Opinião|O que minha intuição diz sobre a eleição nos EUA, e por que não confiar na intuição de ninguém


As pessoas deveriam se conformar com o fato de que uma projeção 50-50 realmente significa 50-50

Por Nate Silver

Numa eleição em que os sete Estados indefinidos registram pesquisas com 1 ou 2 pontos porcentuais de diferença entre os candidatos, a única projeção responsável é 50-50. Desde o debate entre Kamala Harris e Donald Trump, é mais ou menos aí que meu modelo se situa.

Mas sempre que transmito essa informação insatisfatória, ouço inevitavelmente a pergunta: “Ah, Nate, mas o que diz sua intuição?”.

continua após a publicidade

Então OK, vou lhes dizer. Minha intuição diz Donald Trump. E acho que também a de muitos democratas ansiosos.

Mas não acho que vocês deveriam dar absolutamente nenhum valor à intuição de ninguém — nem à minha. Em vez disso, deveriam se conformar com o fato de que uma projeção 50-50 realmente significa 50-50. E deveriam também estar abertos à possibilidade dessas projeções estarem erradas, pois esse pode ser o caso tanto na direção de Trump quanto na de Kamala.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um comício em Daluth, Geórgia  Foto: Alex Brandon/AP
continua após a publicidade

Não que eu seja inerentemente contra a intuição. No pôquer, por exemplo, ela desempenha um grande papel. A maioria dos jogadores experientes com que conversei ao longo dos anos dirá que ela lhe dá um algo mais. Você nunca terá certeza, mas sua intuição pode transformar probabilidades em 60-40 ao seu favor ao perceber padrões quando um competidor estiver blefando.

Mas jogadores de pôquer baseiam esse algo mais em milhares de jogos de experiência. E eleições presidenciais ocorrem apenas a cada quatro anos. Ao responder perguntas sobre quem ganhará, a maioria das pessoas diz Trump em razão de uma tendência à recentidade: ele venceu em 2016, quando não era esperado que vencesse, e depois quase venceu em 2020, apesar de figurar bem atrás nas pesquisas. As pessoas podem não se lembrar, porém, de 2012, quando Barack Obama não apenas ganhou, mas superou as projeções das pesquisas. É extremamente difícil prever a direção dos erros das pesquisas.

Por que Trump poderia superar suas projeções

continua após a publicidade

Pessoas cujas intuições lhes dizem que Trump vencerá frequentemente invocam a ideia dos “eleitores acanhados de Trump”. A teoria — decorrente do termo “tories acanhados”, que definiu uma tendência das projeções eleitorais britânicas para subestimar os conservadores — é que as pessoas não querem admitir que votam em partidos de direita em razão do estigma social associado a eles.

Mas não há muita comprovação da teoria do eleitor acanhado — nem houve nenhuma tendência persistente em eleições pelo mundo de partidos de direita superando projeções de pesquisas. (Um caso exemplar: o partido Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, não alcançou os índices que registrava em pesquisas nas eleições legislativas na França.) Chega a haver um esnobismo em relação à teoria. Muita gente se orgulha de admitir que apoia Trump e o estigma por votar nele nunca foi tão baixo.

O candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um serviço religioso em Zebulon, Geórgia  Foto: Alex Brandon/AP
continua após a publicidade

Em vez disso, o problema reside no que especialistas em pesquisas classificam como tendência à não responsividade. Não que os eleitores de Trump mintam aos pesquisadores; mas em 2016 e 2020 os pesquisadores não ouviram eleitores suficientes.

A tendência à não responsividade pode ser um problema difícil de resolver. Índices de respostas a até mesmo as melhores pesquisas por telefone não ultrapassam um dígito — em alguns casos, as pessoas que escolhem responder são incomuns. Os apoiadores de Trump com frequência apresentam menor engajamento cívico e confiam menos na sociedade, portanto podem ser menos inclinados a responder a uma pesquisa de alguma organização de imprensa. Institutos de pesquisa estão tentando corrigir esse problema com técnicas agressivas de manipulação de dados, como classificações por nível educacional (eleitores com grau universitário tendem mais a responder) ou até em função de quem as pessoas dizem que votaram no passado. Nada garante que isso funciona.

Se Trump realmente superar suas projeções nas pesquisas, pelo menos um sinal claro disso decorrerá: os democratas não terão mais uma vantagem consistente em relação à identificação partidária — aproximadamente o mesmo número de eleitores terá passado a se identificar como republicano.

continua após a publicidade

Há também o fato de Kamala concorrer para se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos e a segunda pessoa negra a assumir o cargo. O dito efeito Bradley — batizado em menção ao ex-prefeito de Los Angeles Tom Bradley, que não alcançou os índices projetados pelas pesquisas na disputa eleitoral de 1982 para o governo da Califórnia em razão de uma suposta tendência de eleitores afirmando que estariam indecisos em vez de admitir que jamais votariam em um candidato negro — não foi problema para Barack Obama em 2008 nem em 2012. Mas na única vez que outra mulher foi indicada pelo Partido Democrata para concorrer à presidência os eleitores indecisos optaram pesadamente por seu oponente. Portanto, talvez Kamala deva se preocupar com um “efeito Hillary”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, discursa em um comício em Duluth, Geórgia  Foto: Christian Monterrosa/AFP

Por que Kamala poderia superar suas projeções

continua após a publicidade

Uma surpresa nas pesquisas que subestime o desempenho de Kamala não é necessariamente menos provável do que em relação a Trump. Em média, a margem de erro das pesquisas é de 3 a 4 pontos. Se subir tudo isso, Kamala vencerá pela maior margem no voto popular e no Colégio Eleitoral desde a vitória de Obama em 2008.

Como isso pode ocorrer? Talvez em razão de algo parecido com o que aconteceu no Reino Unido em 2017 relacionado à teoria dos “tories acanhados”. Apesar da expectativa de lavada dos tories, aquela eleição resultou nos conservadores perdendo sua maioria. Havia muita discórdia entre os especialistas em pesquisas, e alguns acertaram o resultado. Mas outros cometeram o erro de não confiar em seus dados, fazendo ajustes específicos após anos preocupados com os “tories acanhados”.

As pesquisas constituem cada vez mais minimodelos, com especialistas diante de muitos pontos de decisão sobre como traduzir dados brutos não representativos em representações acuradas das vontades do eleitorado. Se ficarem apavorados com a possibilidade de projetar o desempenho de Trump abaixo do resultado novamente, os pesquisadores poderão fazer projeções, conscientemente ou inconscientemente, que o favoreçam.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de uma sabatina em Aston, Pensilvânia  Foto: Matt Rourke/AP

Por exemplo, as novas técnicas que os especialistas em pesquisas têm aplicado poderiam ser um exagero. Um problema em usar uma delas — “ponderação sobre o voto passado”, ou tentar projetar intenções em função da maneira que os eleitores fizeram sua escolha na última eleição — é que as pessoas com frequência não se lembram bem ou mentem sobre quem votaram e tendem muito mais a dizer que votaram no vencedor (em 2020, Biden).

Isso poderia plausivelmente enviesar as pesquisas negativamente para Kamala, porque pessoas que afirmam ter votado em Biden mas na realidade votaram em Trump serão marcadas como novos eleitores de Trump quando não são. Há também um argumento crível de que os erros nas pesquisas em 2020 se deveram em parte às restrições anticovid: os democratas tendiam mais a ficar em casa e, portanto, tinham mais tempo para responder aos telefonemas. Se os pesquisadores estão se corrigindo em função de algo que ocorre uma vez a cada século, desta vez podem estar exagerando.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um compromisso de campanha com sindicatos na Filadélfia, Pensilvânia  Foto: Matt Rourke/AP

Finalmente, temos os desempenhos persistentemente fortes dos democratas nos últimos dois anos — desde que a Suprema Corte reverteu Roe versus Wade — em eleições especiais, em referendos e nas eleições de meio de mandato de 2022. Os democratas não deveriam depositar suas esperanças nesse fenômeno: pesquisas de alta qualidade, como do New York Times/Siena College, podem replicar esses resultados que mostraram os democratas com força entre os eleitores mais motivados que foram votar nessas eleições de baixa participação — mas Trump compensando essa desvantagem conquistando a maioria dos eleitores marginais. Então os democratas podem estar torcendo por uma baixa participação. Se esses eleitores marginais não votarem, Kamala poderia desempenhar melhor; caso contrário, Trump se sairia bem.

Com as médias entre pesquisas tão próximas, até um pequeno erro sistemático nas pesquisas, como o que os institutos experimentaram em 2016 ou 2020, poderia produzir vitórias confortáveis no Colégio Eleitoral para Kamala ou Trump. De acordo com o meu modelo, há cerca de 60% de chance de um dos candidatos conquistar pelo menos seis ou sete Estados indefinidos.

Empresas de pesquisas são ridicularizadas nas redes sociais sempre que publicam um resultado considerado “aberrante” — portanto, a maioria não o faz, em vez disso optando por se arrebanhar em torno de um consenso e repetindo o que as médias entre pesquisas (e os instintos das pessoas) mostram. As pesquisas Times/Siena são uma das raras exceções e retratam um eleitorado muito diferente do que o retratado pelas outras, com Trump avançando significativamente entre eleitores negros e hispânicos mas sem tração em Estados da muralha democrata como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia.

Não se surpreendam se uma vitória relativamente decisiva de um dos candidatos estiver na mesa — nem se houver mudanças maiores em relação a 2020 do que a intuição da maioria das pessoas possa ter lhes revelado. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Numa eleição em que os sete Estados indefinidos registram pesquisas com 1 ou 2 pontos porcentuais de diferença entre os candidatos, a única projeção responsável é 50-50. Desde o debate entre Kamala Harris e Donald Trump, é mais ou menos aí que meu modelo se situa.

Mas sempre que transmito essa informação insatisfatória, ouço inevitavelmente a pergunta: “Ah, Nate, mas o que diz sua intuição?”.

Então OK, vou lhes dizer. Minha intuição diz Donald Trump. E acho que também a de muitos democratas ansiosos.

Mas não acho que vocês deveriam dar absolutamente nenhum valor à intuição de ninguém — nem à minha. Em vez disso, deveriam se conformar com o fato de que uma projeção 50-50 realmente significa 50-50. E deveriam também estar abertos à possibilidade dessas projeções estarem erradas, pois esse pode ser o caso tanto na direção de Trump quanto na de Kamala.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um comício em Daluth, Geórgia  Foto: Alex Brandon/AP

Não que eu seja inerentemente contra a intuição. No pôquer, por exemplo, ela desempenha um grande papel. A maioria dos jogadores experientes com que conversei ao longo dos anos dirá que ela lhe dá um algo mais. Você nunca terá certeza, mas sua intuição pode transformar probabilidades em 60-40 ao seu favor ao perceber padrões quando um competidor estiver blefando.

Mas jogadores de pôquer baseiam esse algo mais em milhares de jogos de experiência. E eleições presidenciais ocorrem apenas a cada quatro anos. Ao responder perguntas sobre quem ganhará, a maioria das pessoas diz Trump em razão de uma tendência à recentidade: ele venceu em 2016, quando não era esperado que vencesse, e depois quase venceu em 2020, apesar de figurar bem atrás nas pesquisas. As pessoas podem não se lembrar, porém, de 2012, quando Barack Obama não apenas ganhou, mas superou as projeções das pesquisas. É extremamente difícil prever a direção dos erros das pesquisas.

Por que Trump poderia superar suas projeções

Pessoas cujas intuições lhes dizem que Trump vencerá frequentemente invocam a ideia dos “eleitores acanhados de Trump”. A teoria — decorrente do termo “tories acanhados”, que definiu uma tendência das projeções eleitorais britânicas para subestimar os conservadores — é que as pessoas não querem admitir que votam em partidos de direita em razão do estigma social associado a eles.

Mas não há muita comprovação da teoria do eleitor acanhado — nem houve nenhuma tendência persistente em eleições pelo mundo de partidos de direita superando projeções de pesquisas. (Um caso exemplar: o partido Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, não alcançou os índices que registrava em pesquisas nas eleições legislativas na França.) Chega a haver um esnobismo em relação à teoria. Muita gente se orgulha de admitir que apoia Trump e o estigma por votar nele nunca foi tão baixo.

O candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um serviço religioso em Zebulon, Geórgia  Foto: Alex Brandon/AP

Em vez disso, o problema reside no que especialistas em pesquisas classificam como tendência à não responsividade. Não que os eleitores de Trump mintam aos pesquisadores; mas em 2016 e 2020 os pesquisadores não ouviram eleitores suficientes.

A tendência à não responsividade pode ser um problema difícil de resolver. Índices de respostas a até mesmo as melhores pesquisas por telefone não ultrapassam um dígito — em alguns casos, as pessoas que escolhem responder são incomuns. Os apoiadores de Trump com frequência apresentam menor engajamento cívico e confiam menos na sociedade, portanto podem ser menos inclinados a responder a uma pesquisa de alguma organização de imprensa. Institutos de pesquisa estão tentando corrigir esse problema com técnicas agressivas de manipulação de dados, como classificações por nível educacional (eleitores com grau universitário tendem mais a responder) ou até em função de quem as pessoas dizem que votaram no passado. Nada garante que isso funciona.

Se Trump realmente superar suas projeções nas pesquisas, pelo menos um sinal claro disso decorrerá: os democratas não terão mais uma vantagem consistente em relação à identificação partidária — aproximadamente o mesmo número de eleitores terá passado a se identificar como republicano.

Há também o fato de Kamala concorrer para se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos e a segunda pessoa negra a assumir o cargo. O dito efeito Bradley — batizado em menção ao ex-prefeito de Los Angeles Tom Bradley, que não alcançou os índices projetados pelas pesquisas na disputa eleitoral de 1982 para o governo da Califórnia em razão de uma suposta tendência de eleitores afirmando que estariam indecisos em vez de admitir que jamais votariam em um candidato negro — não foi problema para Barack Obama em 2008 nem em 2012. Mas na única vez que outra mulher foi indicada pelo Partido Democrata para concorrer à presidência os eleitores indecisos optaram pesadamente por seu oponente. Portanto, talvez Kamala deva se preocupar com um “efeito Hillary”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, discursa em um comício em Duluth, Geórgia  Foto: Christian Monterrosa/AFP

Por que Kamala poderia superar suas projeções

Uma surpresa nas pesquisas que subestime o desempenho de Kamala não é necessariamente menos provável do que em relação a Trump. Em média, a margem de erro das pesquisas é de 3 a 4 pontos. Se subir tudo isso, Kamala vencerá pela maior margem no voto popular e no Colégio Eleitoral desde a vitória de Obama em 2008.

Como isso pode ocorrer? Talvez em razão de algo parecido com o que aconteceu no Reino Unido em 2017 relacionado à teoria dos “tories acanhados”. Apesar da expectativa de lavada dos tories, aquela eleição resultou nos conservadores perdendo sua maioria. Havia muita discórdia entre os especialistas em pesquisas, e alguns acertaram o resultado. Mas outros cometeram o erro de não confiar em seus dados, fazendo ajustes específicos após anos preocupados com os “tories acanhados”.

As pesquisas constituem cada vez mais minimodelos, com especialistas diante de muitos pontos de decisão sobre como traduzir dados brutos não representativos em representações acuradas das vontades do eleitorado. Se ficarem apavorados com a possibilidade de projetar o desempenho de Trump abaixo do resultado novamente, os pesquisadores poderão fazer projeções, conscientemente ou inconscientemente, que o favoreçam.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de uma sabatina em Aston, Pensilvânia  Foto: Matt Rourke/AP

Por exemplo, as novas técnicas que os especialistas em pesquisas têm aplicado poderiam ser um exagero. Um problema em usar uma delas — “ponderação sobre o voto passado”, ou tentar projetar intenções em função da maneira que os eleitores fizeram sua escolha na última eleição — é que as pessoas com frequência não se lembram bem ou mentem sobre quem votaram e tendem muito mais a dizer que votaram no vencedor (em 2020, Biden).

Isso poderia plausivelmente enviesar as pesquisas negativamente para Kamala, porque pessoas que afirmam ter votado em Biden mas na realidade votaram em Trump serão marcadas como novos eleitores de Trump quando não são. Há também um argumento crível de que os erros nas pesquisas em 2020 se deveram em parte às restrições anticovid: os democratas tendiam mais a ficar em casa e, portanto, tinham mais tempo para responder aos telefonemas. Se os pesquisadores estão se corrigindo em função de algo que ocorre uma vez a cada século, desta vez podem estar exagerando.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um compromisso de campanha com sindicatos na Filadélfia, Pensilvânia  Foto: Matt Rourke/AP

Finalmente, temos os desempenhos persistentemente fortes dos democratas nos últimos dois anos — desde que a Suprema Corte reverteu Roe versus Wade — em eleições especiais, em referendos e nas eleições de meio de mandato de 2022. Os democratas não deveriam depositar suas esperanças nesse fenômeno: pesquisas de alta qualidade, como do New York Times/Siena College, podem replicar esses resultados que mostraram os democratas com força entre os eleitores mais motivados que foram votar nessas eleições de baixa participação — mas Trump compensando essa desvantagem conquistando a maioria dos eleitores marginais. Então os democratas podem estar torcendo por uma baixa participação. Se esses eleitores marginais não votarem, Kamala poderia desempenhar melhor; caso contrário, Trump se sairia bem.

Com as médias entre pesquisas tão próximas, até um pequeno erro sistemático nas pesquisas, como o que os institutos experimentaram em 2016 ou 2020, poderia produzir vitórias confortáveis no Colégio Eleitoral para Kamala ou Trump. De acordo com o meu modelo, há cerca de 60% de chance de um dos candidatos conquistar pelo menos seis ou sete Estados indefinidos.

Empresas de pesquisas são ridicularizadas nas redes sociais sempre que publicam um resultado considerado “aberrante” — portanto, a maioria não o faz, em vez disso optando por se arrebanhar em torno de um consenso e repetindo o que as médias entre pesquisas (e os instintos das pessoas) mostram. As pesquisas Times/Siena são uma das raras exceções e retratam um eleitorado muito diferente do que o retratado pelas outras, com Trump avançando significativamente entre eleitores negros e hispânicos mas sem tração em Estados da muralha democrata como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia.

Não se surpreendam se uma vitória relativamente decisiva de um dos candidatos estiver na mesa — nem se houver mudanças maiores em relação a 2020 do que a intuição da maioria das pessoas possa ter lhes revelado. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Numa eleição em que os sete Estados indefinidos registram pesquisas com 1 ou 2 pontos porcentuais de diferença entre os candidatos, a única projeção responsável é 50-50. Desde o debate entre Kamala Harris e Donald Trump, é mais ou menos aí que meu modelo se situa.

Mas sempre que transmito essa informação insatisfatória, ouço inevitavelmente a pergunta: “Ah, Nate, mas o que diz sua intuição?”.

Então OK, vou lhes dizer. Minha intuição diz Donald Trump. E acho que também a de muitos democratas ansiosos.

Mas não acho que vocês deveriam dar absolutamente nenhum valor à intuição de ninguém — nem à minha. Em vez disso, deveriam se conformar com o fato de que uma projeção 50-50 realmente significa 50-50. E deveriam também estar abertos à possibilidade dessas projeções estarem erradas, pois esse pode ser o caso tanto na direção de Trump quanto na de Kamala.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um comício em Daluth, Geórgia  Foto: Alex Brandon/AP

Não que eu seja inerentemente contra a intuição. No pôquer, por exemplo, ela desempenha um grande papel. A maioria dos jogadores experientes com que conversei ao longo dos anos dirá que ela lhe dá um algo mais. Você nunca terá certeza, mas sua intuição pode transformar probabilidades em 60-40 ao seu favor ao perceber padrões quando um competidor estiver blefando.

Mas jogadores de pôquer baseiam esse algo mais em milhares de jogos de experiência. E eleições presidenciais ocorrem apenas a cada quatro anos. Ao responder perguntas sobre quem ganhará, a maioria das pessoas diz Trump em razão de uma tendência à recentidade: ele venceu em 2016, quando não era esperado que vencesse, e depois quase venceu em 2020, apesar de figurar bem atrás nas pesquisas. As pessoas podem não se lembrar, porém, de 2012, quando Barack Obama não apenas ganhou, mas superou as projeções das pesquisas. É extremamente difícil prever a direção dos erros das pesquisas.

Por que Trump poderia superar suas projeções

Pessoas cujas intuições lhes dizem que Trump vencerá frequentemente invocam a ideia dos “eleitores acanhados de Trump”. A teoria — decorrente do termo “tories acanhados”, que definiu uma tendência das projeções eleitorais britânicas para subestimar os conservadores — é que as pessoas não querem admitir que votam em partidos de direita em razão do estigma social associado a eles.

Mas não há muita comprovação da teoria do eleitor acanhado — nem houve nenhuma tendência persistente em eleições pelo mundo de partidos de direita superando projeções de pesquisas. (Um caso exemplar: o partido Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, não alcançou os índices que registrava em pesquisas nas eleições legislativas na França.) Chega a haver um esnobismo em relação à teoria. Muita gente se orgulha de admitir que apoia Trump e o estigma por votar nele nunca foi tão baixo.

O candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um serviço religioso em Zebulon, Geórgia  Foto: Alex Brandon/AP

Em vez disso, o problema reside no que especialistas em pesquisas classificam como tendência à não responsividade. Não que os eleitores de Trump mintam aos pesquisadores; mas em 2016 e 2020 os pesquisadores não ouviram eleitores suficientes.

A tendência à não responsividade pode ser um problema difícil de resolver. Índices de respostas a até mesmo as melhores pesquisas por telefone não ultrapassam um dígito — em alguns casos, as pessoas que escolhem responder são incomuns. Os apoiadores de Trump com frequência apresentam menor engajamento cívico e confiam menos na sociedade, portanto podem ser menos inclinados a responder a uma pesquisa de alguma organização de imprensa. Institutos de pesquisa estão tentando corrigir esse problema com técnicas agressivas de manipulação de dados, como classificações por nível educacional (eleitores com grau universitário tendem mais a responder) ou até em função de quem as pessoas dizem que votaram no passado. Nada garante que isso funciona.

Se Trump realmente superar suas projeções nas pesquisas, pelo menos um sinal claro disso decorrerá: os democratas não terão mais uma vantagem consistente em relação à identificação partidária — aproximadamente o mesmo número de eleitores terá passado a se identificar como republicano.

Há também o fato de Kamala concorrer para se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos e a segunda pessoa negra a assumir o cargo. O dito efeito Bradley — batizado em menção ao ex-prefeito de Los Angeles Tom Bradley, que não alcançou os índices projetados pelas pesquisas na disputa eleitoral de 1982 para o governo da Califórnia em razão de uma suposta tendência de eleitores afirmando que estariam indecisos em vez de admitir que jamais votariam em um candidato negro — não foi problema para Barack Obama em 2008 nem em 2012. Mas na única vez que outra mulher foi indicada pelo Partido Democrata para concorrer à presidência os eleitores indecisos optaram pesadamente por seu oponente. Portanto, talvez Kamala deva se preocupar com um “efeito Hillary”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, discursa em um comício em Duluth, Geórgia  Foto: Christian Monterrosa/AFP

Por que Kamala poderia superar suas projeções

Uma surpresa nas pesquisas que subestime o desempenho de Kamala não é necessariamente menos provável do que em relação a Trump. Em média, a margem de erro das pesquisas é de 3 a 4 pontos. Se subir tudo isso, Kamala vencerá pela maior margem no voto popular e no Colégio Eleitoral desde a vitória de Obama em 2008.

Como isso pode ocorrer? Talvez em razão de algo parecido com o que aconteceu no Reino Unido em 2017 relacionado à teoria dos “tories acanhados”. Apesar da expectativa de lavada dos tories, aquela eleição resultou nos conservadores perdendo sua maioria. Havia muita discórdia entre os especialistas em pesquisas, e alguns acertaram o resultado. Mas outros cometeram o erro de não confiar em seus dados, fazendo ajustes específicos após anos preocupados com os “tories acanhados”.

As pesquisas constituem cada vez mais minimodelos, com especialistas diante de muitos pontos de decisão sobre como traduzir dados brutos não representativos em representações acuradas das vontades do eleitorado. Se ficarem apavorados com a possibilidade de projetar o desempenho de Trump abaixo do resultado novamente, os pesquisadores poderão fazer projeções, conscientemente ou inconscientemente, que o favoreçam.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de uma sabatina em Aston, Pensilvânia  Foto: Matt Rourke/AP

Por exemplo, as novas técnicas que os especialistas em pesquisas têm aplicado poderiam ser um exagero. Um problema em usar uma delas — “ponderação sobre o voto passado”, ou tentar projetar intenções em função da maneira que os eleitores fizeram sua escolha na última eleição — é que as pessoas com frequência não se lembram bem ou mentem sobre quem votaram e tendem muito mais a dizer que votaram no vencedor (em 2020, Biden).

Isso poderia plausivelmente enviesar as pesquisas negativamente para Kamala, porque pessoas que afirmam ter votado em Biden mas na realidade votaram em Trump serão marcadas como novos eleitores de Trump quando não são. Há também um argumento crível de que os erros nas pesquisas em 2020 se deveram em parte às restrições anticovid: os democratas tendiam mais a ficar em casa e, portanto, tinham mais tempo para responder aos telefonemas. Se os pesquisadores estão se corrigindo em função de algo que ocorre uma vez a cada século, desta vez podem estar exagerando.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um compromisso de campanha com sindicatos na Filadélfia, Pensilvânia  Foto: Matt Rourke/AP

Finalmente, temos os desempenhos persistentemente fortes dos democratas nos últimos dois anos — desde que a Suprema Corte reverteu Roe versus Wade — em eleições especiais, em referendos e nas eleições de meio de mandato de 2022. Os democratas não deveriam depositar suas esperanças nesse fenômeno: pesquisas de alta qualidade, como do New York Times/Siena College, podem replicar esses resultados que mostraram os democratas com força entre os eleitores mais motivados que foram votar nessas eleições de baixa participação — mas Trump compensando essa desvantagem conquistando a maioria dos eleitores marginais. Então os democratas podem estar torcendo por uma baixa participação. Se esses eleitores marginais não votarem, Kamala poderia desempenhar melhor; caso contrário, Trump se sairia bem.

Com as médias entre pesquisas tão próximas, até um pequeno erro sistemático nas pesquisas, como o que os institutos experimentaram em 2016 ou 2020, poderia produzir vitórias confortáveis no Colégio Eleitoral para Kamala ou Trump. De acordo com o meu modelo, há cerca de 60% de chance de um dos candidatos conquistar pelo menos seis ou sete Estados indefinidos.

Empresas de pesquisas são ridicularizadas nas redes sociais sempre que publicam um resultado considerado “aberrante” — portanto, a maioria não o faz, em vez disso optando por se arrebanhar em torno de um consenso e repetindo o que as médias entre pesquisas (e os instintos das pessoas) mostram. As pesquisas Times/Siena são uma das raras exceções e retratam um eleitorado muito diferente do que o retratado pelas outras, com Trump avançando significativamente entre eleitores negros e hispânicos mas sem tração em Estados da muralha democrata como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia.

Não se surpreendam se uma vitória relativamente decisiva de um dos candidatos estiver na mesa — nem se houver mudanças maiores em relação a 2020 do que a intuição da maioria das pessoas possa ter lhes revelado. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Numa eleição em que os sete Estados indefinidos registram pesquisas com 1 ou 2 pontos porcentuais de diferença entre os candidatos, a única projeção responsável é 50-50. Desde o debate entre Kamala Harris e Donald Trump, é mais ou menos aí que meu modelo se situa.

Mas sempre que transmito essa informação insatisfatória, ouço inevitavelmente a pergunta: “Ah, Nate, mas o que diz sua intuição?”.

Então OK, vou lhes dizer. Minha intuição diz Donald Trump. E acho que também a de muitos democratas ansiosos.

Mas não acho que vocês deveriam dar absolutamente nenhum valor à intuição de ninguém — nem à minha. Em vez disso, deveriam se conformar com o fato de que uma projeção 50-50 realmente significa 50-50. E deveriam também estar abertos à possibilidade dessas projeções estarem erradas, pois esse pode ser o caso tanto na direção de Trump quanto na de Kamala.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um comício em Daluth, Geórgia  Foto: Alex Brandon/AP

Não que eu seja inerentemente contra a intuição. No pôquer, por exemplo, ela desempenha um grande papel. A maioria dos jogadores experientes com que conversei ao longo dos anos dirá que ela lhe dá um algo mais. Você nunca terá certeza, mas sua intuição pode transformar probabilidades em 60-40 ao seu favor ao perceber padrões quando um competidor estiver blefando.

Mas jogadores de pôquer baseiam esse algo mais em milhares de jogos de experiência. E eleições presidenciais ocorrem apenas a cada quatro anos. Ao responder perguntas sobre quem ganhará, a maioria das pessoas diz Trump em razão de uma tendência à recentidade: ele venceu em 2016, quando não era esperado que vencesse, e depois quase venceu em 2020, apesar de figurar bem atrás nas pesquisas. As pessoas podem não se lembrar, porém, de 2012, quando Barack Obama não apenas ganhou, mas superou as projeções das pesquisas. É extremamente difícil prever a direção dos erros das pesquisas.

Por que Trump poderia superar suas projeções

Pessoas cujas intuições lhes dizem que Trump vencerá frequentemente invocam a ideia dos “eleitores acanhados de Trump”. A teoria — decorrente do termo “tories acanhados”, que definiu uma tendência das projeções eleitorais britânicas para subestimar os conservadores — é que as pessoas não querem admitir que votam em partidos de direita em razão do estigma social associado a eles.

Mas não há muita comprovação da teoria do eleitor acanhado — nem houve nenhuma tendência persistente em eleições pelo mundo de partidos de direita superando projeções de pesquisas. (Um caso exemplar: o partido Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, não alcançou os índices que registrava em pesquisas nas eleições legislativas na França.) Chega a haver um esnobismo em relação à teoria. Muita gente se orgulha de admitir que apoia Trump e o estigma por votar nele nunca foi tão baixo.

O candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um serviço religioso em Zebulon, Geórgia  Foto: Alex Brandon/AP

Em vez disso, o problema reside no que especialistas em pesquisas classificam como tendência à não responsividade. Não que os eleitores de Trump mintam aos pesquisadores; mas em 2016 e 2020 os pesquisadores não ouviram eleitores suficientes.

A tendência à não responsividade pode ser um problema difícil de resolver. Índices de respostas a até mesmo as melhores pesquisas por telefone não ultrapassam um dígito — em alguns casos, as pessoas que escolhem responder são incomuns. Os apoiadores de Trump com frequência apresentam menor engajamento cívico e confiam menos na sociedade, portanto podem ser menos inclinados a responder a uma pesquisa de alguma organização de imprensa. Institutos de pesquisa estão tentando corrigir esse problema com técnicas agressivas de manipulação de dados, como classificações por nível educacional (eleitores com grau universitário tendem mais a responder) ou até em função de quem as pessoas dizem que votaram no passado. Nada garante que isso funciona.

Se Trump realmente superar suas projeções nas pesquisas, pelo menos um sinal claro disso decorrerá: os democratas não terão mais uma vantagem consistente em relação à identificação partidária — aproximadamente o mesmo número de eleitores terá passado a se identificar como republicano.

Há também o fato de Kamala concorrer para se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos e a segunda pessoa negra a assumir o cargo. O dito efeito Bradley — batizado em menção ao ex-prefeito de Los Angeles Tom Bradley, que não alcançou os índices projetados pelas pesquisas na disputa eleitoral de 1982 para o governo da Califórnia em razão de uma suposta tendência de eleitores afirmando que estariam indecisos em vez de admitir que jamais votariam em um candidato negro — não foi problema para Barack Obama em 2008 nem em 2012. Mas na única vez que outra mulher foi indicada pelo Partido Democrata para concorrer à presidência os eleitores indecisos optaram pesadamente por seu oponente. Portanto, talvez Kamala deva se preocupar com um “efeito Hillary”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, discursa em um comício em Duluth, Geórgia  Foto: Christian Monterrosa/AFP

Por que Kamala poderia superar suas projeções

Uma surpresa nas pesquisas que subestime o desempenho de Kamala não é necessariamente menos provável do que em relação a Trump. Em média, a margem de erro das pesquisas é de 3 a 4 pontos. Se subir tudo isso, Kamala vencerá pela maior margem no voto popular e no Colégio Eleitoral desde a vitória de Obama em 2008.

Como isso pode ocorrer? Talvez em razão de algo parecido com o que aconteceu no Reino Unido em 2017 relacionado à teoria dos “tories acanhados”. Apesar da expectativa de lavada dos tories, aquela eleição resultou nos conservadores perdendo sua maioria. Havia muita discórdia entre os especialistas em pesquisas, e alguns acertaram o resultado. Mas outros cometeram o erro de não confiar em seus dados, fazendo ajustes específicos após anos preocupados com os “tories acanhados”.

As pesquisas constituem cada vez mais minimodelos, com especialistas diante de muitos pontos de decisão sobre como traduzir dados brutos não representativos em representações acuradas das vontades do eleitorado. Se ficarem apavorados com a possibilidade de projetar o desempenho de Trump abaixo do resultado novamente, os pesquisadores poderão fazer projeções, conscientemente ou inconscientemente, que o favoreçam.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de uma sabatina em Aston, Pensilvânia  Foto: Matt Rourke/AP

Por exemplo, as novas técnicas que os especialistas em pesquisas têm aplicado poderiam ser um exagero. Um problema em usar uma delas — “ponderação sobre o voto passado”, ou tentar projetar intenções em função da maneira que os eleitores fizeram sua escolha na última eleição — é que as pessoas com frequência não se lembram bem ou mentem sobre quem votaram e tendem muito mais a dizer que votaram no vencedor (em 2020, Biden).

Isso poderia plausivelmente enviesar as pesquisas negativamente para Kamala, porque pessoas que afirmam ter votado em Biden mas na realidade votaram em Trump serão marcadas como novos eleitores de Trump quando não são. Há também um argumento crível de que os erros nas pesquisas em 2020 se deveram em parte às restrições anticovid: os democratas tendiam mais a ficar em casa e, portanto, tinham mais tempo para responder aos telefonemas. Se os pesquisadores estão se corrigindo em função de algo que ocorre uma vez a cada século, desta vez podem estar exagerando.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um compromisso de campanha com sindicatos na Filadélfia, Pensilvânia  Foto: Matt Rourke/AP

Finalmente, temos os desempenhos persistentemente fortes dos democratas nos últimos dois anos — desde que a Suprema Corte reverteu Roe versus Wade — em eleições especiais, em referendos e nas eleições de meio de mandato de 2022. Os democratas não deveriam depositar suas esperanças nesse fenômeno: pesquisas de alta qualidade, como do New York Times/Siena College, podem replicar esses resultados que mostraram os democratas com força entre os eleitores mais motivados que foram votar nessas eleições de baixa participação — mas Trump compensando essa desvantagem conquistando a maioria dos eleitores marginais. Então os democratas podem estar torcendo por uma baixa participação. Se esses eleitores marginais não votarem, Kamala poderia desempenhar melhor; caso contrário, Trump se sairia bem.

Com as médias entre pesquisas tão próximas, até um pequeno erro sistemático nas pesquisas, como o que os institutos experimentaram em 2016 ou 2020, poderia produzir vitórias confortáveis no Colégio Eleitoral para Kamala ou Trump. De acordo com o meu modelo, há cerca de 60% de chance de um dos candidatos conquistar pelo menos seis ou sete Estados indefinidos.

Empresas de pesquisas são ridicularizadas nas redes sociais sempre que publicam um resultado considerado “aberrante” — portanto, a maioria não o faz, em vez disso optando por se arrebanhar em torno de um consenso e repetindo o que as médias entre pesquisas (e os instintos das pessoas) mostram. As pesquisas Times/Siena são uma das raras exceções e retratam um eleitorado muito diferente do que o retratado pelas outras, com Trump avançando significativamente entre eleitores negros e hispânicos mas sem tração em Estados da muralha democrata como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia.

Não se surpreendam se uma vitória relativamente decisiva de um dos candidatos estiver na mesa — nem se houver mudanças maiores em relação a 2020 do que a intuição da maioria das pessoas possa ter lhes revelado. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Opinião por Nate Silver

Nate Silver, fundador e ex-editor do website FiveThirtyEight e autor de “On the Edge: The Art of Risking Everything”, é escreve a newsletter Silver Bulletin

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.