medida, é uma repetição do que ele e Obama fizeram em 2009, mas em escala muito maior. Para recuperar a economia, o plano do governo prevê socorro a famílias em dificuldade financeira e investimento de mais de US$ 2 trilhões (R$ 11,5 trilhões) nos próximos quatro anos, com foco em energia limpa e indústria. 

Com os gastos elevados por causa do coronavírus, um dos pontos cruciais será como Biden vai tratar a questão fiscal e quais aumentos de impostos serão debatidos. 

Biden também enquadra a imigração numa perspectiva econômica. Ele pretende ampliar a imigração legal e oferecer meios de cidadania para pessoas que estejam no país ilegalmente mas que, ele observa, já são contribuintes econômicos como trabalhadores e consumidores.

Relações com Brasil

A relação com o Brasil deve ser tensa. Na campanha, Biden prometeu pressionar o governo brasileiro para conter desmatamento e queimadas. Além disso, os elogios de Jair Bolsonaro a Trump foram mal recebidos pela ala progressista do partido. A incógnita é saber como se comportará o Itamaraty, chefiado por Ernesto Araújo, que tem um perfil ideológico e pouco pragmático. 

Biden conhece bem o país e a América Latina. Foi o líder da diplomacia do governo de Barack Obama por oito anos e, antes disso, presidiu e foi membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado por 12 anos. Biden esteve em Brasília nos anos de 2013, 2014 e 2015, quando o país era liderado por Dilma Rousseff e atuou para apaziguar a relação Brasil-EUA quando foi revelado que comunicações da presidente e da Petrobrás haviam sido bisbilhotadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA) americana. 

Também recebeu o ex-presidente Michel Temer em Washington em 2016, em um gesto visto como uma chancela ao vice-presidente que assumia o mandato após o impeachment. 

Joe Biden, então vice-presidente dos Estados Unidos, em encontro no Palácio do Planalto com a ex-presidente Dilma Rousseff, em junho de 2014. Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação

Meio-ambiente

A volta ao acordo climático de Paris seria uma de suas primeiras medidas. Para compor com a ala mais progressista do partido, Biden adotou uma agenda ambiental bastante ousada, com metas de emissão de carbono e transição do petróleo para fontes renováveis. Uma parte considerável do Partido Democrata tem na descarbonização da economia uma de suas principais bandeiras. 

Igualdade racial

A polícia nos EUA mata desproporcionalmente mais negros do que brancos, e isso não deve ser alterado do dia para a noite. O novo governo deve estar preparado para lidar com eventuais novos casos nas grandes cidades. 

Desde a campanha, Joe Biden se mostrou mais preocupado que Trump com a questão racial e com a divisão que se acentua na sociedade americana. Ao escolher uma vice-presidente negra, a primeira da história do país, sinaliza a importância que dá ao tema. A relação e o diálogo com Obama também pesam a favor do democrata.  

Imigrantes ilegais e fronteiras

Espera-se uma solução para os 3,6 milhões de filhos de imigrantes que chegaram aos EUA com os país e nunca obtiveram cidadania. O maior obstáculo será o Senado, que deve continuar sob controle dos republicanos. Biden é contra as ações antiimigração de Trump.

Afirmou que, mesmo que não derrube as partes do muro fronteiriço com o México já construídas, não vai continuar a obra, e sim investir em maior segurança e triagem mais rígida nas fronteiras e portos de entrada.

Com relação ao "Dreamers", pretende expandir o programa, inclusive tornar os jovens imigrantes elegíveis para auxílio estudantil do governo e melhorar a legislação para imigrantes em geral conseguirem cidadania americana.

O democrata ainda afirmou que revogaria o banimento de entrada para alguns países de maioria muçulmana, como determinou o presidente em 2018.

Política externa

A disputa com a China não acaba com a entrada do democrata, mas o isolacionismo dos EUA sim. Aposta no multilateralismo para pressionar a China e construir ponte com outras nações. No Oriente Médio, pode reduzir a pressão sobre o Irã, desde que o país aceite cumprir os termos do acordo nuclear. Aprova a retirada de tropas da região, mas promete focar esforços no combate ao terrorismo, contra grupos como Al Qaeda e Estado Islâmico. Na Europa, quer estreitar laços com os países da OTAN.

Biden prometeu defender aliados dos EUA e "deixar claro para nossos adversários que acabaram os dias de amizades com ditadores", referindo-se ao artigo de Trump amizade com o líder norte-coreano Kim Jong Un e o russo Vladimir Putin. Apesar do discurso, não será fácil. "As memórias de Trump permanecerão e criarão um certo grau de ansiedade de fundo sobre o que os futuros presidentes dos EUA podem fazer" avaliou Michael O'Hanlon, do think tank Brookings Institution em Washington. 

Proteção de dados

Joe Biden acredita na importância da adoção de padrões de privacidade semelhantes aos adotados pela União Europeia, que recentemente aprovou a Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR, na silga em inglês). O objetivo da lei europeia é tentar equilibrar a inovação, o comércio e a proteção da vida privada em um momento em que os dados são cada vez mais importantes. 

Política de armas

Pretende renovar o banimento de rifles de assalto, como ele fez ao atuar pela aprovação do primeiro banimento em 1994, e sugere criar um programa do governo de compra de armas de assalto e carregadores de alta capacidade.

Apoia o registro obrigatório de rifles de assalto caso o dono da arma não queira vendê-la de volta ao governo. Apesar de ser contrário ao confisco obrigatório de armas de fogo, defende a checagem obrigatória de histórico do comprador para todo tipo de arma. / Com agências de notícias 

A mudança do governo do republicano Donald Trump para o democrata Joe Biden trará transformações em diversos aspectos das vidas dos americanos, assim como novidades na forma como o país se relaciona com o planeta.

Joe Biden terá de enfrentar problemas urgentes, como a pandemia de covid-19, e tentar unir um país ainda mais polarizado após a campanha eleitoral com a maior participação da história dos EUA. 

Confira abaixo 10 pontos que podem mudar sob um novo governo americano. 

Covid-19

A prioridade de Biden deve ser amenizar o impacto da pandemia, uma das principais razões pela qual foi eleito - os EUA são hoje o país mais afetado em casos de morte - mais de 235 mil - e de contaminações, com mais de 9 milhões.

Os surtos de covid aumentaram e bateram recordes nos últimos dias, situação agravada pelo frio do inverno. Assim que houver uma vacina, seu desafio será distribuir e aplicar doses em um país continental de mais de 300 milhões de pessoas.

Ele repetiu durante a campanha que a pandemia foi tratada com negligência e pretende ampliar a capacidade de testes e de rastreamento – estratégia indicada por cientistas para identificar focos ativos da doença, conseguir isolá-los e reduzir a taxa de transmissão. 

Biden chega em Cleveland para debate presidencial usando máscara para se proteger contra a covid-19 Foto: AP Photo/Andrew Harnik

Saúde

As propostas de Biden para o campo da saúde remontam ao que ficou conhecido como “Obamacare”, uma grande reforma promovida pela gestão Obama, de quem Biden era vice, e que estendeu o seguro saúde a milhões de pessoas. Instituído pelo Affordable Care Act (ACA), o “Obamacare” foi contestado por Trump em diversas oportunidades, e a Suprema Corte dos EUA deve analisar no dia 10 de novembro trechos da Lei referente à iniciativa. 

Ao longo da campanha, Biden prometeu não só manter o Obamacare como ampliá-lo. O democrata já falou em criar uma “opção pública semelhante ao Medicare” para competir com os mercados de seguros privados entre os americanos em idade produtiva. 

Além disso, o democrata fala em aumentar subsídios que muitas famílias já usam, e defende medidas de regulamentação de preços na indústria farmacêutica. Diferentemente do Brasil, os Estados Unidos não possuem um sistema de saúde público e universal.

Economia

A covid derrubou a economia e Biden terá a missão de criar estímulos para a retomada do crescimento. Em boa medida, é uma repetição do que ele e Obama fizeram em 2009, mas em escala muito maior. Para recuperar a economia, o plano do governo prevê socorro a famílias em dificuldade financeira e investimento de mais de US$ 2 trilhões (R$ 11,5 trilhões) nos próximos quatro anos, com foco em energia limpa e indústria. 

Com os gastos elevados por causa do coronavírus, um dos pontos cruciais será como Biden vai tratar a questão fiscal e quais aumentos de impostos serão debatidos. 

Biden também enquadra a imigração numa perspectiva econômica. Ele pretende ampliar a imigração legal e oferecer meios de cidadania para pessoas que estejam no país ilegalmente mas que, ele observa, já são contribuintes econômicos como trabalhadores e consumidores.

Relações com Brasil

A relação com o Brasil deve ser tensa. Na campanha, Biden prometeu pressionar o governo brasileiro para conter desmatamento e queimadas. Além disso, os elogios de Jair Bolsonaro a Trump foram mal recebidos pela ala progressista do partido. A incógnita é saber como se comportará o Itamaraty, chefiado por Ernesto Araújo, que tem um perfil ideológico e pouco pragmático. 

Biden conhece bem o país e a América Latina. Foi o líder da diplomacia do governo de Barack Obama por oito anos e, antes disso, presidiu e foi membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado por 12 anos. Biden esteve em Brasília nos anos de 2013, 2014 e 2015, quando o país era liderado por Dilma Rousseff e atuou para apaziguar a relação Brasil-EUA quando foi revelado que comunicações da presidente e da Petrobrás haviam sido bisbilhotadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA) americana. 

Também recebeu o ex-presidente Michel Temer em Washington em 2016, em um gesto visto como uma chancela ao vice-presidente que assumia o mandato após o impeachment. 

Joe Biden, então vice-presidente dos Estados Unidos, em encontro no Palácio do Planalto com a ex-presidente Dilma Rousseff, em junho de 2014. Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação

Meio-ambiente

A volta ao acordo climático de Paris seria uma de suas primeiras medidas. Para compor com a ala mais progressista do partido, Biden adotou uma agenda ambiental bastante ousada, com metas de emissão de carbono e transição do petróleo para fontes renováveis. Uma parte considerável do Partido Democrata tem na descarbonização da economia uma de suas principais bandeiras. 

Igualdade racial

A polícia nos EUA mata desproporcionalmente mais negros do que brancos, e isso não deve ser alterado do dia para a noite. O novo governo deve estar preparado para lidar com eventuais novos casos nas grandes cidades. 

Desde a campanha, Joe Biden se mostrou mais preocupado que Trump com a questão racial e com a divisão que se acentua na sociedade americana. Ao escolher uma vice-presidente negra, a primeira da história do país, sinaliza a importância que dá ao tema. A relação e o diálogo com Obama também pesam a favor do democrata.  

Imigrantes ilegais e fronteiras

Espera-se uma solução para os 3,6 milhões de filhos de imigrantes que chegaram aos EUA com os país e nunca obtiveram cidadania. O maior obstáculo será o Senado, que deve continuar sob controle dos republicanos. Biden é contra as ações antiimigração de Trump.

Afirmou que, mesmo que não derrube as partes do muro fronteiriço com o México já construídas, não vai continuar a obra, e sim investir em maior segurança e triagem mais rígida nas fronteiras e portos de entrada.

Com relação ao "Dreamers", pretende expandir o programa, inclusive tornar os jovens imigrantes elegíveis para auxílio estudantil do governo e melhorar a legislação para imigrantes em geral conseguirem cidadania americana.

O democrata ainda afirmou que revogaria o banimento de entrada para alguns países de maioria muçulmana, como determinou o presidente em 2018.

Política externa

A disputa com a China não acaba com a entrada do democrata, mas o isolacionismo dos EUA sim. Aposta no multilateralismo para pressionar a China e construir ponte com outras nações. No Oriente Médio, pode reduzir a pressão sobre o Irã, desde que o país aceite cumprir os termos do acordo nuclear. Aprova a retirada de tropas da região, mas promete focar esforços no combate ao terrorismo, contra grupos como Al Qaeda e Estado Islâmico. Na Europa, quer estreitar laços com os países da OTAN.

Biden prometeu defender aliados dos EUA e "deixar claro para nossos adversários que acabaram os dias de amizades com ditadores", referindo-se ao artigo de Trump amizade com o líder norte-coreano Kim Jong Un e o russo Vladimir Putin. Apesar do discurso, não será fácil. "As memórias de Trump permanecerão e criarão um certo grau de ansiedade de fundo sobre o que os futuros presidentes dos EUA podem fazer" avaliou Michael O'Hanlon, do think tank Brookings Institution em Washington. 

Proteção de dados

Joe Biden acredita na importância da adoção de padrões de privacidade semelhantes aos adotados pela União Europeia, que recentemente aprovou a Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR, na silga em inglês). O objetivo da lei europeia é tentar equilibrar a inovação, o comércio e a proteção da vida privada em um momento em que os dados são cada vez mais importantes. 

Política de armas

Pretende renovar o banimento de rifles de assalto, como ele fez ao atuar pela aprovação do primeiro banimento em 1994, e sugere criar um programa do governo de compra de armas de assalto e carregadores de alta capacidade.

Apoia o registro obrigatório de rifles de assalto caso o dono da arma não queira vendê-la de volta ao governo. Apesar de ser contrário ao confisco obrigatório de armas de fogo, defende a checagem obrigatória de histórico do comprador para todo tipo de arma. / Com agências de notícias 

A mudança do governo do republicano Donald Trump para o democrata Joe Biden trará transformações em diversos aspectos das vidas dos americanos, assim como novidades na forma como o país se relaciona com o planeta.

Joe Biden terá de enfrentar problemas urgentes, como a pandemia de covid-19, e tentar unir um país ainda mais polarizado após a campanha eleitoral com a maior participação da história dos EUA. 

Confira abaixo 10 pontos que podem mudar sob um novo governo americano. 

Covid-19

A prioridade de Biden deve ser amenizar o impacto da pandemia, uma das principais razões pela qual foi eleito - os EUA são hoje o país mais afetado em casos de morte - mais de 235 mil - e de contaminações, com mais de 9 milhões.

Os surtos de covid aumentaram e bateram recordes nos últimos dias, situação agravada pelo frio do inverno. Assim que houver uma vacina, seu desafio será distribuir e aplicar doses em um país continental de mais de 300 milhões de pessoas.

Ele repetiu durante a campanha que a pandemia foi tratada com negligência e pretende ampliar a capacidade de testes e de rastreamento – estratégia indicada por cientistas para identificar focos ativos da doença, conseguir isolá-los e reduzir a taxa de transmissão. 

Biden chega em Cleveland para debate presidencial usando máscara para se proteger contra a covid-19 Foto: AP Photo/Andrew Harnik

Saúde

As propostas de Biden para o campo da saúde remontam ao que ficou conhecido como “Obamacare”, uma grande reforma promovida pela gestão Obama, de quem Biden era vice, e que estendeu o seguro saúde a milhões de pessoas. Instituído pelo Affordable Care Act (ACA), o “Obamacare” foi contestado por Trump em diversas oportunidades, e a Suprema Corte dos EUA deve analisar no dia 10 de novembro trechos da Lei referente à iniciativa. 

Ao longo da campanha, Biden prometeu não só manter o Obamacare como ampliá-lo. O democrata já falou em criar uma “opção pública semelhante ao Medicare” para competir com os mercados de seguros privados entre os americanos em idade produtiva. 

Além disso, o democrata fala em aumentar subsídios que muitas famílias já usam, e defende medidas de regulamentação de preços na indústria farmacêutica. Diferentemente do Brasil, os Estados Unidos não possuem um sistema de saúde público e universal.

Economia

A covid derrubou a economia e Biden terá a missão de criar estímulos para a retomada do crescimento. Em boa medida, é uma repetição do que ele e Obama fizeram em 2009, mas em escala muito maior. Para recuperar a economia, o plano do governo prevê socorro a famílias em dificuldade financeira e investimento de mais de US$ 2 trilhões (R$ 11,5 trilhões) nos próximos quatro anos, com foco em energia limpa e indústria. 

Com os gastos elevados por causa do coronavírus, um dos pontos cruciais será como Biden vai tratar a questão fiscal e quais aumentos de impostos serão debatidos. 

Biden também enquadra a imigração numa perspectiva econômica. Ele pretende ampliar a imigração legal e oferecer meios de cidadania para pessoas que estejam no país ilegalmente mas que, ele observa, já são contribuintes econômicos como trabalhadores e consumidores.

Relações com Brasil

A relação com o Brasil deve ser tensa. Na campanha, Biden prometeu pressionar o governo brasileiro para conter desmatamento e queimadas. Além disso, os elogios de Jair Bolsonaro a Trump foram mal recebidos pela ala progressista do partido. A incógnita é saber como se comportará o Itamaraty, chefiado por Ernesto Araújo, que tem um perfil ideológico e pouco pragmático. 

Biden conhece bem o país e a América Latina. Foi o líder da diplomacia do governo de Barack Obama por oito anos e, antes disso, presidiu e foi membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado por 12 anos. Biden esteve em Brasília nos anos de 2013, 2014 e 2015, quando o país era liderado por Dilma Rousseff e atuou para apaziguar a relação Brasil-EUA quando foi revelado que comunicações da presidente e da Petrobrás haviam sido bisbilhotadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA) americana. 

Também recebeu o ex-presidente Michel Temer em Washington em 2016, em um gesto visto como uma chancela ao vice-presidente que assumia o mandato após o impeachment. 

Joe Biden, então vice-presidente dos Estados Unidos, em encontro no Palácio do Planalto com a ex-presidente Dilma Rousseff, em junho de 2014. Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação

Meio-ambiente

A volta ao acordo climático de Paris seria uma de suas primeiras medidas. Para compor com a ala mais progressista do partido, Biden adotou uma agenda ambiental bastante ousada, com metas de emissão de carbono e transição do petróleo para fontes renováveis. Uma parte considerável do Partido Democrata tem na descarbonização da economia uma de suas principais bandeiras. 

Igualdade racial

A polícia nos EUA mata desproporcionalmente mais negros do que brancos, e isso não deve ser alterado do dia para a noite. O novo governo deve estar preparado para lidar com eventuais novos casos nas grandes cidades. 

Desde a campanha, Joe Biden se mostrou mais preocupado que Trump com a questão racial e com a divisão que se acentua na sociedade americana. Ao escolher uma vice-presidente negra, a primeira da história do país, sinaliza a importância que dá ao tema. A relação e o diálogo com Obama também pesam a favor do democrata.  

Imigrantes ilegais e fronteiras

Espera-se uma solução para os 3,6 milhões de filhos de imigrantes que chegaram aos EUA com os país e nunca obtiveram cidadania. O maior obstáculo será o Senado, que deve continuar sob controle dos republicanos. Biden é contra as ações antiimigração de Trump.

Afirmou que, mesmo que não derrube as partes do muro fronteiriço com o México já construídas, não vai continuar a obra, e sim investir em maior segurança e triagem mais rígida nas fronteiras e portos de entrada.

Com relação ao "Dreamers", pretende expandir o programa, inclusive tornar os jovens imigrantes elegíveis para auxílio estudantil do governo e melhorar a legislação para imigrantes em geral conseguirem cidadania americana.

O democrata ainda afirmou que revogaria o banimento de entrada para alguns países de maioria muçulmana, como determinou o presidente em 2018.

Política externa

A disputa com a China não acaba com a entrada do democrata, mas o isolacionismo dos EUA sim. Aposta no multilateralismo para pressionar a China e construir ponte com outras nações. No Oriente Médio, pode reduzir a pressão sobre o Irã, desde que o país aceite cumprir os termos do acordo nuclear. Aprova a retirada de tropas da região, mas promete focar esforços no combate ao terrorismo, contra grupos como Al Qaeda e Estado Islâmico. Na Europa, quer estreitar laços com os países da OTAN.

Biden prometeu defender aliados dos EUA e "deixar claro para nossos adversários que acabaram os dias de amizades com ditadores", referindo-se ao artigo de Trump amizade com o líder norte-coreano Kim Jong Un e o russo Vladimir Putin. Apesar do discurso, não será fácil. "As memórias de Trump permanecerão e criarão um certo grau de ansiedade de fundo sobre o que os futuros presidentes dos EUA podem fazer" avaliou Michael O'Hanlon, do think tank Brookings Institution em Washington. 

Proteção de dados

Joe Biden acredita na importância da adoção de padrões de privacidade semelhantes aos adotados pela União Europeia, que recentemente aprovou a Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR, na silga em inglês). O objetivo da lei europeia é tentar equilibrar a inovação, o comércio e a proteção da vida privada em um momento em que os dados são cada vez mais importantes. 

Política de armas

Pretende renovar o banimento de rifles de assalto, como ele fez ao atuar pela aprovação do primeiro banimento em 1994, e sugere criar um programa do governo de compra de armas de assalto e carregadores de alta capacidade.

Apoia o registro obrigatório de rifles de assalto caso o dono da arma não queira vendê-la de volta ao governo. Apesar de ser contrário ao confisco obrigatório de armas de fogo, defende a checagem obrigatória de histórico do comprador para todo tipo de arma. / Com agências de notícias 

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