O que está em jogo na votação crucial do Brexit no Parlamento britânico


Primeira-ministra Theresa May joga suas últimas fichas para tentar obter apoio e aprovar acordo negociado por Londres e Bruxelas sobre a saída britânica da União Europeia; analistas acham difícil que deputados aprovem plano

Por Redação

LONDRES - O acordo do Brexit negociado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrenta nesta terça-feira, 12, uma votação crucial no Parlamento - assim como a própria política conservadora -, que pode definir o país para as próximas gerações.

Veja abaixo algumas das principais questões envolvendo o novo desafio do Brexit no Parlamento britânico:

Manifestante pró-Brexit exibe cartazes contra as tentativas de suspender a saída britânica da União Europeia Foto: EFE/ Neil Hall
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• Último esforço pelo acordo

A viagem de May para Estrasburgo, na França, foi o último de uma série de esforços feitos pela política para obter concessões da União Europeia e tentar tornar o acordo negociado por Londres e Bruxelas aceitável para os deputados britânicos.

Ao retornar, ela anunciou que obteve garantias legais vinculantes sobre a questão da fronteira norte-irlandesa. May espera que as novidades sobre o backstop, como é conhecido este dispositivo, sejam suficientes para recuperar o apoio total dentro de sua própria legenda, o Partido Conservador.

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• Parecer dificulta chances do governo

A perspectiva de que a premiê consiga os votos cruciais para aprovar o acordo do Brexit, no entanto, sofreu um forte revés nesta terça com o parecer do procurador-geral britânico, Geoffrey Cox, de que as concessões da União Europeia não mudam os aspectos jurídicos do backstop, que continuaria representando um risco para os britânicos.

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Em um último esforço para salvar seu acordo do Brexit, a primeira-ministra britânica, Theresa May, se reuniu na noite de segunda-feira em Estrasburgo com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. A reunião ocorreu na véspera de uma votação crucial no Parlamento de Londres.

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A opinião de Cox provavelmente influenciará deputados conservadores pró-Brexit que consideravam votar a favor do acordo, o que pode diminuir substancialmente as chances de May ganhar a votação.

• Especialistas estão céticos

Mesmo antes do parecer do procurador-geral, outros especialistas já tinham expressado opiniões similares. Inicialmente, o máximo que pode ser dito sobre as mudanças é que elas reforçam a noção de que o Reino Unido pode optar por não cumprir as regras comerciais europeias se for constatado que as autoridades em Bruxelas estão negociando de má-fé.

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"No mundo real, essa perspectiva deve ser considerada quase inteiramente teórica, se não totalmente fantasiosa", escreveu Michael Dougan, professor de direito europeu na Universidade de Liverpool.

A pedido de opositores do Brexit, três especialistas em direito europeu e internacional também analisaram os ajustes nos termos do Brexit e fizeram um parecer de 11 páginas: “O backstop durará indefinidamente, a menos e até que seja substituído por outro acordo, salvo o extremo e quase improvável caso de que, nas negociações futuras, a UE aja de má fé ao rejeitar as exigências do Reino Unido”, concluíram.

• Mas o que é mesmo o backstop?

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Confuso e debatido quase o tempo todo, o backstop é um garantia sobre como lidar com a fronteira entre a Irlanda, país membro da União Europeia, e a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, quando os britânicos deixarem a UE.

O backstop seria uma maneira de evitar a reconstrução de uma barreira física com postos de controle - o tipo de barreira que a União Europeia eliminou dentro do bloco -, o que colocaria o Acordo de Paz de Belfast. O dispositivo diz que, enquanto não houver pacto comercial de longo prazo, o Reino Unido permanecerá na união aduaneira europeia e a Irlanda do Norte estará sujeita a muitas de suas regras.

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O Reino Unido poderia, portanto, permanecer ligado bloco econômico indefinidamente, sem ter voz na definição de suas regras - o pior cenário para defensores de um Brexit linha-dura. May poderia fazer um acordo com o Partido Trabalhista para manter o Reino Unido mais próximo da UE, mas isso a colocaria em risco junto de seus aliados conservadores.

• Pivôs do acordo

No centro da questão do Brexit está o Partido Democrático Unionista (DUP, em inglês), um pequeno grupo de conservadores pró-separação norte-irlandeses que exercem grande influência porque apoiam o governo de May.

O backstop, no entanto, os preocupa porque pode aprisionar o Reino Unido na órbita regulatória da Europa e vincular a Irlanda do Norte a mais regras comerciais europeias do que a outras partes britânicas.

Os 10 deputados do DUP não fizeram comentários muito animados sobre as garantias obtidas por May e, depois do parecer de Cox, o governo vê poucas chances de conseguir o apoio deles na votação.

• O que acontece se o acordo for rejeitado novamente?

Se o Parlamento britânico rejeitar novamente o acordo, o foco deve mudar para outras votações marcada para estama semana: uma sobre a possibilidade de deixar a UE sem acordo e outra sobre um possível adiamento do Brexit.

Também existe a possibilidade, no caso de uma derrota por uma margem não muito ampla, de May tentar uma terceira votação sobre o acordo na próxima semana.

Alguns defensores do Brexit dizem que aceitariam uma saída sem acordo com uma ruptura completa com a UE, mas a maioria dos membros do Parlamento vê essa hipótese como um salto no vazio.

De qualquer forma, o governo pode adiar a data de 29 de março de forma unilateral, segundo um parecer recente de uma corte europeia. Essa medida, no entanto, não é bem vista pelo governo já que poderia fortalecer os que defendem a realização de um segundo referendo.

• Qual o prazo final para adiar o Brexit?

Os líderes da UE precisariam confirmar um pedido de prorrogação feito por Londres e o momento natural para isso seria na próxima reunião do Conselho Europeu nos dias 20 e 21 de março.

Se nenhuma extensão for aprovada neste encontro, caso os deputados britânico ainda não tenham um acordo sobre esta questão, por exemplo, haveria um risco muito alto de um Brexit sem acordo. / NYT

LONDRES - O acordo do Brexit negociado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrenta nesta terça-feira, 12, uma votação crucial no Parlamento - assim como a própria política conservadora -, que pode definir o país para as próximas gerações.

Veja abaixo algumas das principais questões envolvendo o novo desafio do Brexit no Parlamento britânico:

Manifestante pró-Brexit exibe cartazes contra as tentativas de suspender a saída britânica da União Europeia Foto: EFE/ Neil Hall

• Último esforço pelo acordo

A viagem de May para Estrasburgo, na França, foi o último de uma série de esforços feitos pela política para obter concessões da União Europeia e tentar tornar o acordo negociado por Londres e Bruxelas aceitável para os deputados britânicos.

Ao retornar, ela anunciou que obteve garantias legais vinculantes sobre a questão da fronteira norte-irlandesa. May espera que as novidades sobre o backstop, como é conhecido este dispositivo, sejam suficientes para recuperar o apoio total dentro de sua própria legenda, o Partido Conservador.

• Parecer dificulta chances do governo

A perspectiva de que a premiê consiga os votos cruciais para aprovar o acordo do Brexit, no entanto, sofreu um forte revés nesta terça com o parecer do procurador-geral britânico, Geoffrey Cox, de que as concessões da União Europeia não mudam os aspectos jurídicos do backstop, que continuaria representando um risco para os britânicos.

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Em um último esforço para salvar seu acordo do Brexit, a primeira-ministra britânica, Theresa May, se reuniu na noite de segunda-feira em Estrasburgo com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. A reunião ocorreu na véspera de uma votação crucial no Parlamento de Londres.

A opinião de Cox provavelmente influenciará deputados conservadores pró-Brexit que consideravam votar a favor do acordo, o que pode diminuir substancialmente as chances de May ganhar a votação.

• Especialistas estão céticos

Mesmo antes do parecer do procurador-geral, outros especialistas já tinham expressado opiniões similares. Inicialmente, o máximo que pode ser dito sobre as mudanças é que elas reforçam a noção de que o Reino Unido pode optar por não cumprir as regras comerciais europeias se for constatado que as autoridades em Bruxelas estão negociando de má-fé.

"No mundo real, essa perspectiva deve ser considerada quase inteiramente teórica, se não totalmente fantasiosa", escreveu Michael Dougan, professor de direito europeu na Universidade de Liverpool.

A pedido de opositores do Brexit, três especialistas em direito europeu e internacional também analisaram os ajustes nos termos do Brexit e fizeram um parecer de 11 páginas: “O backstop durará indefinidamente, a menos e até que seja substituído por outro acordo, salvo o extremo e quase improvável caso de que, nas negociações futuras, a UE aja de má fé ao rejeitar as exigências do Reino Unido”, concluíram.

• Mas o que é mesmo o backstop?

Confuso e debatido quase o tempo todo, o backstop é um garantia sobre como lidar com a fronteira entre a Irlanda, país membro da União Europeia, e a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, quando os britânicos deixarem a UE.

O backstop seria uma maneira de evitar a reconstrução de uma barreira física com postos de controle - o tipo de barreira que a União Europeia eliminou dentro do bloco -, o que colocaria o Acordo de Paz de Belfast. O dispositivo diz que, enquanto não houver pacto comercial de longo prazo, o Reino Unido permanecerá na união aduaneira europeia e a Irlanda do Norte estará sujeita a muitas de suas regras.

O Reino Unido poderia, portanto, permanecer ligado bloco econômico indefinidamente, sem ter voz na definição de suas regras - o pior cenário para defensores de um Brexit linha-dura. May poderia fazer um acordo com o Partido Trabalhista para manter o Reino Unido mais próximo da UE, mas isso a colocaria em risco junto de seus aliados conservadores.

• Pivôs do acordo

No centro da questão do Brexit está o Partido Democrático Unionista (DUP, em inglês), um pequeno grupo de conservadores pró-separação norte-irlandeses que exercem grande influência porque apoiam o governo de May.

O backstop, no entanto, os preocupa porque pode aprisionar o Reino Unido na órbita regulatória da Europa e vincular a Irlanda do Norte a mais regras comerciais europeias do que a outras partes britânicas.

Os 10 deputados do DUP não fizeram comentários muito animados sobre as garantias obtidas por May e, depois do parecer de Cox, o governo vê poucas chances de conseguir o apoio deles na votação.

• O que acontece se o acordo for rejeitado novamente?

Se o Parlamento britânico rejeitar novamente o acordo, o foco deve mudar para outras votações marcada para estama semana: uma sobre a possibilidade de deixar a UE sem acordo e outra sobre um possível adiamento do Brexit.

Também existe a possibilidade, no caso de uma derrota por uma margem não muito ampla, de May tentar uma terceira votação sobre o acordo na próxima semana.

Alguns defensores do Brexit dizem que aceitariam uma saída sem acordo com uma ruptura completa com a UE, mas a maioria dos membros do Parlamento vê essa hipótese como um salto no vazio.

De qualquer forma, o governo pode adiar a data de 29 de março de forma unilateral, segundo um parecer recente de uma corte europeia. Essa medida, no entanto, não é bem vista pelo governo já que poderia fortalecer os que defendem a realização de um segundo referendo.

• Qual o prazo final para adiar o Brexit?

Os líderes da UE precisariam confirmar um pedido de prorrogação feito por Londres e o momento natural para isso seria na próxima reunião do Conselho Europeu nos dias 20 e 21 de março.

Se nenhuma extensão for aprovada neste encontro, caso os deputados britânico ainda não tenham um acordo sobre esta questão, por exemplo, haveria um risco muito alto de um Brexit sem acordo. / NYT

LONDRES - O acordo do Brexit negociado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrenta nesta terça-feira, 12, uma votação crucial no Parlamento - assim como a própria política conservadora -, que pode definir o país para as próximas gerações.

Veja abaixo algumas das principais questões envolvendo o novo desafio do Brexit no Parlamento britânico:

Manifestante pró-Brexit exibe cartazes contra as tentativas de suspender a saída britânica da União Europeia Foto: EFE/ Neil Hall

• Último esforço pelo acordo

A viagem de May para Estrasburgo, na França, foi o último de uma série de esforços feitos pela política para obter concessões da União Europeia e tentar tornar o acordo negociado por Londres e Bruxelas aceitável para os deputados britânicos.

Ao retornar, ela anunciou que obteve garantias legais vinculantes sobre a questão da fronteira norte-irlandesa. May espera que as novidades sobre o backstop, como é conhecido este dispositivo, sejam suficientes para recuperar o apoio total dentro de sua própria legenda, o Partido Conservador.

• Parecer dificulta chances do governo

A perspectiva de que a premiê consiga os votos cruciais para aprovar o acordo do Brexit, no entanto, sofreu um forte revés nesta terça com o parecer do procurador-geral britânico, Geoffrey Cox, de que as concessões da União Europeia não mudam os aspectos jurídicos do backstop, que continuaria representando um risco para os britânicos.

Seu navegador não suporta esse video.

Em um último esforço para salvar seu acordo do Brexit, a primeira-ministra britânica, Theresa May, se reuniu na noite de segunda-feira em Estrasburgo com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. A reunião ocorreu na véspera de uma votação crucial no Parlamento de Londres.

A opinião de Cox provavelmente influenciará deputados conservadores pró-Brexit que consideravam votar a favor do acordo, o que pode diminuir substancialmente as chances de May ganhar a votação.

• Especialistas estão céticos

Mesmo antes do parecer do procurador-geral, outros especialistas já tinham expressado opiniões similares. Inicialmente, o máximo que pode ser dito sobre as mudanças é que elas reforçam a noção de que o Reino Unido pode optar por não cumprir as regras comerciais europeias se for constatado que as autoridades em Bruxelas estão negociando de má-fé.

"No mundo real, essa perspectiva deve ser considerada quase inteiramente teórica, se não totalmente fantasiosa", escreveu Michael Dougan, professor de direito europeu na Universidade de Liverpool.

A pedido de opositores do Brexit, três especialistas em direito europeu e internacional também analisaram os ajustes nos termos do Brexit e fizeram um parecer de 11 páginas: “O backstop durará indefinidamente, a menos e até que seja substituído por outro acordo, salvo o extremo e quase improvável caso de que, nas negociações futuras, a UE aja de má fé ao rejeitar as exigências do Reino Unido”, concluíram.

• Mas o que é mesmo o backstop?

Confuso e debatido quase o tempo todo, o backstop é um garantia sobre como lidar com a fronteira entre a Irlanda, país membro da União Europeia, e a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, quando os britânicos deixarem a UE.

O backstop seria uma maneira de evitar a reconstrução de uma barreira física com postos de controle - o tipo de barreira que a União Europeia eliminou dentro do bloco -, o que colocaria o Acordo de Paz de Belfast. O dispositivo diz que, enquanto não houver pacto comercial de longo prazo, o Reino Unido permanecerá na união aduaneira europeia e a Irlanda do Norte estará sujeita a muitas de suas regras.

O Reino Unido poderia, portanto, permanecer ligado bloco econômico indefinidamente, sem ter voz na definição de suas regras - o pior cenário para defensores de um Brexit linha-dura. May poderia fazer um acordo com o Partido Trabalhista para manter o Reino Unido mais próximo da UE, mas isso a colocaria em risco junto de seus aliados conservadores.

• Pivôs do acordo

No centro da questão do Brexit está o Partido Democrático Unionista (DUP, em inglês), um pequeno grupo de conservadores pró-separação norte-irlandeses que exercem grande influência porque apoiam o governo de May.

O backstop, no entanto, os preocupa porque pode aprisionar o Reino Unido na órbita regulatória da Europa e vincular a Irlanda do Norte a mais regras comerciais europeias do que a outras partes britânicas.

Os 10 deputados do DUP não fizeram comentários muito animados sobre as garantias obtidas por May e, depois do parecer de Cox, o governo vê poucas chances de conseguir o apoio deles na votação.

• O que acontece se o acordo for rejeitado novamente?

Se o Parlamento britânico rejeitar novamente o acordo, o foco deve mudar para outras votações marcada para estama semana: uma sobre a possibilidade de deixar a UE sem acordo e outra sobre um possível adiamento do Brexit.

Também existe a possibilidade, no caso de uma derrota por uma margem não muito ampla, de May tentar uma terceira votação sobre o acordo na próxima semana.

Alguns defensores do Brexit dizem que aceitariam uma saída sem acordo com uma ruptura completa com a UE, mas a maioria dos membros do Parlamento vê essa hipótese como um salto no vazio.

De qualquer forma, o governo pode adiar a data de 29 de março de forma unilateral, segundo um parecer recente de uma corte europeia. Essa medida, no entanto, não é bem vista pelo governo já que poderia fortalecer os que defendem a realização de um segundo referendo.

• Qual o prazo final para adiar o Brexit?

Os líderes da UE precisariam confirmar um pedido de prorrogação feito por Londres e o momento natural para isso seria na próxima reunião do Conselho Europeu nos dias 20 e 21 de março.

Se nenhuma extensão for aprovada neste encontro, caso os deputados britânico ainda não tenham um acordo sobre esta questão, por exemplo, haveria um risco muito alto de um Brexit sem acordo. / NYT

LONDRES - O acordo do Brexit negociado pela primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrenta nesta terça-feira, 12, uma votação crucial no Parlamento - assim como a própria política conservadora -, que pode definir o país para as próximas gerações.

Veja abaixo algumas das principais questões envolvendo o novo desafio do Brexit no Parlamento britânico:

Manifestante pró-Brexit exibe cartazes contra as tentativas de suspender a saída britânica da União Europeia Foto: EFE/ Neil Hall

• Último esforço pelo acordo

A viagem de May para Estrasburgo, na França, foi o último de uma série de esforços feitos pela política para obter concessões da União Europeia e tentar tornar o acordo negociado por Londres e Bruxelas aceitável para os deputados britânicos.

Ao retornar, ela anunciou que obteve garantias legais vinculantes sobre a questão da fronteira norte-irlandesa. May espera que as novidades sobre o backstop, como é conhecido este dispositivo, sejam suficientes para recuperar o apoio total dentro de sua própria legenda, o Partido Conservador.

• Parecer dificulta chances do governo

A perspectiva de que a premiê consiga os votos cruciais para aprovar o acordo do Brexit, no entanto, sofreu um forte revés nesta terça com o parecer do procurador-geral britânico, Geoffrey Cox, de que as concessões da União Europeia não mudam os aspectos jurídicos do backstop, que continuaria representando um risco para os britânicos.

Seu navegador não suporta esse video.

Em um último esforço para salvar seu acordo do Brexit, a primeira-ministra britânica, Theresa May, se reuniu na noite de segunda-feira em Estrasburgo com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. A reunião ocorreu na véspera de uma votação crucial no Parlamento de Londres.

A opinião de Cox provavelmente influenciará deputados conservadores pró-Brexit que consideravam votar a favor do acordo, o que pode diminuir substancialmente as chances de May ganhar a votação.

• Especialistas estão céticos

Mesmo antes do parecer do procurador-geral, outros especialistas já tinham expressado opiniões similares. Inicialmente, o máximo que pode ser dito sobre as mudanças é que elas reforçam a noção de que o Reino Unido pode optar por não cumprir as regras comerciais europeias se for constatado que as autoridades em Bruxelas estão negociando de má-fé.

"No mundo real, essa perspectiva deve ser considerada quase inteiramente teórica, se não totalmente fantasiosa", escreveu Michael Dougan, professor de direito europeu na Universidade de Liverpool.

A pedido de opositores do Brexit, três especialistas em direito europeu e internacional também analisaram os ajustes nos termos do Brexit e fizeram um parecer de 11 páginas: “O backstop durará indefinidamente, a menos e até que seja substituído por outro acordo, salvo o extremo e quase improvável caso de que, nas negociações futuras, a UE aja de má fé ao rejeitar as exigências do Reino Unido”, concluíram.

• Mas o que é mesmo o backstop?

Confuso e debatido quase o tempo todo, o backstop é um garantia sobre como lidar com a fronteira entre a Irlanda, país membro da União Europeia, e a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, quando os britânicos deixarem a UE.

O backstop seria uma maneira de evitar a reconstrução de uma barreira física com postos de controle - o tipo de barreira que a União Europeia eliminou dentro do bloco -, o que colocaria o Acordo de Paz de Belfast. O dispositivo diz que, enquanto não houver pacto comercial de longo prazo, o Reino Unido permanecerá na união aduaneira europeia e a Irlanda do Norte estará sujeita a muitas de suas regras.

O Reino Unido poderia, portanto, permanecer ligado bloco econômico indefinidamente, sem ter voz na definição de suas regras - o pior cenário para defensores de um Brexit linha-dura. May poderia fazer um acordo com o Partido Trabalhista para manter o Reino Unido mais próximo da UE, mas isso a colocaria em risco junto de seus aliados conservadores.

• Pivôs do acordo

No centro da questão do Brexit está o Partido Democrático Unionista (DUP, em inglês), um pequeno grupo de conservadores pró-separação norte-irlandeses que exercem grande influência porque apoiam o governo de May.

O backstop, no entanto, os preocupa porque pode aprisionar o Reino Unido na órbita regulatória da Europa e vincular a Irlanda do Norte a mais regras comerciais europeias do que a outras partes britânicas.

Os 10 deputados do DUP não fizeram comentários muito animados sobre as garantias obtidas por May e, depois do parecer de Cox, o governo vê poucas chances de conseguir o apoio deles na votação.

• O que acontece se o acordo for rejeitado novamente?

Se o Parlamento britânico rejeitar novamente o acordo, o foco deve mudar para outras votações marcada para estama semana: uma sobre a possibilidade de deixar a UE sem acordo e outra sobre um possível adiamento do Brexit.

Também existe a possibilidade, no caso de uma derrota por uma margem não muito ampla, de May tentar uma terceira votação sobre o acordo na próxima semana.

Alguns defensores do Brexit dizem que aceitariam uma saída sem acordo com uma ruptura completa com a UE, mas a maioria dos membros do Parlamento vê essa hipótese como um salto no vazio.

De qualquer forma, o governo pode adiar a data de 29 de março de forma unilateral, segundo um parecer recente de uma corte europeia. Essa medida, no entanto, não é bem vista pelo governo já que poderia fortalecer os que defendem a realização de um segundo referendo.

• Qual o prazo final para adiar o Brexit?

Os líderes da UE precisariam confirmar um pedido de prorrogação feito por Londres e o momento natural para isso seria na próxima reunião do Conselho Europeu nos dias 20 e 21 de março.

Se nenhuma extensão for aprovada neste encontro, caso os deputados britânico ainda não tenham um acordo sobre esta questão, por exemplo, haveria um risco muito alto de um Brexit sem acordo. / NYT

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